Mulheres empreendedoras
Com estampas africanas, empreendedora cria marca de roupas e acessórios com 'pitada de mulher brasileira'
Kelly Alimah abriu uma loja física no centro de São Paulo para reforçar as vendas do Instagram
2 min de leituraZuhri Moda Afro dá nome a um sonho de infância que se materializou após três anos de muita economia. Kelly Alimah diz que sempre quis ter uma loja, mas foi só em 2019, aos 31 anos, que abriu um negócio de “empoderamento”, com o dinheiro que economizou trabalhando “fervorosamente” como modelo fotográfica e promotora de eventos.
A marca desenvolve peças em estamparia inspirada na cultura de países do continente africano, mas com uma “pitada de mulher brasileira”. “Eu faço aquela ‘modinha do Brás [bairo paulistano conhecido pelas lojas de vestuário]’. Pego aquele vestidinho curto e jogo num tecido africano, ou faço uma saia com fenda. Esse é um diferencial da minha loja”, explica a empreendedora.
A escolha de trabalhar com moda de empoderamento vem de uma relação pessoal. Como mulher negra, Alimah conta que sempre esteve próxima das questões raciais, seja pelo Carnaval ou por dar aulas de danças africanas. “É com isso que eu quero trabalhar, é nisso que eu acredito”, assegura.
As peças da marca são produzidas sob encomenda, a partir de um catálogo de tecidos e estampas, mas há também um estoque para pronta-entrega. O principal meio de vendas é o Instagram, mas, há cerca de seis meses, Alimah abriu um espaço físico em um prédio comercial no Centro de São Paulo.
“Trabalho no online e no físico. É muito difícil alguém vir diretamente à loja porque ela fica em um prédio comercial. As pessoas têm acesso à marca pelo virtual e depois vêm aqui”, diz a empreendedora. “Mas envio para todo o Brasil. Como estou ao lado de uma unidade dos Correios, tenho muita facilidade para enviar para qualquer lugar”, completa.
Pandemia
Alimah começou o negócio com uma loja física na rua Consolação no final de 2019. A chegada da pandemia alguns meses depois, contudo, atrapalhou os seus planos. É que logo ficou caro manter o endereço na região e, assim, ela partiu apenas para digital.
A loja ganhou mais visibilidade, conta Alimah, quando ela passou a desenvolver “afromáscaras”. “Comecei a pegar as referências porque vi que o pessoal na África estava produzindo, por exemplo, turbantes com máscara. Eu fiz algumas na brincadeira, coloquei uma foto no feed da loja e o pessoal começou a perguntar. Então foi isso que levantou minha loja de volta”, diz a empreendedora.
Responsável por praticamente todas as funções no negócio, Alimah contratou uma pessoa no último mês, o que ela diz ter lhe ajudado a focar em outras frentes. Até o fim do ano, ela pretende retomar o site para facilitar as vendas online.
Apesar de o negócio é focado em moda feminina, a Zuhri passou a comercializar também peças masculinas nos últimos três meses. “Os meninos estavam cobrando, sempre pediam para fazer algo para eles, então há pouco tempo abri essa vertente para homens, que têm procurado bastante. Mas o meu público em si é feminino”, reforça Alimah.
A empreendedora também destaca uma ação social, chamada Abaya, que ela passou a desenvolver na loja como uma devolutiva às suas clientes. “Eu faço um sorteio para escolher uma mulher e damos a ela um dia de beleza, com ensaio fotográfico e um look. É uma ação que engrandece muito”, afirma Alimah.
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