Saltar para o conteúdo

Jaguaré (distrito de São Paulo): diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 9: Linha 9:


|area = 6,6
|area = 6,6
|populacao = ([[Lista dos distritos de São Paulo por população|83°]]) 41.628
|populacao = ([[Lista dos distritos de São Paulo por população|81°]]) 55.382
|ano = 2010
|ano = 2022
|densidade = 63,07
|densidade = 63,07
|renda = 1 487,11
|renda = 1 487,11
Linha 26: Linha 26:


== História ==
== História ==
[[Ficheiro:Jaguaré - Projeto.JPG|thumb|left|[[Urbanismo|Projeto urbanístico]] de Henrique Dumont Villares para o Jaguaré.]]
[[Ficheiro:Jaguaré - Projeto.JPG|thumb|left|[[Urbanismo|Projeto urbanístico]] de Henrique Dumont Villares para o Jaguaré]]
[[ficheiro:Jaguaré - Vista do centro industrial.JPG|thumb|left|Vista do Centro Industrial Jaguaré]]
[[ficheiro:Jaguaré - Vista do centro industrial.JPG|thumb|left|Vista do Centro Industrial Jaguaré]]
O Jaguaré foi uma das muitas áreas rurais situadas além dos rios [[Rio Tietê|Tietê]] e [[Rio Pinheiros|Pinheiros]] cuja ocupação e exploração só se iniciou após o expressivo crescimento do [[parque industrial]] paulistano e da [[explosão demográfica]] a que o município assistiu a partir das primeiras décadas do [[século XX]]. Por volta de 1925, alguns [[Imigração no Brasil|imigrantes]] [[Europa|europeus]] encontram-se instalados nos arredores do futuro distrito, ocupado por [[fazenda]]s, [[sítio]]s e [[chácara]]s. A região que compreende o Jaguaré propriamente dito era uma grande fazenda de 165 [[alqueire]]s, pertencente à [[Companhia Suburbana Paulista]], empresa responsável pelo [[loteamento]] de terras, fundada por [[Ramos de Azevedo]]. O nome "Jaguaré" deve-se ao [[ribeira|ribeirão]] homônimo, que nascia em [[Osasco]] e cortava a região até desembocar no rio Pinheiros. Existem três hipóteses para o significado de "Jaguaré"ː
O Jaguaré foi uma das muitas áreas rurais situadas além dos rios [[Rio Tietê|Tietê]] e [[Rio Pinheiros|Pinheiros]] cuja ocupação e exploração só se iniciou após o expressivo crescimento do [[parque industrial]] paulistano e da [[explosão demográfica]] a que o município assistiu a partir das primeiras décadas do [[século XX]]. Por volta de 1925, alguns [[Imigração no Brasil|imigrantes]] [[Europa|europeus]] encontram-se instalados nos arredores do futuro distrito, ocupado por [[fazenda]]s, [[sítio]]s e [[chácara]]s. A região que compreende o Jaguaré propriamente dito era uma grande fazenda de 165 [[alqueire]]s, pertencente à Companhia Suburbana Paulista, empresa responsável pelo [[loteamento]] de terras, fundada por [[Ramos de Azevedo]]. O nome "Jaguaré" deve-se ao [[ribeira|ribeirão]] homônimo, que nascia em [[Osasco]] e cortava a região até desembocar no rio Pinheiros. Existem três hipóteses para o significado de "Jaguaré"ː
*teria sua origem no [[Língua tupi|tupi]] e significaria "lugar onde existem [[Onça-pintada|onças]]", em referência aos felinos (em [[Língua tupi|tupi]], "''jaguar''", ou "''jaguaretê''") que habitavam as matas dessa região;
*teria sua origem no [[Língua tupi|tupi]] e significaria "lugar onde existem [[Onça-pintada|onças]]", em referência aos felinos (em [[Língua tupi|tupi]], "''jaguar''", ou "''jaguaretê''") que habitavam as matas dessa região;
*teria sua origem no [[Língua tupi|tupi antigo]] ''îagûarema'', que significa "[[cão]] fedorento" (''îagûara'', cão e ''rema'', fedorento);<ref name="NAVARRO, E. A. 2013. p. 579">NAVARRO, E. A. ''[[Dicionário de Tupi Antigo|Dicionário de Tupi Antigoː a Língua Indígena Clássica do Brasil]]. São Paulo. Global. 2013. p. 579.</ref>
