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A língua portuguesa, por muitos, é considerada uma das línguas mais difíceis de ser aprendida. A língua portuguesa originou-se do latim vulgar falado no noroeste da Península Ibérica. Na Idade Média, ela se transformou numa única língua, junto com o galego. Hoje, ela é conhecida nos meios científicos como galaico-português. No reinado de D. Dinís a língua portuguesa, então designada como língua comum, tornou-se oficial a língua oficial em todos os documentos régios, em detrimento do latim. A língua portuguesa, tal como o francês, tem uma herança céltica, visivelmente pronunciada usando vogais nasais.
O Português está classificado na seguinte hierarquia de famílias:
Atualmente, ela é falada em todos os continentes, sendo oficial em Portugal, Brasil, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Timor-Leste e em Macau - hoje uma região autônoma chinesa. Existem comunidades falantes de português em todo o Mundo - em territórios que pertenceram a Portugal, como, por exemplo, Goa, Damão, Diu (Índia) e Malaca (Malásia) - e comunidades emigrantes do Brasil, Portugal, Cabo Verde, Angola e Moçambique que se estabeleceram em outros países. A língua portuguesa tem duas variantes: o português europeu e o português brasileiro. No futuro espera-se que o português falado em Angola e em Timor-Leste sejam promovidos a novas variantes do português. Atualmente, o Brasil, pela sua influência econômica, desenvolve um esforço notável na promoção da língua portuguesa.
"Fala, para que eu te escute", diz Sócrates.
Assim enaltecemos claramente o porquê do estudo gramatical, a intrínseca relação do homem e a comunicação. O conhecimento da própria língua não se inclui na categoria de saberes inúteis, o saber independente de utilidade prática. Lembremos que a língua não é morta, parada no tempo; a sociedade está em constante produção desta identidade cultural: a língua portuguesa.
Aqui estão constatados os 205 módulos do wikilivro "Português" por ordem alfabética. Uma lista semelhante pode ser vista na categoria de páginas do wikilivro.
Este wikilivro foi feito por vários editores ao longo de vários anos, e você pode nos ajudar a fazer deste trabalho, livre e gratuito, cada vez melhor. Em caso de dúvidas, contacte-nos. Para melhor entendimento do conteúdo deste wikilivro, você pode, se quiser, primeiramente, ler o wikilivro Introdução à língua portuguesa.
Sobre a edição
Os escritores deste livro são a maioria brasileiros (das regiões sul e sudeste), e, por isso, é inevitável que o português predominante seja do Brasil, ora visto, com maior frequência, que o de outros países de fala portuguesa, o que inclui a léxica implícita nas próprias explicações.
Para maiores detalhes, veja na wikipédia os artigos sobre o português brasileiro, europeu e angolano. Tenha uma boa leitura!
Os fonemas (do grego phōnē) são as menores unidades sonoras de nossa fala. São sons elementares que, combinados e articulados (falados), geram sílabas, vocábulos e frases. Quando citamos a palavra Brasil, por exemplo, estamos a emitir duas sílabas (Bra-sil) e seis fonemas. Note que numa sílaba pode haver um ou mais fonemas.
Existem aproximadamente 33 fonemas no sistema fonológico do Português brasileiro.
Os fonemas podem ser representados de forma escrita, fazendo-se uso de sinais gráficos (signos), os quais chamamos letras. O conjunto das letras usadas para se escrever chama-se alfabeto (etimologia vinda das letras gregas alfa + beta), ou abecedário — havendo ainda a designação abecê, mais informal.
Observações: Não confunda fonema com letra; o fonema é o som, a letra é a representação do som.
O Alfabeto Fonético Internacional (AFI) é um alfabeto composto por diversos símbolos (alofones), cada um representando um fonema(som) diferente, usado para todas as línguas e dialetos. Apesar da norma culta portuguesa admitir apenas 33 fonemas, podemos encontrar outros fonemas dependendo da região. Os sistemas de transição escrita à fonética pela pronúncia mais conhecidos são AFI e X-SAMPA, estes possuem algumas diferenças de símbolos. Veja como a palavra português é falada em algumas regiões, utilizando o AFI:
O par mínimo ocorre quando em uma palavra podemos trocar um fonema por outro, formando uma palavra de semântica(significado) diferente, sendo, algumas vezes, estas palavras parónimas/parônimas - no caso de o significado não mudar, provavelmente será uma diferenciação de sotaques, estas possuirão relação de tonicidade (veja Tonema e Cronema). O par mínimo pode ser formado por tonemas e cronemas. Exemplo:
São os fonemas vocálicos átonos que sempre se unem a uma vogal para formar uma sílaba, com ou sem consoante. As semi-vogais podem ser chamadas de semi-consoantes e de consoantes aproximadas, por terem características de vogais quanto ao som, mas características de consoantes quanto a posição dos órgãos da faringe e da língua.
As vogais podem ser classificadas de acordo com a abertura da boca:
Fechadas: i, u
Semi-fechadas: ê, ô
Semi-abertas: é, ó
Abertas: á
Podem existir vogais em aberturas na faixa de transição (Quase fechada, Média e Quase aberta), é o caso de â, que é geralmente quase aberta no Brasil, e entre média e semi-aberta em Portugal.
O arredondamento labial altera pouco o som nas vogais fechadas. Na língua portuguesa quase não são vistos, mas em línguas como o francês podemos observar facilmente:
Vogais arredondadas: geralmente as vogais posteriores
Vogais não-arredondadas: geralmente as vogais anteriores
Na língua portuguesa, /a ~ ɐ/ costuma ter apenas /ɐ̃ ~ ɜ̃ ~ ə̃/ como equivalente nasal, embora raras vezes, como na pronúncia padrão de a antena, pode-se haver uma vogal aberta nasalizada.
As vogais, dentro de uma palavra maior, podem ser tônicas, pronunciadas de maneira mais forte, átonas, pronunciadas de maneira fraca, e subtônicas (também chamadas tônicas secundárias), tônicas mais fracas que a tônica principal.
Tônicas: Tupi, luz.
Tônicas secundárias ou subtônicas: cafezinho, somente.
As vogais podem ser longas ou curtas, dependendo do tempo que elas são pronunciadas em relação à maioria das vogais. Curiosamente, o português não marca de forma alguma o comprimento vocálico em suas palavras (pois a maioria absoluta das vogais são curtas), mas é comum que sejam percebidas vogais longas em algumas palavras, mas apenas em alguns dialetos.
Curtas: comi, ando.
Longas: sorris, funis, à (em alguns dialetos, apenas)
A diferença da tensão é definida como ATR (Advanced tongue root). As vogais podem ser classificadas em:
Relaxadas: os músculos estão relaxados.
Tensas: os músculos estão firmes, há a expansão da faringe (movendo a base da língua para frente), diminuição e abaixamento da laringe, fazendo o ar centralizar.
Não existe tal diferença na língua portuguesa, pois todas as vogais na voz melódica são relaxadas.
