De cor e formato exuberante, o lírio-aranha-vermelho (Lycoris radiata) é conhecido no Japão como Higanbana e está associado à morte. Apesar do significado parecer pesado, a flor não é sinônimo de mau-presságio e, sim, uma forma de lembrar daqueles que partiram com carinho, sendo mais associada com a "passagem" e a saudade.
Em outras esferas, este lírio também é lembrado como a flor do equinócio de outono (quando as flores aparecem no país) ou como flor-da-tempestade, por florescer no final do verão e início do outono, em resposta às fortes chuvas.
Origem e características do lírio-aranha-vermelho
Apesar do forte significado no Japão, esta espécie de lírio é, na verdade, originária da China, como explica o engenheiro-agrônomo Eduardo Funari.
O coral marcante de suas pétalas, segundo ele, também pode ser substituído pelo amarelo ouro ou branco, em decorrência de processos de pigmentação que criaram as espécies híbridas. "A espécie floreia com pendões. Nela, nasce uma flor no topo com cerca de três a quatro hastes, trazendo uma estética bem bonita", explica.
Pode ser flor de corte?
Cristina Sototuka, presidente da Associação de Ikebana do Brasil, diz que o Higanbana não é comumente utilizado na prática de arranjos florais. Ikebana, como ela mesma explica, é a arte do arranjo floral japonês, que se diferencia dos arranjos tradicionais por utilizar mais partes da planta além da flor, como as raízes, sementes, troncos e galhos. "É uma arte que tem mais de 600 anos e começou com a oferenda de flores em altares budistas", compartilha a presidente.
Apesar de ser uma flor difundida no Japão e ter grande aptidão ornamental, o lírio-aranha-vermelho é "efêmero", como explica Cristina, e por isso não se dá bem em arranjos, murchando logo depois que é retirado da terra. "No Japão, ele floresce espontaneamente em campos. Aqui no Brasil, ele floresce bem próximo ao natal e por isso é considerado uma flor natalina".
Como plantar o lírio-aranha-vermelho no Brasil?
Apesar de sua origem asiática, o Higanbana pode sim ser cultivado no Brasil. De acordo com Eduardo, esta espécie de lírio faz parte das hemerocalis, que já existem no país. "Sua forma de propagação é por bulbos, que são aquelas espécies de batatas enterradas. Elas perfilham no solo, soltam várias 'batatinhas' e depois de cerca de cinco ou sete anos é possível abrir este canteiro, separar os bulbos e plantar em mais outros locais", compartilha.
Para o solo, o engenheiro-agrônomo sugere boa drenagem, riqueza em matéria orgânica e boa disponibilidade de fósforo e potássio. "É preciso que o solo seja corrigido em calagens, que é quando aplicamos calcário para elevar o pH do solo e neutralizar o alumínio, um elemento tóxico para o desenvolvimento de raízes", explica.
Outro ponto de atenção para quem deseja cultivar a flor – que vai muito bem em canteiros de muros e maciços –, é a disponibilidade de sol, que deve ser alta em especial pela manhã e fim da tarde (evitando os picos de calor).
Cuidando desta forma, a flor deve aparecer dentro de dois a três anos após o plantio e, quanto à manutenção, basta retirar as folhas secas, afofar o solo, regar para mantê-lo sempre úmido e, por fim, tratar o substrato com calda bordalesa, o que deve evitar o aparecimento de fungos. "No Brasil, todas as variedades de hemerocalis são suscetíveis a ferrugem, um tipo de fungo", finaliza Eduardo.
Vale lembrar que a flor é considerada tóxica e deve ser mantida longe de animais domésticos e crianças.