Gustavo Werneck, CEO da Gerdau desde 2018, é um adepto da Felicidade Interna Bruta (FIB), conceito que leva em conta, entre outros itens, o bem-estar das pessoas. Primeiro comandante da companhia de fora da família fundadora, o executivo se aprofundou na filosofia nascida no Butão e usada por lá como política de Estado, ao visitar o pequeno país asiático em 2023.
“Gosto de dizer que o verdadeiro significado de CEO é Chief Enabling Officer, pois acredito que devo atuar como uma espécie de facilitador”, diz. Esse facilitador é o responsável pela transmissão da cultura dentro da companhia. No contexto da transformação cultural e digital, a Gerdau, diz ele, se destaca pela aplicação da filosofia da felicidade bruta e de conceitos voltados para a satisfação dos colaboradores.
Werneck defende a ideia de que a vida de CEO é compatível com tempo livre para se dedicar a outros projetos, praticar seu esporte preferido, o caratê – no qual, inclusive, é faixa preta – e curtir a família. Para ele, o papel do comandante é menos o de tomar decisões e mais o de fazer escolhas “que perenizem a empresa”. Por isso, sua gestão é pautada por um alto nível de delegação. Umas das escolhas mais relevantes feitas recentemente, destaca ele, foi paralisar totalmente as operações da Gerdau no Rio Grande do Sul. “Para que a vida, a saúde física e mental dos nossos colaboradores e familiares fossem colocadas acima de qualquer outra prioridade da empresa”, destaca.
Neste ano, a companhia – maior fabricante brasileira de aço e com atuação em sete países nas Américas do Sul e do Norte – pretende investir R$ 6 bilhões. Os recursos estão focados principalmente em ampliação de capacidade e de produtividade e em melhorias ambientais.
Embora mantenha seus planos, a companhia vê um cenário setorial de incertezas geradas por fatores internos e externos. Entre eles, os conflitos geopolíticos e o excesso de produção global. A operação brasileira enfrenta as dificuldades da economia chinesa, com a queda do setor de construção e a resposta do governo chinês de subsidiar as usinas locais para manter o nível de emprego e a produção constantes.
Isso levou a um excedente crescente de aço que passou a ser exportado para o Brasil. Segundo Werneck, ainda é preciso avaliar se as medidas anunciadas pelo governo federal em abril, para conter as importações excessivas, funcionarão para a retomada do ambiente competitivo.
Já para a operação internacional da Gerdau, há perspectivas de favorecimento da competitividade da indústria do aço, com geração de incentivos para a demanda local no longo prazo. Isso devido à continuidade das políticas e dos programas do governo americano que estimulam a demanda pela matéria-prima na região e ao fenômeno de reshoring, termo em inglês que indica a volta para o país de origem da produção de empresas que mantinham fábricas no exterior.
O mundo mais polarizado leva a reposicionamento de forças globais. Como resultado, surgem políticas de defesa comercial, que priorizam a produção local e reduzem os fluxos de comércio internacional. É um contexto que vem fazendo a Gerdau focar sua operação brasileira menos em exportações e mais em produtos de maior valor agregado para atender clientes locais.
Para Werneck, a sobrevivência da Gerdau passa por uma “altíssima capacidade” de se adaptar rapidamente a novos cenários. “Nosso time entende a mudança como parte do dia a dia. É um diferencial competitivo”, destaca.
Gustavo Werneck: CEO da Gerdau
Empresas onde trabalhou: SMS Group
Formação: engenharia mecânica na Universidade Federal de Minas Gerais. Outros cursos na Fundação Getulio Vargas (FGV), Ibmec, Harvard Business School, Kellogg School of Management, London Business School
Matéria predileta na escola: matemática
Me tornei CEO com: 45 anos
No fim de semana gosto de: ficar com a minha família
Café da manhã, almoço ou happy hour: café da manhã
Desligo o celular quando: nunca
O que salva um dia: impactar positivamente a vida das pessoas
O que acaba com um dia: mentiras
Os preferidos
Time: Atlético-MG
Drinque, comida ou sobremesa: feijão tropeiro
Livro: “Walking the Talk: A Cultura Através do Exemplo”, de Carolyn Taylor
Personagem: Galo Doido
Série: “The Chosen”
Hobby: artes marciais