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Metralhadora

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Metralhadora

Metralhadora FN MAG com tripé

Tipo
Arma automática
selective fire firearm (d)
weapon functional class (d)

Metralhadora é uma arma de fogo automática[1] projetada para disparar tiros sucessivos rapidamente a partir de um cinto de munição, que são vários cartuchos presos entre si, ou de um carregador. Geralmente, a taxa de tiros por minuto de uma metralhadora comum é de várias centenas. Seu funcionamento é, em alguns pontos, similar ao de um revólver.[2][3] É considerada uma das mais importantes tecnologias do século XX, tendo sido fundamental durante a primeira e segunda Guerra Mundial.[2]

As metralhadoras geralmente são classificadas em três categorias: metralhadoras propriamente ditas, submetralhadoras e canhões automáticos. Uma metralhadora tem a característica de ser até certo ponto portátil, usada preferencialmente com o auxílio de um bipé ou outro suporte aplicável e ser leve e pequena, podendo ser usada sem apoios, tal como um rifle. Geralmente, metralhadoras são usadas em guerras ou ações policiais de grande porte. Submetralhadoras são projetadas para serem mais leves e portáteis que as metralhadoras. Elas são armas de mão e têm curto alcance, geralmente usadas para defesa pessoal. A diferença entre metralhadoras e canhões automáticos baseia-se no seu calibre: metralhadoras com calibre superior a 16 mm são consideradas canhões automáticos.[4]

Pela lei que regula a produção e porte de armas nos Estados Unidos, uma metralhadora é um termo técnico usado para armas de fogo totalmente automáticas e também para componentes que modifiquem uma arma de fogo existente ao tornarem o seu funcionamento similar ao de uma arma automática.[5]

Soldados britânicos usando uma metralhadora Vickers durante a Primeira Guerra Mundial.
Browning M1918 "BAR" (operado a gás).
Browning M2 calibre 12,7 x 99 mm NATO, uma metralhadora criada por John Browning.
Uma IMI Negev (acima) e duas FN MAG (abaixo).

A partir da década de 1870, surgiu uma competição internacional para a criação de uma arma simples, barata, confiável e que disparasse mais de um tiro de rifle por vez, de forma automática.

O engenheiro estadunidense Richard Jordan Gatling criou uma arma coerente com todos os quesitos da competição, e que posteriormente levou o seu nome, a metralhadora Sistema Gatling (veja abaixo). A gatling possuía seis canos, cada um com uma agulha de percussão e que giravam em torno de um eixo comum, acionadas manualmente por uma manivela.

As balas, situadas em um recipiente acima dos canos, caíam nestes; ao chegar ao topo do giro, os percussores detonavam a bala. Na parte de baixo da estrutura, havia uma abertura, por onde os estojos usados caíam.

A metralhadora de Gatling alcançava uma taxa de disparo de até 200 tiros por minuto. Mas, apesar de ter feito muito sucesso, ela não era uma arma realmente automática, pois o atirador ainda precisava girar manualmente o conjunto. As gatlings até foram usadas em umas poucas ações do século XIX (como a Guerra da Secessão), mas ficaram obsoletas antes do fim daquele século devido a uma outra invenção: a metralhadora Maxim.

A metralhadora que satisfez aos requisitos iniciais foi inventada no início da década de 1890 por Sir Hiram Maxim. Esta possuía apenas um cano, mas era bem mais eficiente. A bala, ao ser detonada, liberava energia tanto para frente (empurrando o projétil) quanto para trás (o coice). A metralhadora de Maxim usava esse coice para extrair o estojo usado, reengatilhar o percussor, capturar um cartucho fresco e posicioná-lo para o disparo. Tudo isso acontecia ininterruptamente, até que acontecessem duas coisas: (1) o estoque de cartuchos frescos acabasse ou (2) o gatilho fosse solto, o que prendia o percussor e não o deixava se projetar em direção ao cartucho.

Com uma cadência de tiro de 450 a 600 tiros por minuto, as metralhadoras estilo Maxim mudaram o futuro das guerras.

