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Por Camila Sawamura (@camilasawamura)


Por que tudo é tão difícil? Esse é o questionamento da última série de colagens criada pelo designer gráfico paulista, Eduardo Arce, 31 anos, que traz uma reflexão sobre como o racismo, a desigualdade social e a violência policial afetam a população negra no Brasil e no mundo. Nela, fotos P&B de nomes como da médica e vencedora do Big Brother Brasil 20, Thelma Assis, várias vezes descredibilizada pela sua cor e gênero; do jovem João Pedro, atingido por um tiro no peito em sua própria casa durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro; e do americano George Floyd, morto asfixiado pelo policial branco Derek Chauvin, se misturam a frases como "ser mulher", "ficar em casa" e "respirar", respectivamente. Juntas elas causam um turbilhão de emoções em que vê a mensagem visual e no próprio autor. "Exalto pretos com todos os seus humores de amor, tristeza, raiva, medo, alegria... Eu me inspiro em pessoas negras que, assim como eu, buscam compartilhar seus sentimentos pelo que passam e suas diversidades no dia a dia", explica Eduardo sobre seu processo criativo.

Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour

"Eu sou uma pessoa sensível e gosto de conversar sobre isso. Mas, nem sempre foi assim. Na minha infância, por exemplo, tinha certa dificuldade em lidar com sentimentos por não ter tido uma família muito presente. Nesse sentido, a arte foi uma das minhas maiores companheiras. Desenho e 'faço arte' desde os 7 anos, contudo cresci com a ideia de que isso não daria certo para mim. Já na faculdade, estudei sobre pontos sociais e artísticos e, mesmo com alguns obstáculos, me arrisquei. Hoje amo trabalhar na área", completa o designer.

Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour

Em tempos de redes sociais, o reconhecimento veio em forma de compartilhamentos. "Ver meu trabalho viralizar pela Internet está sendo uma experiência insana no bom sentido. Não esperava ser tão representativo como estou sendo agora, ainda mais na questão racial que defendo e luto diariamente. Mas, que isso não seja só uma coisa de momento. Desejo que outros designers, artistas e profissionais pretos tenham cada vez mais visibilidade e oportunidades, não só nas redes sociais, como também dentro do mercado de trabalho."

Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour

Já seu outro projeto batizado de "Cartaz na Quarentena" divulgado no perfil homônimo do Instagram, toca as emoções por meio da música. "Ele me traz de volta as minhas raízes por me permitir pesquisar e mostrar mais sobre a cultura musical brasileira e as pessoas pretas", conta Eduardo. "Todo esse processo começou logo na primeira semana de quarentena, em março, quando percebi que precisava externar algo que estava dentro de mim, num momento tão difícil e complicado para o mundo, no qual questionava-se como ficariam os sentimentos e a saúde mental de todos."

Projeto "Cartaz na quarentena" criado pelo designer gráfico Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Projeto "Cartaz na quarentena" criado pelo designer gráfico Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour

Seu primeiro cartaz foi inspirado no hit Principia, do rapper Emicida. "A maneira como ele fala sobre viver numa comunidade, como a gente não precisa apenas sofrer, que temos coisas incríveis e maravilhosas em nossa volta, além de abordar a fé, foi muito intensa para mim. Compartilhar os sentimentos da comunidade negra no cenário atual e as dificuldades que temos para nos expressarmos também foram boas iniciativas para continuar com as outras artes", relata ele, que já lançou mais 8 cartazes - e contado...

Projeto "Cartaz na quarentena" criado pelo designer gráfico Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Projeto "Cartaz na quarentena" criado pelo designer gráfico Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour

E como artista visual e ativista do movimento negro, o que ele espera para o futuro próximo? "Acredito que o que estou fazendo é só o começo de um caminho que batalhei para estar e ter voz. Quero poder fazer a diferença na rua e também ser um pouco da voz de amigos, conhecidos e desconhecidos. Busco crescer dentro do mercado de trabalho, participar de rodas de conversas e bate-papos em coletivos e ter a oportunidade de ser ouvido daqui para frente. Isso gera toda mudança."

Projeto "Cartaz na quarentena" criado pelo designer gráfico Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
Projeto "Cartaz na quarentena" criado pelo designer gráfico Eduardo Arce (Foto: Reprodução Instagram) — Foto: Glamour
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