Às vezes, os novos pais esperam que, à medida que seu filho cresce, ele seja, logicamente, mais independente, que procure menos a mãe, que aceite melhor as outras pessoas...
Mas o que acontece é justamente o contrário. Os recém-nascidos preferem a mãe, mas aceitam bem a atenção de qualquer pessoas. Um bebê de 2 a 5 meses deixa que o peguem no colo, se acalma se estiver chorando e dorme nos braços dos avós, dos tios, de vizinhos, mesmo que ele nuca os tenha visto antes.
Porém, mais para a frente, especialmente entre os 8 e os 12 meses, vem a chamada angústia ou ansiedade de separação. O bebê chora desesperado quando fica longe da mãe. Ela tem que ir ao banheiro escondida, aproveitar para tomar banho enquanto a criança dorme... ou tomar banho com o filho no colo.
O bebê ainda sorri para desconhecidos enquanto está seguro nos braços da mãe, mas se incomoda quando chegam muito e fica atordoado se tentam pegá-lo no colo. Os avós, que até algumas semanas antes podiam acalmar e fazer o neto dormir, agora podem ser rejeitados como se fossem vis sequestradores de crianças. Até a relação com o pai esfria: alguns o rejeitam 100%, outros ficam mais ou menos tranquilos com o pai por um tempinho, mas é melhor que não vejam quando a mãe sai de casa.
Mais tarde, com o passar dos meses (às vezes, muitos meses) os bebês começam a aceitar de novo o pai, a avó, o avô (normalmente nessa ordem). Mas continuará existindo uma diferença clara.
A criança de 2 anos que está com o pai porque a mãe saiu pode ficar tranquila e alegre durante um tempo, mas talvez exija que o pai se esforce continuamente o tempo todo, falando, brincando e lendo histórias para que, depois de meia hora ou de uma hora e meia, ela comece a choramingar "Cadê a mamãe?".
Em troca, quando é o pai que sai, parece que a criança nunca pergunta por ele e consegue até ficar sem atenção contínua por um tempo, desde que veja a mãe a alguns metros de distância, enquanto brinca no chão.
Para alguns pais (e avós) pode ser uma fase difícil. O mesmo bebê que tantas vezes fizeram dormir e trocaram as fraldas, de repente, não quer saber nem de olhar para ele. É preciso entender que não é nada pessoal. A criança apenas está ficando mais inteligente e distinguindo com maior clareza a mãe de outras pessoas (incluindo si própria). Lá na frente, ela vai entender que, sim, existem outras pessoas, além da mãe, em que ela pode confiar.