Teodora de Saxe-Meiningen
Teodora | |
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Princesa de Saxe-Meiningen Princesa Reuss da Linha Júnior | |
Teodora de Saxe-Meiningen | |
Nascimento | 12 de maio de 1879 |
Potsdam, Império Alemão | |
Morte | 26 de agosto de 1945 (66 anos) |
Hirschberg, Silésia, Alemanha | |
Sepultado em | 1 de setembro de 1945, Castelo de Neuhof, Kowary, Polônia |
Nome completo | |
em português: Teodora Vitória Augusta Maria Mariana de Saxe-Meiningen em alemão: Feodora Victoria Auguste Marie Marianne von Sachsen-Meiningen | |
Marido | Henrique XXX, Príncipe Reuss da Linha Júnior |
Casa | Saxe-Meiningen (por nascimento) Reuss-Köstritz (por casamento) |
Pai | Bernardo III, Duque de Saxe-Meiningen |
Mãe | Carlota da Prússia |
Religião | Luteranismo |
Teodora Vitória Augusta Maria Mariana de Saxe-Meiningen (em alemão: Feodora Victoria Auguste Marie Marianne von Sachsen-Meiningen; Potsdam, 19 de maio de 1879 - Jelenia Góra, 26 de agosto de 1945) foi a única filha do duque Bernardo III de Saxe-Meiningen e da sua esposa, a princesa Carlota da Prússia, filha mais velha do imperador Frederico III da Alemanha e da princesa real Vitória do Reino Unido. Teodora foi a primeira bisneta da rainha Vitória.
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]A princesa Teodora nasceu a 12 de Maio de 1879, sendo a única filha de Bernardo, príncipe-herdeiro de Saxe-Meiningen e da sua esposa, a princesa Carlota da Prússia, uma filha do príncipe-herdeiro Frederico da Prússia e da princesa Vitória do Reino Unido. Quando nasceu, Teodora foi a primeira neta dos seus avós maternos[1] e a primeira bisneta da rainha Vitória do Reino Unido.[2]
Carlota, que adorava socializar, detestou estar grávida, uma vez que achava que esse estado lhe limitava as suas actividades. Preferindo regressar às suas actividades sociais em Berlim, a princesa declarou, após o nascimento de Teodora, que não teria mais filhos, o que transtornou a sua mãe, a princesa-herdeira Vitória, conhecida como Vicky na família.[3] Não era normal ser filha única nas famílias reais europeias e é muito provável que Teodora tenha tido uma infância solitária.[4] Carlota adorava viajar e deixava muitas vezes a filha com a avó Vicky em Friedrichshof, que Carlota via como uma espécie de infantário de conveniência.[2][5] Vicky, por seu lado, adorava estar com a neta mais velha[6] Durante uma visita, Vicky referiu numa carta que Teodora "é uma criança boa e muito mais fácil de lidar do que a mãe".[7]
Vicky apercebeu-se de que a forma como Teodora estava a ser criada tinha falhas e começou a preocupar-se com o aspecto físico e desenvolvimento mental da sua neta[6], referindo, quando ela tinha treze anos, que tinha "feições afiadas e comprimidas" e que era anormalmente baixa.[8] Teodora também se interessava pouco pelos estudos, preferindo falar sobre assuntos mais frívolos como moda.[7][9] A sua avó, que dava grande valor à educação, culpou a falta de orientação dos pais pela falta de interesse da jovem e comentou que "a atmosfera em casa dela não é a melhor para uma criança desta idade (...) tendo a Carlota como exemplo, o que seria de esperar (...) os pais dela raramente estão em casa juntos (...) ela mal sabe o que é ter uma vida familiar!"[7]
A rainha Vitória também sentia carinho pela sua bisneta mais velha.[10] Em Junho de 1887, Teodora e os pais estiveram presentes no Jubileu Dourado da rainha em Londres. Enquanto que os pais ficaram hospedados no Palácio de Buckingham, Teodora ficou com a sua prima, a princesa Alice de Battenberg, na casa da duquesa de Buccleuch em Whitehall, o que lhes permitiu assistir à procissão real no seu caminho até à Abadia de Westminster.[11] Numa carta dirigida à sua filha, a rainha Vitória descreveu Teodora como a "pequena e doce Feo[nota 1], que se porta tão bem e, na minha opinião, está a ficar bastante bonita. Ficamos encantados por a ter connosco e acho que a pobrezinha se divertiu".[12]
