Papers by Rogério G. de Campos
ARGUMENTOS, 2024
Heródoto funda a tópica literária da coleta de informação junto aos sacerdotes egípcios, momento ... more Heródoto funda a tópica literária da coleta de informação junto aos sacerdotes egípcios, momento em que o fascínio dos gregos frente aos egípcios se mostra com nitidez. A partir disso, os egípcios passam a figurar como modelo de conhecimento armazenado e de civilização. Veremos como, em três importantes momentos, esse encontro com o Egito é narrado pela perspectiva e invenção (heuresis, inventio) grega e como os sacerdotes egípcios representam um saber superior resguardado pela escrita. Nosso foco está, contudo, em reconhecer, nessas camadas históricas, o palimpsesto de Dião, ou seja, a assimilação literária dos lugares comuns presentes em Heródoto, Platão, Estesícoro, no Ciclo Troiano e, provavelmente, nos Retornos de Ágias de Trezeno.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
DOIS PONTOS, 2024
Veremos como no Fedro de Platão há inicialmente dois tipos de desejos, um deles seria o desejo ep... more Veremos como no Fedro de Platão há inicialmente dois tipos de desejos, um deles seria o desejo epithymía e o outro seria o desejo hímeros, sendo o último um desejo nobre, retratado exclusivamente na palinódia de Sócrates. Faremos um estudo do campo semântico associado a cada um desses desejos dentro das três recitações iniciais do diálogo, discernindo a natureza de cada um deles, sua potencialidade, direção e desdobramentos. O diálogo evidencia a enunciação controlada desses desejos na trama conceitual platônica, quando Fedro chama a atenção de Sócrates para esse aspecto notável do uso das palavras (tois onómasin, Phdr. 234c7) na recitação de Lísias, assim como Sócrates no fim da palinódia reafirma o vocabulário (tois onómasin, Phdr. 257a5) poético a que foi submetido. Nesse trajeto surge uma leitura fisiológica, discernindo a estática, os movimentos, as direções dos desejos e amizades descritas, assim como suas qualidades e quantidades.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Archai, 2023
From the scene of the singing cicadas in the Phaedrus, we will show the affinities between the me... more From the scene of the singing cicadas in the Phaedrus, we will show the affinities between the mention of the dangerous sleep at noon (Phdr. 258e6-259d8) and a mythical episode in the life of Epimenides. Next, we will look at the possible affinities between the description of Dionysian madness (Phdr. 244d5-245a1) and the type of divination practiced by Epimenides of Crete (DK 3 B 1-25). From these approaches, we intend to describe and elucidate the common imaginary with which Plato elaborates his reception and assimilation of the archaic poetic tradition in his philosophy.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Prometheus, 2023
Eunapius of Sardis, in his Life of the Sophists (Eun.VS 6.6.5 – 6.9.15), presents the life of Sos... more Eunapius of Sardis, in his Life of the Sophists (Eun.VS 6.6.5 – 6.9.15), presents the life of Sosipatra of Pergamum, a young woman with clairvoyant and clairvoyant powers who becomes a philosopher affiliated with the school of Neoplatonism. During Sosipatra's clairvoyance, we will see the episodes that led her to the theurgic initiations at a very young age and a few additional scenes from her adult life. We will also see how the author takes up commonplaces derived from the ambience of Plato's Phaedrus. Finally, we will present an annotated Portuguese translation for the passage by Eunapius.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Phaos, 2023
Philo of Alexandria in De Aeternitate mundi dedicates to the Aristotelian philosopher Critolau a ... more Philo of Alexandria in De Aeternitate mundi dedicates to the Aristotelian philosopher Critolau a section (Aet.55-74) in which there are arguments against Stoic cosmology, specifically against the periodic and cyclical destruction called conflagration or ἐκπύρωσιν. The images in this section focus on supporting the thesis of the eternity of the cosmos from an Aristotelian perspective, for which the earth will be described as the main element that supports the eternal permanence of beings. Critolau refutes the myths of humanity that emerged out of step with nature, whether the version in which humans are sprung from the earth with military equipment, or the version that there was a moment of discovery of the arts. We will study Critolau's section and then present a translation of the excerpt.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
HYPNOS , 2023
Heródico de Mégara, também dito Selimbriano, conhecido pelas caminhadas e dietas que prescrevia a... more Heródico de Mégara, também dito Selimbriano, conhecido pelas caminhadas e dietas que prescrevia aos seus pacientes, foi um dos primeiros a misturar ginástica e medicina. Veremos como, no tratado Epidemias 6,3, o autor hipocrático faz menção explícita a um tratamento de Heródico, em que este teria aplicado princípios semelhantes em pacientes febris, agravando o quadro de alguns deles. Veremos como Galeno, no século II d.C., interpreta a terapia de Heródico sem mencionar qualquer erro do médico, enquanto Paládio, no século VI d.C., ao comentar o mesmo trecho de Epidemias 6,3, interpreta o episódio de modo detalhado, indicando inclusive a morte de um paciente. Paládio evidencia a terapia inadequada que foi aplicada, mas resgata sua importância para o reconhecimento das teorias e práticas médicas naquele contexto, salvando a reputação de Heródico e explicando como resfriar um corpo febril.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
