Com uma extensa lista de personagens memoráveis e produções famosas, não é difícil citar os maiores feitos de Brad Pitt. Considerado um dos favoritos da indústria há mais de 30 anos, o astro que começou com um papel pequeno em 'Thelma & Louise' (1991) acabou conquistando o favoritismo dos estúdios que logo o tornaram um dos maiores nomes da década de 1990. Desde sua aparição como o sedutor JD na trama de Ridley Scott até o criminoso de 'Wolfs' (2024) foram muitos personagens de destaque.
Mas para além do Oscar em 2020 pelo dublê e melhor amigo de uma estrela em declínio, Cliff Booth, em 'Era Uma Vez Em...Hollywood' e os papéis dramáticos em 'Se7en - Os Sete Crimes Capitais', 'A Árvore da Vida' (2011) e '12 Anos de Escravidão' (2013), existe um grandíssimo arrependimento, que para muita gente deve soar como uma enorme surpresa.
Pode até chatear os maiores fãs da trama, mas acredite, o próprio Brad afirmou. Entre seus tantos sucessos no cinema, ter feito Aquiles, o herói da trama 'Tróia' (2004) -- repetida várias vezes na televisão —, é um daqueles grandes erros que ele gostaria de esquecer.
"Não foi doloroso, mas eu percebi que a forma que aquele filme contava a história não era como eu queria que fosse. Eu mesmo tive meus erros nele. 'O que eu quero dizer sobre Tróia?' Eu não conseguia sair do centro da tela. Estava me enlouquecendo", declarou o ator ao The New York Times.
É importante citar que o descontentamento de Pitt sobre o filme histórico dirigido por Wolfgang Petersen vinha não apenas da maneira que a história era contada -- mas principalmente porque ele nem queria participar dela, em primeiro lugar. Como uma maneira de "ressarcir" o estúdio por ter saído de uma produção anterior, Brad foi colocado em 'Tróia' -- minimizando os possíveis prejuízos vindos do dito filme anterior.
Portanto, acabar estrelando um longa-metragem do qual não tinha qualquer poder deve ter assombrado o astro, que à época já somava colaborações com David Fincher, Terry Gilliam, Barry Levinson e vários outros cineastas de renome na indústria. Wolfgang Petersen, diretor da trama baseada nos escritos antigos de Homero, também não era qualquer um -- havia feito 'O Barco: Inferno no Mar' (1982), um dos mais populares e adorados filmes sobre a Segunda Guerra.
Pitt, é claro, não tira o mérito do artista. Mas definitivamente não deixa a frustração de lado.
"Eu havia me tornado mimado ao trabalhar com David Fincher. Não estou esnobando o Wolfgang Petersen, 'O Barco' é um dos melhores filmes já feitos. Mas em algum lugar durante a produção, 'Tróia' havia se tornado uma coisa meio comercial. Toda cena era 'Olha só! Aí está o herói!'. Não tinha mistério algum", afirmou.
Quando 'Tróia' estreou nos cinemas, o retorno foi certo -- afinal, em uma época em que Pitt ainda era um dos novos galãs do cinema, ninguém queria perder a chance de vê-lo como um forte herói grego, de longos cabelos loiros.
Não por acaso, o filme (que teria custado quase 175 milhões de dólares para ser feito, um valor absurdo para a época) lucrou quase 500 milhões de dólares em vendas de ingressos, ficando marcado como o oitavo filme mais lucrativo de 2004.
Apesar do sucesso comercial, Pitt não quis arriscar cair de paraquedas em outra produção surpresa. Depois de 'Tróia', o ator passou a escolher a dedo quais produções participaria e a ler com ainda mais atenção seus roteiros -- para não correr o risco de abandonar um projeto e acabar pagando por ele.
No fim, a carreira do ator seguiu com algumas de suas melhores e mais icônicas produções: 'O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford' (2007), 'Bastardos Inglórios' (2009), '12 Anos de Escravidão' (2013), até os recentes 'Era Uma Vez em...Hollywood' (2019), que lhe deu o primeiro Oscar da carreira, e 'Babilônia' (2022), de Damien Chazelle.
'Tróia', afinal, se tornou uma lição para o astro -- cumpra suas tarefas e leia bem seus contratos. Faça isso ou pague o preço vestindo uma roupa pesada com câmeras focadas no seu rosto por longos meses de gravação.
Assista ao trailer de 'Tróia', filme de 2004 com Brad Pitt no papel do herói Aquiles.