Empreender na prática

O início de um novo ano pode representar uma página em branco, um momento para começar a adotar práticas e, para te incentivar, PEGN conversou com especialistas para antecipar as tendências de tecnologia para 2025.

Apesar dos avanços dos últimos anos, especialmente com a popularização da inteligência artificial generativa, o uso de ferramentas tecnológicas ainda não entrou na rotina de boa parte dos pequenos empreendedores. Um estudo do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) mostrou que 53,5% das mulheres donas de negócios ainda fazem o controle financeiro em anotações de caderno e agenda.

“A maior parte das pequenas empresas ainda não tem conhecimento de todas as ferramentas que poderia usar, não sabe implementar nos negócios. Existe impacto na eficiência operacional e na otimização de recursos com a automação de processos”, afirma Daniela Eckert, head do Tecnopuc Startups e presidente da Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação.

Em 2025, a inteligência artificial vai seguir pautando as conversas, com novas aplicações surgindo – sejam lançamentos das big techs ou de startups que se debruçam sobre segmentos específicos para criar soluções com a tecnologia incorporada. Eduardo Peixoto, CEO do CESAR, ressalta que não se trata de mais um hype, como aconteceu com outras tecnologias em anos recentes, como metaverso e NFT.

“É fácil perceber o benefício quando se começa a usar. As ferramentas são acessíveis, não precisa de nenhum conhecimento. Temos uma miríade de soluções que usam IA já entregando valor na realização de tarefas diferentes”, pontua.

Com atuação transversal, a IA promete permear todas as tendências antecipadas pelos especialistas para o próximo ano. Saiba mais a seguir:

1. IA para otimização e eficiência

O ChatGPT apresentou a IA generativa para o grande público e barateou os custos para integrar a tecnologia em outras ferramentas. Segundo Eckert, a tendência é que a implementação fique mais fácil e mais barata, chegando a cada vez mais usuários.

Com pouco investimento, é possível automatizar tarefas rotineiras para ganhar mais eficiência: uma ferramenta de IA pode gerenciar a contabilidade, analisando um volume muito maior de dados com mais rapidez e menos erros, deixando os funcionários livres para executar funções que só eles podem fazer.

Para os microempreendedores que não têm uma equipe ou recursos para contratar profissionais freelancers, ferramentas com IA também ajudam a fazer apresentações e campanhas de marketing com texto, imagem e vídeo.

Outra utilidade é aproveitar o potencial da IA para analisar dados e entender como melhorar as estratégias de aquisição de clientes. “A IA abre uma oportunidade imensa para as empresas acessarem dados mais sofisticados e fazer a análise comportamental dos clientes, prever tendências e tomar decisões estratégicas com mais embasamento”, acrescenta Eckert.

2. Hiperpersonalização

Outro processo que já teve início e tem sido adotado por grandes empresas, como Netflix e Spotify, a hiperpersonalização do conteúdo é possível justamente pelo acesso aos dados. Se antes era necessário mais pessoas na equipe para analisar essas informações, a IA ajuda a acelerar o processo para os pequenos.

“Ninguém leva a sério uma empresa que ainda trabalha com o conceito de personas, agrupando clientes em alguns perfis pré-definidos. Quando se tem uma interface digital e o consumidor acessando a sua empresa diretamente, cada cliente é único. Quem não entender isso terá problemas”, afirma Peixoto.

Eckert destaca que a personalização deve ir além de iniciar uma conversa por e-mail ou WhatsApp chamando o cliente pelo nome. A ideia é utilizar o máximo de dados possível de angariar para entender as preferências de cada um. “O intuito é pegar o cliente pelo emocional. Ele se sente especial, conhecido pela marca, o que gera fidelização e retenção”, aponta.

A tendência integrou o relatório de 15 tendências de tecnologia para 2025 do CBInsights, com foco na personalização de anúncios.

3. IoT

A incorporação de tecnologia em dispositivos também não é algo novo, mas os especialistas apontam que a tendência pode se fortalecer em 2025. “Tivemos redução no custo dos devices e aumento da capacidade de processamento. É natural com toda tecnologia: começa caro, pouco acessível e vai barateando até se tornar onipresente”, destaca Peixoto.

O relatório do CBInsights destaca o uso de dispositivos imersivos em diferentes indústrias, com as tecnologias de realidade virtual e aumentada para treinamentos e simulações, assistência a distância e muitos outros. Dentro da saúde, por exemplo, dispositivos podem ser utilizados para monitoramento de pacientes crônicos.

4. Cibersegurança

Com o desenvolvimento acelerado da inteligência artificial, a tecnologia também pode vir a ser mais utilizada para aplicar golpes. Se antes os celulares serviam apenas para fazer ligações e mandar mensagens quando estávamos longe de casa, hoje eles reúnem todas as informações e acessos importantes para pessoas físicas e jurídicas, aumentando a necessidade de cuidar da segurança digital.

Em julho, um apagão cibernético comprometeu o sistema Windows após uma atualização da empresa de software CrowdStrike, paralisando de hospitais a aeroportos em todo o mundo. “Nesse caso foi fogo amigo, mas e quando for um ataque cibernético de fato? É uma questão que precisa avançar, a economia ficará vulnerável a ataques e é uma oportunidade para empreender”, conclui Peixoto.

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