A primeira demonstração do poder das metralhadoras veio em meados da década de 1890, no Sudão, na época, uma colônia do império Britânico. Durante uma rebelião dos colonos, alguns poucos soldados ingleses abateram, com metralhadoras, 15 mil sudaneses, estes armados com lanças e mosquetes.

Entretanto, a maior prova do poderio das metralhadoras viria entre os anos de 1914 e 1918, na Primeira Guerra Mundial. A guerra foi marcada por ações lentas, por combates quase que exclusivamente entre trincheiras. Metralhadoras eram postas, camufladas, em posições estratégicas, na defesa das trincheiras. Isso gerou um longo e sangrento impasse, que terminou com 10 milhões de mortos e 40 milhões de feridos.

Além disso, na guerra, a metralhadora se casou com três outras armas: o avião, o tanque de guerra e a pistola.

Os aviões da Primeira Guerra sempre tiveram metralhadoras, mas quase sempre, ela era colocada sobre a asa superior ou apontando para a ré. Posteriormente, o holandês Fokker criou um mecanismo sincronizador, que sincronizava o passo das hélices com a cadência da metralhadora, impedindo que as balas acertassem a hélice ao invés de acertarem o alvo.

O tanque, inventado pelos britânicos em 1918 recebeu algumas metralhadoras, e se tornou uma trincheira móvel, capaz de dar apoio terrestre às tropas que avançavam e ainda com a capacidade de destruir outras trincheiras. Os tanques posteriormente foram acrescidos de um canhão em sua torre principal. Os tanques com canhões foram chamados de "Male" (macho), e os que só possuíam metralhadoras foram chamados de "Female" (fêmea), sendo que as "fêmeas" quase sempre iam à frente dos "machos" para protegê-los.

A fusão da metralhadora com a pistola resultou na submetralhadora (ou metralhadora de mão), inventada pelos alemães. A submetralhadora fundia a capacidade de fogo da metralhadora com a leveza e a mobilidade da pistola, dando aos soldados uma vantagem imensurável sobre o inimigo. Entretanto, as submetralhadoras tiveram um uso bastante inexpressivo durante a Primeira Guerra. Sua popularidade apenas chegou ao ápice na Segunda Guerra Mundial.

A Segunda Guerra Mundial viu combates muito mais dinâmicos que aqueles da Primeira Guerra. E os exércitos agora precisavam de metralhadoras que acompanhassem esse dinamismo. Os EUA tinham uma metralhadora tipo SAW (Squad Automatic Weapon) desde a Primeira Guerra, o poderoso Browning M1918, metralhadora esta que podia ser disparada até sem estar apoiada. Os alemães desenvolveram um as Maschinengewehr, cujo maior expoente é a famosa MG34. A MG 34 podia ser disparada de um bipé (para dar mais mobilidade), de um tripé (para dar um terreno mais firme) ou até à mão, em casos extremos. E ainda podia alternar de rajada automática para rajadas semiautomáticas.

As metralhadoras de defesa eram mais pesadas. Os EUA tinham a Browning M1919, de 7,62 mm, e a Browning M2, de 12,7mm. Esta última usada quase que apenas contra aviões. Os alemães desenvolveram a MG42, inicialmente projetada para substituir a MG 34, acabou complementando-a, e serviu como metralhadora de defesa.

Durante a Segunda Guerra, a metralhadora também foi fundida com outras duas armas: com o canhão e com o rifle (ver adiante).

Aviões leves e médios foram equipados com canhões automáticos, além das metralhadoras. Em geral, os canhões voadores tinham calibre de 20mm, mas havia exceções, como no P-39 Airacobra, que usava um canhão de 37mm, e no Hawker Hurricane, que era equipado com canhões de 40mm, para missões de ataque ao solo e caça a tanques.

Os canhões metralhadores também podiam ser usados fixos no chão, para abater aeronaves indesejáveis. Ainda assim, havia limitações para os canhões automáticos. Alguns aviões, como o Douglas C-47 Dakota, não podiam ser derrubados com balas de 20mm. Apenas projéteis acima de 70mm conseguiam derrubá-los, e então, os canhões de culatra móvel continuaram servindo como armas antiaéreas.