Aqui está a tabela das vogais conforme o alfabeto fonético internacional:
Anterior
Quase Anterior
Central
Quase Posterior
Posterior
Fechada
i - y
ɨ - ʉ
u - ɯ
e - ø
ɘ - ɵ
ə
o - ɤ
ɛ - œ
ʌ - ɔ
ɜ - ɞ
ɐ
æ
a - ɶ
ɑ - ɒ
ʊ
ɪ - ʏ
Quase fechada
Semifechada
Média
Semiaberta
Quase aberta
Aberta
Cada símbolo, representa um som. Observe algumas palavras em português em que alguns deles são utilizados (nos de Portugal foram usadas representações fonéticas de Lisboa e nos do Brasil, a maioria da cidade de São Paulo):
Vogal
Portugal
Brasil
Palavra
i
/ˈdi.ɐ/
/ˈdʑi.ɐ/
dia
u
/ˈbu.su.ɫə/
/ˈbu.sʊ.lɐ/
bússola
ɪ
/fɪˈɫi.pɪ/
Felipe
e
/ˈteɾ/
/ˈteɾ/
ter
ə
/mə̃dəˈɾi.ə/
/mə̃daˈɾi.ɐ/
mandaria
ɛ
/ˈɛ/
/ˈɛ/
é
ɔ
/ˈfɔ.ɾə/
/ˈfɔ.ɾɐ/
fora (verbo)
ɐ
/kə̃ˈsɐ̃w/
/kɐ̃ˈsɐ̃w/
canção
a
/va/
/va/
vá
Observações: As outras vogais são restritamente utilizadas em certas regiões e/ou em poucas palavras da língua portuguesa. Algumas nem são ditas nesta.
As consoantes (do latim consonante que é igual a soante + com) são sons da fala produzidos através do impedimento da passagem de ar. Em comparação com as vogais, há grande diferença quanto a continuidade da frequência do sinal sonoro.
Consoantes egressivas - São as consoantes que têm seu início nos pulmões (o ar vai da laringe para a traqueia, veja imagem abaixo). Na passagem pelos órgãos o som é modelado, conforme o ponto de articulação.
Consoantes não-egressivas - São as consoantes que não têm como seu início os pulmões (cliques e implosivas).
As consoantes cujo modo de articulação possuem, são classificadas em:
Consoantes oclusivas - Consoantes formadas pela interrupção completa da passagem do ar através do contato do articulador ativo contra o articulador passivo em determinado ponto de articulação. Exemplos: [p b t d k g]
Consoantes nasais - Consoantes formadas pelo impedimento total do ar na cavidade oral, simultaneamente à abertura do véu palatino, fazendo com que o ar entre na cavidade nasal e saia pelas narinas. Exemplos [m n ɲ]
Consoantes fricativas - Consoantes formadas quando o ar passa por um canal estreito formado pelo impedimento semi-completo da cavidade oral, de modo a causar estridência audível. Exemplos: [s z ʃ ʒ]
Consoantes aproximantes - Consoantes formadas pela aproximação do articulador ativo ao articulador passivo sem que haja contato ou estreitamento do canal de passagem do ar. Também chamadas de semivogais ou ainda de semiconsoantes. Apesar do som assemelhar-se ao de uma vogal, são consoantes por possuírem modo e ponto de articulação. Exemplos [w j]
Consoantes vibrantes - Consoantes formadas à mesma maneira das oclusivas, diferenciando-se destas pelo fato de o articulador ativo fazer múltiplos contatos acelerados contra o articulador passivo. Exemplos [r]
Consoantes laterais - Consoantes formadas pelo bloqueio do ponto de articulação pela parte frontal da língua, sem oclusão lateral, de modo que o ar escapa pelas laterais da cavidade oral.
Além de as consoantes serem classificadas por articulação, também são pelo ponto de articulação:
Labiais
Consoantes bilabiais - Consoantes formadas pelo impedimento do ar pelos lábios — b, m, p Consoantes labiodentais - Consoantes formadas pelo impedimento do ar pelos lábios quando estes não estão totalmente fechados — f, v Consoantes dentolabiais -
Bidentais
Consoantes bidentais-
Coronais
Consoantes linguolabiais - Consoantes interdentais' - Consoantes dentais - Consoantes formadas pelo impedimento da língua quando esta entre os dentes — d, n, t Consoantes dentoalveolares- Consoantes alveolares - Consoantes formadas pelo impedimento do ar pela língua quando esta em contato com os alvéolos dentais (parte atrás da gengiva, abaixo dos dentes) — l, r (fraco), s, z Consoantes palatoalveolares - Consoantes formadas pelo impedimento do ar pela língua quando esta em contato com a região entre os alvéolos e o palato duro
Dorsais
Consoantes palatais - Consoantes formadas pelo impedimento do ar pela língua quando esta em contato com o palato duro (próximo aos lábios) — d (às vezes e sempre antes de i), g (fraco, com som de j), j, t (às vezes e sempre antes de i); dígrafos ch, lh, nh Consoantes velares - Consoantes formadas pelo impedimento do ar pela língua quando a parte traseira em contato com o palato mole (próximo à cavidade oral) — c (com som de k), g (forte, sem som de j), k Consoantes uvulares - Consoantes formadas pelo impedimento do ar pela vibração da úvula — r (forte); dígrafo rr
Cliques - São consoantes onde a vibração do ar é apenas encontrada na boca, o ar não passa pelos pulmões e nem pela laringe. São formadas pela retirada rápida dos lábios, tendo uma parte fechada e outra entre-aberta, ou da língua do céu da boca quando esta e os demais músculos estão tensos.
Consoante africada - As consoantes africadas são consoantes cujas são formadas pela junção de uma consoante oclusiva e de uma fricativa, articuladas na mesmo ponto.
A tensão é classificada de acordo com o tônus muscular na emissão consonantal, semelhante à tensão das vogais.
Consoante fortis - É a consoante com o mais tônus muscular, a que mais tem aspiração, podendo ser pré ou pós consoante. Não produz som. O alofone é definido pelo h, antes ou depois deste (exemplo: /ht/ → pré; /th/ → pós)
Consantes tenuis - Caracteriza a consoante oclusiva, por não apresentar nem aspiração e nem voz.
Consoante lenis - É a consoante com menor tônus muscular e caracteriza a voz melódica (isto é, a voz comum), por consequência, não possui aspiração.
Pode haver consoantes entre estas tensões, sendo que a aspiração é proporcionalmente inversa à voz. Em português apenas existem as consoantes lenis.
Observações:
Obviamente, não é possível empregar consoantes fortis seguidamente na mesma silaba (pois há uma pausa - a aspiração).
Sabido que duas consoantes fortis formam duas sílabas, a primeira perde a aspiração nas línguas indo-europeias (Lei de Grassmann).
A fonação consiste no estudo das vozes. Na formação das consoantes e das vogais, cada uma das quais possui uma zona de articulação, alguns órgãos podem-se alterar para possibilitar a produção do som.
