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Por GloboEsporte.com — São Paulo


Assista ao primeiro bloco da entrevista de Maurício Galiotte ao Grande Círculo

Assista ao primeiro bloco da entrevista de Maurício Galiotte ao Grande Círculo

Convidado do Grande Círculo deste sábado, Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras, falou, entre outros assuntos, sobre o convite feito a Jair Bolsonaro para a festa do título brasileiro do ano passado.

O dirigente afirmou que chamou o então recém-eleito presidente da República para participar da celebração, na última partida do campeonato, por se tratar de um torcedor palmeirense.

Galiotte reconheceu, no entanto, que sabia que essa atitude seria desaprovada por torcedores de posições políticas diferentes. Ainda assim, não descartou a possibilidade de um novo convite em caso de outro título no futuro.

Assista ao segundo bloco da entrevista de Maurício Galiotte ao Grande Círculo

Assista ao segundo bloco da entrevista de Maurício Galiotte ao Grande Círculo

Com mandato até o final de 2021, o presidente do Palmeiras também foi questionado sobre a sucessão. Em sua opinião, Leila Pereira, conselheira e executiva das patrocinadoras do clube, se apresenta no momento como o melhor nome para assumir o comando no futuro.

Veja os principais pontos do programa:

Milton Leite: Afinal de contas, quem é que manda no Palmeiras? É o presidente ou é a Crefisa?

Maurício Galiotte: Satisfação estar aqui com vocês, obrigado pelo convite. O Palmeiras hoje está muito equilibrado. Nós, financeiramente, realmente, nós achamos um nível muito satisfatório, com fontes de receitas diversificadas. O que eu posso te dizer é que eu assino absolutamente tudo que surge no Palmeiras, como contratação, contas a pagar, entre outros investimentos, tudo cai na minha mesa. Obviamente que o apoio da Crefisa é muito importante, o apoio da Leila Pereira, do José Roberto Lamacchia, é fundamental. Eles chegaram no Palmeiras em 2015, a Crefisa chegou em 2015, o Palmeiras ainda era uma situação difícil, lembrando que, em 2014, no final do ano, nós tivemos uma situação muito sensível, muito delicada. Eles chegaram no início de 2015, junto com a inauguração da arena e esses dois episódios, essas duas situações, foram fundamentais, para o crescimento do Palmeiras, para a valorização da marca. Então, nós estamos hoje com o clube muito equilibrado e com uma perspectiva muito positiva de futuro.

Gabriela Moreira: Você tem uma patrocinadora que declaradamente vai concorrer (à próxima eleição), que é um ator político dentro clube. Como é que você convive com isso? É uma sombra para você?

Maurício Galiotte: Eu acho que a Crefisa agregou demais ao Palmeiras, inclusive, até como elemento de transformação. O papel da Leila no Conselho Deliberativo hoje tem uma importância, sim. Sombra, em hipótese alguma. A Crefisa é, além de patrocinadora, é uma grande parceira do clube. A gente trabalha internamente os associados, nós temos o maior patrocínio da América do Sul. Tudo isso envolve um grande negócio tanto para o Palmeiras, quanto, imagino eu, para a Crefisa também, porque as duas partes estão muito confortáveis, estão satisfeitas com a parceria. Então, muito se fala, o valor da Crefisa é significativo, importante, realmente, mas se eu perguntar aqui para todos qual é o patrocinador da camisa dos cinco primeiros times que estão no Campeonato Brasileiro será que todos respondem quem é que está no máster dos cinco primeiros colocados? Dos 10... Enfim, o número não importa. Mas, provavelmente, a resposta de vocês vai ser: "Não me lembro desse, não me lembro daquele". E no Palmeiras todo mundo vai saber. Então, é um patrocínio que tem vulto, tem visibilidade, é importante para o clube e é importante também para o parceiro. Eu enxergo dessa maneira.

Maurício Noriega: A questão do estádio... Como o senhor reage quando alguém chega brincando para o senhor e fala: "O estádio não é do Palmeiras, o estádio é da WTorre, que construiu, o Palmeiras joga de aluguel". Se isso é jogar de aluguel, se o senhor concordar com isso... O estádio é do Palmeiras e administrado por uma outra empresa, esse modelo de negócio hoje é plenamente sustentável pelo Palmeiras, mesmo o Palmeiras não tendo a chave do estádio durante os sete dias da semana?

Maurício Galiotte: A inauguração da arena foi um ponto fundamental na história do Palmeiras. A gente pode colocar como divisor de águas. Respondendo a sua pergunta... Quando me perguntam se o estádio não é do Palmeiras, a resposta é: o estádio é do Palmeiras. É só uma questão de tempo. Nós temos um contrato de 30 anos, mas o estádio é do Palmeiras, é uma questão de tempo. Eu acho que a arena, para o Palmeiras, é uma fonte de receita, é um diferencial esportivo, aumentou o valor da marca, então, realmente, se a gente pensar no Palmeiras há um tempo, antes de a gente ter esse patrocínio significativo e antes da arena, você vai ter uma diferença muito grande em termos de valor de marca. Você vai ter uma diferença muito grande em termos de orgulho do torcedor, resgatar o orgulho do torcedor pelo clube, o interesse do mercado em relação ao Palmeiras. Então, a arena é um grande negócio, sem dúvida nenhuma, para o clube.

Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras, no Grande Círculo — Foto: Bob Paulino/SporTV

Luís André Rosa: Hoje a Leila abertamente fala que quer sucedê-lo. No estatuto do Palmeiras, não tem nada que se fale dessa situação de uma patrocinadora ser presidente. Que mecanismos serão feitos para se adequar, caso ela se candidate? Já que ela fala que, por ela, fica ad eternum como patrocinadora.

Maurício Galiotte: Em princípio, nós estamos queimando a largada em relação a esse assunto, porque ela não lançou a candidatura. Até então, ela não lançou a candidatura. Quando a Crefisa chegou ao Palmeiras, repetindo o que eu disse, a gente estava numa situação difícil. E a Crefisa contribuiu muito, a Leila Pereira e o próprio José Roberto Lamacchia, contribuíram muito com o clube. À luz do estatuto, obedecendo todas as premissas do estatuto, se tiver que ser candidata, eu acho que, para o Palmeiras, tudo que a Leila fez será da mesma maneira se um dia ela for presidente do clube. Não sei se ela será presidente do clube, como eu disse, faltam dois anos e meio. Quando você diz que o estatuto foi alterado, foi alterado, porém, nós já tínhamos um projeto para alteração para três anos. Se a gente analisar, os principais clubes vencedores da Europa e vários lugares no mundo, são quatro ou cinco anos de mandato, que é o tempo necessário para você implementar seu plano de governo, para você poder administrar, para você poder conhecer os problemas que você tem. Dois anos, na verdade, é um movimento político atrás do outro, porque um ano sim, um ano não, é eleição no clube. Foi isso que a gente conviveu nos últimos anos, e para quem interessa isso? Tanta eleição no clube. Deve ter alguém que tem interesse nisso, porque foi uma luta para alterar, pensa no Palmeiras, pensa em planejamento, pensa em administração de médio a longo prazo, objetivos, indicadores de performance. É como você trocar um presidente de empresa a cada dois anos. Pode ocorrer? Pode. É o ideal? Nós avaliamos que não.

Edgar Alencar: A mudança do estatuto passou por uma margem apertada, o senhor falou que havia uma resistência, mas ela passou. Quem se opôs a essa mudança do estatuto primeiro apontou um possível casuísmo, já que ajuda a gestão do senhor, e estranhou como essas mudanças ajudam uma sócia nova, no caso da Leila, nas aspirações políticas, como ela também declara. E mesmo grupos favoráveis temem conflito de interesses por uma patrocinadora também ter decisões políticas e possíveis fraturas a curto e médio prazo. Minha pergunta objetiva e se o senhor teme a essas fraturas, esses rompimentos, mediante a isso, esse conflito de interesses, se o senhor concorda com isso.

Maurício Galiotte: Eu vou te fazer uma outra pergunta, se a gente analisar o Palmeiras nos últimos 20 anos, quantas fraturas esse clube sofreu?

Edgar Alencar: Muitas.

Maurício Galiotte: Muitas. Obedecendo o estatuto, exatamente à luz do que a tradução visava. Então, se você tem hoje uma energia empreendedora ao seu lado, se você tem possibilidade de fazer um clube maior, melhor, com mais qualidade, um clube que possa competir como nós hoje temos condições... Toda essa argumentação, para nós, que queremos um Palmeiras cada vez mais forte, ela não serve o exemplo que está aí. Nós temos exemplos do que está acontecendo. Então, não é algo que você está apostando sem nenhum conhecimento, absolutamente. Mais uma vez, você está fazendo essa colocação já imaginando que a Leila vá se candidatar, é essa sua posição, sua pergunta. Nós não temos hoje a posição oficial dela em relação a isso, mas diante de todas as fraturas, usando a sua palavra, que o clube sofreu nos últimos anos, acho que estaremos muito bem servidos.

Gabriela Moreira: A Crefisa é um diferencial competitivo?

Maurício Galiotte: Sim, claro.

Gabriel Moreira: Você vê a Crefisa como um patrocínio ou como uma credora do clube? O mundo fora de quem acompanha o Palmeiras diretamente considera o empenho do dinheiro da Crefisa mais como um anabolizante do que algo que transformou o clube, de fato, em um clube sustentável. O senhor acha que isso faz algum sentido? A Crefisa saindo hoje, por mais que se tenha dinheiro com receita, bilheteria, o torcedor vai ao estádio para ver um time em que a Crefisa não pagou a maior parte dos jogadores?

Maurício Galiotte: Claro. Sem dúvida. O torcedor torce para o Palmeiras, óbvio que adora a Crefisa, mas torce para o Palmeiras. A Crefisa hoje é muito importante, como eu citei no início. É a patrocinadora, é um grande parceiro, e toda fonte de recurso faz parte daquela base da pirâmide de sustentação, que faz com que a gente consiga fazer um planejamento consistente de médio a longo prazo. Nós vamos errar, e não vamos ganhar todos os campeonatos, lógico que não, isso não existe. Nós temos um mata-mata agora na Copa do Brasil extremamente complicado. Agora, fontes e recursos importantes, sim, tornam o clube cada vez mais competitivo.

