Cisticercose
Cisticercose | |
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Especialidade | Infectologia |
Sintomas | caroços com 1–2 cm sob a pele[1] |
Complicações | Neurocisticercoses[2] |
Duração | Longa[3] |
Causas | Ingestão dos ovos da tênia (transmissão oral fecal)[1] |
Método de diagnóstico | Aspiração de um cisto[2] |
Prevenção | Melhoria sanitária, tratamento contra teníase[1] |
Tratamento | Nenhum, medicamentos[2] |
Medicação | Praziquantel, albendazol, corticosteróide, niclosamida (fora dos EUA)[1] |
Frequência | 1.9 milhões[4] |
Mortes | 400[5] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | B69.9, B69, B69.1, B69.8, B69.0 |
CID-9 | 123.1 |
CID-11 | 1324863907 |
DiseasesDB | 3341 |
MedlinePlus | 000627 |
eMedicine | 781845, 215589, 997096 |
MeSH | D003551 |
Leia o aviso médico |
A cisticercose é uma infecção do tecido causada pela forma jovem da tênia de carne de porco.[6][1] Indivíduos contaminados podem ter poucos ou nenhum sintoma durante anos.[3][2] Em alguns casos, particularmente na Ásia, pedaços sólidos entre um e dois centímetros podem desenvolver-se sob a pele.[1] Depois de meses ou anos, esses nódulos podem se tornar dolorosos e inchados e, em seguida, sumirem.[3] Uma forma específica chamada neurocisticercose, que afeta o cérebro, pode causar sintomas neurológicos. Em países em desenvolvimento esta é uma das causas mais comuns de convulsões.[2]
Geralmente, a cisticercose é adquirida pela ingestão de alimentos ou água contaminada por ovos de tênia de fezes humanas. Entre os alimentos, vegetais crus são a principal fonte.[1] Os ovos de tênia estão presentes nas fezes de uma pessoa infectada com os vermes adultos, uma condição conhecida como teníase.[7] A teníase, em sentido estrito, é uma doença provocada devido a ingestão de cistos em carne de porco mal cozida.[1] As pessoas que vivem com alguém contaminado têm um maior risco de contrair a cisticercose.[7] O diagnóstico pode ser feito por aspiração de um cisto. Tirar fotografias do cérebro com tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) são mais úteis para o diagnóstico de doenças no cérebro. Um aumento do número de um tipo de células brancas do sangue, chamadas eosinófilos, no líquido cefalorraquidiano e no sangue também é um indicador.[2]
A infecção pode ser prevenida com eficácia pela higiene pessoal e saneamento: isto inclui cozinhar bem a carne de porco, banheiros adequados e práticas sanitárias, melhoria do acesso à água limpa. O tratamento da teníase é importante para evitar o contágio.[1] O tratamento da doença quando não envolve o sistema nervoso pode não ser necessário.[2] O tratamento das pessoas com neurocisticercose pode ser com os medicamentos praziquantel ou albendazol. Estes podem ser requeridos por longos períodos de tempo. Esteróides, para anti-inflamação durante o tratamento, e medicamentos anticonvulsivos também podem ser necessários. A cirurgia, por vezes, é feita para eliminar os cistos.[1]
A tênia de carne de porco é particularmente comum na Ásia, África Subsaariana e América latina.[2] Em algumas áreas, acredita-se que até 25% das pessoas são afetadas.[2] Nos países desenvolvidos é muito rara.[8] Em todo o mundo, em 2015, causou cerca de 400 mortes.[5] A cisticercose também afeta porcos e vacas, mas raramente causa sintomas pois a maioria não vive o suficiente.[1] A doença ocorreu em seres humanos ao longo da história.[8] É uma das doenças tropicais negligenciadas.[9]
Sinais e sintomas
[editar | editar código-fonte]Músculos
[editar | editar código-fonte]Os cisticercos podem se desenvolver em qualquer músculo voluntário. A invasão do músculo pode causar inflamação do músculo, com febre, eosinofilia e aumento do tamanho, que inicia com inchaço muscular e depois progride para atrofia e cicatrização. Na maioria dos casos, é assintomático, pois os cisticercos morrem e tornam-se calcificações.[10]
Sistema nervoso
[editar | editar código-fonte]O termo neurocisticercose é geralmente aceito para se referir a cistos no parênquima do cérebro. Apresenta-se com convulsões e, menos comumente, dores de cabeça.[11] Os cisticercos no parênquima cerebral geralmente têm de 5 a 20 mm de diâmetro. No espaço subaracnóideo e nas fissuras, as lesões podem ter até 6 cm de diâmetro e serem lobuladas. Eles podem ser numerosos e potencialmente fatais.[12]
Cistos localizados dentro dos ventrículos do cérebro podem bloquear a saída de líquido cefalorraquidiano e apresentar sintomas de aumento da pressão intracraniana.[13]
