Empreender na prática

Depois de um ano em que o setor de alimentação e food service buscou ganhar força ainda no rescaldo da pandemia, especialistas consultados por PEGN, acreditam que inovação, personificação e sustentabilidade serão os destaques para 2025. Para os entrevistados, os temas podem trazer impactos que vão do cardápio ao modelo de negócio.

Em 2024, as empresas investiram em multicanalidade, entregas e equipe. Como resultado, Simone Galante, CEO e fundadora da Galunion, acredita que este foi um ano de recuperação e crescimento. "Muitos estabelecimentos continuaram a recuperar força pós-pandemia, com destaque para formatos híbridos e integração de tecnologia no atendimento. Também vimos o crescimento de redes e grupos multiconceitos", destaca.

Segundo a especialista, o empreendedor enfrentou algumas adversidades como inflação, custos de insumos e falta de mão de obra qualificada, que vem sendo um desafio contínuo para muitas companhias que precisam de novas estratégias para atrair e reter talentos. “Ser capaz de acolher e treinar seu time, bem como ampliar sua remuneração, é algo cada vez mais necessário. Assim como utilizar novos produtos, processos e tecnologia”, diz Galante.

Para Sergio Molinari, fundador da Food Consulting e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o consumidor precisa seguir no centro da estratégia. Para o especialista, esse ainda vem sendo um grande desafio para os empreendedores que, normalmente, criam ou recebem recomendações do que fazer, mas pesquisam e estudam pouco sobre o seu público-alvo.

“Sem as leituras corretas sobre o consumidor, sem boa visão de oportunidades e planos razoavelmente sólidos de como converter essas leituras e visões em ações práticas, ele pode não só não crescer, como ser engolido por quem estiver mais preparado”, afirma Molinari.

Assim como nos anos anteriores, os consumidores seguirão buscando mais personalização no atendimento e nos cardápios. Além disso, a experiência no local será tão importante quanto o sabor, mas não só isso: segundo o relatório anual da Galunion de 2024, a limpeza e a higiene são fatores cruciais para 56% dos brasileiros na hora de decidirem onde comer. “É importante comentar que as mudanças de consumo estão cada vez mais rápidas e relevantes, impulsionadas pelos impactos da vida digitalizada", destaca Molinari.

PEGN separou 5 tendências para o setor de alimentação. Confira a seguir:

1. Diferenciação

Os consumidores estão cada vez mais exigentes e buscando experiências autênticas. Segundo Molinari quando um restaurante consegue ter um prato que se destaque dos demais, ele passa a ter uma vantagem competitiva. Porém, o especialista relembra que é importante focar em qualidade.

“Ser especialista em uma culinária regional ou uma culinária étnica, pode fazer com que o restaurante seja escolhido ou lembrado pelo consumidor. Mas o estabelecimento precisa ter, efetivamente, uma distinção na qualidade desse produto que ele quer transformar em um ícone do cardápio ou parte da identidade dele”, afirma.

Galante também destaca que este é o momento para que empreendedores ofereçam soluções econômicas, sem perder qualidade e brasilidade, utilizando a criatividade para trazer sabores únicos.

2. Formatos múltiplos

Dark kitchens, food trucks e restaurantes pop-up seguem em crescimento. A flexibilidade oferecida por esses formatos permite que empreendedores testem novos mercados, ajustem seus cardápios rapidamente e reduzam custos fixos. Para Galante, as marcas continuarão investindo em modelos do tipo, especialmente ancoradas em colaborações entre marcas.

3. Sustentabilidade

Assim como em outros setores, os clientes estão cada vez mais atentos à origem e ao impacto dos alimentos que consomem. Especialistas indicam que empreendedores invistam em parcerias locais, que valorizem a economia da região e reduzam a pegada de carbono, e gestão eficiente de insumos. "O uso de ingredientes locais, combate ao desperdício e embalagens sustentáveis continuarão em destaque. Mas é importante evitar a superficialidade: sustentabilidade e tecnologia devem ser genuínas, não apenas estratégias de marketing", diz Galante.

4. Alimentos saudáveis e de bem-estar

O foco na saúde e no bem-estar continua em alta. Consumidores estão em busca de refeições que atendam a necessidades específicas, como dietas funcionais e opções para aqueles que possuem restrições alimentares. "Mas sempre no apelo de 'incluir sem nichar”, ou seja, ofertando um produto que também atenda aos aspectos de apelo visual e sensorial", destaca Galante.

5. Tecnologia e inteligência artificial

Para especialistas, o uso de IA para prever demandas, gerenciar estoques e personalizar o atendimento será ampliado. Empreendedores podem utilizar a tecnologia também para implementar sistemas de gestão que integrem delivery, estoque, atendimento etc. Galante alerta que o uso da IA deve ser complementar, e não substituir o toque humano, ainda mais em “negócios que se sustentam na hospitalidade e na fidelização”. “A tendência para os próximos anos é de maior convergência, com a queda de custos e aumento do acesso à informação, permitindo que mais players adotem tecnologias de ponta e participem dessa transformação digital”, destaca a especialista.

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