Milton Leite: Presidente, como é que é a situação em casa? O senhor tem três filhos, é isso?

Maurício Galiotte: Tenho três. Um casal de gêmeos, de 14 anos, e uma menina, de 17.

Milton Leite: Se um deles chegasse ao senhor e falasse assim: "Estou pensando em torcer para o Corinthians". Pode ou não pode?

Maurício Galiotte: Não é questão de "pode ou não pode". Não existe essa possibilidade. Zero, não existe. Eu sou bisneto de imigrantes italianos, minha família inteira é de palmeirense, não tem a menor chance. A menor chance.

Milton Leite: Sua infância também foi assim?

Maurício Galiotte: A minha infância foi dentro do Palmeiras, a infância deles foi dentro do Palmeiras. Eles ainda estão dentro do Palmeiras, os três praticam esporte no clube, disputam pelo Palmeiras.

Maurício Noriega: Quando perde para quem é que a corneta é maior? Qual a derrota que a família não aceita?

Maurício Galiotte: Corneta comigo. Toda derrota é doída. A derrota para o rival é doída, e nosso rival é o Corinthians.

Milton Leite: O Andrés Sanchez, que também já esteve aqui com a gente, falou que o grande rival é o Corinthians.

Maurício Galiotte: Eu acho que Corinthians e Palmeiras é uma das maiores rivalidades que tem no mundo, pelo menos está entre as principais, sem dúvida nenhuma. Agora, o Andrés, ele está preocupado também (risos). Ele está preocupado, ele cutuca, ele provoca. Mas cada um com o seu projeto. A gente com o projeto do Palmeiras, e o Corinthians com o projeto do Corinthians.

Milton Leite: Eu queria mostrar essa provocação mais recente do Andrés, já que ele foi citado. "O Palmeiras é imbatível, vai ganhar tudo. Só não ganhou o Paulista".

Maurício Galiotte: Qual a melhor maneira de pensar sobre futebol? Cada um tem a sua administração, cada um tem o seu projeto, cada um tem os seus desafios e os seus objetos. O Corinthians tem o projeto do Corinthians, citado pelo Andrés, e o Palmeiras tem o projeto do Palmeiras.

Edgar Alencar: Acabando o jogo (a final do Paulistão de 2018), o senhor falou que "o Palmeiras é muito maior do que um Paulistinha". O senhor, agora, muito tempo depois, recolocaria essa fase de outra forma ou assinaria embaixo, com os termos e o tom que usou naquele dia?

Maurício Galiotte: O que eu, naquele momento, tentei passar ali para o torcedor é que nosso projetos são muito maiores do que aquele campeonato. O que eu acabei de dizer aqui agora, e repito. E é verdade. Ali, todos sabem o que aconteceu. É piada em todos os lugares que eu vou, todo mundo sabe o que aconteceu ali. Enfim, e o que eu disse naquele momento é porque diminuíram, na minha opinião, o tamanho do campeonato. O Campeonato Paulista, naquele momento, devido ao que ocorreu, foi reduzido de tamanho.

Maurício Noriega: O senhor é convicto de que ali houve uma interferência externa?

Maurício Galiotte: Sim. Não tenho nenhuma dúvida.

Maurício Noriega: Mas esse é um assunto que morreu para o Palmeiras?

Maurício Galiotte: Sim, morreu, é pequeno, ficou para trás.

Milton Leite: O senhor está rompido com a Federação Paulista ainda?

Maurício Galiotte: Tenho um contato protocolar, institucional.

Edgar Alencar: Chegou a conversar com o Felipão sobre o campeonato deste ano?

Maurício Galiotte: Sim, vamos trabalhar o campeonato regional de maneira que a gente possa usar como teste, como piloto, como um momento de treinamento.

Edgar Alencar: Ele disse que era para ganhar.

Maurício Galiotte: Sim, mas tudo bem, mas você pode ganhar treinando. Obviamente, nós disputamos para ganhar. Não ganhamos. Mas o nosso objetivo é ganhar outros campeonatos. Se a gente consegue ganhar, ótimo, o Palmeiras entra em campo para ganhar.

Gabriela Moreira: Libertadores é obrigação? Esse é o projeto?

Maurício Galiotte: A gente trabalha, obviamente, para ganhar a Libertadores. Sem dúvida nenhuma. Sabemos da dificuldade. Todos que estão disputando a Libertadores. A gente tem elenco para as importantes competições, nós temos Copa do Brasil em paralelo com o Brasileiro e Libertadores. Então, respondendo sua pergunta: gostaria de ganhar a Libertadores?

Gabriela Moreira: Não, eu perguntei se é obrigação.

Maurício Galiotte: Não, obrigação é ter um bom time em campo, disputar os títulos. Essa é nossa obrigação.

Milton Leite: Dizem os analistas que o Palmeiras, em outubro, é campeão brasileiro.

