Chega o dia em que o CEO precisa passar adiante a tarefa de liderar uma grande companhia, onde construiu uma carreira brilhante, desde o estágio feito nas férias universitárias até alcançar o comando, galgando degrau por degrau. Harry Schmelzer Jr., que nos últimos 16 anos liderou a expansão acelerada da WEG, dentro e principalmente fora do país, está vivendo na pele, com todos os ônus e bônus, esse momento especial. Ao entregar o bastão para o sucessor Alberto Kuba em abril, ele deu por terminado esse delicado processo da vida executiva com o mesmo rigor que costumava adotar em cada estratégica decisão de negócio. “Eu e a empresa vínhamos nos preparando para essa transição há quatro anos”, conta o executivo catarinense.
Faz parte desse cuidadoso ritual de passagem a já anunciada nomeação de Schmelzer Jr. para uma cadeira no conselho de administração da WEG, hoje presidido pelo seu antecessor na companhia, Décio da Silva. Ou seja, a experiência acumulada pelo agora ex-presidente da multinacional brasileira de equipamentos eletroeletrônicos continuará a serviço da empresa, assim como permitirá que se desapegue da pesada jornada de trabalho, de dez a doze horas diárias.
Nos primeiros anos de gestão, Schmelzer Jr. estava entre os primeiros a chegar à matriz da empresa, em Jaraguá do Sul (SC), por volta das 7h30, de onde só saía depois das 22 horas. Com o avanço da comunicação digital, passou a cumprir as horas extras em casa. “À noite eu podia ler os relatórios que me mandavam, sem ser interrompido. Além disso, era o melhor horário para falar com os diretores das nossas filiais na Ásia”, explica.
Reconhecido por seus pares como o grande responsável pela internacionalização da WEG, Schmelzer Jr. recebe pela décima quarta vez o prêmio Executivo de Valor no setor de máquinas e equipamentos, um feito inédito. E basta olhar a trajetória percorrida pela empresa sob seu comando para entender a razão dessa coleção de troféus. De 2008 até hoje, o valor de mercado da WEG aumentou 20 vezes, graças a um agressivo plano de fusões e incorporações que elevou a estrutura da companhia a um total de 52 parques fabris em 15 países e mais que dobrou o número de funcionários, para os 40 mil atuais – 12 mil no exterior.
À medida que plantava novas unidades mundo afora, Schmelzer Jr. foi incorporando mais viagens internacionais à sua rotina, até chegar à média de oito ou nove por ano. Eram viagens de trabalho, mas que também abriam espaço para o único hobby do executivo: jogar golfe. “Como quase todos os nossos clientes do exterior também gostam de jogar, podíamos esticar a conversa num ambiente mais agradável. Não diria que conquistei novos clientes por causa do golfe, mas sem dúvida estreitei relações e fechei muitos negócios entre uma tacada e outra.” Schmelzer descobriu o golfe dez anos atrás, quando perdeu o prazer de jogar tênis, sua primeira paixão no esporte, por causa de uma lesão no joelho. Não há campos de golfe em Jaraguá do Sul, mas Joinville, a maior cidade catarinense, fica a pouco mais de meia hora de carro e oferece greens com 18 buracos. Era num desses gramados, aos sábados de manhã, que se dava o luxo de desligar o celular por três ou quatro horas.
Em sua nova fase, o compromisso com o golfe continuará sagrado. Já as viagens internacionais não serão tantas, mas terão duração mais elástica e a companhia da esposa, Lucia Helena. “Vou conviver mais com minha família”, afirma.
Harry Schmelzer Jr.: Membro do conselho de administração da WEG
Empresa onde trabalhou: sempre na WEG
Formação: engenheiro eletricista pela Faculdade de Engenharia de Joinville (FEJ), pós-graduação em administração de empresas pela Escola Superior de Administração e Gerência (Esag), cursos diversos em Fundação Dom Cabral, Kellogg School of Management, Insead, IMD International e IBGC
Matéria predileta na escola: matemática
Me tornei CEO com: 49 anos
No fim de semana gosto de: jogar golfe
Desligo o celular quando: em reunião ou jogando golfe
O que salva um dia: missão cumprida
O que acaba com um dia: crises inesperadas
Os preferidos
Drinque ou sobremesa: vinho
Livro: “The Man Who Broke Capitalism”, de David Gelles
Hobby: jogar golfe