Movimiento 4B
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4B ou Quatro Nãos é um movimento feminista radical[1][2] que se originou na Coreia do Sul. O nome se refere aos seus quatro princípios definidores, todos começando com o termo coreano bi (em coreano: 비; hanja: 非), que significa "não".[3] Seus proponentes são: não namorar, não se casar, não fazer sexo ou ter filhos com homens.[4] O movimento surgiu em meados da década de 2010[5][6] no Twitter[7] e no site Womad.
O movimento é considerado marginal na Coreia do Sul e está em amplo declínio. As estimativas dos adeptos do movimento variam; segundo relatos, a maioria dos artigos reivindicaram cerca de 5.000 e um artigo reivindicou 50.000[8]. Na Coreia do Sul, várias das participantes do movimento, foram descritas como sendo transfóbicas, homofóbicas e racistas e são associadas à comportamentos de crime virtual.[9]
Crenças
[editar | editar código-fonte]Os quatro princípios fundamentais do movimento 4B são[10]:
- não fazer sexo com homens (coreano: 비섹스; romaniz.: bisekseu),
- não dar à luz (비출산; bichulsan);
- não namorar homens (비연애; biyeonae);
- não se casar com homens (비혼; bihon).
Bihon (casamento)
[editar | editar código-fonte]Desde 2005, o grupo ativista feminista UnniNetwork promove o bihon como uma agenda política para desafiar a centralidade do modelo familiar heteronormativo de casamento na Coreia. Elas procuraram substituir o termo mihon ('não casado') por um mais neutro, bihon ('solteiro').[11]
Bichulsan (parto)
[editar | editar código-fonte]A Coreia do Sul tem uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo.[12] Com a taxa de fertilidade de apenas 0,72 (em 2023), cada mulher sul-coreana terá, em média, menos de um filho durante a sua vida.[13] Isto está significativamente abaixo do limite de 2,1 necessário para manter a população de um país.[14] A taxa de natalidade do país tem estado abaixo da taxa de substituição desde 1983[15], enquanto o movimento 4B teve origem na década de 2010, tornando provável que a baixa taxa de natalidade se deva à insegurança económica vivida pelos jovens adultos, aos elevados custos de criação dos filhos e à propriedade, preços e a cultura patriarcal profundamente arraigada do país.[16][17]
Tendo a taxa de fertilidade mais baixa do mundo, o governo sul-coreano adoptou políticas pró-natalistas destinadas a incentivar o aumento dos partos, tais como estipêndios para novos pais, aumento da licença parental e subsídios para cuidados infantis.[18]
Uma pesquisa de 2022 com sul-coreanos solteiros com idades entre 19 e 34 anos descobriu que 79,8% dos homens e 69,7% das mulheres expressaram o desejo de se casar no futuro. A pesquisa também explorou as atitudes em relação ao parto, incluindo as de jovens adultos casados e solteiros. No geral, 63,3% dos entrevistados expressaram vontade de ter filhos. No entanto, houve uma diferença notável entre os sexos: 70,5% dos homens e 55,3% das mulheres indicaram preferência por ter filhos.[19]
Biyeonae (romance) e bisekseu (sexo)
[editar | editar código-fonte]As mulheres do movimento 4B não se envolvem romântico e sexualmente com homens, porque vêem isso como uma extensão da estrutura familiar patriarcal.[20]
Recepção
[editar | editar código-fonte]O movimento 4B é considerado marginal na Coreia do Sul.[21][22] A estudiosa feminista Ju Hui Judy Han da UCLA argumentou que "A grande maioria das feministas sul-coreanas o rejeita" e que "O 4B não é verdadeiramente representativo na política feminista coreana".[21]
Transfobia, homofobia e racismo no movimento
[editar | editar código-fonte]O feminismo radical como um todo na Coreia do Sul sempre teve uma presença notável transfóbica, racista e homofóbica, com disputas internas sobre a aceitabilidade de tais crenças.[9][23][24][25] O movimento 4B foi particularmente popular e se associou publicamente ao site sul-coreano womad, que é considerado misândrico, homofóbico, racista, transfóbico e associado à crimes como pedofilia e abuso de menores. O site foi fundado porque o site principal de feminismo virtual sul coreano, o Megalia, decidiu proibir calúnias e ataques homofóbicos, transfóbicos e racistas.[26][27][28]
Os membros do womad constantemente defendiam a vingança contra os homens e abusos contra crianças do sexo masculino. O site esteve sobre escrutínio nacional em 2017 após uma participante ter drogado e abusado um menino australiano e ter postado no site fotos e vídeos do acontecimento[29][27] os membros do womad mostraram apoio à criminosa e fizeram uma campanha de fundos virtuais para pagar um advogado para a pedófila, que foi apanhada e presa na Australia[30][29]. As mulheres que se tornavam mães eram vítimas de cyberbulling no site e chamadas de "Conformistas da sociedade patriarcal", muitas participantes da womad comparavam mulheres casadas à escravas e agiam com indiferença à violência doméstica sofridas pelas mesmas. [31]
Uma ativista trans sul coreana afirmou que "A maioria das mulheres sul coreanas não são transfóbicas, mas as ativistas do 4B definitivamente são"[32] Várias das participantes do movimento 4B teriam defendido o uso de scanners de identidade para verificar o sexo antes de entrar em banheiros públicos e por mais segregação sexual em protestos.[21]Comunidades envolvidas no movimento 4B teriam pedido que os membros tirassem fotos para que outros pudessem verificar seu sexo biológico; um desses grupos pediu vídeos dos pomos de adão das pessoas.[33]
Várias feministas, ativistas lesbicas e queer e trans sul-coreanas teriam expressado preocupação de que o interesse internacional de 2024 no movimento 4B pudesse levar a um aumento da retórica anti-trans e à um ressurgimento do já insignificante movimento 4B na Coreia do Sul.[34]
Referências
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