Maurício Galiotte: Fomos em novembro do ano passado. Quem diz que o Palmeiras, quem comenta que o Palmeiras já é campeão, não é o palmeirense. Não é o palmeirense. A minoria. São as pessoas que têm algum interesse, na verdade, em desestabilizar.

Erich Beting: Desestabiliza?

Maurício Galiotte: Não pode perder o foco. O fato é: não pode perder o foco. Se cai nessa historinha, como é que faz?

Maurício Noriega: Essa história do Ricardo Goulart não é estranha? Essa saída repentina... o Palmeiras sabia de toda a situação clínica do Ricardo Goulart? Foi uma surpresa para o Palmeiras? Ou a questão foi o que foi divulgado até pelo próprio Ricardo Goulart? "Olha, chegou um caminhão de dinheiro aí da China".

Luiz Carlos Jr.: Era a grande contratação do ano.

Maurício Galiotte: Eu vou dizer exatamente o que ocorreu. Os empresários do Ricardo Goulart procuraram o Palmeiras dizendo que o atleta recebeu proposta muito significativa em termos financeiros, com um período de contrato de cinco anos. Ele tinha acabado de operar o joelho e provavelmente uma recuperação de mais uns dois meses, três meses, a gente não sabe exatamente quando o Goulart teria condições de jogo. Mas a proposta colocada na mesa foi essa, que o Palmeiras teria que liberar, porque o Goulart gostaria muito de retornar devido à proposta que ele recebeu. Nós conversamos com o Goulart, e ele nos falou exatamente isso. Diante do quadro, diante de tudo que estava envolvido naquele momento... Ele tinha feito uma cirurgia, teria um período de recuperação, e apareceu uma proposta que era interessante para o atleta, o Palmeiras se posicionou da seguinte maneira: tudo que foi investido até então o clube recebe novamente e a gente libera o atleta. Foi isso que aconteceu. Exatamente o que aconteceu.

Gabriela Moreira: Mas era interessante para o clube chinês? Você consegue entender a motivação dos chineses?

Maurício Galiotte: Eu não posso responder pelo clube chinês. Existe uma alternativa aí que é ele disputar a Copa do Mundo, ser naturalizado, existe essa possibilidade.

Luiz Carlos Jr.: Ele tem interesse nisso?

Maurício Galiotte: Eu acho que sim. Existe essa possibilidade. Para isso, ele teria que estar na China no segundo semestre.

Milton Leite: O Palmeiras, pelo elenco que tem, o senhor acredita que ele tem chance de ganhar tudo?

Maurício Galiotte: Nós trabalhamos para isso. Nós mantemos um elenco para isso. Nós temos, no mínimo, dois grandes jogadores a cada posição. Tem mais do que isso, porque nós temos 32 no elenco. Vai ter um momento, provavelmente Copa do Brasil, se o Palmeiras conseguir evoluir Libertadores e Brasileiro, nós vamos ter um momento muito sensível. Nós vamos ter um momento que vamos ter que pensar muito, raciocinar. Mas isso é um trabalho para o Felipão. O Palmeiras disputa os três campeonatos para ganhar. A decisão é da comissão técnica.

Luiz Carlos Jr.: E a base? Revela ótimos jogadores. Como o senhor vê essa situação da base?

Luís André Rosa: Fala-se, pejorativamente, que a base do Palmeiras é a galinha dos ovos de ouro, porque ingesta o jogador ali, vende por um valor e sustenta o time principal.

Maurício Galiotte: Não, mas isso também pode ocorrer. Aliás, já ocorreu. O trabalho da base está muito consistente. Nós temos revelado muitos jogadores, conquistado títulos. O Palmeiras é o clube que, nos últimos três anos, mais cede jogadores à seleção brasileira, pelo menos em três categorias, 15, 17 e 20. Então, o trabalho está sendo feito com muita competência, e isso nos deixa muito felizes, porque a gente trabalha para isso, é para o Palmeiras melhorar como um todo, no profissional, na base, no clube social, na administração... O que acontece com os meninos da base? Voltando àquela pirâmide que eu comecei explicando para vocês que é fonte de recursos, depois você tem os processos, em cima, nós temos o grande objetivo que é a satisfação do torcedor. Vocês enxergam um menino da base, hoje, sendo titular do Palmeiras? É muito difícil. Pode ocorrer, pode ocorrer, mas é muito difícil. Nós temos um time consolidado, nós temos uma equipe competitiva, experiente. Então, a gente tem alguns meninos da base que treinam com os profissionais. Só que a revelação, o garoto, o que tem de mais importante é ele estar jogando. Ele tem que jogar. Se ele vier para o time principal e não jogar, não agrega absolutamente nada para ele. Então, o que o Palmeiras tem feito, nós temos o Victor Luis, que está no time principal, o Gabriel Jesus, que você citou, que é um caso que foi vendido, Luan Cândido foi vendido, nós temos emprestados alguns jogadores da base. (...) Estamos emprestando praticamente toda a equipe do sub-20, campeão brasileiro, campeão da Copa Ipiranga, campeão paulista, praticamente, toda essa equipe será desmontada. Nós iremos emprestar todos os atletas, para que possam ter ritmo de jogo.