PEITHO / EXAMINA ANTIQUA 1 ( 13 ), 2022
The interpretation of the Tübingen-Milan School, which considers the unwritten doctrines to be th... more The interpretation of the Tübingen-Milan School, which considers the unwritten doctrines to be the fundamental beginning in the comprehension of the written works of Plato, is founded principally on the Phaedrus (Phdr. 274b-278e), the Seventh Letter (Ep. 340-345) and on Aristoteles' Physics (Ph. IV 2, 209b14-15), among other important documents. Over time, moderate positions also arose, such as that of Trabattoni (1994, 2005), which proposes an interpretation of the written work augmented by some hermeneutic tools originating in unwritten doctrines. 2 Our investigation is not at all concerned with referencing, or even touching upon the subject of unwritten doctrines; on the contrary, it was only a survey regarding the presence of Pythagoras in Hermias of Alexandria. But Hermias presents in his interpretation-besides that of an unwritten Pythagoras, which is the principal focus of this study
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Sofia, 2022
O médico Erixímaco, representado por Platão no Banquete, faz uma menção à filosofia de Heráclito,... more O médico Erixímaco, representado por Platão no Banquete, faz uma menção à filosofia de Heráclito, destacando uma hipótese do que Heráclito talvez desejasse dizer quando opõe concordância e discordância. O emaranhado de problemas que dessa citação emergem não se presta a respostas definitivas, entretanto aqui aproximaremos alguns elementos colhidos no tratado hipocrático Da dieta (De victu) 4-6 e do pseudo-hipocrático Do nutriente (De alimento) que sugerem uma linha interpretativa plausível para essa menção sobre Heráclito e esse heraclitismo aplicado à medicina.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Classica, e-ISSN 2176-6436, v. 35, n. 2, 2022, 2022
Hermias de Alexandria em Platonis Phaedrum Scholia 164,16-167,12 apresenta algumas certezas e alg... more Hermias de Alexandria em Platonis Phaedrum Scholia 164,16-167,12 apresenta algumas certezas e algumas dúvidas acerca de como interpretar a escala das almas encontradas no Fedro 248c-d. Hermias é o comentador sistemático mais antigo desse diálogo (séc. V. d.C.), mas as duas soluções interpretativas que ele apresenta, apesar de agregar elementos interessantes, não abarcam uma explicação plena nem definitiva do trecho. Hermias apresenta duas interpretações possíveis, cada uma delas de acordo com parâmetros distintos. Ao cabo desse percurso, põe em dúvida como Platão harmonizava, ou punha em sinfonia, os nove níveis das vidas apresentadas na escala. Apresentaremos também a tradução completa do trecho estudado. PALAVRAS-CHAVE: neoplatonismo; escala das almas; Fedro; Hermias.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Fedro (Platão), 2018
Tradução e Notas
Fedro Phaidros Platão
Qual é o verdadeiro tema do Fedro?
“Fedro ou acerca do a... more Tradução e Notas
Fedro Phaidros Platão
Qual é o verdadeiro tema do Fedro?
“Fedro ou acerca do amor, ético” (Phaîdros ê perì érôtos, êthikós D.L.§58), essa é a maneira pela qual Diógenes Laércio apresenta, no seu catálogo das obras de Platão, a definição do tema e do gênero do diálogo. Um pouco antes, Diógenes diz que segundo autores mais antigos o Fedro guardava um estilo juvenil (meirakiôdés), pois estaria entre os primeiros escritos de Platão, e que Dicearco especificamente teria considerado seu estilo vulgar (phortikón) (D.L.§38). Essas, entre outras informações, fazem parte da interessante biografia de Platão feita por Diógenes, meio pelo qual sabemos, por exemplo, como Trasilo organizou os diálogos, tal qual já haviam sido organizadas as tragédias (D.L.§56-60), segundo tetralogias.
Hermias de Alexandria, quase dois séculos à frente de Diógenes, mostra o desdobramento dos temas do Fedro, ao comentá-lo de modo sistemático. Hermias diz que o Fedro é:
[...] ético e catártico, refutativo e protréptico na direção da filosofia (êthikós kaì kathartikòs, elegktikòs, protreptikòs eis philosophían), por isso há nele um discurso acerca do amor físico e teológico, além de um [discurso] lógico acerca da retórica (Herm. In Phdr. 63.23-25 Couvreur).
Hermias enumera os discursos acerca da alma e do amor prudente como temas fundamentais do diálogo, ressaltando o sentido teológico pelo qual Eros deve ser tratado. Mostra também que esses temas todos (1) ética, (2) catarse, (3) refutação, (4) mudança em direção à filosofia (protréptico), (5) amor físico, (6) amor teológico e (7) retórica, são desdobramentos de um núcleo bastante importante, que está especialmente na relação entre Alma e Amor (Eros e Psique). Desses elementos todos, talvez o caráter protréptico do diálogo seja o mais apto a arrematar uma explicação geral, que perpasse todos esses pontos, pois é importante nele o desejo de modificar uma determinada conduta ética, o que pressupõe uma refutação de conduta e discursos anteriores, bem como uma catarse intelectual, que propicie um novo lugar dialético em que se possa pensar e agir com novas ferramentas intelectuais e discursivas. Há nesse momento uma compreensão de que determinadas ações e discursos estavam em desacordo com concepções éticas e teológicas, especialmente no que concerniam a Eros.
