Quase um terço das espécies de animais e plantas do mundo pode estar em risco de extinção até o final do século se continuarmos a produzir gases de efeito estufa no mesmo ritmo, segundo um novo estudo.
A pesquisa descobriu que se as temperaturas globais subirem 1,5 °C acima da temperatura média de antes da Revolução Industrial, excedendo a meta do Acordo de Paris, as extinções acelerariam rapidamente.
Os anfíbios seriam especialmente afetados, bem como espécies em ecossistemas de montanha, de ilhas e de água doce; e espécies na América do Sul, Austrália e Nova Zelândia. A Terra já aqueceu cerca de 1°C desde a Revolução Industrial.
As mudanças climáticas causam variações nas temperaturas médias e nos padrões de precipitação, alterando os habitats e as interações entre as espécies de animais e plantas. Enquanto algumas conseguem se adaptar ou migrar em resposta às condições ambientais, outras não conseguem sobreviver, resultando em declínio populacional drástico e, como consequência final, a extinção.
O novo estudo, publicado no periódico Science, analisou mais de 30 anos de pesquisas sobre biodiversidade e mudanças climáticas, abrangendo mais de 450 estudos da maioria das espécies conhecidas.
A análise mostrou que se as emissões de gases de efeito estufa forem gerenciadas conforme o Acordo de Paris, quase uma em cada 50 espécies no mundo – uma estimativa de 180.000 espécies – estará em risco de extinção até 2100. No entanto, quando a temperatura do modelo climático foi aumentada para 2,7 °C, número previsto atualmente pelos compromissos internacionais de emissões, uma em cada 20 espécies no planeta estaria em risco de extinção.
Um aquecimento hipotético além deste ponto faria o número de espécies em risco aumentar acentuadamente: 14,9% das espécies estariam em risco de extinção sob um cenário de aquecimento 4,3 °C, que assume altas emissões de gases de efeito estufa. E 29,7% de todas as espécies estariam em risco de extinção sob um cenário de aquecimento 5,4 °C, uma estimativa alta, mas que é possível dadas as tendências atuais de emissões.
Os pesquisadores esperam que os resultados impactem os formuladores de políticas públicas, já que limitar as emissões de gases de efeito estufa pode retardar o aquecimento e interromper esses riscos crescentes de extinção. No entanto, entender quais espécies e ecossistemas são mais afetados pelas mudanças climáticas, pode ajudar a direcionar os esforços de conservação onde eles são mais necessários.