Na fonação surda, o ar passa pelas pregas vocais sem que estas consigam vibrar e produzir um som, de vogal ou consoante. Já no murmúrio a glote fica levemente fechada, fazendo o ar ficar um pouco mais tempo na laringe, fazendo com que as pregas vocais possam vibrar um pouco. Na voz baixa o ar fica um pouco mais tempo que o murmúrio, logo haverá mais vibrações nas pregas vocálicas. Na voz melódica (que é a voz comum), a glote fecha-se e abre-se por um tempo, conforme a imagem ao lado. Já na voz firme, a glote fica muito tempo fechada, fazendo haver demasiadas vibrações. Quando a glote fica muito tempo totalmente fechada, as vibrações feitas no ar se dissipam e fazendo o som não sair.
O tamanho das pregas vocais influencia nas vibrações. Quanto maior as pregas, mais vibrações serão produzidas. Acontece que na puberdade este tamanho é bastante alterado, logo, não estaremos acostumados a deixar a glote menos tempo fechada (já que são produzidas mais vibrações), então a voz acaba de ser melódica e passa a ser firme.
A laringoscopia, que trata de tais articulações, ainda está sendo estudada, mas sabe-se que quando algumas destas são combinadas, podem surgir os seguintes resultados na voz, na formação geralmente das vogais:
Estudos laringoscópios
Resultado
Voz oca
Movimento laríngeo (em expansão)
Formação das vogais tensas e consoantes fortis
Voz áspera
Estreitamento faríngeo e cobrimento glotal
Aproximação da voz quando se carrega algo muito pesado
Tonema é um fonema cuja entonação, isto é, seu tom, pode ser alterado sem alterar a semântica ou sintaxe frasal. O tom é alterado de acordo com regiões geográficas: um dos fatores que constroem um sotaque. Decorrente de vogais próximas a ele, este fenômeno é chamado metafonia (que consiste num tonema):
Cronema é o fonema que tem uma duração maior que os outros fonemas. Em várias línguas, a exemplo da italiana, ele é formado pela duplicação de suas letras: o fonema permanece imutável, diferente do tempo de sua pronúncia.
Como o nome já sugere, encontros vocálicos são o ajuntamento de duas ou mais vogais numa palavra. Ou, mais especificamente, o encontro de uma vogal com uma semi-vogal (e vice-versa). Existem três tipos:
O dígrafo é o encontro de duas letras em uma mesma palavra representando um único fonema, as letras podem estar na mesma sílaba como em sílabas diferentes.
Os dígrafos que representam consoantes são, e exemplos:
ch → chapéu; chuva
lh → galho; palha
nh → lasanha; companhia
rr → carro; amarrar
ss → massa; cassar
gu → gueto; guitarra
qu → queijo; leque
sc → acréscimo; rescisão
sç → cresço; nasçam
xc → exceção;
Observações: Naquelas palavras em que as duas letras do dígrafo pronunciam-se (exemplo: aguentar, escada, exclamar), os grupos xc, qu, sc e gu não são dígrafos - pois dígrafos representam um som.
A pronúncia das palavras da língua portuguesa acompanham o sinal gráfico (acento), que indicam a sílaba tônica da palavra. Seguem as regras de acentuação já descritas anteriormente.
Em certos lugares onde se fala o português ocorre o enfraquecimento da vogal nas sílabas átonas (fracas), esta passando a ter um movimento dos órgãos da fala mais rápidos que teriam. A substituição de vogais nas sílabas átonas mais comuns são:
E por I;
O por U;
L por U.
E algumas palavras em que ocorrem a declinação (as letras em que ocorre o enfraquecimento estão sublinhadas):
De /e/ por /i/ ou /ɯ/:
Leite: /ˈlej.te/ → /ˈlej.ti/
Escada: /es.ˈka.da/ → /is.ˈka.da/
Sorvete: /soʁ.ˈve.te/ → /soʁ.ˈve.ti/
Escola: /es.ˈkɔ.la/ → /is.ˈkɔ.la/
Dente: /dẽ.ˈte/ → /dẽ.ˈti/
Pote: /ˈpɔ.te/ → /ˈpɔ.ti/
Xale: /ˈʃa.le/ → /ˈʃa.li/
Chocolate: /ʃo.ko.ˈla.te/ → /ʃo.ko.ˈla.ti/
Diamante: /di.a.ˈmã.te/ → /di.a.ˈmã.ti/
De /o/ por /u/:
Vaso: /ˈva.zo/ → /ˈva.zu/
Cacho: /ˈka.ʃo/ → /ˈka.ʃu/
Urso: /ˈuʁ.so/ → /ˈuʁ.su/
Ovo: /ˈo.vo/ → /ˈo.vu/
De /l/ por [w] (/u/):
Mal: /mal/ → /maw/
Calda: /ˈkal.da/ → /ˈkaw.da/
Laranjal: /la.rã.ˈʒal/ → /la.rã.ˈʒaw/
Obs.: Note que, nestes casos, a mudança de /l/ para /w/ ocorre nas sílabas tônicas, embora também possa ocorrer em sílabas átonas. Observe:
Salgado: /sal.ˈga.do/ → /saw.ˈga.du/
Assim, é possível perceber que a mudança ocorre quando l ocupa a posição final da sílaba. Compare o l inicial da sílaba la, em "laranjal", com o l final da sílaba jal.
Monotongação é a anulação da semivogal de um ditongo em sílaba tônica. Este caso, muitas vezes, é tido como falta de educação, já que se está reduzindo a palavra. Entretanto, é um processo comum no português brasileiro. Como no caso anterior, não é válido para todos os falantes da língua portuguesa. Observe (em negrito as letras anuladas):
A pronúncia é uma das maiores influências nas mudanças que ocorrem na escrita. Com o passar do tempo, a pronúncia muda as palavras. Muitas línguas foram se formando assim, e muitas deixaram de existir por estas mudanças. A pronúncia pode confundir a maneira correta de se escrever as palavras. Dificilmente se escreve como se fala, pois cronologicamente a linguagem caminhou (ainda caminha) da fala, para escrita, não o inverso. A linguagem natural está sempre em evolução, logo é uma verdade tanto na modalidade falada quanto escrita.
Divisão silábica é a separação das sílabas (silabação) de uma palavra. Na escrita as sílabas são separadas por hífen (-) e em alguns casos com pontos (.).
Translineação é a partição das palavras no fim da linha. Para repartir uma palavra de modo a deixar parte dela em uma linha e o restante da mesma em outra, é necessária que sejam seguidas as normas de divisão silábica e as seguintes:
Dissílabos como ato, unha, caí, etc., não devem ser partilhados pois isso deixaria uma letra isolada no início ou fim de uma linha.
A partir de três sílabas não isola-se sílaba formada por uma vogal.
Exemplo:la-goa (ao invés de la-go-a).
Ao translinear palavras compostas, na partição hifenizada, repetir-se-á o hífen. Exemplos:
saca- arco-
-rolhas -íris
Observações: Não se translineiam, obviamente, monossílabos.