Hermias atentou para a proliferação de temas que o diálogo reúne sem perder de vista sua unidade temática. Hermias manifesta a predominância da alma e do amor como eixo principal, e o da retórica e da teologia, como um eixo complementar, pois jamais se omite esse fundo retórico e teológico. Nesse mesmo sentido, aspectos ligados à beleza e ao belo ganham, em Hermias, fortes contornos neoplatônicos, ecoando por um lado Plotino (Acerca o belo) e por outro o vocabulário de Proclo acerca dos “deuses encósmios” (In Plat. Tim. 32c).
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Nuntius Antiquus
No trecho I, VII da Vida de Apolônio de Tiana, Filóstrato descreve sinteticamente a adolescência ... more No trecho I, VII da Vida de Apolônio de Tiana, Filóstrato descreve sinteticamente a adolescência de Apolônio, sua breve estadia em Tarso, até sua mudança para Egas, momento em que Apolônio terá um novo e excêntrico professor. Veremos no trecho por nós previamente traduzido (a) como o do domínio do ático, um preceito estético da segunda sofística, se sobrepõe aos dados históricos ligados ao personagem Apolônio, revelando um exemplar anacronismo, (b) como são expostos alguns traços estereotipados acerca das escolas filosóficas com as quais Apolônio teria tido contato e um retrato de uma harmonia também atípica entre as escolas em contraste, e finalmente (c) como a metáfora do crescer das asas para louvar o desenvolvimento intelectual rumo à vida pitagórica provém de uma tópica platônica, especificamente do Fedro (Phdr. 249c4-256b6).
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Codex - Revista de Estudos Clássicos, ISSN 2176-1779, Rio de Janeiro, vol. 9, n. 2, pp. 1-25, 2021
ARTIGO Helena no Egito sem eídōlon: Estesícoro e os Retornos de Ágias de Trezeno em Heródoto 2.11... more ARTIGO Helena no Egito sem eídōlon: Estesícoro e os Retornos de Ágias de Trezeno em Heródoto 2.112-120 Helen in Egypt without eídolon: Stesichorus and the Nostoi (Returns) of Agias of Troezen's in Herodotus 2.112-120
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Roda da Fortuna, 2020
Faremos uma comparação entre as concepções de arte retórica e de filosofia de Platão e de Isócrat... more Faremos uma comparação entre as concepções de arte retórica e de filosofia de Platão e de Isócrates. Obviamente há semelhanças entre eles que permitem observar os parâmetros de cada um desses autores, discernindo também em que divergiram acerca da arte retórica e, inevitavelmente, acerca da filosofia, especialmente porque cada um deles entendeu diferentemente essas práticas e esses termos. Platão diferenciou veementemente retórica e filosofia, enquanto Isócrates nomeou como filosofia o que historicamente se reconheceu por arte retórica, ainda que ele distanciasse sua proposta educativa (paideia) de outros sofistas. Veremos, comparando as definições e prescrições de cada um deles, como essa distinção entre retórica e filosofia apenas faz sentido para Platão, não para Isócrates, e como tal diferença é explicada em seu contexto, especialmente no Fedro, contra a concepção isocrática. Além disso saberemos no detalhe qual é a receita de cada um deles para o exímio rétor. Como apêndice, veremos duas passagens em que Hermias trata do mesmo tema Palavras-chave: Retórica; filosofia; natureza; aprendizado e exercício.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
[Hipócrates] Sobre o riso e a loucura (ISBN 978-85-7715-242-1), 2011
trecho do livro [Hipócrates] Sobre o riso e a loucura. Hedra, 2011 (reimp.2013)
Exemplo da diver... more trecho do livro [Hipócrates] Sobre o riso e a loucura. Hedra, 2011 (reimp.2013)
Exemplo da diversidade da coleção Hipocrática, o tratado Acerca da arte (perì téchnes) deve ser entendido mais como um exercício retórico do que como um tratado de medicina propriamente dito. Remonta à época áurea da retórica e é considerado um valioso documento do período, especialmente porque nele é possível vislumbrar o tópos sofístico que opõe nómos e phýsis, além de ser um exemplo de discurso epidíctico (epideixis), ou seja, composto para demonstração pública.
O discurso defende a “Arte” medicinal, contra a opinião de que o restabelecimento da saúde teria uma causa natural ou espontânea, não devendo nada à medicina. Como uma resposta aos acusadores da medicina, o discurso todo é uma apologia da arte médica, provavelmente escrita no final do século V a.C. Embora seja um dos mais antigos tratados da coleção hipocrática e praticamente não mencione procedimentos médicos específicos, ele aponta o modo pelo qual os médicos, para conhecerem as doenças invisíveis ou internas, faziam com que as secreções do corpo fossem expelidas. Só depois disso poderiam ser observadas, analisadas e gerariam um parecer acerca do tratamento adequado. A arte se torna evidente quando é capaz de provocar a expulsão das secreções até então não evidentes, e é a partir das mesmas que se descobre, pela mesma arte, o que ataca o corpo.
Como foi possível perceber, questão central do discurso é epistemológica. Como estabelecer uma arte a partir do que, por natureza, não é evidente (ádela)? É necessário que a arte possa tratar as doenças internas com eficácia. Evidentemente, isso só seria possível com uma arte que dominasse os efeitos dos fármacos nos corpos e que soubesse interpretar as evidências, e até mesmo provocar evidências artificialmente, a ponto de decifrar o não evidente (adelon) do corpo.
Foi apenas por meio dos indícios que, ao longo do tempo, a arte mostrou a sua potencialidade (dýnamis) e sua aplicação. Na época a arte precisava se defender, especialmente porque, apesar de se resguardar em sua máscara arcaica e mística, a medicina buscava o espaço de um discurso racional (logos).