*teria sua origem no [[Língua tupi|tupi antigo]] ''îagûarema'', que significa "[[cão]] fedorento" (''îagûara'', cão e ''rema'', fedorento);<ref name="NAVARRO, E. A. 2013. p. 579">NAVARRO, E. A. ''[[Dicionário de Tupi Antigo|Dicionário de Tupi Antigoː a Língua Indígena Clássica do Brasil]]. São Paulo. Global. 2013. p. 579.</ref>
*designaria uma espécie de animal.<ref name="NAVARRO, E. A. 2013. p. 579"/><ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 980.</ref>
*designaria uma espécie de animal.<ref name="NAVARRO, E. A. 2013. p. 579"/><ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 980.</ref>
[[Ficheiro:Jaguaré - Torre do Relógio (Mirante).JPG|thumb|right|Torre do relógio do Jaguaré]]
[[Ficheiro:Jaguaré - Torre do Relógio (Mirante).JPG|thumb|right|Torre do relógio do Jaguaré]]
Em 1935, a fazenda é adquirida pela Sociedade Imobiliária do Jaguaré, empresa criada por [[Henrique Dumont Villares]], [[engenheiro agrônomo]] formado na [[Bélgica]], [[Parentesco|sobrinho]] e [[afilhado]] de [[Santos Dumont]]. Henrique Dumont Villares idealizou um projeto de [[urbanização]] para a região, dividindo-a em áreas residenciais, comerciais e industriais. As ruas foram desenhadas de modo que o [[comércio|centro comercial]] fosse rodeado por [[residência]]s e estas pelas [[indústria]]s. Foram construídas 42 [[praça]]s e diversas casas para os funcionários da empresa. No ponto mais alto do Jaguaré, ergueu-se um [[mirante]] dotado de uma [[torre]] com [[relógio]] e [[sino]], cuja função era servir de [[símbolo]] ao novo bairro. [[Canal]]izou-se o ribeirão Jaguaré e executou-se o traçado do sistema viário.
Em 1935, a fazenda é adquirida pela Sociedade Imobiliária do Jaguaré, empresa criada por Henrique Dumont Villares, [[engenheiro agrônomo]] formado na [[Bélgica]], [[Parentesco|sobrinho]] e [[afilhado]] de [[Santos Dumont]]. Henrique Dumont Villares idealizou um projeto de [[urbanização]] para a região, dividindo-a em áreas residenciais, comerciais e industriais. As ruas foram desenhadas de modo que o [[comércio|centro comercial]] fosse rodeado por [[residência]]s e estas pelas [[indústria]]s. Foram construídas 42 [[praça]]s e diversas casas para os funcionários da empresa. No ponto mais alto do Jaguaré, ergueu-se um [[Mirante do Jaguaré|mirante]] dotado de uma [[torre]] com [[relógio]] e [[sino]], cuja função era servir de [[símbolo]] ao novo bairro. [[Canal]]izou-se o ribeirão Jaguaré e executou-se o traçado do sistema viário.
[[Ficheiro:Igreja de São José do Jaguaré 1.JPG|thumb|left|Igreja de São José do Jaguaré]]
[[Ficheiro:Igreja de São José do Jaguaré 1.JPG|thumb|left|Igreja de São José do Jaguaré]]
Desde a fase de implementação do projeto, no entanto, o [[rio Pinheiros]] já constituía uma barreira natural que limitava a circulação das pessoas e atrapalhava o plano de instalar um centro industrial na região. Em 1940, para sanar o problema, Henrique Dumont Villares doou, à prefeitura, a quantia de 700 [[réis]] a serem aplicados na construção da [[ponte do Jaguaré]], ligando o distrito à também incipiente região de [[Vila Leopoldina]] e, em seguida, à [[Lapa (distrito de São Paulo)|Lapa]]. O [[Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo|Grupo Matarazzo]] foi o primeiro a instalar uma [[fábrica]] na região. Com a conclusão da [[ponte]], na [[década de 1940]], outras dezenas de indústrias se instalariam no Jaguaré, incentivando o estabelecimento de funcionários e comerciantes e iniciando um período de grande crescimento econômico e demográfico. Em meados do [[século XX]], o bairro já era considerado um dos mais industrializados do município, com mais de 125 fábricas e indústrias de pequeno, médio e grande porte.