Luiz Carlos Jr.: O senhor não acha que, a médio prazo, o garoto não vai querer ir para base do Palmeiras? Eu vou jogar no time do Palmeiras e nunca ir para o time de cima?

Maurício Galiotte: Ao contrário, não é frustrante. Pelo contrário. Eu vou para a base do Palmeiras, porque eu posso, sim, chegar ao time de cima, se for realmente um talento, e posso ser negociado. Porque o sonho do jogador é primeiro ser profissional, jogar num time grande, jogar na Europa, o jogador não vai te responder aqui: olha, eu tenho um sonho, que é jogar na equipe principal. Até pode jogar na equipe principal do Palmeiras, até pode. Só que se ele tiver alternativas de carreira para ser um jogador profissional bem-sucedido no exterior, ele também aceita, até porque a própria família, os empresários... Senão você não venderia atletas revelações, atletas que são oriundos da base.

Gabriela Moreira: O Artur vai para o Bahia, e você paga cinco milhões de reais para tirar o Arthur Cabral do Ceará, 25 milhões de reais para tirar o Carlos Eduardo do Pyramids. Me parece contraditório você ter um jogador de 22 anos, que não tem identificação com a torcida, e tirar o Artur, de 22 anos, que tem uma enorme identificação com a torcida.

Maurício Galiotte: A gente explica da seguinte maneira: o Artur, provavelmente, não seria titular nesse time.

Gabriela Moreira: O Carlos Eduardo também não é.

Maurício Galiotte: Tudo bem, o importante é que ele esteja jogando. Foi para o Bahia, está jogando, está muito bem. O Carlos Eduardo, nós precisávamos no início do ano, no planejamento de 2019, nós precisávamos de velocidade, então nós buscamos jogadores que já tinham alguma experiência, ele estava no exterior.

Gabriela Moreira: Egito.

Maurício Galiotte: Exatamente, mas ele tem alguma experiência. Ele tem um valor agregado já, ele já passou por um momento em que ele poderia vir para o Palmeiras e jogar na equipe principal. Tanto é que, com o tempo, nós acreditamos no jogador. Ele acabou de chegar, existe um período de adaptação, mas ele tem muito potencial. Ele tem muito potencial. Nós, quando contratamos alguns jogadores lá atrás, existe sempre a crítica inicial: contratou e pôs no banco, não está jogando. Porque existe um momento de adaptação do atleta, um momento em que ele se sinta mais à vontade, que diminua a pressão.

Erich Beting: Não existe espaço para jogador sem experiência no Palmeiras?

Maurício Galiotte: No time atual, eu acho muito difícil. Não vou dizer que não existe, mas tem que ser um talento, tem que ser diferente. Você não vai colocar um jogador na equipe principal do Palmeiras sem experiência se não for diferente. E, olha, isso serve para outros clubes também. Estou falando do Palmeiras, mas... A não ser que a situação seja outra, uma necessidade.

Erich Beting: Mas isso é uma questão de torcida? É uma questão de característica e identidade do clube, o senhor acredita?

Maurício Galiotte: É uma questão de momento. Mais do que qualquer outra coisa.

Erich Beting: Porque antes até você podia dizer: "Ah, Palmeiras não revela na base, porque a base tinha um time inoperante". Mas outros clubes... O Santos é o clube que muitas vezes a torcida pede o jogador da base e não o experiente. É difícil mesmo para a torcida aceitar um jogador que não tem essa rodagem?

Maurício Galiotte: Não, o fato não é esse. É difícil um jogador que hoje não tenha rodagem e experiência ser titular do Palmeiras, isso que é difícil. Agora, faz parte do processo de amadurecimento, faz parte do processo de transição. Eu digo que nós hoje temos a satisfação em discutir a base do Palmeiras. Esse é um assunto que, embora exista obviamente as críticas em relação a não ter um ou outro jogador, mas em relação à base, tenho muitos jogadores talentosos que poderão jogar no Palmeiras com alguma experiência. Que bom poder discutir a base do Palmeiras hoje, que bom que o Palmeiras proporciona essa garotada e que possa amanhã vestir a nossa camisa.

Edgar Alencar: O convite (para a festa do título brasileiro de 2018) foi exclusivamente para o palmeirense Jair Bolsonaro? Fosse, por exemplo, um exercício de imaginação, vencedor o outro candidato, Fernando Haddad, do PT, Fernando também fosse uma homenagem a um palmeirense, ele também um fanático confesso... O convite foi meramente clubístico ou foi também um convite político?

Maurício Galiotte: Não, nós convidamos o palmeirense, sabendo que ele é um torcedor apaixonado. Esteve conosco, muito feliz, e foi um dia realmente de muita alegria para o Bolsonaro. Convidamos o palmeirense, que aceitou, ficou muito orgulhoso de estar lá com a gente.

Edgar Alencar: O senhor sabe que levou uma situação política para esse debate, né? Houve manifestações contrárias e tudo.

Luís André Rosa: Até dentro do elenco, jogadores reclamaram que não puderam segurar a taça, e ele segurou mais a taça do que alguns jogadores.

