A Páscoa está chegando e quem costuma frequentar pet shops já deve ter reparado na extensa oferta de ovos de páscoa caninos. Mas, será que estes produtos são realmente seguros para os cães?
Primeiro, é preciso esclarecer que, apesar de terem forma, cor e, muitas vezes, cheiro de chocolate, os produtos feitos para cães não levam chocolate de verdade na fórmula. Assim, se o cachorro não tiver restrições alimentares ou de saúde específicas, não há problema em oferecer o petisco.
“A rigor, não existe “chocolate pra cachorro”! O que existem são petiscos que as marcas intitulam dessa maneira. Eles possuem muitas diferenças em relação aos doces para humanos. A principal delas é a ausência do cacau e do açúcar, os ingredientes mais tóxicos para os cães. Dentre os principais componentes desse tipo de “chocolate”, temos milho, arroz, soja, aveia, trigo, vegetais, frutas e carnes”, explica o médico-veterinário Maurício Tomaz, diretor de operações de um aplicativo que oferece serviços de pet shop móvel.
Ofereça, mas com moderação!
Ainda que os chocolates caninos sejam considerados seguros para os pets, é preciso alguns cuidados na hora de oferecer a iguaria, sendo que a precaução começa na hora da compra.
“É necessário que o tutor sempre se atente à embalagem do produto que está comprando, e verifique se este é fabricado especialmente para pets para ser considerado seguro”, alerta a médica-veterinária Mariana Fragoso, mestre em nutrição de cães e gatos. Para ela, antes de oferecer qualquer petisco, é importante conversar com o profissional que acompanha o animal para saber se o produto está realmente liberado.
Outro cuidado é adquirir o petisco de lugares confiáveis. “Os ovos de chocolate feitos para cães são seguros, porém vale ressaltar que é um petisco, não se devendo exceder em quantidade. Além disso, é importante procurar o produto em lojas para pet, tomando cuidado para não trocar por produtos humanos”, ressalta a médica-veterinária Valeska Rodrigues, doutora em nutrição veterinária e professora do curso de Medicina Veterinária da Unifran.
E o chocolate de verdade?
Se os chocolates feitos especialmente para os pets estão liberados para os cães, o mesmo não se pode dizer sobre os chocolates de humanos. Estes devem ficar longe do comedouro dos animais.
“O chocolate é um alimento rico em açúcar e gordura, possui componentes estimulantes, como a teobromina e cafeína. A teobromina é tóxica para os cães e as composições de chocolate têm concentrações diferentes dessa substância. Dependendo da quantidade ingerida e o tipo de chocolate, os sinais clínicos poderão ser mais leves ou agravados”, esclarece Valeska.
Segundo os profissionais, caso o animal coma chocolate de verdade acidentalmente, o ideal é procurar o médico-veterinário o quanto antes. Isso porque as consequências vão de vômitos até o óbito.
“As consequências da intoxicação pelo chocolate irão depender da quantidade que o pet ingeriu, podendo levar de duas a quatro horas para acontecerem. Nos casos leves, onde a ingestão foi pequena, vômito e diarreia são frequentes, entretanto, quando a quantidade consumida pelo pet for grande, podem ocorrer problemas no coração, convulsões e levar até à morte”, diz Mariana.
Valeska acrescenta ainda que, em alguns casos, podem acontecer lesões pancreáticas, fazendo o animal desenvolver insuficiência deste órgão e precisar de medicação pelo resto da vida.
Tratamento
Assim como as consequências dependem da quantidade de chocolate ingerida pelo pet, o tratamento também varia de acordo com as mesmas condições, podendo envolver somente a ministração de medicamentos até internação.
“O tratamento recomendado visa a manutenção dos parâmetros cardiovasculares, renais e hepáticos, além de redução do desconforto causado pelos vômitos e diarreia. A hidratação é muito importante, pois a alteração metabólica poderá levar a desequilíbrio hidroeletrolíticos. Não há antídoto, o que nós fazemos é apenas minimizar os efeitos da teobromina no organismo do cãozinho”, finaliza Valeska.