Desde a fase de implementação do projeto, no entanto, o [[rio Pinheiros]] já constituía uma barreira natural que limitava a circulação das pessoas e atrapalhava o plano de instalar um centro industrial na região. Em 1940, para sanar o problema, Henrique Dumont Villares doou, à prefeitura, a quantia de 700 [[réis]] a serem aplicados na construção da [[ponte do Jaguaré]], ligando o distrito à também incipiente região de [[Vila Leopoldina]] e, em seguida, à [[Lapa (distrito de São Paulo)|Lapa]]. O [[Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo|Grupo Matarazzo]] foi o primeiro a instalar uma [[fábrica]] na região. Com a conclusão da [[ponte]], na [[década de 1940]], outras dezenas de indústrias se instalariam no Jaguaré, incentivando o estabelecimento de funcionários e comerciantes e iniciando um período de grande crescimento econômico e demográfico. Em meados do [[século XX]], o bairro já era considerado um dos mais industrializados do município, com mais de 125 fábricas e indústrias de pequeno, médio e grande porte.
[[Ficheiro:Jaguaré - Casa no Alto do Jaguaré.JPG|thumb|left|180px|Antiga subestação de energia no alto do Jaguaré]]
[[Ficheiro:Jaguaré - Casa no Alto do Jaguaré.JPG|thumb|left|180px|Antiga subestação de energia no alto do Jaguaré]]
Em 1945, um grupo de [[missionário]]s [[Canadá|canadenses]] fundou a [[Igreja de São José do Jaguaré]], a primeira do bairro, e, em 1947, em parceria com os [[padre]]s da [[Congregação de Santa Cruz]], Henrique Dumont fundou o [[Externato Jaguaré]], primeiro colégio da congregação no país, em meados de 1975 passou a ser a Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Henrique Dumont Villares, com 8 salas e 3 turnos (Manhã, Tarde e Noite), tornando-se a primeira escola estadual do bairro. Henrique Dumont também doou à prefeitura uma área de aproximadamente 150 mil [[metro quadrado|metros quadrados]] para que, nela, fosse implantada uma área de lazer. O espaço, no entanto, nunca foi aproveitado, e passou a ser invadido a partir das [[década de 1960|décadas de 1960]] e [[década de 1970|1970]], com a intensificação da [[Migração no Brasil|migração para São Paulo]]. Hoje, a área constitui a favela [[Vila Nova Jaguaré]]. Com 12 mil habitantes, é considerada a maior da localidade em área contínua (sem ruas pavimentadas).
Em 1945, um grupo de [[missionário]]s [[Canadá|canadenses]] fundou a Igreja de São José do Jaguaré, a primeira do bairro, e, em 1947, em parceria com os [[padre]]s da [[Congregação de Santa Cruz]], Henrique Dumont fundou o Externato Jaguaré, primeiro colégio da congregação no país, em meados de 1975 passou a ser a Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Henrique Dumont Villares, com 8 salas e 3 turnos (Manhã, Tarde e Noite), tornando-se a primeira escola estadual do bairro. Henrique Dumont também doou à prefeitura uma área de aproximadamente 150 mil [[metro quadrado|metros quadrados]] para que, nela, fosse implantada uma área de lazer. O espaço, no entanto, nunca foi aproveitado, e passou a ser invadido a partir das [[década de 1960|décadas de 1960]] e [[década de 1970|1970]], com a intensificação da [[Migração no Brasil|migração para São Paulo]]. Hoje, a área constitui a favela Vila Nova Jaguaré. Com 12 mil habitantes, é considerada a maior da localidade em área contínua (sem ruas pavimentadas).