Desde então, a metralhadora tem passado por vários aperfeiçoamentos, mas sempre mantendo o mesmo princípio de funcionamento. Os EUA criaram as poderosas metralhadoras Colt M60. A Bélgica criou a famosa FN M249 , que está em ação até hoje. As metralhadoras russas, como a RPK-74 e a DP-1948 continuam em ação em grupos isolados, que as preferem devido ao seu baixo preço e alta confiabilidade.

Hoje as metralhadoras são parte vital dos arsenais de qualquer exército, e talvez demore muito tempo para se encontrar um armamento que possa finalmente tornar obsoleto o conceito da metralhadora.

Fuzil de assalto

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Ver artigo principal: Fuzil de assalto
Fuzil de assalto Colt M16A2 (a gás).

Em fins de 1944, os alemães apareceram no campo de batalha com uma surpresa: o casamento entre o fuzil e a metralhadora, o assim chamado fuzil de assalto, sendo a primeira arma deste tipo a Sturmgewehr 44, do qual derivaram os principais fuzis de assalto da atualidade, incluído o fuzil soviético Ak-47 e o estadunidense M16.

Submetralhadora (Pistola-Metralhadora)

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Ver artigo principal: Submetralhadora
Lmg-Pist 41/44 (Suíça).
Lmg ("Leichtes Maschinengewehr Pistole").

Em 1915 surgiu a italiana Villar Perosa M15, um novo tipo de arma automática usada na Primeira Guerra Mundial e que na década de 1920 se difundiu nos arsenais do mundo: a metralhadora de mão, pistola-metralhadora ou submetralhadora.

Os alemães criaram as revolucionárias Maschinenpistole, as primeiras armas de fogo produzidas em escala com uso de plástico nas laterais e elementos mecânicos feitos em aço estampado, muito mais barato e rápido para produzir do que aço forjado e usinado, sem perda de qualidade funcional ou durabilidade, tornando-se um novo padrão industrial para armas. A mais conhecida e cinematográfica é a MP-40, apelidada pelos soldados da FEB de "Lurdinha", irreverente referência ao matraquear feminino, e vulgarmente conhecida como Schmeisser, indevidamente atribuida a Hugo Schmeisser mas projetada por Heinrich Vollmer. Os EUA também desenvolveram a submachine gun (submetralhadora) Thompson. Criada para a polícia e não para o exército, os gângsteres da época logo se interessaram por ela. A Thompson ficou imortalizada ao lado de figuras como Al Capone. Recebeu o apelido de "Tommy Gun".

As submetralhadoras são usadas tanto pelos exércitos como pela polícia. Essas pistolas automáticas dão extrema mobilidade aos soldados que avançam, sem que eles percam poder de fogo, já que as submetralhadoras podem ser usadas onde a metralhadora não tem mobilidade.

O funcionamento

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Ver artigo principal: Ação (arma de fogo)

Atualmente, existem quatro modos de operação utilizados por diferentes metralhadoras. Eles são: operação por recuo, operação por reação, operação a gás e canos giratórios (gatling).

Operação por recuo

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Esquema de operação por recuo longo.
Esquema de operação por recuo longo.

Na operação por recuo, tanto o cano como o percussor se movem quando do disparo da bala. A queima do propelente, ao empurrar a bala para frente, também empurra a arma para trás. Isso é o coice da arma. Esse coice, nas armas por recuo, faz o cano e o percussor recuarem um pouco, o que desencadeia uma série de ações: (1)- o cartucho usado é expulso. (2)- um cartucho fresco é retirado do pente (ou fita). (3)- o percussor se posiciona para um novo disparo. (4)- o cartucho é posicionado na entrada do cano.

A operação descrita acima só pára quando o gatilho é solto ou quando a munição acaba. A operação demora de 0,8 a 0,06 segundos para acontecer.

Operação por reação

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Esquema de funcionamento de operação por reação (com rolamentos travantes).
Esquema de funcionamento de operação por reação (com rolamentos travantes).

É bastante semelhante à ação por recuo, com a diferença de que, na reação, o cano fica fixo o tempo todo, e que apenas o percussor se move.

Operação a gás

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Esquema do funcionamento do M16.

