Crédito restrito, customização com tecnologia e expansão regional são algumas das tendências para o varejo em 2025, na visão de especialistas consultados por PEGN. O aperfeiçoamento da omicanalidade ainda deve estar no radar dos empreendedores, pois se torna uma demanda ainda mais latente de consumidores, bem como o avanço nas agendas ESG.
O setor tem passado por um bom momento, registrando o 25º mês seguido de alta, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor teve um crescimento de 4,4% no acumulado dos 12 meses até outubro. No entanto, para especialistas, apesar do crescimento, é importante que o empreendedor tenha cautela em 2025.
Segundo Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o varejo está conseguindo se organizar e se digitalizar cada vez mais. Porém, ele acredita que “2024 foi um ano heterogêneo, ou seja, não foram todos os setores que cresceram, principalmente aqueles que dependem de crédito”, diz.
O relatório do IBGE mostra que segmentos com melhor desempenho em 2024 foram os de bens de consumo, como móveis e eletrodomésticos (7,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,7%) e tecidos, vestuário e calçados (1,7%). Por outro lado, registraram queda artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,5%).
"Em um cenário de incerteza econômica, o consumidor se tornou mais cauteloso e sensível a preços. A busca por valor e promoções se intensificou, impulsionando o crescimento de formatos como o atacarejo e o e-commerce, que oferecem preços mais competitivos", analisa Flávio Petry, analista de varejo do Sebrae.
Segundo Petry, a cautela na gestão, a análise de dados e o planejamento estratégico serão ainda mais importantes para garantir a sustentabilidade do negócio. "O ano de 2025 exigirá dos empreendedores do varejo uma combinação de ousadia e prudência. Aproveitar as oportunidades, como o retail media e a demanda por sustentabilidade, será fundamental para o crescimento, mas sempre com os pés no chão e atenção aos custos, estoques e endividamento", destaca.
Roberto Kanter, economista e professor da FGV, acredita que ano que vem será importante para aqueles que investirem em inovação, adaptação ao consumidor e responsabilidade social. Então, para ficar atento às novidades, confira 5 tendências para o varejo em 2025, na visão de especialistas consultados por PEGN:
1. Cautela no crédito
Para 2025, Terra acredita os juros serão um ponto de atenção para os empreendedores. Na última quarta-feira (11/12), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou um aumento da Selic em 1,00 ponto percentual, encerrando o ano em 12,25%. “Se os juros continuarem crescendo eu vejo o cenário de 2025 com um certo pessimismo", destaca o especialista.
Para economistas, este é o momento para que empreendedores sejam seletivos no momento de solicitar crédito. “Quando a taxa de juros está alta, o retorno do investimento deve ser alto também para valer a pena tomar crédito. O empreendedor deve olhar se o negócio é promissor o suficiente”, afirma o economista da FecomercioSP, André Sacconato.
2. Tecnologia para avanço da omnicanalidade e compras personalizadas
Para especialistas, a integração perfeita entre os canais físicos e digitais será essencial. Para isso, as marcas precisam ter uma estratégia que integra todos os seus canais como lojas físicas, e-commerces, redes sociais e aplicativos.
“Consumidores buscarão experiências fluidas, como compras online com retirada na loja (click and collect), entregas rápidas e suporte contínuo em múltiplos canais”, destaca Kanter.
O uso de inteligência artificial, big data e análise de comportamento será importante para que o empreendedor crie ofertas customizadas e melhore a experiência de compra. Para especialistas, chatbots, assistentes virtuais e realidade aumentada ganharão espaço no atendimento ao cliente. “O empreendedor precisa estar atento às mudanças. O consumidor, mercado e as tecnologias estão mudando e ele precisa aproveitar essas mudanças e se adaptar”, afirma Terra.
Além disso, Petry destaca a Geração Z como um público que valoriza experiências, propósito e personalização. "É crucial que o empreendedor entenda seus valores e preferências, investindo em causas sociais, comunicação autêntica e experiências digitais", diz o especialista.
3. Sustentabilidade e consumo consciente
Os clientes estão cada vez mais atentos à origem e ao impacto do que consomem. Para os especialistas, o assunto precisa estar no centro de qualquer negócio. Dessa forma, as empresas devem exercer uma gestão mais responsável dos recursos naturais, promover condições de trabalho justas e fomentar o consumo consciente.
"Empresas que oferecerem produtos ecológicos, redução de resíduos, embalagens reutilizáveis e compromisso com causas sociais terão maior aceitação entre os consumidores", afirma Kanter.
4. Expansão de mercados locais e regionais
Para o e-commerce, este foi um ano positivo — principalmente na última Black Friday que foi a melhor desde 2022. Só as pequenas e médias empresas (PMEs) do varejo registraram alta de 16,6% por dia útil nas vendas em novembro, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). Além disso, entre a quinta-feira (28/11) e o domingo (01/12), o varejo somou um faturamento de R$ 8,6 bilhões com a data.
No entanto, para Kanter, apesar de estar cada dia mais forte, o e-commerce ainda está limitado por questões logísticas. Com isso, o especialista acredita que pequenos e médios varejistas focarão em atender mercados regionais, com produtos personalizados para atender demandas locais.
"O fortalecimento do consumo local também será uma tendência impulsionada pela valorização de pequenos negócios", afirma.
5. Consolidação do retail media
O retail media, ou mídia de varejo, permite que as marcas coloquem anúncios em sites ou aplicativos de e-commerce de varejistas. Para os especialistas, essa tendência terá um crescimento exponencial em 2025 e esse será um movimento que o empreendedor precisa ficar de olho.
"A venda de mídia dentro das plataformas de varejo, tanto online quanto offline, tende a crescer, exigindo atenção dos empreendedores em relação à mensuração e transparência", comenta Petry.