Mulheres empreendedoras
Ela criou um perfil para publicar 'achadinhos' do Brás e fatura R$ 80 mil por mês
Tyane Aline, criadora da Rastros Femininos, que tem quase dois milhões de seguidores no Instagram, deu dicas na Feira do Empreendedor 2022
3 min de leituraPara Tyane Aline, ir até o Brás e a região da 25 de março, em São Paulo, era uma atividade familiar. “A minha avó juntava um dinheiro e ia duas vezes por mês fazer compras. Ela sempre gostou de consumir moda popular, e eu adquiri esse hábito. Quando ela faleceu, eu continuei indo”, afirma. Em 2015, a jovem de Campinas, no interior paulista, pensou que outras pessoas poderiam se interessar pelos “achadinhos”, e passou a gravar vídeos sobre as promoções que encontrava e a publicar nas redes sociais. Hoje, ela comanda a Rastros Femininos, perfil que conta com 1.9 milhão de seguidores no Instagram, e fatura em média R$ 80 mil por mês.
Aos 32 anos, Aline conta que também auxilia outras mulheres a terem seus próprios negócios, já que as seguidoras passaram a revender as peças que a influenciadora digital divulga.
O sucesso não veio do dia para a noite, como contou a influenciadora digital durante a Feira do Empreendedor 2022, nesta segunda-feira (10/10), em São Paulo. No momento em que começou a criar conteúdo, ela diz que sofreu represália dos próprios trabalhadores da região, que não permitiam que ela filmasse os estabelecimentos. “Eles não entendiam quando eu dizia que divulgaria as marcas no Instagram, e até me expulsavam das lojas. Pensei em desistir muitas vezes”, afirma. Ela conta que a motivação vinha de seu público, muito engajado, que pedia cada vez mais informações.
Em 2018, Aline ganhava R$ 1 mil por mês com as visualizações em seu canal do YouTube, e passou a ficar mais conhecida pelos lojistas da região. Foi então que decidiu que deixaria o seu emprego de carteira assinada na área de recursos humanos para focar no marketing digital. “Eu saía do trabalho e ia direto para o Brás. Pensei que, se ganhava R$ 1 mil me dedicando pouco, poderia ganhar muito mais se focasse integralmente”, afirma. As coisas, infelizmente, não saíram como ela esperava. “No mês seguinte, só ganhei R$ 600. Fiquei desesperada. Achei que estava pronta, mas o engajamento é muito difícil. As pessoas precisavam visualizar meus vídeos, mas não era a mesma frequência todo mês.”
A virada de chave foi no início de 2019, quando a influenciadora digital quase teve de interromper as atividades por falta de recursos. Até aquele momento, os lojistas ofereciam peças grátis como pagamento pela divulgação. “Eu achava o máximo receber roupas porque já fazia de graça, mas vi que não teria como continuar desta maneira. Pedi que eles colaborassem com uma ajuda de custo, e eles toparam”, afirma. Conforme foi ganhando mais relevância na internet, Aline percebeu que poderia cobrar um valor mais alto pela divulgação — e os lojistas continuaram aceitando.
Foi em 2020 que ela percebeu que não daria mais conta de comandar a página sozinha, e chamou seu primo para trabalhar com ela, auxiliando no contato com os lojistas e administrando as redes sociais. Hoje, a equipe conta com sete pessoas, incluindo outros familiares de Aline, como o marido, a irmã e a cunhada.
A empreendedora já estava sendo vista com bons olhos por grande parte lojistas mas, quando a pandemia foi decretada, até os profissionais mais resistentes à internet foram em busca de seu serviço. “A minha demanda aumentou muito porque eles perceberam que a internet é uma vitrine digital que veio para ficar”, afirma.
Divulgando tantos outros negócios, Aline criou o sonho de ter a sua própria marca de vestuário. “Já encontrei um ponto físico no Brá, e contratei outra pessoa para desenhar as peças seguindo os meus gostos”, afirma. A previsão é que a loja seja inaugurada no meio de 2023. Para os próximos cinco anos, ela espera que a página Rastros Femininos se torne uma referência de polos comerciais do Brasil inteiro.
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