Atualmente, é a mais usada das operações. Seu funcionamento é muito semelhante ao da operação por recuo, com a diferença de que é o gás gerado pelo próprio cartucho que reengatilha a arma.

Quando a munição é disparada, ela é seguida por gases extremamente quentes e pressurizados. Esse gás encontra um pequeno cano que sai do cano principal. O cano menor leva a um pistão, o qual está ligado ao percussor.

O gás, ao encontrar o êmbolo desse pistão, o empurra para trás, empurrando o percussor junto. Ao recuar, o percussor - e a arma inteira - se preparam para o próximo disparo.

Quando disparado,a mola volta para trás novamente enquanto o pistão empurra a agulha para estourar o estopim.

Operação por canos rotativos (Gatling)

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Ver artigo principal: Gatling (metralhadora)
M134 Minigun.

É um modo de funcionamento totalmente diferente dos três primeiros. Cada cano possui um percussor, ligado a uma mola e a um invólucro. Quando o cano sobe, uma espiral metálica empurra o invólucro para frente (mas sem empurrar o percussor), o que tensiona a mola. A bala, então, é presa pelo invólucro quando este passa pelo ponto de extração. Quando o cano atinge o ápice do giro, a espiral acaba, e o percussor se projeta para frente. Isso dispara a bala. O cano continua girando, e quando este passa pela abertura que há na parte mais baixa da estrutura, o estojo usado cai, deixando o cano livre para receber outra bala.

Quando as metralhadoras estilo Maxim surgiram, as Gatling se tornaram obsoletas, pois estas ainda precisavam de alguém para girar o conjunto. Entretanto, após o término da Segunda Guerra, a manivela do projeto original foi substituída por um motor elétrico. As gatling alcançaram, então, cadências de mais de 4.000 tiros por minuto. Com isso, elas ganharam uma nova importância, e passaram a ser montadas tanto em aviões e helicópteros como em tanques e jipes.

Posteriores aperfeiçoamentos alcançaram cadências de 6.000 tiros por minuto. Algumas gatling podem dar até 10.000 tiros por minuto. Uma das mais famosas gatling é o canhão metralhador M61 Vulcan, uma metralhadora gatling de seis canos, com calibre de 20mm, e que é a arma padrão dos caças estadunidenses.

As gatling são preferidas em aviões por um motivo simples: Devido às grandes velocidades desenvolvidas em combates aéreos hoje, tem-se a necessidade de uma arma rápida e poderosa o suficiente para derrubar um avião durante um encontro, por mais breve que este seja. Uma Vulcan pode disparar de 80 a 100 tiros por segundo, o que já é suficiente para abater qualquer caça. Essas armas são também eficientes em ataques ao solo. Graças à alta cadência da gatling, o piloto precisa ficar menos tempo apontando para o solo, tornando os ataques mais rápidos e seguros.

Mas as gatling têm seus problemas. O primeiro é a grande quantidade de munição de que uma arma assim precisa para operar. Como um caça não pode transportar muita munição de rifle, sua metralhadora se torna capaz de atirar somente durante alguns segundos, antes de parar completamente. Além disso, como uma gatling precisa estar com seus canos girando a velocidade máxima antes de disparar, o atirador precisa esperar para que os canos alcancem sua velocidade máxima antes de cuspir os projéteis. Em média, esse tempo é de 0,4 segundo, tempo este que pode decidir os rumos de uma batalha.

Referências

  1. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. «Metralhadora». Consultado em 3 de março de 2012 
  2. a b HARRIS, Tom. «Como funcionam as metralhadoras». HowStuffWorks Brasil. Consultado em 9 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 6 de janeiro de 2015 
  3. BADÔ, Fernando. «Como funciona uma metralhadora». Mundo Estranho. Consultado em 9 de fevereiro de 2012 
  4. Marchant-Smith, C.J., & Haslam, P.R., Small Arms & Cannons, Brassey's Battlefield Weapons Systems & Technology, Volume V, Brassey's Publishers, London, 1982, p.169
  5. In United States law, a Machine Gun is defined (in part) by The National Firearms Act of 1934, 26 U.S.C. § 5845(b) [1] as "... any weapon which shoots ... automatically more than one shot, without manual reloading, by a single function of the trigger."