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"Trabalho em uma equipe grande, e percebi que meu líder tem alguns 'protegidos'. O principal problema disso é que sinto que não posso discordar dessas pessoas sem correr o risco de desagradar meu chefe. Já aconteceu em reuniões de um desses colegas passar informações erradas e, quando eu apontei o erro, meu líder defendeu a pessoa em questão e ficou 'bravo' comigo. Fico sentindo que preciso pisar em ovos o tempo todo por causa disso. O que posso fazer?" Analista de risco, 28 anos
Olá, pessoal!
A situação que você descreveu é desafiadora, mas infelizmente, não é incomum. Quando um líder demonstra favoritismo, isso pode gerar insegurança, injustiças e prejudicar o ambiente de trabalho, além de dificultar o bom andamento das atividades da equipe. Vou sugerir alguns passos que podem ajudá-lo a lidar com essa questão de maneira estratégica e construtiva.
Antes de tomar qualquer ação, tente observar o comportamento do seu líder e dos “protegidos” de forma imparcial. Pergunte-se: esse favoritismo é consistente? Ou foi apenas em situações pontuais? O líder age assim com outras pessoas da equipe? A reação negativa dele foi por causa do erro apontado ou pela forma como a informação foi comunicada?
Essas reflexões podem ajudá-lo a entender se a percepção de favoritismo é algo isolado ou um padrão mais amplo. Também o auxiliará a avaliar se há algo no tom ou na abordagem que você utiliza que poderia ser ajustado.
Quando surgir a necessidade de apontar um erro ou discordar de um protegido, tente apresentar suas observações de maneira construtiva e colaborativa. Por exemplo, em vez de dizer diretamente que o colega está errado, diga algo como: “Gostaria de entender melhor esse ponto. Podemos revisar juntos para garantir que todos estamos alinhados?”
É importante usar dados ou evidências para embasar seus argumentos, o que reduz o peso da discordância ser vista como pessoal e ao mudar o tom para algo mais investigativo e menos confrontador, você diminui a chance de que o líder interprete sua atitude como uma crítica direta. O livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas” ensina muito sobre esse tipo de abordagem.
Caso o favoritismo continue a prejudicá-lo, considere agendar uma conversa com seu líder em um momento oportuno, fora do calor de uma situação conflituosa. Nessa conversa foque nos fatos e no impacto no trabalho da equipe, evitando acusações. Por exemplo, você pode dizer: “notei que em algumas situações sinto dificuldade em contribuir, especialmente quando discordo de certas opiniões, pois temo que isso possa ser mal interpretado. Gostaria de sua orientação sobre como posso colaborar de maneira mais efetiva". Essa abordagem demonstra maturidade e interesse em melhorar a dinâmica, sem transformar a conversa em um confronto.
Se, mesmo com todos os seus esforços, o comportamento do líder continuar o mesmo e o ambiente se tornar insustentável, talvez seja o momento de refletir sobre suas possibilidades nessa equipe. Trabalhar em um time onde você não sente liberdade para se expressar pode afetar sua motivação e crescimento profissional.
Antes de mudar de empresa, considere avaliar outras áreas da organização onde a cultura e a liderança estejam mais alinhadas com os seus valores. O mercado de trabalho também busca cada vez mais profissionais que sabem identificar problemas e propor soluções construtivas — e sua experiência nessa situação certamente será um diferencial em futuras oportunidades.
Lidar com favoritismo não é fácil, mas a forma como você reage pode fazer toda a diferença. Cultivar uma comunicação estratégica, demonstrar profissionalismo e buscar soluções colaborativas são caminhos que, na maioria das vezes, geram resultados mais positivos — tanto para você quanto para o time. Lembre-se de que um ambiente de trabalho saudável depende da contribuição de todos, inclusive de líderes que estejam abertos ao crescimento e à melhoria contínua.
Boa sorte e força!
Thomas Nader é especialista em HRBP, cultura organizacional, inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho, trabalho voluntário para comunidade LGBTQIA+ e processos seletivos inclusivos.
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Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.