Até agora você viu como é simples fazer a divisão silábica de uma palavra, basta observar a pronúncia. Mas e quando a pronúncia é diferente entre regiões? Este é um caso em que existem dois tipos de divisão silábica, uma para o português do Brasil e outra para o português europeu. Acontece que os ditongos crescentes existentes no português do Brasil não passam de hiatos no português europeu. Essas palavras são chamadas em geral de proparoxítonas aparentes. Veja algum desses casos:
Em vocábulos com duas ou mais sílabas, é natural que uma se destaque por ser proferida com mais intensidade que as demais: trata-se da sílaba tônica. Nela está o acento tônico (ou acento de intensidade, ou ainda acento prosódico). Abaixo estão destacadas as sílabas tônicas dos vocábulos.
porta, colecionador, janela, café
Observações:
O acento tônico não deve ser confundido com acentos gráficos (agudo, circunflexo), uma vez que este é um fato fonético.
O acento na sílaba tônica não é indispensável. Existem várias palavras sem acento gráfico que possuem sílaba tônica (exemplo: bote, cedo).
Em alguns vocábulos derivados — normalmente polissílabos —, há, além do acento tônico, um acento sub-tônico. Abaixo, as sílabas sub-tônicas estão sublinhadas e as tônicas destacadas:
Existem alguns vocábulos átonos dissílabos (duas sílabas) — embora a maioria sejam monossílabos —, são eles as contrações pelo e pela, o artigouma, as conjunçõescomo e porque e as preposiçõespara e pera (arcaico).
Se temos dois vocábulos homógrafos — um átono e outro tônico —, o tônico será acentuado (na escrita), formando o acento diferencial. Exemplo:
pára (verbo, tônico)
para (preposição, átono)
Observações: Esta regra não é válida ao acordo ortográfico de 1990. Ela só vale à preposição por e o verbo pôr.
Todas as formas verbais exceto as descritas nas formas arrizotônicas, no presente do indicativo, presente do subjuntivo e as correspondentes no imperativo.
Um acento de insistência é a emissão da silaba tônica ou da primeira sílaba de uma palavra com uma duração e intensidade anormal, de forma a enfatizar ideias e/ou expressar sentimentos.
Exemplos:
Ela está a chamar-lhe nomes. Olhaaa.
Eu vi uma coisa horroroooosa!
Roraima é um estado de imigrantes e não de emigrantes.
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A análise fonética é a análise de um fonema no que diz respeito à suas classificações em número de sílabas e acento tônico, à sua decomposição em sílabas (divisão silábica) e à classificação dos fonemas que o constrói.
A perfeita emissão das vogais e grupos vocálicos, citando-os de forma nítida, evitando a omissão e/ou alteração de fonemas, respeitando os timbres de vogais tônicas e as normas da fala culta em geral. Exemplos:
queijo, bandeja, roubo, ouro, mas, nascimento, doze, tranqüilo, ad(i)vogado, caso — e não: quêju, bandeija, rôbu, ôru, mais ('mas' ditonguizado), naiscimento, douze, trankilo, adêvogádo, causo.
A articulação correta de fonemas consonantais. Exemplos:
mulher, quatro, basculante — e não: mulhé (ou muié), quato, vasculhante (o português brasileiro herdou algumas das dificuldades do português europeu nortenho com a confusão entre o betacismo local e a fala culta).
A adequada e correta ligação das palavras na frase. Exemplos:
No fim da avenida há um túnel esburacado, que atravessamos perigosamente.
Àquela noite, o que mais tive medo, era aquilo ser um assaltante.
A prosódia (do grego prosōidía - acento que se põe sobre as vogais) é uma parte da ortoépia (que é por sua vez parte da Fonética) dedicada à correta acentuação tônica das palavras.
Existem vocábulos aos montes que são mal-proferidos devido a um errado deslocamento do acento prosódico, conhecidos por silabadas.
Palavras como, por exemplo, gratuito — que é paroxítona —, são alvos frequentes de silabadas e flexões, e o exemplo então é frequentemente lido gratuíto, transformando a sílaba tônica breve em duas sílabas (norma culta: gra-tui-to; norma erradamente lida: gra-tu-í-to).
A ortografia (do grego orthosgráphō) é uma parte da nossa gramática destinada à correta escrita das palavras, nomeadamente, o conjunto de símbolos (letras e sinais diacríticos), a forma como devem ser usados, a pontuação, o uso de maiúsculas, etcetera.
Ortografia significa a escrita correta das palavras. Na língua portuguesa, muitos sons podem ser representados por mais de uma letra - assim, por exemplo, as terminações -agem e -ajem são pronunciadas igualmente; assim como -aza e -asa ou xu- e chu-. Para saber escrever corretamente em língua portuguesa, portanto, faz-se necessário saber diferenciar os usos dessas letras:
Na língua portuguesa existem diversas regras quanto o uso dessas letras. Elas representam os seguintes fonemas: S e Z, nos casos que iremos mostrar, veremos que o X apresenta som de S e Z, enquanto o C só apresenta som de S. Existem diversas regras que determinam qual das letras acima devemos usar:
Quando precedidas das vogais "e" e "i", as letras "j" e "g" têm o mesmo som. Algumas regras etimológicas (referentes à origem das palavras) podem ajudar a saber quando usar "je" e "ji" ou "ge" e "gi":
Usa-se J (antes de E ou I):
Em palavras de origem indígena (tupi, guarani, etc) ou africana:
Acarajé
Jiboia
Jiló
Pajé
Jirau
Caboje ou caborje
Jenipapo
Jequiriti
Jerimum
Em palavras terminadas em /aje/ e verbos em /jar/:
Laje
Tarjar
Viajar
Ultraje
Usa-se G(antes de E ou I):
Em palavras de origem árabe:
Agi (peregrino)
Alfange
Álgebra
Algema
Algeroz
Algibeira
Almargem
Argelino
Auge
Gengibre
Gergelim
Gesso
Gibão
Gibraltar
Gidá (segunda maior cidade da Arábia Saudita)
Ginete
Giz
Girafa
Hégira
Em palavras terminadas em /agem/, /igem/, /ugem/, /ágio/, /égio/, /ígio/, /ógio/, /úgio/:
A língua portuguesa utiliza o alfabeto latino, uma adaptação romana do alfabeto etrusco; este, por sua vez, deriva do alfabeto grego, que tem suas origens no abjad fenício[1]. O alfabeto latino é atualmente composto por 26 letras:
a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k[2], l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w[2], x, y[2], z
Esses signos são utilizados em conjunto, sozinhos ou acompanhados por sinais gráficos (acentos, cedilha, etc). Podem vir em minúsculo, maiúsculo, manuscritas ou em fôrma (imprensa).
Originalmente o alfabeto latino era composto apenas por 20 letras, porém, com a expansão territorial e cultural de roma palavras estrangeiras foram importadas ao latim e, também, o alfabeto latino tornou-se o meio de escrita oficial para diversas línguas e povos, por conta disso, novas letras foram cunhadas para representar os sons estrangeiros: as letras "K", "Y" e "Z" foram adicionadas para palavras de origem grega, enquanto que o "W" para palavras de origem germânica; além disso, no passado as vogais "I" e "U" possuíam o mesmo símbolo que as consoantes "J" e "V", respectivamente, vindo a haver diferenciação apenas a partir do período do Renascimento[1].
