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Manto de gelo da Gronelândia

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Mapa de Gronelândia mostrando a variação da espessura do manto de gelo. GISP refere-se ao sítio principal do Greenland Ice Sheet Project, onde se obteve um testemunho de gelo a 3 000 m de profundidade.

O manto de gelo da Gronelândia é uma vasta massa de gelo que cobre aproximadamente 80% da superfície da Gronelândia. É a segunda maior massa de gelo do mundo, a seguir ao manto de gelo da Antárctida. O manto de gelo mede quase 2 400 km segundo a direcção norte-sul e na sua zona mais larga à latitude 77º N tem 1 100 km de extensão. A altitude média do gelo é 2 135 m.[1] O manto de gelo cobre 1,71 milhões de km², ou aproximadamente 80% da superfície total da Gronelândia. A espessura do gelo é geralmente superior a 2 km (ver imagem), ultrapassando os 3 km no seu ponto de maior espessura.

Não é a única massa de gelo da Gronelândia - glaciares isolados e pequenas calotas cobrem entre 76 000 a 100 000 km² ao longo da sua periferia. Alguns cientistas acreditam que o aquecimento global pode estar a obrigar este manto de gelo a ultrapassar o limiar a partir do qual a sua totalidade derreterá em algumas poucas centenas de anos.[2][3] Se a totalidade dos 2,85 milhões de km³ de gelo derretessem, ocorreria uma subida do nível do mar de 7.2 m.[4] Esta subida provocaria a inundação de muitas das cidades costeiras do mundo e removeria várias pequenas ilhas-nação da face da Terra, pois alguns destes estados (como Tuvalu e Maldivas) têm altitudes máximas abaixo ou ligeiramente acima daquele valor.

O gelo mais antigo no actual manto tem uma idade próxima de 110 000 anos.[5] Porém, é geralmente aceite que o manto de gelo da Gronelândia ter-se-á formado no final do Plioceno ou no início do Pleistoceno por coalescência de vários glaciares e calotas mais pequenos. Não se desenvolveu de todo até final do Plioceno, mas aparentemente teve um desenvolvimento muito rápido com a primeira glaciação continental.

O peso desta enorme massa de gelo é tal que a área central da Gronelândia é constituída por uma depressão; a superfície do substrato rochoso encontra-se quase ao nível do mar sobre grande parte do interior da Gronelândia, enquanto que na sua orla existem montanhas que confinam o manto de gelo. A superfície gelada atinge a sua maior altitude em duas cristas com orientação norte-sul. A que se encontra mais a sul atinge quase os 3 000 m entre as latitudes 63º - 65º N; a crista mais a norte atinge cerca de 3 290 m próximo da latitude 72º N. Ambas cristas situam-se ligeiramente para leste da linha que passa pelo centro da Gronelândia. O manto de gelo não atinge a linha de costa de forma significativa, razão pela qual não ocorrem grandes plataformas de gelo. A orla do manto apenas atinge o mar numa zona de topografia irregular na área da Baía Melville, a sudeste de Thule. Grandes glaciares de descarga, que não são mais que línguas delimitadas do manto de gelo, movem-se através dos vales que existem na periferia da Gronelândia até atingirem o mar onde numerosos icebergues se desprendem deles. (alguns dos quais frequentemente cruzam as linhas de navegação comercial do Atlântico Norte). O mais conhecido destes glaciares de descarga é o Jakobshavn Isbræ, que no seu término move-se a velocidades entre os 20 a 22 metros por dia.

No manto de gelo, as temperaturas são de um modo geral substancialmente mais baixas que no restante da Gronelândia. As mais baixas temperaturas médias anuais, aproximadamente -31 °C ocorrem na zona centro-norte da crista norte; na crista sul este valor é cerca de -20 °C.

Foto da NASA que mostra um degelo de 97% dos gelos da Gronelândia num espaço de 4 dias.

Em julho de 2012, a NASA anunciou que observações da rede de satélites detectaram um aumento anormal dos derretimentos superficiais no manto de gelo [6]. Durante os meses de verão, é normal que ocorra degelo superficial em cerca de 40% da superfície do manto, mas a análise combinada de dados de satélite permitiram concluir que a superfície onde se verificava degelo superficial aumentou de 40 para cerca de 97% em cerca de 4 dias, mantendo-se a ocorrência de degelo superficial em 97% da superfície durante outros 4 dias [7]. A descoberta foi obtida após analisar os dados do Oceansat-2, tendo sido confirmado um aumento da temperatura atmosférica com dados do MODIS e SSMIS. De acordo com os cientistas, a ocorrência de mais fenómenos do género pode provocar o degelo completo, tendo como resultado final a subida do nível das águas no planeta e um aumento drástico de temperatura no Árctico[8].

Referências

  1. Encyclopaedia Britannica. 1999 Multimedia edition.
  2. Irvalı, Nil; Galaasen, Eirik V.; Ninnemann, Ulysses S.; Rosenthal, Yair; Born, Andreas; Kleiven, Helga (Kikki) F. (18 de dezembro de 2019). «A low climate threshold for south Greenland Ice Sheet demise during the Late Pleistocene». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês). ISSN 0027-8424. doi:10.1073/pnas.1911902116 
  3. «Greenland ice loss is at 'worse-case scenario' levels, study finds». UCI News (em inglês). 19 de dezembro de 2019. Consultado em 4 de janeiro de 2020 
  4. Climate Change 2001: The Scientific Basis. Contribution of Working Group I to the Third Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) [Houghton, J.T.,Y. Ding, D.J. Griggs, M. Noguer, P.J. van der Linden, X. Dai, K. Maskell, and C.A. Johnson (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA, 881pp. [1],[2] Arquivado em 10 de fevereiro de 2006, no Wayback Machine., and [3].
  5. National Report to IUGG, Rev. Geophys. Vol. 33 Suppl., American Geophysical Union, 1995 [4].
  6. «Satellites see Unprecedented Greenland Ice Sheet Melt». NASA. Consultado em 25 de julho de 2012 
  7. «Satélites registram degelo incomum na superfície da Groenlândia». DW 
  8. «Greenland ice sheet melted at unprecedented rate during July». The Guardian. Consultado em 25 de julho de 2012 
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