Aquisições, investimentos em inteligência artificial e expansões internacionais marcaram o franchising brasileiro neste ano. Para 2025, especialistas acreditam que as tendências refletem uma combinação de fatores, tais como continuidade dos ganhos de eficiência das redes, transformações digitais, mudanças nos hábitos dos consumidores e, assim como em 2024, um aumento no número de aquisições.
Neste ano, grandes empresas apostaram em M&As para crescer. No primeiro trimestre de 2024, por exemplo, foram realizadas 426 transações de M&A, segundo a KPMG, um crescimento de quase 17% em relação ao mesmo período de 2023.
No início do ano, a Arezzo e a Soma anunciaram um acordo de fusão e formaram, em agosto, a Azzas 2154, um conglomerado com 34 marcas na época. Quatro meses depois, a holding anunciou o encerramento das operações de quatro empresas do portfólio: Alme, Dzarm, Reversa (linha feminina da Reserva) e Simples.
Já a Zamp, dona das marcas Burger King e Popeyes, colocou o pé no acelerador em 2024 com dois M&As. Em junho deste ano, a companhia assumiu, por R$ 120 milhões, todas as operações do Starbucks no Brasil. Em setembro, fechou o acordo para representar a marca Subway.
Para a especialista em franchising Thais Kurita, sócia do Novoa Prado Maciel Pinheiro Advogados (NPMP), esse é reflexo da pandemia, que fez com que muitas empresas que pegassem empréstimos e financiamentos. “O endividamento é um dos motivos de algumas marcas se fundirem com outras e até de serem compradas. Dessa forma, elas ganham fôlego e não se envolvem em mais dívidas”, diz.
Cristina Franco, presidente do Conselho da Associação Brasileira de Franchising (ABF), acredita que 2024 foi um ano marcante para o franchising brasileiro. Segundo a especialista, o setor demonstrou capacidade de resiliência e inovação e equilibrou “ousadia com cautela”.
“Vimos a continuidade do sólido crescimento no faturamento do setor na casa dos dois dígitos, impulsionado por fatores como a retomada das atividades econômicas em geral, aumento da confiança dos consumidores e do empresariado, a redução da taxa de desemprego e pela consolidação de tendências como a digitalização e expansão das redes dentro e fora do país”, afirma Franco.
O franchising teve um crescimento de 12,1% em sua receita neste terceiro trimestre, comparado a igual período do ano passado, já o faturamento passou de R$ 62,676 bilhões para R$ 70,231 bilhões no período. Em 12 meses, a variação foi de 14,4%, passando de R$ 231,584 bilhões para R$ 264, 874 bilhões, segundo dados divulgados pela ABF.
Juarez Leão, fundador da consultoria Leão Group, destaca que o empreendedor precisa estar atento à inflação e os altos custos tributários que, em 2024, “representaram desafios para a sustentabilidade financeira das operações, exigindo maior eficiência na gestão de recursos”.
Para aproveitar as tendências do franchising em 2025, o empreendedor deve "estar atento às oportunidades e agir estrategicamente, garantindo a sustentabilidade e o crescimento do negócio”, destaca o especialista. "Além disso, o aumento do número de franquias no mercado resultou em maior competição, tornando imprescindível que as marcas invistam em diferenciação e inovação para atrair e fidelizar clientes", acrescenta.
Se você deseja estar atento as novidades, confira 5 tendências para o setor de franquias em 2025, na visão de especialistas consultados por PEGN:
1. Expansão internacional
Em 2024, muitas franqueadoras resolveram iniciar o seu processo de expansão e ultrapassar fronteiras como o Mercadão do Óculos, Divino Fogão e The Best Açaí. Para especialistas, essa é uma tendência do franchising brasileiro, que vem buscando a redução da dependência de vendas internas assim como o potencial para produzir marcas mais competitivas e com novas oportunidades de desenvolver sua equipe. Porém, para Kurita, a internacionalização, hoje, é diferente de como foi feita há alguns anos. “Se, antigamente, a ideia era levar uma marca para o exterior para fazê-la vender muito mais, hoje se leva emprego, uma ocupação a brasileiros que vivem fora ou que desejam mudar de país”, diz.
2. Uso estratégico da Inteligência Artificial
A inteligência artificial já está presente em muitas companhias, seja no controle de estoque, sortimento ou relacionamento com o consumidor. Porém, para especialistas, a tendência agora está em seu uso mais estratégico, deixando para que pessoas lidem com situações específicas do negócio, pensem em estratégias e administrem conflitos.
"É importante investir em treinamento para capacitar e preparar as equipes com o objetivo de buscar maior eficiência na gestão da rede, unindo a tecnologia com o melhor do ser humano, será o grande diferencial para as franqueadoras de sucesso”, afirma a especialista em franchising Melitha Novoa Prado, sócia do Novoa Prado Maciel Pinheiro Advogados (NPMP).
Além disso, a aplicação de inteligência artificial, automação e análise de dados será ampliada para otimizar operações, melhorar a experiência do cliente e personalizar ofertas. Ferramentas como plataformas de e-commerce e soluções integradas de gestão se tornarão indispensáveis também.
3. Sustentabilidade
O consumidor vem valorizando cada vez mais marcas comprometidas com práticas sustentáveis, isso significa que o tema precisa ser um dos pilares estratégicos de qualquer negócio e seguir sendo o centro das decisões estratégicas das redes, desde práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança) até o desenvolvimento de produtos (como linhas de cosméticos) e serviços (como economia circular), que atendam consumidores mais conscientes.
“As redes que conseguirem integrar tecnologia, sustentabilidade e experiência do cliente em seus modelos de negócios estarão mais bem posicionadas para crescer”, diz Franco
4. Avanço das microfranquias
Conhecidas como “franquias baratas”, por necessitarem de um investimento inicial de até R$ 135 mil, as microfranquias continuarão sendo uma tendência para 2025, na visão dos especialistas. Principalmente se forem marcas com formatos home based e minimercados de proximidade, autônomos ou com atendimento físico. “A demanda por formatos mais enxutos e de menor investimento continuará em alta, especialmente em um cenário onde muitos buscam flexibilidade e empreendedorismo acessível”, afirma Franco.
5. Economia compartilhada e B2B
Segundo Leão, modelos baseados na economia compartilhada, como franquias de coworking e serviços por assinatura, ganham relevância em 2025. Principalmente pelo aumento de empreendedores e pequenos negócios que estão buscando cada vez mais custos reduzidos e flexibilidade.
Além disso, Leão afirma que marcas voltadas ao atendimento de empresas, como marketing digital, tecnologia e consultorias especializadas devem crescer, acompanhando o aumento da demanda por soluções corporativas.
“A dica é: controle custos e mantenha um fluxo de caixa saudável para sustentar inovações e expansões. Além disso, certifique-se de que o crescimento da rede não comprometa a qualidade do produto ou serviço”, destaca o especialista.