Bigato
Bigato (em latim: bigatus; pl. bigati), na numismática romana, é um tipo de denário no qual está estampado no reverso uma biga, uma carroça de dois cavalos. Começou a aparecer na primeira década do século II a.C. como uma alternativa para o vitoriano, e muitos numismatas acreditam que não foi utilizada antes de 190 a.C..[1] Um denário com uma carroça de quatro cavalos (quadriga) já havia sido utilizada por algum tempo (quadrigato) e foi nomeado pelo ícone de sua carroça e também descreveu os Dióscuros.[2]
O primeiro bigato descreveu Luna em sua carroça de dois cavalos. Continuou em uso junto com o quadrigato dos Dióscuros até 170 a.C., quando o denário foi temporariamente suprimido. Foi revivido em torno de 157 a.C. com o título Dióscuros e um novo bigato descrevendo Vitória em sua biga, provavelmente para celebrar o domínio de Roma após a Batalha de Pidna.[3] Tácito e Plutarco menciona uma estátua da Vitória numa biga.[4][5]
A data quando o bigato começou a ser emitido é complicada pelo uso incerto da palavra bigati pelo historiador augustano Tito Lívio. Ao escrever sobre os eventos de 216 a.C., antes dos bigatos terem entrado em circulação, Lívio usa a palavra para se referi às moedas de prata tomada como espólio na Gália Cisalpina ou Hispânia, e então exibidas em triunfo entre 197 e 190 a.C..[6] Bigatos pode ser utilizado vagamente para denários, e não o tipo específico.[7] Também foi conjecturado que bigato tornou-se uma gíria para denários num sentido mais amplo de "com dois cavalos", que pode também aplicar-se à imagem dos Dióscuros (Castor de Pólux) como cavaleiros.[8] Nenhuma destas explicação foi universalmente aceita.[1]
Em sua etnografia Germânia, Tácito (56-117) nota que enquanto muitos dos povos germânicos em seu tempo ainda dependiam do escambo, aqueles que viviam nas margens do Império Romano começaram a comerciar e cunhar moedas, mas confiavam apenas no valor das "velhas e bem conhecidas" moedas como os bigatos e serratos, a último sendo aquelas com bordas serradas.[9] Uma vez que moedas galvanizadas começaram a circular durante o tempo de Júlio César e depois, eles tinham razão para serem cautelosos; contudo, outros moedas mais antigas deviam também devem ter atenuado as preocupações deles, e as razões para sua preferência são incertas, especialmente pois bigatos galvanizados existiram.[10]
Referências
- ↑ a b Rodewald 1976, p. 142.
- ↑ Plínio, o Velho século I, 33.46.
- ↑ Crawford 1974, p. 720–721.
- ↑ Tácito século II, 1.86.
- ↑ Plutarco século I, 4.
- ↑ Tito Lívio século I, 23.15.5..
- ↑ Crawford 1974, p. 630.
- ↑ Hart 1996, p. 394, nota 34; 475.
- ↑ Tácito século II, 5.
- ↑ Rodewald 1976, p. 31, 100 (nota 217), 142–143.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Crawford, Michael H. (1974). Roman Republican Coinage. Cambridge: Cambridge University Press
- Hart, Kenneth W. (1996). Coinage in the Roman Economy, 300 B.C. to A.D. 700. Baltimore, Marilândia: Johns Hopkins University Press
- Plínio, o Velho (século I). História Natural. [S.l.: s.n.]
- Plutarco (século I). Vida de Otão. [S.l.: s.n.]
- Rodewald, Cosmo (1976). Money in the Age of Tiberius. Manchester: Manchester University Press
- Tácito (século I). Histórias. [S.l.: s.n.]
- Tito Lívio (século I). Ab Urbe condita libri. [S.l.: s.n.]