O Acerca da arte procura circunscrever o estatuto da medicina, destacando os seus pressupostos, delimitando o seu alcance e comprovando a essência da Arte. Se por um lado busca o espaço da aplicação racional da arte, defende também o espaço da não aplicação da arte em pacientes condenados. Daí o vilipêndio daqueles que diziam que se a medicina fosse verdadeiramente uma arte ela deveria tratar a todos indistintamente, não só aqueles em que a arte pode ter êxito comprovado.
[...]
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Nuntius Antiquus, 2016
Este estudo é uma introdução à presença das tópicas poéticas estesicóricas em Platão e aos tipos ... more Este estudo é uma introdução à presença das tópicas poéticas estesicóricas em Platão e aos tipos de aplicação filosófica que ele faz dessa tradição poética. No Fedro e na Carta III, de Platão, encontramos os seguintes elementos temáticos estesicóricos: o modo como o ídolo (eídolon) afeta as almas, como imagem da beleza, além do uso do nome de Estesícoro para indicar suas preferências políticas contra o tirano Dionísio. Platão cita Estesícoro, na Carta III (315d; 319e), ao exortar Dionísio que passe do falso regime político, que é a tirania, e que deve ser evitada, para o verdadeiro regime, que é o reinado.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Roda da Fortuna. Revista Eletrônica sobre Antiguidade e Medievo, 2020
We will compare both Plato's and Isocrates's conceptions of the art of rhetoric and of philosophy... more We will compare both Plato's and Isocrates's conceptions of the art of rhetoric and of philosophy. Obviously, there are similarities between the two of them which allow us to observe the parameters of each author, as well as to discern in what ways they diverge with respect to the art of rhetoric and, inevitably, philosophy, especially so because each of them understood those practices and terms distinctly. Plato vehemently differentiated philosophy from rhetoric, while Isocrates identified as philosophy that which was historically recognized as the art of rhetoric, even though he distanced its educational purpose (paideia) from the other sophists. In comparing the definitions and prescriptions of each author, we will see how this distinction between rhetoric and philosophy only makes sense for Plato, but not for Isocrates, and how this distinction is explained by its context, especially in Phaedrus, in contrast with the Isocratic conception. In addition, we will examine in detail each author's prescriptions for excellence as an orator. As an addendum, we will look at two passages in which Hermias addresses the same subject.
Resumo: Faremos uma comparação entre as concepções de arte retórica e de filosofia de Platão e de Isócrates. Obviamente há semelhanças entre eles que permitem observar os parâmetros de cada um desses autores, discernindo também em que divergiram acerca da arte retórica e, inevitavelmente, acerca da filosofia, especialmente porque cada um deles entendeu diferentemente essas práticas e esses termos. Platão diferenciou veementemente retórica e filosofia, enquanto Isócrates nomeou como filosofia o que historicamente se reconheceu por arte retórica, ainda que ele distanciasse sua proposta educativa (paideia) de outros sofistas. Veremos, comparando as definições e prescrições de cada um deles, como essa distinção entre retórica e filosofia apenas faz sentido para Platão, não para Isócrates, e como tal diferença é explicada em seu contexto, especialmente no Fedro, contra a concepção isocrática. Além disso saberemos no detalhe qual é a receita de cada um deles para o exímio rétor. Como apêndice, veremos duas passagens em que Hermias trata do mesmo tema Palavras-chave: Retórica; filosofia; natureza; aprendizado e exercício.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Trata-se de buscar uma tradução em língua portuguesa com aparato crítico que permita apreender as... more Trata-se de buscar uma tradução em língua portuguesa com aparato crítico que permita apreender as dimensões retóricas existentes nos Eikones de Filóstrato, uma vez que nele e nas écfrases que realiza há um cuidado especial com a descrição (epídeixin) de obras de arte, especificamente pinturas.
http://revistas.usp.br/rapsodia/article/view/127339
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Resumo: Este estudo é uma introdução à presença das tópicas poéticas estesicóricas em Platão e ao... more Resumo: Este estudo é uma introdução à presença das tópicas poéticas estesicóricas em Platão e aos tipos de aplicação filosófica que ele faz dessa tradição poética. No Fedro e na Carta III, de Platão, encontramos os seguintes elementos temáticos estesicóricos: o modo como o ídolo (eídolon) afeta as almas, como imagem da beleza, além do uso do nome de Estesícoro para indicar suas preferências políticas contra o tirano Dionísio. Platão cita Estesícoro, na Carta III (315d; 319e), ao exortar Dionísio que passe do falso regime político, que é a tirania, e que deve ser evitada, para o verdadeiro regime, que é o reinado.
