Matheus Nachtergaele, de 56 anos de idade, admite ter sentido medo no retorno ao papel do icônico João Grilo em O Auto da Compadecida 2, mas se viu entregue ao personagem sem dificuldades logo nas primeiras gravações do reencontro com Selton Mello, 51, intérprete de Chicó. Após 25 anos do primeiro longa, o ator assume o compromisso de devolver o carinho do público como alguém eternizado na cultura brasileira.
Protagonista da trama pautada nos conceitos de fé, vida e morte, o veterano das telas reflete com exclusividade com a Quem sobre o que aprendeu pessoalmente desde o início da década de 2000 e destaca a responsabilidade do legado de personagens fixados na memória coletiva em meio à passagem de tempo na vida da dupla de estrelas da produção.
Eternos Chicó e João Grilo voltam com tudo em 'O Auto da Compadecida II'
"Sou um racional agnóstico, sempre fico mudando o endereço de Deus, quando a ciência avança e tal, mas pressinto milagre. Adoro me afirmar agnóstico e ateu, gosto da liberdade de ser humano e dizer: 'Não acredito com fé'", inicia.
Ele frisa o respeito pelas crenças alheias, reforçado pelo envolvimento com a narrativa escrita por Ariano Suassuna. "Por outro lado, fui aprendendo que a fé é um dos afetos muito importantes que o ser humano pode desenvolver. A fé um afeto e, tanto João Grilo, quanto eu, aprendemos desde o 1 até o 2 a respeitar, senão a sua própria fé, a fé do outro", afirma.
Sem prazo de validade
Matheus garante que os corpos maduros que retornaram aos papéis de mais de duas décadas atrás não foram um impedimento para a reencarnação de João Grilo e Chicó. "Eles existem sozinhos, estão na história das histórias dos homens desde sempre, esses pícaros, sobreviventes, que são meio Robin Hood, existem em todas as mitologias, estão espalhados pelo mundo", explica.
"Tive medo na hora de voltar, de saber se meu corpo iria atender as necessidades do pícaro, do arlequim, mas o arquétipo consegue do ator o que ele precisa, uma tal agilidade, ingenuidade, maldade, a gente é cavalo. Não foi tão difícil depois que começou", completa.
Eternizados com responsabilidade
Enquanto Selton frisa o 'pé no chão capricorniano' da dupla de nascidos entre dezembro e janeiro, Matheus destaca o compromisso com o que fazem para negar qualquer espaço para deslumbre com a fama atemporal. "É muita responsabilidade quando você entra nesse lugar. Uma vez no coração das pessoas, você deve a elas respeito", reflete.
"Acho que nossa trajetória conta um pouco do que aconteceu quando a gente foi jogado para dentro do coração dos brasileiros. A gente respeita para caramba nossa profissão. A gente faz só o acha que vai servir para o bem. O deslumbre cai por terra, porque tem uma super responsabilidade de devolver o carinho", acrescenta.
Sem tempo para bastidor
Questionado sobre curiosidade de bastidores, Matheus revela a falta de respiro entre uma cena e outra sob a direção de Guel Arraes, tanto no primeiro filme quanto na sequência. "O Guel é um tarado filmando, não dá muito tempo de acontecer tanta coisa no bastidor. Já vai filmar só o que vai ser usado. Depois que você vestiu o João Grilo e o Chicó, não tem muito tempo morto", relata.
"No primeiro Auto, tinha uma fita métrica para fazer o foco, não era o foco elétrico, de jogarem as marcas com os sacos de areia, o Guel dizer ação e a gente dizer: 'Será que é? Que cena que ele está filmando?'", completa.
Com estreia dia 25 de dezembro, O Auto da Compadecida 2 ainda conta com o retorno de Virginia Cavendish como Rosinha e Enrique Diaz como Joaquim Brejeiro. O filme também ganha Taís Araujo, Humberto Martins, Fabiula Nascimento, Eduardo Sterblitch e Luis Miranda na sequência regada de emoção, alegria e história.
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