O português, língua que surge diretamente a partir do latim vulgar, utiliza todas as 26 letras do atual alfabeto latino, porém, as letras "K", "W" e "Y" são utilizadas exclusivamente para palavras estrangeiras[2].
↑ 2,02,12,22,3De acordo com o novo Acordo Ortográfico, estas letras são usadas na grafia de nomes estrangeiros não aportuguesados e abreviaturas internacionais. Ver Uso de K, W e Y.
Observações: Algumas destas regras aplicam-se ao Português brasileiro mas não são válidas em Portugal.
Usam-se as maiúsculas:
No início de período ou citação:
A vida é bela, por isso eu fui a Timor.
Diz o provérbio: "Quem cala, consente".
Nos nomes próprios de qualquer tipo (antropônimos, epítetos, alcunhas, topônimos, sagrados, mitológicos, astronômicos):
Carlos, a Águia de Haia, Pelé, Lisboa, Deus, Zeus, Ursa Maior.
Nos nomes designativos de eras e fatos históricos, empreendimentos públicos ou atos solenes:
Idade Média, Descobrimento do Brasil, XX Bienal do Livro, Dia do Trabalho.
É opcional em vias e lugares públicos:
Rua da Praia, Praça da Sé, Largo da Mariquita.
Nos nomes de regiões, de edifícios e na designação de estabelecimentos públicos e particulares.
Zona da Mata, Teatro Municipal, Biblioteca Municipal, Livraria Curió.
Nos nomes designativos de artes, ciências, disciplinas, religiões, partidos políticos:
Arquitetura, Física, Geografia Regional, Catolicismo, União Democrática Nacional.
Nos nomes designativos de cargos, funções, dignidades:
Almirante, Governador do estado, Papa.
Nos nomes designativos de repartições, corporações, agremiações, escolas, festas religiosas, feiras, prêmios, exposições, congressos:
Secretaria da Educação, Organização das Nações Unidas, Teatro dos Doze, Escola Superior de Guerra, Natal, Feira Nacional da Indústria Têxtil, o Oscar, Salão do Automóvel, Congresso Internacional de Cirurgia Plástica.
Nos títulos de livros, jornais, revistas, obras de arte:
O Dia do Chacal, a Folha de S. Paulo, O Cruzeiro, o filme O Código DaVinci.
Nos nomes dos pontos cardeais quando designam regiões:
O Ocidente, o Nordeste, o Sul.
Nas expressões de tratamento:
Vossa Senhoria, Reverendo, Sua Santidade.
Nos nomes de competições esportivas:
Torneio de Wimbledon, Liga Mundial de Voleibol, Jogos Olímpicos de Verão.
Nos nomes comuns quando personificados ou individualizados:
a Virtude, o País - Moçambique.
Nos nomes de importantes conceitos religiosos, políticos ou filosóficos:
Existem algumas palavras que alteram seu significado quando escritas com letra maiúscula, é o caso de estado (igual à forma, jeito. Exemplo: O estado de saúde dele é grave; A temperatura de ebulição é o ponto da passagem do estado líquido para o gasoso) e Estado (no sentido de "parte da sociedade responsável pela sua administração". Exemplo: É dever do Estado brasileiro oferecer educação pública para os brasileiros.).
De acordo com o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras K, W e Y passam a pertencer ao alfabeto da língua portuguesa, portanto trata-se de uma oficialização. Antes, estas letras eram consideradas estrangeiras. Elas são usadas em:
Abreviaturas e símbolos de termos científicos de uso internacional:
km (quilômetro), kg (quilograma), w (watt), yd (jarda), K (potássio), W (tungstênio), etc.
Para palavras estrangeiras de uso internacional não aportuguesadas (isto é, palavras de outro idioma):
kart, show, playboy, watt, sony, etc.
Nomes estrangeiros não aportuguesados e suas correspondentes derivadas (nomes de outros idiomas):
Franklin, Kartista, Kennedy, Wagner, Darwin, wagneriano, darwinismo, etc.
Observações: Já há diversas palavras estrangeiras aportuguesadas (isto é, sofreram mudanças para adequarem-se ao nosso idioma), como copirraite (copyright), leiaute (lay-out), Iorque (York), roque (rock), etc, então, deve-se utilizar as palavras aportuguesadas - sem k, w e y- e não as estrangeiras.
Há dois tipos de acentos: o acento tônico e o acento gráfico.
O acento tônico é aquele posto foneticamente sob a sílaba mais forte da palavra. Por exemplo, a palavra prato tem acento, o acento tônico, entretanto não tem acento gráfico.
O acento gráfico serve para mostrar visualmente onde está localizado o acento tônico, desse modo, ajuda-nos no pronunciamento correto da palavra.
Desta forma, a maioria das palavras têm acento, ao menos o acento tônico. Algumas exceções são os monossílabos átonos a, e, o, etc.
Há algumas ocasiões para pôr um acento nas palavras da língua portuguesa:
Acentuação gráfica - Quando o objetivo do acento é marcar a sílaba tônica (pronunciada com mais força do que as outras). O acento agudo e o acento circunflexo desempenham esta função;
Acentuação fonética - Quando o acento é uma característica da letra, ou seja, quando o som da letra é modificado por este. O til, o acento agudo, o acento circunflexo e o trema podem desempenhar esta função;
Acentuação gramatical - Ocorre quando a função do acento é gramatical. O acento grave desempenha esta função;
Acentuação diferencial - Serve simplesmente para distinguir duas palavras homófonas. Tal função é exercida pelos acentos agudo e circunflexo.
Na tabela abaixo você pode conferir os acentos presentes na língua portuguesa, bem como as letras que podem ser acentuadas por tais:
Nota: Até 2008, antes da reforma ortográfica, existia o sinal trema(¨) na letra U (Ü) quando o U aparecia em gue, gui, que e qui e era pronunciado como ditongo crescente.
O til (do latim titulus, significando título, acima da escrita), representado por ~, em português, pode-se escrever em cima do a ou do o e o seu objetivo é nasalar/ nasalizar a pronúncia da letra. Lembre que o til não é um acento gráfico e sim fonético.
A função do acento na língua portuguesa é permitir que haja conhecimento da tonicidade das palavras, sejam desconhecidas, homógrafas, homônimas ou habituais.
Acentuam-se oxítonas terminadas em a, e, o, em e seus respctivos plurais (as, es, os, ens) e nos ditongos abertos éi, éu e ói e seus respectivos plurais (éis, éu, óis). Recebem também, quando exepcionalmente, i, is, u, us são sílabas tônicas, procedidas de vogal.
A regra clássica diz que são acentuadas as paroxítonas terminadas em um, ã, l, n, r, x, ps, om e ditongo (em Portugal, somente ditongos crescentes) e seus respectivos plurais (ns, ãs, ãos, is, eis, us e ditongo + s). Quando i, is, u, us são sílabas tônicas e precedidas de vogal e nunca antecedidas de nh, recebem acento.
