Com a chegada do verão, as ondas de calor e altas temperaturas já assolam as cidades e, com isso, o aumento do uso de ventiladores e ar-condicionado. Segundo números da Eletros, a produção de condicionadores de ar bateu recorde este ano: de janeiro a julho, houve crescimento de 83% frente ao mesmo período de 2023. Ainda, em setembro, a produção brasileira tinha previsão de encerrar o ano com 6 milhões de aparelhos fabricados.
Apesar de auxiliarem no calor, a instalação de aparelhos de refrigeração, como ar-condicionado e ventiladores, vem acompanhada de maiores gastos de energia elétrica. Segundo levantamento da Enel, o uso de um ar-condicionado tipo split de 10.001 a 15.000 BTU/h, durante 8 horas diárias, pode representar uma despesa de R$ 211,93 ao final do mês.
Entre as diversas maneiras para aumentar a eficiência do aparelho, é recomendado realizar manutenções e limpezas de rotina. Mas como a higienização e manutenção de aparelhos de refrigeração pode impactar no valor da conta do luz no final do mês?
Importância da limpeza para a eficiência energética
Com o passar do uso, aparelhos como ar-condicionado e ventiladores podem ganhar um acúmulo de sujeira nos filtros e nas serpentinas, o que, além de comprometer a saúde respiratória dos moradores, pode sobrecarregar o aparelho e, por sua vez, aumentar o consumo de energia.
Para que a troca de calor entre o ar ambiente e o fluido refrigerante aconteça, é necessário contar com uma superfície limpa. Caso não, a poeira impede que a troca aconteça de maneira eficiente. “A sujeira e poeira acumuladas nas bobinas e nos filtros reduzem o fluxo de ar e ‘forçam’ o aparelho”, comenta Marcelo Sebastião, diretor da Porto Serviço.
Ainda, o esforço feito pelo aparelho tem grande impacto na conta final da luz. “Um aparelho condicionador de ar pode consumir até 40% mais energia quando está sujo, inclusive quando a unidade externa está obstruída”, alerta Rodrigo Men, vice-presidente do departamento nacional de instalação e manutenção da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA).
Segundo Patrick Galletti, engenheiro mecatrônico e pós-graduando em Engenharia de Climatização, a falta de manutenção regular força o dispositivo a trabalhar em condições acima das projetadas: “Esse sobrecarregamento tem como consequência imediata o aumento do consumo energético para compensar o desajuste e refrigerar o ambiente”, diz.
Ademais, Marcelo aponta que, para além dos custos, pode sobrecarregar os componentes internos, acelerando o desgaste do sistema.
Assim, quando o assunto é redução de custos, a realização de limpeza e manutenções preventivas também impacta o custo do aparelho, isto, pois diminui a possibilidade de trocas de peças ou, em casos mais graves, a mudança total do aparelho.
"Nos 62 anos que a ABRAVA atua com manutenção preventiva, podemos dizer que isso reduz em até 90% o valor gasto em manutenções corretivas", exemplifica Rodrigo.
O papel da limpeza na diminuição de gases poluentes
A manutenção, contudo, não tem impactos apenas no consumo próprio de energia. A realização de limpezas e manutenções preventivas também reduzem a necessidade de produção de novos componentes ou aparelhos, evitando o consumo de matérias-primas naturais, aumentando a vida útil dos aparelhos. O processo, por sua vez, promove a liberação gases poluentes à atmosfera, conforme o vice-presidente da ABRAVA.
Ademais, com o esforço gerado por aparelhos de refrigeração e o aumento de consumo energético, há um crescimento da queima de combustíveis fósseis – necessária para a geração de energia elétrica – que é o principal contribuinte para a emissão de GEE poluentes, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso.
“A manutenção evita vazamentos de gases refrigerantes, que têm potencial de efeito estufa, assim contribuindo para a redução das emissões de gases poluentes”, acrescenta Marcelo. Assim, a manutenção tem efeitos diretos na cadeia de suprimento e de produção que, atualmente, alcança números que superam as expectativas anuais.
Como saber quando fazer a manutenção?
Porém, quando se trata de manutenções, o engenheiro mecatrônico destaca ser importante diferenciar manutenções preventivas das emergenciais. Ele explica que, em casos emergenciais, o aparelho já pode estar comprometido e, por sua vez, necessitando de novas peças, perdendo a possibilidade de ter tanto eficiência energética quanto evitar a liberação de gases poluentes.
Para o diretor da Porto Serviços, a recomendação é que os aparelhos sejam limpos e revisados pelo menos uma vez ano antes de períodos de uso intenso, como o verão. Porém, dependendo da região e do uso, é interessante fazer manutenções a cada seis meses.
“Alguns problemas comuns para se atentar são falhas no compressor, vazamento de fluidos, superaquecimento dos componentes, formação de gelo e perda de eficiência. Isso pode resultar em reparos mais caros e necessidade de substituir peças prematuramente”, pontua Marcelo.
Outros indicadores que podem mostrar que está na hora de realizar a manutenção são barulhos anormais partindo do aparelho, aumento de casos de alergias ou viroses e alta na conta de energia.