Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo
(8) pelo jornal Folha de S.Paulo mostra que aumentou o
número de pessoas que apóiam a pena de morte no Brasil. O
levantamento, realizado nos dias 19 e 20 de março, revela
ainda que a maioria da população é contra mudanças na
legislação sobre o aborto, que permite a interrupção da gravidez apenas em
casos de estupro e risco de morte da mãe ou do bebê.
Segundo os dados divulgados pelo jornal, 55% das
5.700 pessoas ouvidas em 25 estados disseram ser favoráveis à
pena de morte e 40% contra. Na pesquisa anterior, realizada em
agosto de 2006, 51% eram favoráveis à pena de morte e 42% contrários.
O índice de apoio à punição se iguala ao divulgado em fevereiro
de 1993, quando havia sido registrado, até então, o maior
percentual em 14 anos de pesquisa.
O aumento no número de apoiadores da pena mais
severa coincide com a divulgação pela mídia de casos que
comoveram a opinião pública, como a
morte do menino João Hélio, que foi arrastado, preso ao
cinto de segurança do carro, por assaltantes em um trajeto de 7
quilômetros nas ruas do Rio de Janeiro.
Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, não
acredita que o aumento da preocupação dos brasileiros com a
violência esteja interligado com os resultados da pesquisa.
"Esse apoio à pena de morte já é histórico.
Neste momento cresceu um pouco, mas não apenas porque cresceu a
percepção de violência. Entre os que apontam a violência como
principal problema, a taxa de apoio à pena de morte é exatamente
a mesma da média", disse Paulino.
Segundo o jornal, desde 91, quando o Datafolha
iniciou a pesquisa sobre a opinião dos brasileiros sobre a pena
de morte, o índice favorável à punição nunca foi inferior a 48%.
No entanto, para Viviane de Oliveira Cubas,
pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da
Universidade de São Paulo, que foi entrevistada pelo jornal, a
atenção dada pela mídia ao tema violência e sensação de
insegurança vivida pelas pessoas refletiu na pesquisa.
"Normalmente quando você faz pesquisas em um
momento de crise, os resultados despontam", teria dito a
pesquisadora.
No Rio de Janeiro, onde ocorreu o caso João Hélio,
o índice de apoio à pena de morte saltou de 38%, em maio de
2006, para os 51% atuais. O percentual é igual ao de Minas
Gerais, mas menor que em São Paulo, que registrou 57% de apoio à
punição.
A pesquisa Datafolha revela também que cresce constantemente
desde 1993 o percentual de brasileiros que rejeitam qualquer
tipo de mudança na legislação sobre o aborto. Os dados
divulgados mostram que apenas 16% da população apóiam mudanças
na lei, que permite o aborto apenas em casos de estupro ou risco
de morte da mãe ou do bebê. Para 65% dos entrevistados, a
legislação deve continuar como está, maior índice desde que a
pesquisa foi criada, em 1993.
O levantamento feito pelo Datafolha revela também que mesmo com a
Justiça liberando a adoção de crianças por casais homossexuais,
a sociedade ainda desaprova a medida. Segundo os dados
divulgados neste domingo, 52% dos entrevistados são contra a
adoção de crianças por casais do mesmo sexo e 49% é contrária à
legalização da união civil entre homossexuais. Entre os homens,
54% rejeitam a união e apenas 37% apóiam. Entre as mulheres, o
percentual de apoio é de 46%, sendo 45% das entrevistadas
contrárias à legalização.
A pesquisa revela ainda que 57% dos entrevistados
rejeitam a prática da eutanásia. O ato que abrevia a vida de um
doente incurável é aprovado por 36% dos brasileiros ouvidos pelo Datafolha.