Nas décadas seguintes, prosseguiu a expansão da região e novos bairros foram incorporados ao distrito, como [[Parque Continental (bairro de São Paulo)|Parque Continental]] (na divisa com Osasco), [[Vila Graziela]], [[Vila Lageado]] e [[Conjunto Butantã]]. O longo [[História econômica do Brasil#Recessão e crise monetária (1973-1990)|período de recessão econômica]] iniciado nos [[década de 1970|anos 1970]] e agravado nos [[década de 1980|anos 1980]], no entanto, afetou, profundamente, o distrito, com a saída e fechamento de várias empresas. Apesar disso, o Jaguaré se mantém como importante centro industrial: no ano 2000, o distrito registrava a presença de 156 indústrias, que, juntas, respondiam por mais de 8 500 empregos diretos - mais do que o comércio (3 149) e o setor de [[Serviço (economia)|serviços]] (6 126). Sem embargo, vem crescendo a participação do [[setor terciário]] na economia do distrito: em 1975, foi inaugurado o [[Shopping Continental]], o primeiro [[centro comercial]] da região, e grandes empreendimentos imobiliários têm influenciado a [[Verticalização (urbanismo)|verticalização]] em alguns bairros do Jaguaré, onde, em geral, predominam as casas térreas e [[Sobrado (arquitetura)|sobrados]].
Nas décadas seguintes, prosseguiu a expansão da região e novos bairros foram incorporados ao distrito, como [[Parque Continental (bairro de São Paulo)|Parque Continental]] (na divisa com Osasco), Vila Graziela, [[Vila Lageado]] e Conjunto Butantã. O longo [[História econômica do Brasil#Recessão e crise monetária (1973-1990)|período de recessão econômica]] iniciado nos [[década de 1970|anos 1970]] e agravado nos [[década de 1980|anos 1980]], no entanto, afetou, profundamente, o distrito, com a saída e fechamento de várias empresas. Apesar disso, o Jaguaré se mantém como importante centro industrial: no ano 2000, o distrito registrava a presença de 156 indústrias, que, juntas, respondiam por mais de 8 500 empregos diretos - mais do que o comércio (3 149) e o setor de [[Serviço (economia)|serviços]] (6 126). Sem embargo, vem crescendo a participação do [[setor terciário]] na economia do distrito: em 1975, foi inaugurado o Shopping Continental, o primeiro [[centro comercial]] da região, e grandes empreendimentos imobiliários têm influenciado a [[Verticalização (urbanismo)|verticalização]] em alguns bairros do Jaguaré, onde, em geral, predominam as casas térreas e [[Sobrado (arquitetura)|sobrados]].