O acento diferencial não segue as regras acima e somente são usados para distinguir uma palavra homônima ou homógrafa da outra. Anterior ao acordo ortográfico de 1990, existiam uma quantidade pequena de palavras com este acento, atualmente elas são muito poucas:
É facultativo (depende da região) usar para diferenciar o pretérito perfeito indicativo do presente indicativo, quando possuem a mesma escrita mas não a mesma pronúncia, nestes casos, acentua-se o pretérito perfeito (ex.: amamos → presente; amámos → pretérito). No verbo poder é obrigatoria essa regra (pode → presente; pôde → pretérito). Esta regra não é válida se a vogal é repetida (ex.: veem);
Nunca se usa acento diferencial com preposições e contrações que tenham preposição (ex.: para → preposição; para → afirmativo do verbo parar/pelo → contração; pelo → substantivo/pera → contração arcaíca; pera → substantivo/polo → contração arcaíca; polo → substantivo), exceto o infinitivo do verbo pôr para diferenciar da preposição por;
Os verbos terminados em guar, quar e quir, quando no presente do indicativo, do subjuntivo ou no imperativo, admitem duas pronúncias: quando pronunciadas com a ou i tónicos (tônicos), são acentuadas. Se forem pronunciadas com u tónico (tônico), não serão acentuadas;
O acento diferencial para as palavras forma e fôrma é facultativo;
Obrigatoriamente, usa-se o acento diferencial para diferenciar o plural do singular em verbos como ter e vir (ele vem/tem → singular; eles vêm/têm → plural).
Outros casos de acento diferencial:
fluído → substantivo (igual a gás ou líquido);
fluido → particípio do verbo fluir (semelhante a tranquilo).
Podem levar acento agudo ou acento circunflexo (dependendo da região), as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes, cujas vogais tónicas (tônicas) e ou o estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes nasais m ou n, conforme o seu timbre é, respectivamente, aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua: académico/acadêmico, anatómico/ anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo, fenómeno/fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Amazónia/Amazônia, António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, pénis/pênis, ténue/tênue, vólei/vôlei, etc.
Em português, o acento grave é utilizado para representar a crase. A crase (do grego krâsis, "mistura", "mescla") é o encontro de duas vogais (duas emissões fonéticas) de modo a comporem emissão de apenas um único fonema. Só é colocada na letra a, quando a preposição «a» se contrai com algum determinante (artigo definido feminino ou pronome demonstrativo) começado pela mesma letra.
Sendo um fenômeno fonético, pode ser que não haja correspondência entre o som resultante da crase e sua representação na escrita, mas no português, grego e sânscrito, a crase geralmente pode ser depreendida, no primeiro, através de sinal diacrítico, no terceiro, através de substituição dos caracteres representativos dos sons formadores da crase pelo(s) caracter(es) representativo(s) do som resultante e, no grego, tanto um artifício como o outro, fazendo nestes idiomas a crase como um mecanismo de sandhi (para fins de eufonia na elocução).
Observações:a e as nem sempre serão contraídos, pois estes podem ser:
Pronomes demonstrativos (não se usa o acento grave)
Artigos definidos (pode ser usado o acento grave)
Preposição (apenas a - pode ser usado o acento grave)
Assim sendo, não mais se usa o acento grave em outros casos em que eram utilizados outrora, como, por exemplo, para marcar a sílaba subtônica (cafèzinho, sòzinho). Usa-se nos casos de:
A regência verbal, em sintaxe, é o estudo da colocação de complementos verbais - sendo necessário análise semântica.
Quando o verbo for transitivo e o seu complemento indireto (OI) feminino, a preposição contrair-se-á com o artigo definido (a ou as). Usa-se o acento grave sobre a letra a só se a preposição for a. Já que em estes casos basta apenas a preposição, o artigo pode estar oculto, pode se excluir o acento, mas, às normas cultas da língua devemos colocá-lo. Exemplo:
Levei água às pessoas duma antiga comunidade.
Verbo: Levei (transitivo direto indireto)
OD: água (Levei o quê?)
OI: às pessoas duma antiga comunidade (Levei a quem?)
Preposição que inicia o OI: a
Artigo que inicia o OI: as (pessoas)
Resultado dos termos introdutórios do OI: a + as = às
Como várias preposições podem introduzir o OI (veja em uso de preposições), podemos substituir a por alguma preposição que indique a mesma circunstância, com exemplo para, até, em (ou seja, à por para a, até a, na) - está é uma maneira bem fácil de saber quando usar o acento grave. Veja outro exemplo:
Então eu contei tudo à minha esposa.
Verbo: Contei (transitivo direto indireto)
OD: tudo (Contei o quê?)
OI: à minha esposa (Contei a quem?)
Preposição que inicia o OI: a (que pode ser substituída por para)
Artigo que inicia o OI: a (esposa)
Resultado dos termos introdutórios do OI: a + a = à
O artigo só pode ser usado antes de substantivos ou seus adjuntos adnominais. Pelo fato de ser facultativo o uso de artigos antes de substantivos próprios, a crase também é facultativa nestes casos - salvo quando o artigo é obrigatório (depende da região em que o português é falado). O mesmo ocorre com os pronomes demonstrativos iniciados por a (àquilo, àquele, àqueles, àquela e àquelas) - contraídos ou não com pronomes indefinidos (àqueloutro, àqueloutros, àqueloutra e àqueloutras) - mas apenas quando fizerem parte do objeto indireto iniciado por preposição a e estiverem imediatamente após a contração.
Há exceções, é quando há as palavras terra, Terra ou casa.
Quando houver a palavra Terra (planeta) o artigo não poderá estar oculto, obrigatoriamente o uso do acento grave - quando necessário:
O astronauta voltou à Terra.
Quando houver a palavra terra (solo) não usa-se acento grave (exceto se houver adjuntos adnominais - esta regra só se aplica às palavras terra e casa.)
Não se usa o acento grave se o artigo não é usado, são poucos os casos, os mais comuns são os que o substantivo está determinado por um pronome. Exemplo:
Diga a esta pessoa o quanto sinto falta
Pelas regras que vimos até agora, colocaríamos o acento, posto que há objeto indireto feminino (diga a quem? - a esta pessoa), mas, por se tratar de um substantivo (pessoa) já determinado (esta), não há uso do artigo, não ocorrendo a crase, pois seria impossível o sujeito ser A esta pessoa.
