Quase metade das mulheres que empreendem o fazem por necessidade. É o que indica uma pesquisa realizada pela SumUp e divulgada nesta quinta (7), véspera do Dia Internacional da Mulher. No levantamento, 42% das entrevistadas afirmaram ter decidido abrir o próprio negócio para ter uma fonte de renda.
A pesquisa, realizada de forma online entre os dias 17 e 27 de fevereiro, ouviu 1.261 mulheres da base de clientes da empresa em todo o país. Uma parcela de 25% das entrevistadas começou a empreender após encontrar uma boa oportunidade de negócio. Já 22% disseram ter visto no empreendedorismo uma forma de ter mais autonomia e tempo para a família.
Entre os 1.031 homens entrevistados, apenas 31% empreenderam por necessidade. Outros 37% afirmam ter começado no empreendedorismo por oportunidade.
“Nossa pesquisa tem o objetivo de identificar o perfil da empreendedora brasileira, mensurando suas condições de renda e escolaridade, sua participação no sustento da família e expectativas para o futuro”, diz Mariana Lazaro, CFO da Sumup para as Américas. “Comparamos as respostas das mulheres com as de homens, para aferir como questões de gênero impactam a vida e o trabalho delas”, complementa.
Perfil das empreendedoras brasileiras
Segundo os dados analisados na pesquisa, as regiões Sudeste e Nordeste são as que concentram a maioria das mulheres microempreendedoras e autônomas. Das entrevistadas, 40% das mulheres do Sudeste se encaixam nesse perfil, contra 29% do Nordeste.
Em questões de idade, 38% das mulheres ouvidas no estudo têm entre 30 e 39 anos, e 29% estão entre os 40 e 49 anos. Além disso, 45% se declaram como pardas, 43% se declararam brancas e 10%, pretas. Quanto ao grau de escolaridade, 55% das mulheres disseram ter o ensino médio completo ou incompleto.
O levantamento apontou ainda que nos segmentos de cosméticos e serviços de estética, roupas e acessórios, profissionais de saúde e produtos para pets, as mulheres são maioria em relação aos homens. Em números, elas representam 82%, 80%, 64% e 60%, respectivamente.
Entre as entrevistadas, as mulheres donas de negócios ganham menos que os homens. Uma parcela de 34% das microempreendedoras tem faturamento de no máximo um salário mínimo por mês; 46% ganham entre um e três salários mínimos; 4% ganham entre três e cinco; e apenas 1% revelou superar 10 salários mínimos de faturamento. Já entre os homens, 16% afirmaram receber até um salário mínimo, 47% disseram receber entre um e três salários mínimos, 24% recebem entre três e cinco e 4% têm um faturamento superior a 10 salários mínimos.
“Como as mulheres tendem a faturar menos do que os homens, é possível dizer que uma parte considerável das famílias chefiadas por mulheres vivem com muito pouco dinheiro. Isso mostra como as questões de gênero afetam a vida das empreendedoras e de seus dependentes”, afirma Lázaro, diante da informação, levantada pelo estudo, de que 54% das mulheres empreendedoras são chefes de família.
A pesquisa aponta também que 24% das mulheres ouvidas afirmaram já ter sofrido algum tipo de discriminação por serem mulheres. Quando analisadas apenas as respostas das mulheres que se declaram pretas, o índice sobe para 35%.
Nos negócios
Dentre as empreendedoras ouvidas, 41% afirmaram que ter mais acesso a crédito para investir é o que ajudaria na expansão do empreendimento próprio. Outros 18% disseram que tecnologias para divulgação dos negócios é o que falta, e o mesmo percentual informou que reformas e ampliação do empreendimento são os fatores que aumentariam a chance de crescimento.
Quanto ao poder de compra, 25% das mulheres afirmaram ter o nível reduzido ao longo dos últimos anos. Entre os homens, apenas 19% afirmaram o mesmo. Para Lázaro, esse é um indicativo de que as mulheres foram mais afetadas que os homens pela inflação.
Por fim, a pesquisa mostrou que as mulheres estão mais otimistas em relação aos próprios negócios em 2023. Dentre as entrevistadas, 78% revelaram ter boas expectativas. Entre os homens, apenas 68% têm a mesma visão.