Danilo Gentili, de 44 anos, afirmou durante a mais recente edição do The Noite, seu programa no SBT, que foi diagnosticado com autismo. De acordo com o apresentador, ele recebeu a notícia há mais de um ano. A declaração aconteceu enquanto entrevistava a jornalista, humorista e podcaster Amanda Ramalho, convidada da noite de quarta-feira (25).
Durante o papo, Amanda comentava sobre o diagnóstico tardio dentro do espectro autista que recebeu recentemente. Na sequência e sem detalhar quais foram as suspeitas, Gentili contou que foi diagnosticado há pouco mais de um ano.
"Sabia que eu também fui [diagnosticado]? Tem um ano e pouco e eu fiz teste e me diagnosticaram com nível de espectro autista. Me falaram que eu precisaria fazer outros exames de acompanhamento para ver qual era o nível, mas eu não quis. Se eu sou autista, não quero saber, já sou assim e já era", declarou Danilo.
Mas o que é o autismo?
A psicóloga e psicopedagoga Luciana Garcia, especializada em neuropsicologia e em reabilitação neuropsicológica pela Universidade de São Paulo (USP), explicou, em entrevista à jornalista Alice Arnoldi, da Marie Claire, que o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, no qual os sintomas começam a ser percebidos ainda na primeira infância.
"Ele é caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social. Muitas vezes, há atraso de linguagem ou desenvolvimento normal da fala, só que com um ritmo mais mecanizado ou muito correta. A pessoa com autismo pode ainda apresentar movimentos incomuns, repetir frases que lhe foram ditas, ter inflexibilidade para mudanças na rotina e mostrar comportamentos metódicos e sistemáticos", detalha.
Diante da suspeita do quadro, no entanto, é fundamental procurar por um profissional especializado em TEA para que ele possa acompanhar o processo de diagnóstico do transtorno.
Como identificar as características?
De acordo com informações do Instituto de Psiquiatria Paulista, apesar de dificilmente chegarem à idade adulta sem um diagnóstico previamente estabelecido, os adultos com autismo apresentam espectros muito variados, podendo necessitar de suporte e cuidados por toda a vida ou até morarem sozinhos, ou mesmo ter um relacionamento estável e filhos.
Existem poucos estudos com as características do autismo na vida adulta, no entanto, é sabido que a transição para a vida adulta, assim como os outros períodos de incerteza da vida, podem gerar muita ansiedade e sofrimento para as pessoas com o TEA.
Nesses momentos, é imprescindível que eles estejam acompanhados por profissionais qualificados para que o processo seja o menos traumático possível.
Como é realizado o diagnóstico do autismo?
O autismo pode apresentar características que afetam profundamente a vida da pessoa com o transtorno, assim como das pessoas com quem ela convive. Por isso, o diagnóstico correto e precoce é fundamental para que se busquem formas adequadas de melhorar sua comunicação e função social de forma que haja o menor impacto possível do transtorno no seu processo de aprendizagem.
O diagnóstico de TEA deve ser realizado por profissionais devidamente treinados para tal e, de preferência, que façam parte de equipes multidisciplinares. A avaliação é feita através de uma história do neurodesenvolvimento, uma entrevista padronizada e uma avaliação observacional.
Como é o tratamento para o autismo?
Melhorar o bem-estar e facilitar o aprendizado e desenvolvimento são os principais objetivos no tratamento do TEA, tendo em vista que ainda não há cura para o transtorno. Para isso, o tratamento deve ser realizado de forma multidisciplinar, com a participação de vários profissionais de acordo com o nível de autismo, para garantir os melhores resultados.
Os profissionais de saúde mental são fundamentais para orquestrar esse tratamento. O psiquiatra pode encaminhar o paciente a diferentes terapias ou outras especialidades médicas a fim de auxiliar de forma efetiva no desenvolvimento comportamental, cognitivo e social do autista.
Além disso, ele pode administrar medicamentos com efeito sobre as alterações de humor, impulsividade, irritabilidade, ansiedade ou hiperatividade que o autista pode vir a apresentar, bem como diagnosticar e tratar uma depressão que possa vir a aparecer.