Nas classes das palavras, duas possuem papel subordinativo: as preposições e as conjunções. A dúvida quanto o uso do acento grave nestas locuções é frequente, mas há uma maneira bem fácil de saber o uso: pergunta-se à locução o que ela suborna. Exemplo:
Quanto à minha separação, prefiro não comentar
Quanto a é uma locução prepositiva, que suborna prefiro não comentar a a minha separação. Pergunta-se a esta locução: "quanto" a quê? - tratando-se de vocábulo feminino, tem-se o acento grave, já que nesta frase a locução refere-se a minha separação. Veja outro exemplo:
Pode haver crase em locuções adverbiais (já que preposições também servem para introduzir estes). Ocorre quando o substantivo da locução for feminino. Exemplo:
À noite é tranquila. - o sujeito ela está oculto
Mas lembre-se! O mesmo substantivo da locução adverbial pode representar um substantivo qualquer noutros casos, ou seja, não será sempre que haverá acento grave, apenas quando representar advérbio. É o caso:
A noite é tranquila. - aqui a noite torna-se o sujeito
Observações:prazo é substantivo do gênero masculino, mas a prazo possui valor adverbial modal - aqui ocorre a elipse do artigo, para diferenciá-lo da locução ao prazo que possui valor temporal. Já a vista é usado quando possui valor de substantivo, é obrigatório o uso de acento grave na locução adverbial - à vista; que possui valor modal. Exemplo:
Pagarei as compras ao longo do prazo. → Prazo com valor substantivo
Pagarei as compra a prazo. → Prazo com valor adverbial
A minha vista é péssima. → Vista com valor substantivo
Pagarei as compras à vista. → Vista com valor adverbial
Estudadas as preposições, é sabido que à regência basta apenas uma preposição para fazê-la, inclusive todos os demais usos de preposições. Há apenas uma exceção que não segue as regras sintáticas, é facultátivo o uso de acento grave antes da preposição até, indroduzindo certo advérbio (feminino):
Abriremos até às sete horas. = Abriremos até as sete horas.
Pelo fato de à ser a+a, ao ser a+o (e formas no plural); quando pudermos substituir o complemento feminino por masculino e for necessário o uso de ao (ou aos), então no complemento feminino será usado à (ou às). Exemplo, como teremos certeza se tem ou não acento grave em:
Então contei tudo à minha esposa.
É simples, substituiremos o OI feminino a minha esposa por um masculino, de termos semelhantes morfossintaticamente (nunca diferentes). Vamos pegar o exemplo, ao meu pai. Sintaticamente, eles são bastante parecidos. Coloquemos na frase. Ficará assim:
Então contei tudo ao meu pai.
Foi necessário o uso de a+o no OI masculino, então no feminino será necessário o uso de a+a (à). Mas isso só vale para o primeiro caso, Regência verbal. Não é correto se basear apenas nesta regra, pois muitas vezes você não encontrará termos semelhantes morfossintaticamente.
O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que passou a vigorar em 2009 aboliu o uso do trema, porém, continua existindo em nomes estrangeiros e palavras deles derivadas, tal como em Müller e mülleriano.
De acordo com a regra anterior, o trema só se empregava no u. Isso acontecia quando tal letra:
vem depois de g ou q e antes de e ou i.
é pronunciada.
não é a vogal tónica.
Exemplo: tranqüilo.
Nota: No Brasil o trema foi extinto pela reforma ortográfica (Decreto 6583/2008), mas o u continua sendo pronunciado em palavras como consequência, frequente, tranquilo, pinguim, bilingue, linguiça, aguentar, ambiguidade, sequência, cinquenta e pinguim. Em Portugal e no Brasil, o trema se aplica excepcionalmente aos derivados de nomes estrangeiros, como mülleriano.
O hífen é um sinal diacrítico comumente usado em língua portuguesa. Não confundir com meia risca ou travessão. Esse sinal geralmente é usado para ligar palavras compostas, ligar pronomes a verbos, e até mesmo para separar uma palavra em sílabas (principalmente na translineação).
Quando prefixo termina com vogal diferente do início do sufixo, não se usa hífen: autoescola, antiaéreo, antieducativo.
Observações: O contrário da regra acima também é válido: quando prefixo e termo seguinte terminam e iniciam pela mesma vogal, usa-se hífen, exceção ao prefixo co, que se aglutina com o sufixo mesmo que este comece por o.
Quando o sufixo inicia com consoante diferente de r, s e h, não se usa hífen: anteprojeto, semivogal, semicírculo.
Observações: Neste caso, também há a exceção do prefixo vice, que sempre exige hífen, mesmo quando o sufixo inicia por consoante diferente de r ou s.
No caso da palavra subumano e derivadas, não se usa o hífen e se suprime o h.
Caso o sufixo comece por r ou s, não se usa hífen, porém dobra-se o r ou o s: antirracismo, antissocial, ultrassom.
Quando o sufixo começa com a mesma vogal com a qual termina o prefixo, usa-se o hífen: contra-ataque, micro-ondas.
Observações: Exceção ao prefixo co, que não admite hífen quando o termo seguinte inicia-se com o.
Sempre se usa hífen quando o sufixo inicia com h: anti-higiênico, super-homem, pré-história, mini-hotel.
Com o prefixo sub, usa-se hífen também nas palavras iniciadas com r: sub-região, sub-raça, sub-região, sub-reitor, sub-ramo.
Já para as demais palavras onde o sufixo inicia com outras consoantes, não se usa hífen: subclasse, subdiretório.
Os prefixos circum e pan exigem hífen em palavras cujo sufixo inicia por m ou n ou por vogal: circum-navegação, circum-escolar, circum-murado, pan-americano, pan-mágico, pan-negritude. Da mesma forma, os prefixos hiper, inter, super, ciber e nuper exigem hífen quando o segundo elemento inicia por r: hiper-realismo, inter-relação, super-romântico. O Novo Acordo Ortográfico não cita os prefixos ciber-, que significa cibernética ou realidade virtual e nuper-, que significa recentemente ou ultimamente, mas eles existem.
O prefixo co aglutina-se mesmo quando o sufixo inicia por o: coordenação, cooperação.
Sempre se usa hífen com o prefixo vice: vice-rei, vice-governador, vice-prefeito, vice-presidente, vice-campeão, vice-diretor.
Não se usa hífen com palavras que perderam a noção de composição: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedista.
Prefixos além, ex, aquém, recém, vice, pré, pós, pró, sempre aparecem separados por hífen dos seus sufixos: ex-aluno, sem-terra, além-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.
Exige-se hífen entre duas ou mais palavras que formam combinações ocasionais, sem formar vocábulos propriamente ditos: eixo Rio-São Paulo, ponte Rio-Niterói, tratado Brasil-Uruguai.
No final de linha ao ocorrer separação da palavra, quando o último elemento escrito for o próprio hífen, deve-se repeti-lo no início da próxima linha para facilitar a leitura (clareza gráfica).
O cedilha ç (do espanhol cedilla) é empregado em português, catalão e francês para o mesmo fim: ter o som de /s/ para diferenciá-lo de outro som que a letra c faz: /k/. Também é utilizado em outras línguas mas sob outras letras (̧ḉ, ḑ, ȩ, ḝ, ģ, ḩ, ķ, ļ, m̧, ņ, æ̧, ŗ, ş, ţ, z̧). No português, o ç vem sempre antes das letras a, o e u; tendo o som /s/ (equivalente a ss), quando não é possível empregar apenas um s. Alguns exemplos de palavras:
A palavra 'metaplasmo', etmologicamente, significa 'mudança de forma'. A gramática define os metaplasmos como transformações fonéticas que os vocábulos sofrem durante sua evolução histórica. Os vocábulos ao passarem da língua latina para a língua portuguesa sofreram alterações que basicamente se encontram dentro de três leis, denominadas leis fonéticas.