[[Imagem:Centro Industrial Jaguaré - 1, Acervo do Museu Paulista da USP (cropped).jpg|thumb|centro|400px|Planta do Centro Industrial do Jaguaré]]
[[Imagem:Centro Industrial Jaguaré - 1, Acervo do Museu Paulista da USP (cropped).jpg|thumb|centro|400px|Planta do Centro Industrial do Jaguaré]]

== Demografia ==

<div class="center">
;Evolução demográfica do distrito do Jaguaré<ref>{{citar web |url=https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/urbanismo/infocidade/htmls/7_populacao_recenseada_1950_10491.html |titulo= População recenseada - Município de São Paulo, Subprefeituras e Distritos Municipais: 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010|acessodata=19 de novembro de 2024|publicado=Prefeitura de São Paulo}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html?edicao=39499&t=resultados|titulo=Censo 2022 {{!}} IBGE|acessodata=19 de novembro de 2024|publicado=IBGE|formato=Em "Arquivos vetoriais (com atributos dos resultados de população e domicílios)", acesse "Malha de Distritos preliminares – por Unidade da Federação" (shp) e faça o download}}</ref>
<timeline>

Colors=
id:lightgrey value:gray(0.9)
id:darkgrey value:gray(0.7)
id:sfondo value:rgb(1,1,1)
id:barra value:rgb(0.5,0.5,0.7)

ImageSize = width:350px height:250px
PlotArea = left:20 bottom:13 top:20 right:20
DateFormat = x.y
Period = from:0 till:65000
TimeAxis = orientation:vertical
AlignBars = justify
ScaleMajor = gridcolor:darkgrey increment:1000000 start:0
ScaleMinor = gridcolor:lightgrey increment:200000 start:0
BackgroundColors = canvas:sfondo

BarData=

bar:1950 text:1950
bar:1960 text:1960
bar:1970 text:1970
bar:1980 text:1980
bar:1991 text:1991
bar:2000 text:2000
bar:2010 text:2010
bar:2022 text:2022

PlotData=
color:barra width:19 align:left

bar:1950 from:0 till: 3590
bar:1960 from:0 till: 8634
bar:1970 from:0 till: 22080
bar:1980 from:0 till: 39867
bar:1991 from:0 till: 44361
bar:2000 from:0 till: 42479
bar:2010 from:0 till: 49863
bar:2022 from:0 till: 55382

PlotData=

bar:1950 at: 3590 fontsize:S text: 3.590 shift:(-10,5)
bar:1960 at: 8634 fontsize:S text: 8.634 shift:(-10,5)
bar:1970 at: 22080 fontsize:S text: 22.080 shift:(-10,5)
bar:1980 at: 39867 fontsize:S text: 39.867 shift:(-10,5)
bar:1991 at: 44361 fontsize:S text: 44.361 shift:(-10,5)
bar:2000 at: 42479 fontsize:S text: 42.479 shift:(-10,5)
bar:2010 at: 49863 fontsize:S text: 49.863 shift:(-10,5)
bar:2022 at: 55382 fontsize:S text: 55.382 shift:(-10,5)

TextData=
fontsize:S pos:(20,20)
text:
</timeline>
</div>

== Distritos e municípios limítrofes ==

* [[Osasco]] (Oeste e Norte)
* [[Vila Leopoldina]] e [[Alto de Pinheiros]] (Leste)
* [[Butantã]] (Sudeste)
* [[Rio Pequeno (distrito de São Paulo)|Rio Pequeno]] (Sul)


== Ver também ==
== Ver também ==

Revisão das 20h38min de 19 de novembro de 2024

 Nota: Se procura o bairro de mesmo nome, veja Jaguaré (bairro).
Jaguaré
Jaguaré (distrito de São Paulo)
Ficheiro:JaguareVillaLobos.JPG
Área 6,6 km²
População (81°) 55.382 hab. (2022)
Densidade 63,07 hab/ha
Renda média R$ 1 487,11
IDH 0,849 - elevado (51°)
Subprefeitura Lapa
Região Administrativa Oeste
Área Geográfica 8 (Oeste)
Distritos de São Paulo

Jaguaré é um distrito situado na zona oeste do município de São Paulo e é administrado pela Prefeitura Regional da Lapa, possui uma área de aproximadamente 6,6 km²[1] e uma população de 42,4 mil habitantes, relativamente heterogênea e de classe média em sua maioria. Limita-se com os distritos paulistanos de Vila Leopoldina, Alto de Pinheiros, Butantã e Rio Pequeno, e com a zona centro-sul do município de Osasco.

