Mulheres negras e periféricas recebem apoio psicológico em projeto do Instituto Cactus e da Casa de Marias

O Instituto Cactus e a Casa de Marias oferecem acolhimento psicológico emergencial gratuito a mulheres negras, indígenas e periféricas. O projeto, que inicia os atendimentos nesta quarta (11), disponibiliza assistência de saúde mental a grupos em situação de vulnerabilidade.

Realizada de forma remota, a iniciativa viabiliza um espaço de escuta conduzido por uma equipe de psicoterapeutas para mulheres de todo o país que precisam de cuidados psicológicos.

A ação dedica atenção especial às questões que envolvem classe, gênero, raça e território. Para participar, é preciso preencher um formulário e entrar em contato pelo WhatsApp (11) 95851-3330.

Os encontros virtuais acontecem às quartas, às 9h. As inscrições são abertas às segundas-feiras.

“Nosso espaço nasceu para ser mesmo uma casa, para criar raízes, para ser oásis em tempos difíceis. A Casa de Marias é, acima de tudo, um espaço de resistência. E, por isso, a nossa missão é cuidar, escutar e acolher. Promover processos terapêuticos e curativos não só dentro dos nossos consultórios, mas fora deles também”, reforça Ana Carolina Barros Silva, coordenadora geral da Casa de Marias.

A Casa de Marias é um espaço de acolhimento e apoio psicológico para mulheres em sofrimento mental ou que necessitam de cuidados específicos, composta por um corpo clínico de mulheres, em sua maioria, negras e periféricas.

Já o Instituto Cactus é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para a prevenção e a promoção da saúde mental no Brasil por meio da geração de conhecimento e evidências, identificação e multiplicação de boas práticas, incidência em políticas públicas, articulação de ecossistemas e conscientização da sociedade sobre o tema.

O objetivo da parceria do Cactus e da Casa de Marias com esse projeto é chamar a atenção para a necessidade de pensar em projetos de saúde mental segmentadas, realizar o acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade e, ainda, gerar insumos para validar o quanto este tipo de escuta emergencial, principalmente a feita em grupos de apoio em um formato inovador, como uma modalidade que pode ser institucionalizada e replicada em contextos de urgência.

“Enquanto houver preconceitos e vieses subjetivos não combatidos e desmistificados, o atendimento à saúde mental feminina, especialmente de mulheres negras e periféricas, sempre será insuficiente e enviesado. Por isso, é necessário termos políticas mais focadas nos problemas de saúde mental da mulher, tanto individual quanto estruturalmente, assim como o fortalecimento de outras instituições e projetos de acolhimento que possam reforçar o olhar intersetorial da saúde mental”, afirma Maria Fernanda Resende Quartiero, diretora-presidente do Instituto Cactus.

Segundo o Instituto Cactus, para além de fatores sociais, de empregabilidade, de recursos e disponibilidade financeira, agendas dos filhos, da casa e falta de perspectivas, as mulheres podem vivenciar diversos transtornos mentais associados ao esgotamento emocional.

A crise provocada pela pandemia de Covid-19 agravou muito esse cenário. Com a perda da renda e o aumento da desigualdade, os efeitos da crise socioeconômica na saúde mental são ainda piores para as pessoas em situação de vulnerabilidade.

Com o isolamento social, a disparidade de gênero, a violência doméstica e a sobrecarga das mulheres aumentaram ao mesmo tempo em que as redes de suporte diminuíram, uma vez que muitas vítimas ficaram confinadas com seus agressores sem possibilidade de ajuda externa. Todos esses fatores favorecem a prevalência de doenças mentais nas mulheres, por isso precisamos cuidar desse público com ainda mais urgência.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera a determinação do gênero na diferença que mulheres e homens têm sobre o poder e o controle dos determinantes socioeconômicos em suas vidas, posição social e forma de tratamento na sociedade. Além disso, enfatiza que o gênero determina diferentes suscetibilidades e exposições a riscos específicos para a saúde mental.

O projeto é coordenado pelas psicólogas Camila Generoso, Deisy Pessoa, Eneida de Paula e Lucila Xavier.

Acolhimento Instituto Cactus e da Casa de Marias
Inscrição clique aqui
Contato WhatsApp (11) 95851-3330 ou email [email protected]

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