Maurício Galiotte: Os jogadores seguraram a taça também.

Gabriela Moreira: O senhor disse que foi um momento muito importante para o então eleito presidente Jair Bolsonaro. Mas e para o palmeirense também foi um momento importante? Porque foi uma eleição que dividiu, de fato, o país. Houve muito palmeirense que não se sentiu homenageado. O senhor já fez uma reflexão diante disso?

Maurício Galiotte: Esse é um tema bastante profundo, um tema... Eu, na verdade, acabo não misturando política e nem religião, porque as torcidas são divididas com absolutamente muita diversidade. Nós convidamos o palmeirense, o presidente da República, para estar com a gente no dia que o Palmeiras foi campeão. E alguns palmeirenses realmente não se sentiram à vontade. A gente entende e respeita.

Erich Beting: O senhor se arrepende dessa atitude?

Maurício Galiotte: Não, foi uma atitude... Ali eu não convidei o partido político, não convidei a direita. Ali nós convidamos o palmeirense, o presidente do Brasil.

Erich Beting: Mas por que trazer uma figura de fora, que não entrou em campo, que não representa a torcida inteira?

Edgar Alencar: O senhor tinha noção de que estava trazendo um debate político para dentro do jogo, né?

Maurício Galiotte: Sim, na verdade, a gente fez o convite ao presidente sabendo, correndo o risco que parte dos torcedores...

Erich Beting: Em outubro deste ano, em 2019, caso o Palmeiras esteja na iminência da conquista do título, o senhor faria novamente o convite? Ou entenderia que o Palmeiras é maior do que isso? O Palmeiras representa não só um partido ou uma pessoa.

Maurício Galiotte: Claro, o Palmeiras representa absolutamente todos. Vamos aguardar o título, e a gente toma uma decisão.

Edgar Alencar: Se o Fernando Haddad, do PT, fosse eleito e disse que era palmeirense, seria convidado da mesma forma?

Maurício Galiotte: Sim, claro. Se tivesse um palmeirense de outro partido, seria convidado, óbvio... Não foi um convite partidário, de jeito nenhum. Nunca faria isso. O Palmeiras não faria isso.

Edgar Alencar: O senhor parece muito cuidadoso para não mostrar o seu lado.

Maurício Galiotte: O meu lado é o Brasil.

Maurício Noriega: O senhor foi vice do Paulo Nobre e, depois, o próprio Paulo Nobre deu a entender que se sentiu traído na questão envolvendo a Crefisa. O senhor é completamente rompido com Paulo Nobre? Não existe nenhuma relação?

Maurício Galiotte: Não, hoje não existe nenhuma relação. O Paulo, a partir do momento que eu assumi o clube, ele não participou mais da política do clube, ele não esteve mais presente, nós não falamos mais. O que eu digo a você é o seguinte: foi uma gestão revolucionária, realmente uma gestão muito importante para o Palmeiras, e nós tivemos uma leitura distinta do que seria importante para o Palmeiras nos próximos anos, do que seria fundamental para o Palmeiras nos próximos anos. Ele entendeu de uma maneira, eu entendi de outra.

Maurício Noriega: Não houve traição?

Maurício Galiotte: Não.

Luiz Carlos Jr.: O senhor lamenta?

Maurício Galiotte: Olha, acho que nós temos que respeitar. As pessoas pensam de maneira diferente, reagem de maneira diferente. Eu, em casa, quando eu empato uma, eu estou feliz.

Milton Leite: O senhor chegou a jogar em categorias de base do Palmeiras?

Maurício Galiotte: Sim, sim.

Milton Leite: O senhor era o quê? Em que posição jogava?

Maurício Galiotte: No futsal, eu era ala. No campo, eu era meia. Joguei muitos anos, até 19, 20 anos. Entrei na faculdade, os compromissos da faculdade acabaram sendo mais importantes. Acabamos decidindo. Fiz Administração na PUC e pós-graduação em Marketing na FAAP.

Milton Leite: Quando o senhor começa a se lembrar de futebol, o melhor time que viu jogar?

Maurício Galiotte: Melhor que eu vi jogar? Nós tivemos vários jogadores, a coisa mais fácil é você montar uma seleção do Palmeiras, você monta três, quatro, enfim. Os jogadores que eu vi jogar, vamos começar assim... Marcos, Arce, vi muito pouco o Luís Pereira, mas vi, eu citaria o Cléber, Roberto Carlos, Cesar Sampaio, Mazinho, aí o número 10 é o Alex, é diferente de tudo que eu vi jogar. Tivemos Rivaldo, Edmundo, Evair, Zinho. Acho que falei mais do que 11.

Luiz Carlos Jr.: De torcedor de arquibancada, qual foi seu grande ídolo?

Maurício Galiotte: Eu gostava demais de ver o Alex jogar. Demais. Um jogador diferente, clássico.

Erich Beting: Algum jogador atual estaria nesse seu time?