Abstract: This study is an introduction to presence of poetic topics from Stesichorus in Plato and the types of philosophical application he makes of this poetic tradition. The thematic elements from Stesichorus are found in the Phaedrus and the Letter III of Plato, namely: how the idol (eídolon) affects the souls, the image of beauty, and the use of the name Stesichorus to indicate their political preferences against Dionysus. Plato quotes Stesichorus in Letter III (315d; 319e) and he exhorts Dionysus to pass from the false political regime, that is to say tyranny, which should be avoided, for real, that is to say kingdom.
http://dx.doi.org/10.17851/1983-3636.12.1.47-68
Bookmarks Related papers MentionsView impact
CAMPOS, Rogerio Gimenes de. O Fedro de Platão à luz da tríade de Estesícoro. 2012. Tese (Doutorado em Filosofia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. , Aug 21, 2012
The Phaedrus of Plato in the light of the triad of Stesichorus - This thesis aims to present an a... more The Phaedrus of Plato in the light of the triad of Stesichorus - This thesis aims to present an alternative reading of Plato's Phaedrus. Its main focus is to review the general scheme of the dialogue and its textual blocks, into account the relevance and importance of formal and thematic aspects of the poetic doxography from Stesichorus of Himera in the reading of Plato's Phaedrus considered, especially in these regards: triadic structure of his poetry, the theme of the idol as a substitute for the being and the curative power of the chant. In this way we can recognized the stesichoric triadic design in the three initials recitations of platonic dialogue, means by which this work will conduct a study of these blocks of text, highlighting the differences between poetry, logographic, rhetoric and dialectic.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cartas - Sobre o riso e a loucura (trecho inicial - carta 10), 2011
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Papers by Rogério G. de Campos
Fedro Phaidros Platão
Qual é o verdadeiro tema do Fedro?
“Fedro ou acerca do amor, ético” (Phaîdros ê perì érôtos, êthikós D.L.§58), essa é a maneira pela qual Diógenes Laércio apresenta, no seu catálogo das obras de Platão, a definição do tema e do gênero do diálogo. Um pouco antes, Diógenes diz que segundo autores mais antigos o Fedro guardava um estilo juvenil (meirakiôdés), pois estaria entre os primeiros escritos de Platão, e que Dicearco especificamente teria considerado seu estilo vulgar (phortikón) (D.L.§38). Essas, entre outras informações, fazem parte da interessante biografia de Platão feita por Diógenes, meio pelo qual sabemos, por exemplo, como Trasilo organizou os diálogos, tal qual já haviam sido organizadas as tragédias (D.L.§56-60), segundo tetralogias.
Hermias de Alexandria, quase dois séculos à frente de Diógenes, mostra o desdobramento dos temas do Fedro, ao comentá-lo de modo sistemático. Hermias diz que o Fedro é:
[...] ético e catártico, refutativo e protréptico na direção da filosofia (êthikós kaì kathartikòs, elegktikòs, protreptikòs eis philosophían), por isso há nele um discurso acerca do amor físico e teológico, além de um [discurso] lógico acerca da retórica (Herm. In Phdr. 63.23-25 Couvreur).
Hermias enumera os discursos acerca da alma e do amor prudente como temas fundamentais do diálogo, ressaltando o sentido teológico pelo qual Eros deve ser tratado. Mostra também que esses temas todos (1) ética, (2) catarse, (3) refutação, (4) mudança em direção à filosofia (protréptico), (5) amor físico, (6) amor teológico e (7) retórica, são desdobramentos de um núcleo bastante importante, que está especialmente na relação entre Alma e Amor (Eros e Psique). Desses elementos todos, talvez o caráter protréptico do diálogo seja o mais apto a arrematar uma explicação geral, que perpasse todos esses pontos, pois é importante nele o desejo de modificar uma determinada conduta ética, o que pressupõe uma refutação de conduta e discursos anteriores, bem como uma catarse intelectual, que propicie um novo lugar dialético em que se possa pensar e agir com novas ferramentas intelectuais e discursivas. Há nesse momento uma compreensão de que determinadas ações e discursos estavam em desacordo com concepções éticas e teológicas, especialmente no que concerniam a Eros.
Hermias atentou para a proliferação de temas que o diálogo reúne sem perder de vista sua unidade temática. Hermias manifesta a predominância da alma e do amor como eixo principal, e o da retórica e da teologia, como um eixo complementar, pois jamais se omite esse fundo retórico e teológico. Nesse mesmo sentido, aspectos ligados à beleza e ao belo ganham, em Hermias, fortes contornos neoplatônicos, ecoando por um lado Plotino (Acerca o belo) e por outro o vocabulário de Proclo acerca dos “deuses encósmios” (In Plat. Tim. 32c).
Exemplo da diversidade da coleção Hipocrática, o tratado Acerca da arte (perì téchnes) deve ser entendido mais como um exercício retórico do que como um tratado de medicina propriamente dito. Remonta à época áurea da retórica e é considerado um valioso documento do período, especialmente porque nele é possível vislumbrar o tópos sofístico que opõe nómos e phýsis, além de ser um exemplo de discurso epidíctico (epideixis), ou seja, composto para demonstração pública.
O discurso defende a “Arte” medicinal, contra a opinião de que o restabelecimento da saúde teria uma causa natural ou espontânea, não devendo nada à medicina. Como uma resposta aos acusadores da medicina, o discurso todo é uma apologia da arte médica, provavelmente escrita no final do século V a.C. Embora seja um dos mais antigos tratados da coleção hipocrática e praticamente não mencione procedimentos médicos específicos, ele aponta o modo pelo qual os médicos, para conhecerem as doenças invisíveis ou internas, faziam com que as secreções do corpo fossem expelidas. Só depois disso poderiam ser observadas, analisadas e gerariam um parecer acerca do tratamento adequado. A arte se torna evidente quando é capaz de provocar a expulsão das secreções até então não evidentes, e é a partir das mesmas que se descobre, pela mesma arte, o que ataca o corpo.