A neurocisticercose racemosa refere-se a cistos no espaço subaracnóideo. Estes podem ocasionalmente crescer em grandes massas lobuladas, causando pressão nas estruturas circundantes.[14]
A neurocisticercose da medula espinhal apresenta mais comumente sintomas como dor nas costas e radiculopatia.[15]
Olhos
[editar | editar código-fonte]Em alguns casos, os cisticercos podem ser encontrados no globo ocular, músculos extraoculares e sob a conjuntiva (subconjuntiva). Dependendo da localização, podem causar dificuldades visuais que variam com a posição dos olhos, edema retiniano, hemorragia, diminuição da visão ou mesmo perda visual.[10]
Pele
[editar | editar código-fonte]Os cistos subcutâneos apresentam-se na forma de nódulos firmes e móveis, ocorrendo principalmente no tronco e nas extremidades.[16] Os nódulos subcutâneos às vezes são dolorosos.[17][1][18]
Causa
[editar | editar código-fonte]A causa da cisticercose humana são os ovos da Taenia solium que são transmitidos por via oral-fecal. Os ovos vão para o intestino onde se desenvolvem em larvas. As larvas entram na corrente sanguínea e invadem os tecidos do hospedeiro, onde se desenvolvem em larvas chamadas cisticercos. A larva do cisticerco completa o desenvolvimento em cerca de 2 meses. É semitransparente, branco opalescente, de forma oval alongada e pode atingir um comprimento de 0,6 a 1,8cm.[10]
Epidemiologia
[editar | editar código-fonte]Regiões
[editar | editar código-fonte]A Taenia solium é encontrada em todo o mundo, mas é mais comum onde a carne de porco faz parte da dieta da população. A cisticercose é comum onde os humanos vivem em contato próximo com porcos. Portanto, altas prevalências são relatadas no México, América Latina, África Ocidental, Rússia, Índia, Paquistão, Nordeste da China e Sudeste Asiático.[19] Na Europa, é comum entre o povo eslavo.[20] No entanto, análises epidemiológicas na Europa Ocidental e Oriental mostram que ainda existem lacunas consideráveis em nossa compreensão da doença também nessas regiões.[21][22]
Brasil
[editar | editar código-fonte]Estima-se que no Brasil cerca de 140 mil pessoas sejam afetadas por essa doença, é possível que o número de pessoas afetadas seja ainda maior.[23]
No Brasil, a neurocisticercose é encontrada com elevada frequência nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás, a prevalência populacional, contudo, não é conhecida pela ausência de notificação da doença.[24]
Segundo estudo apresentado no 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, de 2015 a 2017, o Brasil registrou 254 óbitos pela doença, mas estima-se que os casos são subnotificados; endêmica na região Sudeste, a baixa ocorrência da doença em algumas áreas do Brasil, como por exemplo Norte e Nordeste, pode ser explicada pela falta de notificação ou porque o tratamento é realizado em grandes centros, como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, o que dificulta a identificação da procedência do local da infecção.[25]
Em 2008, foi publicado um estudo na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz que examinou a mortalidade relacionada à cisticercose, o médico Augusto Hasiak Santo, da Universidade de São Paulo (USP), identificou 1.570 mortes relacionadas à doença no Estado de São Paulo entre 1985 e 2004. Em 72% dessas mortes, a cisticercose foi a causa básica do óbito, e em 28% foi uma causa associada. Durante o período estudado, o pesquisador constatou uma queda significativa na mortalidade por cisticercose como causa básica. No entanto, a mesma diminuição não foi observada na taxa de mortes em que a infecção foi identificada como causa associada.[26]
Em muitas regiões brasileiras, principalmente rurais e no interior, a exemplo do Pantanal, é comum comer carne de roedores como capivara, cutia, preá e até mesmo jacaré, em 2017, um estudo realizado pela UFAC (Universidade Federal do Acre) com 550 entrevistados constatou que 78% deles já haviam consumido ou consumiam carne de animais selvagens, sendo a paca e o tatu as espécies mais procuradas, de acordo com a pesquisa, os proprietários de boxes em mercados (91%) e restaurantes locais (85%) demonstraram interesse em comercializar carnes exóticas legalizadas, e essas "iguarias" foram consideradas aceitáveis por 100% dos entrevistados, o consumo dessas carnes, de animais que não foram criados, abatidos e processados legalmente, é responsável pela transmissão de zoonoses.[27]
Referências
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