Maurício Galiotte: No time que eu fiz agora? Essa é uma pergunta... Nós temos grandes jogadores no Palmeiras hoje. Acho que o Dudu é um nome que vai ficar marcado na história do Palmeiras. Mas nós temos grandes jogadores no elenco, sem dúvida nenhuma.

Milton Leite: O senhor acha ele injustiçado em não ter sido chamado para a Seleção? O senhor acha que ele merecia?

Maurício Galiotte: Acho que ele merece, sim. Acho que ele foi eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro no ano passado, acho que hoje ele é um dos maiores jogadores em atividade no Brasil. Acho que merece chance na Seleção.

Edgar Alencar: O quão perto ele esteve de sair?

Maurício Galiotte: Nós recebemos uma proposta no ano passado, e o clube também conversou com o jogador, então, os valores obviamente são muito importantes e diferentes dos valores do nosso mercado e, naquele momento, o Dudu, ele pensou em sair, me procurou, a gente conversou bastante e eu disse para ele que não era o momento de ele sair. Que ele tinha muito ainda para dar ao torcedor palmeirense, que nós tínhamos muitas conquistas pela frente, que ele poderia, sim, chegar à seleção brasileira, não tenho dúvida disso. E ele acabou ficando, o que, para nós, foi muito bom. Ele também já entende hoje que foi importante ele ter ficado, um ídolo da torcida do Palmeiras hoje, muito importante.

Erich Beting: O que o Palmeiras oferece para o Dudu além de só a performance e a vitrine esportiva?

Maurício Galiotte: Ele está se tornando um ídolo, né? O Dudu hoje é reconhecido por todos os torcedores, tem um carinho especial.

Erich Beting: Mas o que clube faz para ele? A gente não vê nenhum produto licenciado para ele, não tem um boneco, a gente não vê nenhum plano de marketing para o maior ídolo.

Maurício Galiotte: Não, eu não trabalho um jogador, não desenvolvo um jogador. Eu trabalho todo o meu elenco. Nós temos um trabalho de marketing que envolve absolutamente todos os jogadores, a gente não tem um trabalho específico para um jogador. Ele é diferenciado, é importante, mas a gente não atua. Porque a nossa estratégia é trabalhar todo o elenco, porque a nossa força está na força do elenco. O Palmeiras não foi campeão ou é líder do campeonato devido a um jogador, é a força do nosso grupo e é isso que a gente quer fortalecer e enaltecer cada vez mais.

Maurício Noriega: Voltando para vestiário, futebol, a impressão que fica, acompanhando o Palmeiras, é que pelo nível de elenco, pela quantidade de estrelas, é surpreendentemente calmo, tranquilo. O segredo disso é ter alguém no comando maior que os jogadores?

Maurício Galiotte: Para nós, isso é muito importante, a administração do vestiário, a gestão de pessoas, do Felipão, a gente teve maior sucesso do que com os demais técnicos que também tentamos, mas, sem dúvida nenhuma, nós temos uma gestão de vestiário. Isso foi também, teve um peso, mas o Felipão tem um currículo vencedor. Campeão do mundo, campeão de Libertadores, campeão brasileiro, campeão da Copa do Brasil, o maior técnico campeão dos últimos dez anos, técnico brasileiro, ele é um técnico diferente, obviamente que ele tem a liderança que nós precisávamos também.

Luiz Carlos Jr.: O 7 a 1 não foi levado em consideração pelo Palmeiras?

Maurício Galiotte: Zero. Absolutamente zero. Foi o resultado pontual de um jogo específico. O que foi considerado pelo Palmeiras foi o título no campeonato mundial.

Luís André Rosa: O valor médio dos ingressos do Palmeiras é o maior do Brasil, isso trouxe um outro perfil de torcedor, uma elitização, que afastou o torcedor raiz. Como o senhor vê a elitização do torcedor brasileiro e o que isso ajuda ou não no desempenho?

Milton Leite: E se esse é um fenômeno só do Palmeiras ou tem atingido também os outros times que têm as novas arenas por aí?

Maurício Galiotte: Eu não diria que é um processo de elitização. O ingresso do Palmeiras para o sócio-torcedor ouro custa 48 reais, não é ingresso caro para ver o elenco do Palmeiras hoje em campo, não é caro 48 reais. Esse é o preço, considerando três jogos, que paga o sócio torcedor ouro. Cento e 44 reais por mês, o que também não é muito, se você colocar numa média de três jogos, sai 48 reais. O problema não é preço de ingresso, sabe por quê? Nós temos ingresso de meia-entrada para setores com visão limitada, com visão parcial, que são vendidos no Gol Norte, no setor popular, você vende pela metade do preço por ter uma visão parcial. Nunca esgotou, em nenhum jogo. Você consegue ver bem o jogo, tem o acrílico na frente, mas você consegue ver bem o jogo. Custa metade de um ingresso que é colocado no setor popular. 90 reais, dependendo do jogo, 45. Se você coloca a 80, 40. Se coloca a 100, 50. E nós temos jogos no Pacaembu também. Cinco, seis, sete, dez vezes no ano a gente vai para o Pacaembu, porque nós temos shows na arena, e por contrato nós temos que jogar no Pacaembu, e aí os ingressos são reduzidos. Eu tenho custo na arena, custo no elenco. Eu sou um administrador, sou um gestor. Eu tenho que fazer conta, então o que o torcedor espera? Um time forte, um time que tenha condições de ganhar o título, um time que ele tenha orgulho, um time dos sonhos, e isso é caro, a arena é cara, os jogadores são caros. Como administrador, eu preciso fazer conta.

