Muita gente desiste de adotar um pet adulto ou idoso por receio de que não seja possível treiná-lo a fazer as necessidades do lugar certo ou ensiar alguns truques e regras da casa a ele. Contudo, adestradores ouvidos por Vida de Bicho garantem: não há limite de idade para os pets aprenderem.
“O que diferencia um treinamento de um animal adulto ou idoso para um filhote é o tempo. Conforme nossos animais crescem, eles adquirem hábitos e depois para tirá-los é necessário de mais tempo, mais paciência do que o tutor precisaria com um filhote, que ainda não adquiriu um comportamento errado, então ele pode antecipar o problema e ensinar o correto”, comenta a especialista em comportamento animal Luísa Pires, fundadora de um centro educacional para cães.
Primeiro, faça um check-up!
Ainda que todo pet possa aprender novos truques e comportamentos independente da idade, é essencial levar o animal a uma consulta com o veterinário antes de iniciar qualquer treinamento. Isso porque algumas atitudes dos pets podem estar relacionadas com problemas de saúde.
“Problemas de saúde causam incômodos, dores musculares, alergias ou problemas neurológicos, então esses cães terão dificuldade em manter sua atenção em novas aprendizagens. Portanto, um check-up no veterinário é sempre bem-vindo para se certificar de que tudo correrá bem durante as aulas", explica a adestradora canina Andrea Dias.
Ela elenca alguns comportamentos que podem ter como causa problemas de sáude, como a coprofagia e lembeduras excessivas e automutilação. "Elas podem ter início com alergias de pele. A reação exacerbada a alguns estímulos também podem ser resultados de dores físicas, que faz com que o cão queira se proteger de qualquer contato, ou até mesmo vir de uma cegueira, o que faz com que ele não consiga mais prever o que se aproxima e acaba usando a agressividade para manter todos distantes”, diz.
Adeque as expectativas
O adestrador e comportamentalista canino Rapha Aleixo, fundador de uma escola online de adestramento, lembra que os resultados positivos também dependem dos tutores, que devem adequar suas expectativas.
“É preciso sentir o animal e saber qual é o limite de evolução que podemos cobrar dele”, lembra o profissional, que acredita que, independente da idade, o reforço positivo é o método que, geralmente, traz mais resultados.
Vale a pena adestrar?
Além de sentir o animal, Luísa aconselha que os tutores, especialmente aqueles que estão com o pet desde filhotes e decidem treiná-los apenas quando idosos, pensem se vale a pena mudar algum hábito ou comportamento do animal depois de tantos anos.
“Muitas pessoas têm a vida toda do animal para mudar um comportamento indesejado que foi deixado de lado por muitos anos. De repente, na velhice do animal, decide que tal hábito não é mais aceitável. Óbvio que tudo depende da situação, mas vale a pena se perguntar: é justo mudar agora? Muitas vezes a resposta é sim, o que é ótimo! Mas tantas outras a resposta pode ser não", alerta.
Ela ainda recomenda que as famílias avaliem suas rotinas com os cães antes de começar o treinamento. "Antes de pensar em adestrar o animal quando adulto ou na velhice, é preciso avaliar se o pet está recebendo tudo o que precisa para se manter equilibrado. Às vezes, acontecem mudanças na rotina, o cão não passeia mais como antes, não tem o tempo com a família que antes tinha para atividades que o estimulava, e isso pode desencadear uma frustração e resultar em um mau comportamento”, diz Luísa.
Ainda assim, Andrea ressalta que o adestramento traz inúmeros benefícios aos pets, como foi mencionado na reportagem sobre como ensinar o cachorro a sentar. “Temos um jargão no meio do adestramento que diz que “cão adestrado é mais feliz”, justamente porque um animal que é bem educado e sociável, acompanha muito mais os tutores durante os passeios e em seus eventos sociais do que um cão que não sabe se comportar”, explica.
Manter os cães ativos, segundo ela, também traz benefícios para a saúde física, a inteligência e a sociabilidade do animal. "Cães que treinam em idades mais avançadas diminuem o risco de doenças musculares, crônicas e fortalecem toda a sua estrutura física e cerebral, no geral”, finaliza.