Como foi possível perceber, questão central do discurso é epistemológica. Como estabelecer uma arte a partir do que, por natureza, não é evidente (ádela)? É necessário que a arte possa tratar as doenças internas com eficácia. Evidentemente, isso só seria possível com uma arte que dominasse os efeitos dos fármacos nos corpos e que soubesse interpretar as evidências, e até mesmo provocar evidências artificialmente, a ponto de decifrar o não evidente (adelon) do corpo.
Foi apenas por meio dos indícios que, ao longo do tempo, a arte mostrou a sua potencialidade (dýnamis) e sua aplicação. Na época a arte precisava se defender, especialmente porque, apesar de se resguardar em sua máscara arcaica e mística, a medicina buscava o espaço de um discurso racional (logos).
O Acerca da arte procura circunscrever o estatuto da medicina, destacando os seus pressupostos, delimitando o seu alcance e comprovando a essência da Arte. Se por um lado busca o espaço da aplicação racional da arte, defende também o espaço da não aplicação da arte em pacientes condenados. Daí o vilipêndio daqueles que diziam que se a medicina fosse verdadeiramente uma arte ela deveria tratar a todos indistintamente, não só aqueles em que a arte pode ter êxito comprovado.
[...]
Resumo: Faremos uma comparação entre as concepções de arte retórica e de filosofia de Platão e de Isócrates. Obviamente há semelhanças entre eles que permitem observar os parâmetros de cada um desses autores, discernindo também em que divergiram acerca da arte retórica e, inevitavelmente, acerca da filosofia, especialmente porque cada um deles entendeu diferentemente essas práticas e esses termos. Platão diferenciou veementemente retórica e filosofia, enquanto Isócrates nomeou como filosofia o que historicamente se reconheceu por arte retórica, ainda que ele distanciasse sua proposta educativa (paideia) de outros sofistas. Veremos, comparando as definições e prescrições de cada um deles, como essa distinção entre retórica e filosofia apenas faz sentido para Platão, não para Isócrates, e como tal diferença é explicada em seu contexto, especialmente no Fedro, contra a concepção isocrática. Além disso saberemos no detalhe qual é a receita de cada um deles para o exímio rétor. Como apêndice, veremos duas passagens em que Hermias trata do mesmo tema Palavras-chave: Retórica; filosofia; natureza; aprendizado e exercício.
http://revistas.usp.br/rapsodia/article/view/127339
Abstract: This study is an introduction to presence of poetic topics from Stesichorus in Plato and the types of philosophical application he makes of this poetic tradition. The thematic elements from Stesichorus are found in the Phaedrus and the Letter III of Plato, namely: how the idol (eídolon) affects the souls, the image of beauty, and the use of the name Stesichorus to indicate their political preferences against Dionysus. Plato quotes Stesichorus in Letter III (315d; 319e) and he exhorts Dionysus to pass from the false political regime, that is to say tyranny, which should be avoided, for real, that is to say kingdom.
http://dx.doi.org/10.17851/1983-3636.12.1.47-68
(somente trecho inicial - carta 10)"
Acerca da Arte (em arquivo separado, tal qual a edição de 2013)
Confira resenha da Folha:
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/921180-tratados-sobre-o-riso-e-a-loucura-por-apenas-r-1700.shtml""
Fedro Phaidros Platão
Qual é o verdadeiro tema do Fedro?
“Fedro ou acerca do amor, ético” (Phaîdros ê perì érôtos, êthikós D.L.§58), essa é a maneira pela qual Diógenes Laércio apresenta, no seu catálogo das obras de Platão, a definição do tema e do gênero do diálogo. Um pouco antes, Diógenes diz que segundo autores mais antigos o Fedro guardava um estilo juvenil (meirakiôdés), pois estaria entre os primeiros escritos de Platão, e que Dicearco especificamente teria considerado seu estilo vulgar (phortikón) (D.L.§38). Essas, entre outras informações, fazem parte da interessante biografia de Platão feita por Diógenes, meio pelo qual sabemos, por exemplo, como Trasilo organizou os diálogos, tal qual já haviam sido organizadas as tragédias (D.L.§56-60), segundo tetralogias.
Hermias de Alexandria, quase dois séculos à frente de Diógenes, mostra o desdobramento dos temas do Fedro, ao comentá-lo de modo sistemático. Hermias diz que o Fedro é:
[...] ético e catártico, refutativo e protréptico na direção da filosofia (êthikós kaì kathartikòs, elegktikòs, protreptikòs eis philosophían), por isso há nele um discurso acerca do amor físico e teológico, além de um [discurso] lógico acerca da retórica (Herm. In Phdr. 63.23-25 Couvreur).
Hermias enumera os discursos acerca da alma e do amor prudente como temas fundamentais do diálogo, ressaltando o sentido teológico pelo qual Eros deve ser tratado. Mostra também que esses temas todos (1) ética, (2) catarse, (3) refutação, (4) mudança em direção à filosofia (protréptico), (5) amor físico, (6) amor teológico e (7) retórica, são desdobramentos de um núcleo bastante importante, que está especialmente na relação entre Alma e Amor (Eros e Psique). Desses elementos todos, talvez o caráter protréptico do diálogo seja o mais apto a arrematar uma explicação geral, que perpasse todos esses pontos, pois é importante nele o desejo de modificar uma determinada conduta ética, o que pressupõe uma refutação de conduta e discursos anteriores, bem como uma catarse intelectual, que propicie um novo lugar dialético em que se possa pensar e agir com novas ferramentas intelectuais e discursivas. Há nesse momento uma compreensão de que determinadas ações e discursos estavam em desacordo com concepções éticas e teológicas, especialmente no que concerniam a Eros.
