Mulheres Empreendedoras

Bárbara Borges, 26 anos, e Francinai Gomes, 24, conheceram-se no curso de psicologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. Em 2020, com um sentimento de inquietação sobre suas próprias histórias como mulheres negras, elas decidiram criar um perfil no Instagram, o @prapretoler, que reúne conceitos da psicologia e experiências cotidianas de pessoas pretas. Hoje, elas também são responsáveis pelo Pra Preto Psi, que conecta esse público a profissionais de psicologia que praticam uma clínica racializada – ou seja, atenta às questões raciais.

“A construção da página foi uma tentativa de aproximar a população negra dessas inquietações, o que entendemos que é importante para essas pessoas”, lembra Gomes. O perfil apresenta conceitos acadêmicos com o intuito de ajudar o público a fazer conexões com situações do seu cotidiano e nomear sensações, angústias e conflitos socialmente compartilhados.

O sentimento de identificação gerado pelo Pra Preto Ler fez com que o perfil crescesse – hoje, são mais de 110 mil seguidores. “É muito louco perceber como a população negra estava carente desse movimento de nomeação. Esse é um dos maiores motivos de tantas pessoas acompanharem o nosso trabalho, porque fazemos um movimento de tradução – os eventos acontecem e os transformamos em palavras, conceitos, exemplos”, ressalta Gomes.

A partir do contato com o público, elas perceberam uma demanda por atendimentos psicoterapêuticos que se atentassem à questão racial. Em 2021, decidiram criar uma ação que iria além da internet e ajudaria nessa procura: o Pra Preto Psi, projeto que conecta pacientes a profissionais. “Queríamos ampliar o acesso ao serviço de saúde mental. Historicamente, a psicologia está ligada ao divã de Freud – um analista branco e um paciente em branco”, explica Gomes.

O Pra Preto Psi funciona em ciclos. Duas vezes por ano, as empreendedoras coletam cadastros de profissionais e pacientes interessados em receber atendimento.

Os psicólogos passam por um processo de seleção, que leva em conta a forma como a clínica racializada é aplicada. Esse ponto é avaliado tanto por um questionário quanto por uma etapa de entrevista. “Sabemos, por exemplo, que é uma premissa da clínica racializada o lugar do pertencimento, do acolhimento. Precisamos entender qual é a postura desse profissional”, complementa Borges. Os psicólogos também indicam quanto cobram pela consulta – um valor padrão e um social – e os horários disponíveis.

As fundadoras ressaltam que os profissionais não precisam ser negros, podendo ser pessoas brancas atentas às questões raciais. “A ideia é que os pacientes tenham acesso a uma clínica qualificada, onde você vai falar sobre racismo e não vai ouvir que é ‘mimimi’. Esse atendimento não é feito só por pessoas negras, ele precisa ser feito por pessoas brancas também”, aponta Gomes.

Os pacientes, por sua vez, preenchem informações sobre o seu histórico – por exemplo, se já participaram de um atendimento de psicoterapia ou já tiveram algum diagnóstico, como depressão – e informam quanto podem pagar, a escala de urgência pela consulta e se preferem um atendimento presencial ou online.

“O paciente também indica o que é importante para ele, se quer ser atendido uma mulher gorda, por uma mãe, um profissional LGBT”, acrescenta Gomes. A pessoa ainda pode indicar que não consegue pagar pela consulta, podendo ser direcionada a um atendimento social. Cada profissional atende no máximo duas pessoas de forma gratuita.

As informações são utilizadas para fazer o match entre profissionais e pacientes, de acordo com as preferências e a urgência – atualmente, o processo é feito pelas duas empreendedoras de forma manual. Cada ciclo tem recebido entre 1,5 mil e 2 mil pacientes. No momento, o projeto conta com cerca de 400 pacientes ativos e pagantes. Além deles, 100 pessoas são atendidas na modalidade gratuita.

As empreendedoras estimam que os atendimentos proporcionados pelo projeto geram cerca de R$ 72 mil mensais para os mais de 150 profissionais que compõem a sua base. Hoje, 10% dos especialistas têm o projeto como a principal fonte de renda.

A manutenção do Pra Preto Psi é feita com um pagamento facultativo de R$ 10 mensais dos profissionais cadastrados. Para o futuro, as empreendedoras esperam conseguir fechar parcerias com empresas públicas e privadas para fortalecer a iniciativa.

Atualmente, Gomes e Borges administram os dois projetos sozinhas, em paralelo aos estudos acadêmicos na UFBA. O plano é reunir uma equipe de voluntários no segundo semestre de 2023, quando ocorrerá o segundo ciclo do ano do Pra Preto Psi. “Com esse voluntariado, queremos pensar na construção de um grupo de pesquisa no qual a gente possa começar a escrever artigos para revistas e jornais para popularizar o conhecimento científico”, diz Borges.

Além disso, as duas estão iniciando uma nova linha de pesquisa na universidade, voltada à inteligência artificial. O projeto deve ajudá-las na construção de um banco de dados para o Pra Preto Psi. Elas também almejam ter uma sede para os projetos na Bahia, onde possam ser realizados encontros, atendimentos e palestras.

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