Gabriela Moreira: O Edmundo falou recentemente em livro que antes de aceitar a proposta do Corinthians lá atrás, ele foi pedir autorização da organizada Mancha Alviverde. Como é isso hoje em dia? O Paulo Nobre tinha uma postura bem diferente da tua ou não? Você dialoga, você dá subsídio?

Maurício Galiotte: Tem que ter limites. Eu trato absolutamente todos os torcedores da mesma maneira, sem prioridades, inclusive a organizada. Muitas vezes eles reclamam de um tratamento diferente, e a gente trata absolutamente igual. Qual a diferença? Eu respeito todos. Por exemplo: um jogo no Pacaembu, eu não coloco a organizada no Tobogã. Eles ficam onde ficam todas as organizadas, no setor verde, para aumentar a pressão no gol adversário. Quando nós temos a possibilidade de trazer um ingresso para vender em São Paulo, são situações que não eram feitas anteriormente. É aí que muda a forma de eu tratar. Quando a gente tem a possibilidade de comprar ingresso para um jogo fora e trazer para vender em São Paulo, você evita que eventualmente tenha brigas, situações de conflitos próximos do campo do adversário. A gente faz, vende em São Paulo, ali na arena, no Pacaembu, nas bilheterias. É esse tipo de situação, e aí você vai me falar que é comprado pelas organizadas. Sim, a maioria é comprada pelas organizadas. Eu já sentei para conversar (com organizada), mas muito pouco. Acho que foram duas vezes.

Erich Beting: É um poder paralelo?

Maurício Galiotte: Não é um poder paralelo. O torcedor organizado está dentro do clube, ele frequenta o clube social, ele almoça no clube social, ele faz esporte. Nós temos seis conselheiros que são de torcida organizada. De 300, nós temos seis conselheiros, que são sócios do clube, absolutamente legítimos, foram eleitos. Por isso eu disse: eles praticam esporte, eles estão no clube, eles são amigos dos amigos, eles estão na lanchonete.

Edgar Alencar: Nós que fazemos reportagem no gramado, o senhor sabe disso, os jogos ainda tem um espacinho que a torcida usa para reclamar dos ingressos, do cerco policial que se faz no estádio. Isso é uma coisa que ainda te incomoda?

Maurício Galiotte: Não, não me incomoda porque eu não tenho elementos para debater com a Polícia Militar, com o Ministério Público, com a segurança pública. Eu não tenho elementos para debater um tema técnico. Quando o serviço de segurança pública alega que quando foi feito o cerco reduziu o número de ocorrências drasticamente, provado, eu não vou assumir para o clube e nem posso, não tenho condições para fazer isso e não farei a responsabilidade do que ocorre fora do campo, que é das autoridades. Quando se apresenta uma situação dessa ao clube, a gente respeita e entende que faz falta aquela festa na Palestra Itália, antiga Turiassú, sem dúvida nenhuma. Eu participei muito daquilo, minha vida foi ali na frente do Palmeiras. Festa de título antes de grandes jogos, tinha aquele mar de torcedores. Hoje é uma outra realidade, então a gente lamenta pela festa que não ocorre, mas a gente respeita a decisão das autoridades.

Edgar Alencar: O senhor entende que pode ser bom ao Palmeiras, num futuro próximo, o senhor seria favorável a uma candidatura dela (Leila Pereira) para te suceder?

Maurício Galiotte: Eu acho que é um bom nome, sim. Um bom nome. É um nome que desde que chegou no clube tem agregado valor, é um nome que tem contribuído. Acho que é o melhor nome, hoje, sem dúvida. Queimando a largada novamente, né? (risos) Porque ela não lançou candidatura.

Luiz Carlos Jr.: O senhor prefere que os outros clubes cresçam e tenha um campeonato muito embolado, com 10 reais postulantes ao título, fortes financeiramente, ou o senhor como presidente do Palmeiras quer ganhar tudo e dividir só com Flamengo e Corinthians?

Maurício Galiotte: Não quero dividir com ninguém (risos), quero ser campeão. E se eu estiver acima dos outros, é isso que importa. Eu trabalho para isso.

Luiz Carlos Jr.: No ponto de vista do negócio, vale a pena você ter só três times forças acima das demais?

Maurício Galiotte: Acho que se nós tivermos os clubes em condições financeiras, grandes equipes, ganha o campeonato, ganha o futebol brasileiro, a gente consegue reter os recursos aqui, os meninos no Brasil, porque os nossos candidatos hoje estão fora, então, os clubes tendo condições financeiras é importante, competir. Mas isso, no futebol brasileiro, ainda acho que vai durar um tempo. Acho que vai durar um tempo, vamos ter pelo menos oito, 10 equipes brigando por título, ainda, por um período.

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