Casamento
[editar | editar código-fonte]À medida que Teodora foi crescendo, foi começando a discutir-se o seu futuro casamento. O príncipe Pedro Karađorđević, que era trinta-e-seis anos mais velho do que ela e se encontrava no exílio, pediu-a em casamento, provavelmente para conseguir obter influência política para voltar ao trono da Sérvia. Carlota declarou que "[a Teodora] é boa demais para esse trono".[13] Também foi considerado um casamento com o seu primo, o príncipe-herdeiro Alfredo de Saxe-Coburgo-Gota, único filho do duque e da duquesa de Saxe-Coburgo-Gota que era uma grande amiga de Carlota.[13]
Alguns meses depois de regressar das comemorações do Jubileu de Diamante da rainha Vitória em Junho de 1897, Teodora ficou noiva do príncipe Henrique XXX de Reuss (1864-1939)[14], sendo o compromisso anunciado oficialmente em inícios de Outubro do mesmo ano.[15] O pai de Henrique faleceu em inícios de 1898, o que obrigou a adiar temporariamente o casamento. Na altura chegaram até a correr rumores falsos de que o casamento tinha sido cancelado.[16] A união celebrou-se em Breslau a 26 de Setembro de 1898.[17]
O príncipe Henrique era capitão do Regimento de Infantaria Número 92 de Brunswick, apesar de não ser particularmente rico nem ocupar uma posição relevante. A avó de Teodora, Vicky, ficou surpreendida com a escolha de noivo, principalmente pela falta de relevância da sua posição, mas comentou que pelo menos a noiva parecia feliz. Relativamente à diferença de idades de quinze anos, Vicky disse: "fico muito satisfeita por ele ser mais velho do que ela e, se for inteligente e firme, poderá fazer-lhe muito bem e tudo poderá correr bem. Mas ela teve um exemplo estranho na mãe e é uma criatura estranha".[18] O historiador John van der Kiste escreveu que Teodora estava "claramente perdida de amores" pelo marido e que provavelmente terá procurado no casamento uma fuga da sua "vida familiar cansativa".[19]
Quando regressaram da sua lua-de-mel, grande parte do tempo de Henrique era dedicado aos seus deveres no regimento, enquanto que Teodora se juntou a um grupo de leitura e ia à ópera e ao teatro em Berlim.[20] Teodora também acompanhava muitas vezes o marido nos seus deveres militares, viajando por toda a Alemanha.[21][22]
Últimos anos
[editar | editar código-fonte]Teodora sofreu problemas de saúde durante grande parte da sua vida adulta, descrevendo-os como "a velha história" da sua vida. Tal como a sua mãe e avó, as doenças de Teodora incluíam sintomas como tonturas, insónias, náuseas, vários tipos de dor, paralisia, obstipação e diarreia.[21][23] Foi submetida a várias operações para tratar as doenças e tentar resolver a sua infertilidade, mas nenhumas delas teve sucesso.[24][25]
Teodora visitou o Castelo de Windsor em 1900, sendo que essa foi a última vez que viu a sua bisavó, a rainha Vitória, antes de ela morrer no ano seguinte. Henrique foi ao funeral da monarca, mas Teodora estava demasiado doente na altura para estar presente.[26] Teodora afirmou que estava a sofrer de malária, mas a sua mãe Carlota contou à família que tinha sido o marido dela, Henrique, que lhe tinha transmitido uma doença venérea, uma acusação que Teodora negou furiosamente. Carlota pediu à filha para deixar o seu médico pessoal examiná-la e, quando Teodora recusou, a sua mãe afirmou que essa decisão só mostrava que ela tinha razão. Em reacção, Teodora recusou-se a entrar em casa da mãe e queixou-se das atitudes "inacreditáveis" dela a outros membros da família.[27]