Hermias atentou para a proliferação de temas que o diálogo reúne sem perder de vista sua unidade temática. Hermias manifesta a predominância da alma e do amor como eixo principal, e o da retórica e da teologia, como um eixo complementar, pois jamais se omite esse fundo retórico e teológico. Nesse mesmo sentido, aspectos ligados à beleza e ao belo ganham, em Hermias, fortes contornos neoplatônicos, ecoando por um lado Plotino (Acerca o belo) e por outro o vocabulário de Proclo acerca dos “deuses encósmios” (In Plat. Tim. 32c).
Exemplo da diversidade da coleção Hipocrática, o tratado Acerca da arte (perì téchnes) deve ser entendido mais como um exercício retórico do que como um tratado de medicina propriamente dito. Remonta à época áurea da retórica e é considerado um valioso documento do período, especialmente porque nele é possível vislumbrar o tópos sofístico que opõe nómos e phýsis, além de ser um exemplo de discurso epidíctico (epideixis), ou seja, composto para demonstração pública.
O discurso defende a “Arte” medicinal, contra a opinião de que o restabelecimento da saúde teria uma causa natural ou espontânea, não devendo nada à medicina. Como uma resposta aos acusadores da medicina, o discurso todo é uma apologia da arte médica, provavelmente escrita no final do século V a.C. Embora seja um dos mais antigos tratados da coleção hipocrática e praticamente não mencione procedimentos médicos específicos, ele aponta o modo pelo qual os médicos, para conhecerem as doenças invisíveis ou internas, faziam com que as secreções do corpo fossem expelidas. Só depois disso poderiam ser observadas, analisadas e gerariam um parecer acerca do tratamento adequado. A arte se torna evidente quando é capaz de provocar a expulsão das secreções até então não evidentes, e é a partir das mesmas que se descobre, pela mesma arte, o que ataca o corpo.
Como foi possível perceber, questão central do discurso é epistemológica. Como estabelecer uma arte a partir do que, por natureza, não é evidente (ádela)? É necessário que a arte possa tratar as doenças internas com eficácia. Evidentemente, isso só seria possível com uma arte que dominasse os efeitos dos fármacos nos corpos e que soubesse interpretar as evidências, e até mesmo provocar evidências artificialmente, a ponto de decifrar o não evidente (adelon) do corpo.
Foi apenas por meio dos indícios que, ao longo do tempo, a arte mostrou a sua potencialidade (dýnamis) e sua aplicação. Na época a arte precisava se defender, especialmente porque, apesar de se resguardar em sua máscara arcaica e mística, a medicina buscava o espaço de um discurso racional (logos).
O Acerca da arte procura circunscrever o estatuto da medicina, destacando os seus pressupostos, delimitando o seu alcance e comprovando a essência da Arte. Se por um lado busca o espaço da aplicação racional da arte, defende também o espaço da não aplicação da arte em pacientes condenados. Daí o vilipêndio daqueles que diziam que se a medicina fosse verdadeiramente uma arte ela deveria tratar a todos indistintamente, não só aqueles em que a arte pode ter êxito comprovado.
[...]
Resumo: Faremos uma comparação entre as concepções de arte retórica e de filosofia de Platão e de Isócrates. Obviamente há semelhanças entre eles que permitem observar os parâmetros de cada um desses autores, discernindo também em que divergiram acerca da arte retórica e, inevitavelmente, acerca da filosofia, especialmente porque cada um deles entendeu diferentemente essas práticas e esses termos. Platão diferenciou veementemente retórica e filosofia, enquanto Isócrates nomeou como filosofia o que historicamente se reconheceu por arte retórica, ainda que ele distanciasse sua proposta educativa (paideia) de outros sofistas. Veremos, comparando as definições e prescrições de cada um deles, como essa distinção entre retórica e filosofia apenas faz sentido para Platão, não para Isócrates, e como tal diferença é explicada em seu contexto, especialmente no Fedro, contra a concepção isocrática. Além disso saberemos no detalhe qual é a receita de cada um deles para o exímio rétor. Como apêndice, veremos duas passagens em que Hermias trata do mesmo tema Palavras-chave: Retórica; filosofia; natureza; aprendizado e exercício.
http://revistas.usp.br/rapsodia/article/view/127339
Abstract: This study is an introduction to presence of poetic topics from Stesichorus in Plato and the types of philosophical application he makes of this poetic tradition. The thematic elements from Stesichorus are found in the Phaedrus and the Letter III of Plato, namely: how the idol (eídolon) affects the souls, the image of beauty, and the use of the name Stesichorus to indicate their political preferences against Dionysus. Plato quotes Stesichorus in Letter III (315d; 319e) and he exhorts Dionysus to pass from the false political regime, that is to say tyranny, which should be avoided, for real, that is to say kingdom.