O distrito de Jaguaré é constituído pelos bairros: Centro Industrial do Jaguaré, Super Quadra Jaguaré, Vila Nova Jaguaré, Parque Continental, Vila Graziela, Vila Jaguaré e Vila Lageado. Localizam-se no distrito o Mirante do Jaguaré, que é tombado pelo poder público municipal, e o Museu da Tecnologia de São Paulo, próximo à Cidade Universitária.

O distrito do Jaguaré foi projetado e construído pelo engenheiro Henrique Dumont Villares em 1935. Dono da Sociedade Imobiliária Jaguaré, Villares dividiu a região em áreas residenciais, comerciais e industriais, e incentivou sua ocupação, consolidada após a construção da ponte do Jaguaré, sobre o rio Pinheiros.[2] Nas décadas seguintes, atraiu centenas de fábricas, tornando-se um dos distritos mais industrializados do município. O lento crescimento econômico registrado na década de 1980 afetou profundamente o distrito, que perdeu grande parte de suas empresas. Conserva-se até hoje, no entanto, como importante centro industrial, ao mesmo tempo em que assiste ao crescimento do terceiro setor.[3] Nos últimos anos, registram-se investimentos no setor imobiliário, que começam a incentivar a verticalização das áreas residenciais, ainda predominantemente compostas por casas térreas e sobrados.[1]

História

Projeto urbanístico de Henrique Dumont Villares para o Jaguaré
Vista do Centro Industrial Jaguaré

O Jaguaré foi uma das muitas áreas rurais situadas além dos rios Tietê e Pinheiros cuja ocupação e exploração só se iniciou após o expressivo crescimento do parque industrial paulistano e da explosão demográfica a que o município assistiu a partir das primeiras décadas do século XX. Por volta de 1925, alguns imigrantes europeus encontram-se instalados nos arredores do futuro distrito, ocupado por fazendas, sítios e chácaras. A região que compreende o Jaguaré propriamente dito era uma grande fazenda de 165 alqueires, pertencente à Companhia Suburbana Paulista, empresa responsável pelo loteamento de terras, fundada por Ramos de Azevedo. O nome "Jaguaré" deve-se ao ribeirão homônimo, que nascia em Osasco e cortava a região até desembocar no rio Pinheiros. Existem três hipóteses para o significado de "Jaguaré"ː

  • teria sua origem no tupi e significaria "lugar onde existem onças", em referência aos felinos (em tupi, "jaguar", ou "jaguaretê") que habitavam as matas dessa região;
  • teria sua origem no tupi antigo îagûarema, que significa "cão fedorento" (îagûara, cão e rema, fedorento);[4]
  • designaria uma espécie de animal.[4][5]
Torre do relógio do Jaguaré

Em 1935, a fazenda é adquirida pela Sociedade Imobiliária do Jaguaré, empresa criada por Henrique Dumont Villares, engenheiro agrônomo formado na Bélgica, sobrinho e afilhado de Santos Dumont. Henrique Dumont Villares idealizou um projeto de urbanização para a região, dividindo-a em áreas residenciais, comerciais e industriais. As ruas foram desenhadas de modo que o centro comercial fosse rodeado por residências e estas pelas indústrias. Foram construídas 42 praças e diversas casas para os funcionários da empresa. No ponto mais alto do Jaguaré, ergueu-se um mirante dotado de uma torre com relógio e sino, cuja função era servir de símbolo ao novo bairro. Canalizou-se o ribeirão Jaguaré e executou-se o traçado do sistema viário.

