Mais um ano chega ao fim e, com ele, vem a inevitável sensação de que o tempo passou rápido demais. Já estou aqui novamente escrevendo a tradicional coluna de dezembro, quando provoco reflexões a respeito do ciclo que se encerra e do que vem pela frente. Volto sempre a este tema por saber que, por uma combinação entre falta de tempo e falta de hábito, a maior parte das pessoas mergulha nas atividades do dia-a-dia e não faz pausas para refletir ao longo do ano. Me sinto no papel de lembrar meus leitores e clientes da importância desse exercício.
Esta época costuma nos acompanhar de uma sensação de exaustão. Um misto de alívio por encerrar um ciclo e ansiedade pelo que está por vir. Parece um luxo conseguir um tempo para reflexão, não é mesmo? Mas, às vezes, mesmo que a gente tente evitar essa atividade tão saudável e norteadora, ela acaba nos cobrando de outras formas: uma dor de cabeça, uma úlcera, um cansaço extremo, uma insônia ou até uma perda de controle durante uma reunião superimportante. Mais cedo ou mais tarde, a vida nos exige parar.
E como tornar esse tempo produtivo? Ir além das perguntas clássicas - como “o que aprendi este ano?” ou “o que gostaria de mudar no próximo?” - pode ser uma maneira de acessar insights mais profundos. Que tal se questionar sobre comportamentos específicos que você adotou no último ano e que geraram impacto positivo?
Aqui estão algumas sugestões de perguntas para fazer a si mesmo (a): você consegue identificar um comportamento seu, como líder, que ajudou a desarmar tensões e criar um ambiente mais leve e colaborativo no seu grupo de trabalho? Houve uma atitude sua que tenha incentivado a cooperação entre pares, contribuindo para um clima organizacional mais harmonioso? Como membro de um colegiado, consegue citar um exemplo de postura sua que facilitou a evolução de um processo de conflito ou foi decisiva em uma tomada de decisão? Na relação com clientes, é possível apontar uma atitude que tenha transformado positivamente a percepção deles sobre sua organização?
Essas perguntas nos convidam a observar o impacto de nossas ações. Muitas vezes, ficamos tão presos à pressão por resultados e metas que deixamos de perceber o quanto pequenas mudanças de comportamento podem fazer diferença. Atitudes simples como um tom de voz mais calmo, uma escuta ativa e um elogio na hora certa são gestos que podem destensionar ambientes, construir pontes e criar colaborações mais frutíferas.
Mais do que um momento de avaliação, a reflexão de fim de ano é uma oportunidade para recalibrar, transformar o peso típico dessa época em uma energia renovadora. Assim, podemos entrar no próximo ciclo com mais clareza, intenção e, por que não, com uma leveza que é resultado de escolhas conscientes.
De qualquer forma, vale lembrar que reflexões como essas não deveriam ser restritas ao fim do ano. Que tal incorporar pequenos momentos de pausa no seu cotidiano? Um simples hábito, como anotar diariamente algo que funcionou bem ou uma interação que trouxe bons resultados, pode gerar uma visão mais clara do impacto que você causa no ambiente ao seu redor. Essas pequenas “pistas”; ajudam a construir um olhar mais estratégico sobre suas atitudes e a cultivar comportamentos que fortalecem relações e promovem um ambiente mais saudável e produtivo - tanto para você quanto para quem está ao seu lado.
Vicky Bloch é fundadora da Vicky Bloch Associados, professora do IBGC, da FIA e membro de conselhos de administração e consultivos