Em 1903, o casal mudou-se para Flensburg, quando Henrique foi transferido de posição, e os dois passaram a viver numa casa pequena. Teodora achou que o clima suave da região teve um impacto positivo na sua saúde. Para melhorar ainda mais a situação e aumentar as suas hipóteses de engravidar, começou a tomar comprimidos de arsénio e de tório. No entanto, a sua saúde voltou a piorar e ela começou a sofrer de dores de dentes e enxaquecas. Em Outubro de 1904, voltou a ficar gravemente doente de algo que foi descrito como sendo uma gripe. Teodora continuou a tentar engravidar durante muito tempo, visitando várias clínicas privadas ao longo dos anos, onde várias vezes acabava por ser submetida a operações e intervenções cirúrgicas dolorosas.[28]
Duas guerras mundiais
[editar | editar código-fonte]Quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, Henrique foi enviado para a Frente Ocidental, enquanto que a sua esposa abriu um pequeno hospital para cuidar de soldados feridos. Nesta altura, a relação do casal já se tinha deteriorado. Henrique achava que Teodora gostava de se queixar das suas doenças e de estar sempre a consultar médicos. Escreveu numa carta que as doenças dela "consistem principalmente de falta de energia e apatia mental", e queixou-se que "ela exagera muito as suas doenças, o que faz com que tanto eu como outros estejamos sempre preocupados desnecessariamente".[29]
Depois de a guerra terminar com a derrota da Alemanha, o pai de Teodora foi forçado a abdicar do seu reinado no ducado de Saxe-Meiningen. Sabe-se pouco sobre a sua vida depois da guerra e grande parte do seu historial médico perdeu-se.[21][30] Teodora passou os seus últimos anos de vida no Sanatório de Buchwald-Hohenwiese, perto de Hirschberg, na Silésia. Suicidou-se a 26 de Agosto de 1945, pouco depois do final da Segunda Guerra Mundial.[24][31] Ao descrever a vida de Teodora, o historiador John Van der Kiste escreveu que "a princesa que queria desesperadamente ter filhos passou a vida a lutar contra os seus males físicos, insónia e depressão severa, tendo padecido de uma saúde fraca durante vários anos, tal como a sua mãe."[32]
Análise médica
[editar | editar código-fonte]Na década de 1990, o historiador John Röhl e os seus colegas Martin Warren e David Hunt, encontraram a sepultura de Teodora na Polónia, exumaram o corpo e fizeram uma análise de ADN, acreditando que iriam encontrar sinais de Porfíria, uma doença genética.[31][33]
Ancestrais
[editar | editar código-fonte]Notas
- ↑ Seu nome em língua nativa era "Feodora", razão para a alcunha "Feo".
Referências
- ↑ Van der Kiste 2012, 192.
- ↑ a b Packard 1998, p. 292
- ↑ Van der Kiste 2012, 207.
- ↑ Van der Kiste 2012, 455–467.
- ↑ Pakula 1997, p. 537.
- ↑ a b Van der Kiste 2012, 467.
- ↑ a b c Pakula 1997, p. 561.
- ↑ Van der Kiste 2012, 467–483.
- ↑ Van der Kiste 2012, 483.
- ↑ Van der Kiste 2012, 246.
- ↑ Vickers 2000, p. 27.
- ↑ Van der Kiste 2012, 259.
- ↑ a b Alan R. Rushton, Royal Maladies: Inherited Diseases in the Royal Houses of Europe, pág. 141
- ↑ Röhl, John C. G.; Warren, Martin; Hunt, David (1998). Purple Secret: Genes, "Madness" and the Royal Houses of Europe. London: Bantam Press. ISBN 0-593-04148-8.
- ↑ "German Princes Betrothed". The New York Times. Berlin. 3 October 1897.
- ↑ Van der Kiste 2012, 525.
- ↑ Van der Kiste 2012, 525–529
- ↑ Van der Kiste 2012, 499–513.
- ↑ Van der Kiste 2012, 510.
- ↑ Van der Kiste 2012, 551.
- ↑ a b c Rushton 2008, p. 118.
- ↑ Van der Kiste 2012, 571.
- ↑ Van der Kiste 2012, 614.
- ↑ a b Röhl 1998, p. 114.
- ↑ Van der Kiste 2012, 726–754.
- ↑ Van der Kiste 2012, 669.
- ↑ Van der Kiste 2012, 686–699.
- ↑ Van der Kiste 2012, 712–726.
- ↑ Van der Kiste 2012, 798–811.
- ↑ Van der Kiste 2012, 864.
- ↑ a b Van der Kiste 2012, 877.
- ↑ Van der Kiste 2012, 864–877
- ↑ Moore 2009, pp. 20–21.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Röhl, John C. G.; Warren, Martin; Hunt, David (1998). Purple Secret: Genes, "Madness" and the Royal Houses of Europe. London: Bantam Press. ISBN 0-593-04148-8.
- Alan R. Rushton, Royal Maladies: Inherited Diseases in the Royal Houses of EuropeEstados Unidos: Trafford Publishing, 2008
- Packard, Jerrold M., Victoria's Daughters, St. Martin's Griffin, 1999