http://dx.doi.org/10.17851/1983-3636.12.1.47-68
(somente trecho inicial - carta 10)"
Acerca da Arte (em arquivo separado, tal qual a edição de 2013)
Confira resenha da Folha:
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/921180-tratados-sobre-o-riso-e-a-loucura-por-apenas-r-1700.shtml""
perspectivas sociomórficas. 25
Omar D. Álvarez Salas
O esquema protodoxográfico posa kai poia. 47
Gustavo Laet Gomes
A metáfora da feltragem como um modelo
para a criação da complexidade em Anaxímenes. 69
Celso Vieira
O carnaval de Xenófanes. 89
Fernando Santoro
As oposições geométricas como coordenadas
para uma cosmologia circular de Heráclito. 105
Tadeu Cavalcante e Gabriele Cornelli
Heráclito e a possibilidade do conhecimento humano. 125
Martim Reyes Costa Silva
¿Es Heráclito un místico?: Sobre una discusión
en la recepción de Heráclito en la India. 139
Liliana Carolina Sánchez Castro
Interfaces parmenídeas. La interacción entre
la estructura métrica y la crítica del texto
en el Poema de Parménides. 151
Bernardo Berruecos Frank
6 |
Os princípios cosmológicos de Parmênides
segundo Aristóteles e Teofrasto. 175
Bruno Loureiro Conte
Parmênides, teoria dos nomes. 195
Alexandre Costa
O lugar do argumento do lugar na obra de Zenão. 217
Luís Márcio Nogueira Fontes
Diógenes de Apolonia: ἀνὴρ φυσικός. 239
Deyvis Deniz Machin
A noção de φύσις em Demócrito. 257
Marcos Roberto Damásio
Atos e entreatos na transmissão e recepção
da ética de Demócrito. 277
Miriam Campolina Diniz Peixoto
Certamente, um médico: uma discussão sobre
a autoria do De Arte. 301
Henrique Buldrini
Teofrasto, Opiniões físicas, fr. 1-2: reabilitando
a coloração estoica. Tradução e comentário
a Simplício (in Phys. I, 23, 21 – 25,7). 319
Rogério Gimenes de Campos
Fedro Phaidros Platão
Qual é o verdadeiro tema do Fedro?
“Fedro ou acerca do amor, ético” (Phaîdros ê perì érôtos, êthikós D.L.§58), essa é a maneira pela qual Diógenes Laércio apresenta, no seu catálogo das obras de Platão, a definição do tema e do gênero do diálogo. Um pouco antes, Diógenes diz que segundo autores mais antigos o Fedro guardava um estilo juvenil (meirakiôdés), pois estaria entre os primeiros escritos de Platão, e que Dicearco especificamente teria considerado seu estilo vulgar (phortikón) (D.L.§38). Essas, entre outras informações, fazem parte da interessante biografia de Platão feita por Diógenes, meio pelo qual sabemos, por exemplo, como Trasilo organizou os diálogos, tal qual já haviam sido organizadas as tragédias (D.L.§56-60), segundo tetralogias.
Hermias de Alexandria, quase dois séculos à frente de Diógenes, mostra o desdobramento dos temas do Fedro, ao comentá-lo de modo sistemático. Hermias diz que o Fedro é:
[...] ético e catártico, refutativo e protréptico na direção da filosofia (êthikós kaì kathartikòs, elegktikòs, protreptikòs eis philosophían), por isso há nele um discurso acerca do amor físico e teológico, além de um [discurso] lógico acerca da retórica (Herm. In Phdr. 63.23-25 Couvreur).
Hermias enumera os discursos acerca da alma e do amor prudente como temas fundamentais do diálogo, ressaltando o sentido teológico pelo qual Eros deve ser tratado. Mostra também que esses temas todos (1) ética, (2) catarse, (3) refutação, (4) mudança em direção à filosofia (protréptico), (5) amor físico, (6) amor teológico e (7) retórica, são desdobramentos de um núcleo bastante importante, que está especialmente na relação entre Alma e Amor (Eros e Psique). Desses elementos todos, talvez o caráter protréptico do diálogo seja o mais apto a arrematar uma explicação geral, que perpasse todos esses pontos, pois é importante nele o desejo de modificar uma determinada conduta ética, o que pressupõe uma refutação de conduta e discursos anteriores, bem como uma catarse intelectual, que propicie um novo lugar dialético em que se possa pensar e agir com novas ferramentas intelectuais e discursivas. Há nesse momento uma compreensão de que determinadas ações e discursos estavam em desacordo com concepções éticas e teológicas, especialmente no que concerniam a Eros.
Hermias atentou para a proliferação de temas que o diálogo reúne sem perder de vista sua unidade temática. Hermias manifesta a predominância da alma e do amor como eixo principal, e o da retórica e da teologia, como um eixo complementar, pois jamais se omite esse fundo retórico e teológico. Nesse mesmo sentido, aspectos ligados à beleza e ao belo ganham, em Hermias, fortes contornos neoplatônicos, ecoando por um lado Plotino (Acerca o belo) e por outro o vocabulário de Proclo acerca dos “deuses encósmios” (In Plat. Tim. 32c).
[.....]
Grécia antiga & Vidas de Homero realizadas por Buzelli (Buzelli, 2019, ed. Odysseus) é uma empreitada editorial generosa, sobretudo pela abrangência e extensão do trabalho. Entretanto, nesta resenha, gostaria de indicar não apenas a quem a obra possa interessar, mas especialmente a quem deve ser material obrigatório. As “ruínas literárias” recolhidas e muito bem traduzidas por Buzzeli constituem material valioso de pesquisa, tanto por atravessarem os universos da literatura arcaica e clássica, da história e da filosofia, como por trazerem vasta e qualificada informação para estudantes, professores e pesquisadores da literatura, história e filosofia que se dedicam à antiguidade arcaica e clássica.