Igreja de São José do Jaguaré

Desde a fase de implementação do projeto, no entanto, o rio Pinheiros já constituía uma barreira natural que limitava a circulação das pessoas e atrapalhava o plano de instalar um centro industrial na região. Em 1940, para sanar o problema, Henrique Dumont Villares doou, à prefeitura, a quantia de 700 réis a serem aplicados na construção da ponte do Jaguaré, ligando o distrito à também incipiente região de Vila Leopoldina e, em seguida, à Lapa. O Grupo Matarazzo foi o primeiro a instalar uma fábrica na região. Com a conclusão da ponte, na década de 1940, outras dezenas de indústrias se instalariam no Jaguaré, incentivando o estabelecimento de funcionários e comerciantes e iniciando um período de grande crescimento econômico e demográfico. Em meados do século XX, o bairro já era considerado um dos mais industrializados do município, com mais de 125 fábricas e indústrias de pequeno, médio e grande porte.

Antiga subestação de energia no alto do Jaguaré

Em 1945, um grupo de missionários canadenses fundou a Igreja de São José do Jaguaré, a primeira do bairro, e, em 1947, em parceria com os padres da Congregação de Santa Cruz, Henrique Dumont fundou o Externato Jaguaré, primeiro colégio da congregação no país, em meados de 1975 passou a ser a Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Henrique Dumont Villares, com 8 salas e 3 turnos (Manhã, Tarde e Noite), tornando-se a primeira escola estadual do bairro. Henrique Dumont também doou à prefeitura uma área de aproximadamente 150 mil metros quadrados para que, nela, fosse implantada uma área de lazer. O espaço, no entanto, nunca foi aproveitado, e passou a ser invadido a partir das décadas de 1960 e 1970, com a intensificação da migração para São Paulo. Hoje, a área constitui a favela Vila Nova Jaguaré. Com 12 mil habitantes, é considerada a maior da localidade em área contínua (sem ruas pavimentadas).

Nas décadas seguintes, prosseguiu a expansão da região e novos bairros foram incorporados ao distrito, como Parque Continental (na divisa com Osasco), Vila Graziela, Vila Lageado e Conjunto Butantã. O longo período de recessão econômica iniciado nos anos 1970 e agravado nos anos 1980, no entanto, afetou, profundamente, o distrito, com a saída e fechamento de várias empresas. Apesar disso, o Jaguaré se mantém como importante centro industrial: no ano 2000, o distrito registrava a presença de 156 indústrias, que, juntas, respondiam por mais de 8 500 empregos diretos - mais do que o comércio (3 149) e o setor de serviços (6 126). Sem embargo, vem crescendo a participação do setor terciário na economia do distrito: em 1975, foi inaugurado o Shopping Continental, o primeiro centro comercial da região, e grandes empreendimentos imobiliários têm influenciado a verticalização em alguns bairros do Jaguaré, onde, em geral, predominam as casas térreas e sobrados.

Planta do Centro Industrial do Jaguaré

Demografia

Evolução demográfica do distrito do Jaguaré[6][7]

Distritos e municípios limítrofes

Ver também

Referências

  1. a b Zanin, Ivanilson. «Um breve passeio pelos idos do bairro do Jaguaré». Jaguaré Fácil. Consultado em 10 de novembro de 2008 [ligação inativa]
  2. Ponciano, 2001, pp. 107-108.
  3. Departamento do Patrimônio Histórico. «Lapa: onde os moradores ainda se reúnem para bordar e tecer suas histórias». Prefeitura de São Paulo. Consultado em 10 de novembro de 2008. Arquivado do original em 10 de outubro de 2007 
  4. a b NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigoː a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 579.
  5. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 980.
  6. «População recenseada - Município de São Paulo, Subprefeituras e Distritos Municipais: 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010». Prefeitura de São Paulo. Consultado em 19 de novembro de 2024 
  7. «Censo 2022 | IBGE» (Em "Arquivos vetoriais (com atributos dos resultados de população e domicílios)", acesse "Malha de Distritos preliminares – por Unidade da Federação" (shp) e faça o download). IBGE. Consultado em 19 de novembro de 2024 

Bibliografia

  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 85-7359-223-0 

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Jaguaré (distrito de São Paulo)