Planejar, criar e executar lançamentos de peças. É isso que a plataforma coleção.moda, de Florianópolis (SC), ajuda seus clientes a fazer. De acordo com Thiele Biff, 37 anos, cofundadora e CEO, a empresa é um PLM – Product Lifecycle Management, ou, em português, gerenciador do ciclo de vida de produto. O Fashion PLM, um gerenciador de coleções, aliás, foi seu produto de estreia no mercado, em 2018.
A ideia do negócio surgiu de uma necessidade própria. Biff é estilista de formação e, antes da CM, abreviação pela qual chama a coleção.moda, montava mapas de coleções para seus clientes, utilizando ferramentas como o Corel, um programa de desenho usado para design gráfico.
“Um dia, perdi um arquivo e tive de começar o trabalho do zero. Meu marido, engenheiro, me provocou perguntando como eu faria quando tivesse mil clientes. Como ele era envolvido com startups, me instigou a pensar como poderia fazer para tornar minha atividade uma ferramenta escalável para atingir mais pessoas”, recorda-se Thiele Biff.
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Entre essa “semente” e o nascimento da empresa, passaram-se três anos. Nesse meio-tempo, Biff inscreveu o projeto da CM na Sinapse da Inovação, programa de subvenção da Fundação Certi, ligado ao governo de Santa Catarina, e ganhou o maior prêmio, cerca de R$ 100 mil. Também encontrou o sócio, Renan Heinzen, 34 anos, cofundador e CTO. Juntos, os dois tiraram a empresa do papel e fizeram um MVP (Produto Mínimo Viável) dentro da carteira de clientes dela. “Fechamos 2018 com cinco clientes”, conta Biff. Com exceção daquele investimento, o crescimento da CM tem se apoiado em recursos próprios.
Tecnologia é grande aliada
Seis anos depois, a CM hoje atende cerca de 650 marcas de moda, entre elas, Lupo, Colcci, Marisol, Lilica Ripilica, Coca-Cola e Havan. De acordo com a empreendedora, já passaram pela empresa mais de mil marcas. “Atendemos clientes de todos os tamanhos, desde profissionais autônomos, como uma estilista freelancer, até fábricas que têm de 20 a mais de 500 funcionários”, diz Thiele Biff.
Por meio do PLM Fashion, a coleção.moda ajuda empresas de moda a gerenciar todo o processo de planejamento, desenvolvimento e confecção. Por exemplo, qual vai ser o tema de determinada coleção, quais e quantos modelos farão, a grade de tamanhos, as cores e os detalhes. Na plataforma, a equipe de estilo pode visualizar as etapas e os prazos para cumprir cada detalhe.
No ano passado, a startup lançou a Donna, ferramenta de IA (Inteligência Artificial) generativa que auxilia os estilistas a criar suas coleções. Biff explica que ela gera ideias e oferece imagens que tornam o produto realista. “A gente chama esse recurso de copiloto do estilista, que pode contar com ele para briefing e tomada de decisão”, resume.
A novidade deste ano é o Conecta, produto que promove a conexão entre o varejo e seus fornecedores. Para visualizar como funciona, imagine uma loja de varejo que quer vender calças jeans. Ela entra na plataforma, pesquisa fornecedores e escolhe um deles. Então, encomenda uma coleção com determinadas características. O fabricante desenvolve, apresenta, faz eventuais ajustes a pedido do varejista e, depois de aprovada, produz a coleção. “Esse é um canal onde ambas as partes podem centralizar informações e se comunicar de forma segura e mais objetiva”, explica Thiele Biff.
A empreendedora conta que, desde que foi criada, a CM cresce, em média, 100% ao ano. Em 2024, com essas novidades, a meta é ter um incremento de 300% no faturamento – a empresa não divulga os números exatos.
Biff acredita que o objetivo é factível, porque a empresa vem trilhando um caminho sólido e muito focado em inovação e tecnologia. “Estar entre as 100 Startups to Watch foi bastante importante para reforçar nosso caráter inovador e tecnológico. Sempre frisamos que temos isso no nosso DNA. E a premiação agora nos dá esse endosso”, diz.