A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira (11) que a COP 30, que será realizada em novembro de 2025 em Belém, no Pará, exige uma grande mobilização para que se alinhe a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC à necessidade de ao menos R$ 1,3 trilhão até 2030 para os países em desenvolvimento financiarem o enfrentamento às mudanças climáticas.
Para a ministra, a COP no Brasil herdará parte do passivo de financiamento climático da COP 29, em Baku, no Azerbaijão, quando se chegou a um acordo de uma meta anual de US$ 300 bilhões até 2035, considerada insuficiente por países em desenvolvimento.
“Temos que chegar em Belém decretando estado de emergência climática para que as ações sejam compatíveis com 1.5ºC, para que o financiamento seja compatível com [a meta de atingir o limite de] 1.5 ºC e para que os compromissos sejam compatíveis com a escolha da vida”, disse durante o seminário “De Baku a Belém: o futuro climático em debate nas COPs”.
No evento organizado pelos jornais Valor e “O Globo” no auditório da Editora Globo, no centro do Rio, a ministra destacou que a COP que será realizada no Brasil não deve ser encarada como uma “grande festa” mas como um "grande compromisso" e uma "força-tarefa" para enfrentar a emergência climática.
“O que aconteceu no Rio Grande do Sul, o que está acontecendo no mundo, o prejuízo que isso está causando para os sistemas de produção de alimentos para todos os setores é algo para fazer com que a gente se mobilize com o sentido de urgência. Nós estamos vivendo uma emergência climática”, destacou.
Para a ministra, um avanço da COP 29 foi o reconhecimento por parte dos países de que o valor realmente necessário para fazer frente às mudanças climáticas é de US$ 1,3 trilhão de dólares. “Mas o reconhecimento é uma coisa, outra coisa é a viabilização”, ressaltou.
Ela destacou que, apesar da frustração com o resultado, o contexto geopolítico da COP do Azerbaijão não permitiu que prevalecesse a “lógica dos diplomatas” de que é “melhor acordo nenhum que um mau acordo”. Nessa edição, a impossibilidade de um entendimento seria “a pior coisa do mundo”, segundo a ministra.
“Os Estados Unidos, que ameaçam sair do Acordo de Paris, vão participar da COP 30 e é possível que em um contexto conflagrado como esse possa haver bloqueio de negociação e impedir que se tenha qualquer debate ou solução sobre financiamento, o que seria o pior dos mundos”, explicou.
A ministra também defendeu que a COP de Belém se debruce sobre a taxonomia do que é uma transição energética justa e designe um grupo de trabalho para determinar como a transição será implementada.
Marina também afirmou que o mandato brasileiro da conferência climática quer mobilizar a sociedade civil internacional para um “balanço geral ético” dos compromissos assumidos por governos e empresas na agenda climática.
Ela ainda chamou atenção para as negociações pré-COP, que precisam ser intensificadas para que os países apresentem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) ambiciosas na conferência do clima de 2025.