Troca de um fonema surdo por um sonoro (geralmente no mesmo ponto de articulação do aparelho fonador):
p / b (labiais surda/sonora) = lupu > lobo
t / d (labio dentais surda/sonora) = cito > cedo
c / g (gutural surda/sonora) = acutu > agudo
f / v (fricativas surda/sonora) = profectu > proveito
luna > lua
persona > pessõa > pessoa
bona > bõa > boa
Apofonia ou Deflexão
Vocábulo junta-se a um prefixo - vogal da sílaba inicial modificada:
in+barba > imberbe
per+facto > perfectu > perfeito
in+amigo > inimigo
Metafonia
Modifica timbre de uma vogal por influência de outra (assimilatório também):
novum > novo
novos > novos
focum > fogo
focos > fogos
decima > dízima
debita > dívida
Metaplasmos por aumento
Quando ocorre o acréscimo de um fonema a uma palavra. Pode ocorrer:
Fusão de dois fonemas vocálicos iguais. Durante o processo histórico podem ocorrer mais do que um tipo de metaplasmo. Nos exemplos abaixo, em primeira instância ocorreu haplologia:
videre > veer > ver
dolore > door > dor
legere > leer > ler
pede > pee > pé
queente > quente
Raiz ou radical primário é o elemento originário, onde concentra-se a significação da palavra. As raízes vêm de outras línguas (no português, geralmente do grego ou latim) e são, sobretudo, monossilábicas. Por exemplo, a raiz noc (vinda do latim = prejudicar) tem significação geral de gerar danos. Note aonde ela aparece:
O radical, semantema, lexema ou elemento de composição é o elemento básico das palavras. O radical é a parte invariável da palavra, presente em todas as palavras derivadas. Exemplo:
É a parte do verbo ou do nome flexionada, anterior a desinência há o radical (nos verbos irregulares o radical e/ou a desinência são alterados). As vogais temáticas, como você já sabe, podem ser anuladas:
Afixos são conjuntos de letras que se juntam a palavras primitivas de modo a delas derivar novas palavras, participando dos processos de formação. Exemplo, a palavra afixos é formada por:
A = afixo
fix = raiz
os = desinência
O afixo a dá ideia de oposição, ou seja, não fixo; logo, todo morfema denominado afixo, não é fixo - e pode ser colocado em várias palavras.
São os prefixos que participam em processos derivacionais de formação de palavras.
Prefixo modificador
São os prefixos que formam palavras através de modificação morfológica. Estes prefixos apenas modificam a sua interpretação semântica, sem alterar nenhuma das propriedades gramaticais da forma de base (isto é, categoria sintática, gênero, etc).
Pseudoprefixo
São prefixos que tornam uma palavra que é derivada em primitiva de outras palavras que se encontra o mesmo pseudoprefixo (ou seja, a palavra é primitiva de algumas por causa do pseudoprefixo e derivada de outras). O pseudoprefixo é formado pela redução da palavra, logo, ele perde seu sentido quando a nova palavra é formada.
Exemplo, o prefixo euro possui origem grega e também é utilizado na língua portuguesa (Europa, europeia, Európio, euro-asiático, etc) relativando palavras ao continente europeu. A palavra Europa foi reduzida e formou uma outra: a palavra euro (a moeda). A palavra euro possui derivadas assim como a palavra Europa (eurozona, eurolândia, etc), mas nestas o prefixo euro perdeu seu sentido original (relativa ao continente europeu) e adquiriu um novo (a moeda utilizada na União Européia), sendo assim, euro em eurozona e em eurolândia é um pseudoprefixo, diferente de em Europa, que é um simples prefixo.
São os sufixos que formam palavras derivadas. Estes sufixos determinam a categoria sintática da palavra em que ocorrem.
Exemplo, raiz doc:
Doce - substantivo
Adoçar - verbo
Docemente - advérbio
Doçura - adjetivo
Sufixo de flexão
Sufixos de flexão não alteram o significado ou a classificação da palavra, mas altera bases morfológicas como gênero, pessoa, número e tempo. Junto a demais morfemas que compõe uma palavra, forma a desinência.
INFIXO: quando o afixo é adicionado do meio da palavra, dividindo-a em duas partes. Pode ser uma consoante ou vogal de ligação entre duas raízes ou entre uma raíz e um outro afixo.
Como qualquer idioma vivo e ativo a língua portuguesa sofre constante mudança e evolução, isso pode ser bom, ou não, pois nenhum idioma pode permanecer estático e sem mudanças. Muitas vezes essas mudanças podem ser boas e enriquecedoras mas em outros momentos podem gerar o empobrecimento do idioma, que é uma manifestação cultural de um povo ou nação.
Um idioma pode se desenvolver e evoluir de muitas formas diferentes, seja pela auto-mudança ou através da interação com outras linguagens. É importante observar que essas mudanças que uma linguagem pode sofrer podem variar bastante. Depois de um certo tempo uma palavra que tinha um significado passa a ter outro. Há sempre o nascimento de gírias no modo informal da língua.
Mas um dos pontos mais importantes é o nascimento de novas palavras e esse é ponto principal deste texto.
As palavras podem nascer através de muitos meios:
Derivação - Formação das palavras derivadas. Tipos:
As palavras podem ser classificadas de acordo com sua formação, em derivadas e primitivas. Chamam-se primitivas as palavras que possuem estrutura simples. As derivadas são as palavras que se formam a partir de uma palavra primitiva. A parte em comum entre estas palavras chama-se radical, que você viu no capítulo anterior.
Muitas palavras foram e serão formadas por composição, visto que, esse modo de originar novas palavras abre espaço para muitas possibilidades. Palavras formadas por composição originam-se pela união de duas ou mais palavras ou radicais, formando assim uma nova palavra composta, com novo significado. Dentro da formação por composição existem duas formas de unir palavras para gerar uma nova, estas são:
Neste processo as palavras são formadas através da união de duas ou mais palavras e com essa união não há perda ou alteração gráfica ou fonética, ou seja, as palavras após se unirem não sofrem nenhum tipo de alteração na sua escrita ou pronúncia. É importante saber quando e como se usa o hífen, pois muitas palavras formadas por justaposição usam o hífen para ligar-se. Exemplo:
No Português, temos dez classes de palavras. Segue-se uma breve descrição de cada uma delas. Siga os caminhos (links) para obter mais informações. As palavras podem ser, quanto às flexões:
No português, como em qualquer outro idioma, existem palavras para nomear um ser ou um objeto, uma ação e qualidade ou estado. As palavras que nomeiam seres ou objetos formam a maior classe morfológica da língua portuguesa, os substantivos (ex.: livro, gato, mesa, cama, Brasil, etc).
Qualquer palavra pode ser substantivada, isto é, tornar-se substantivo, bastando precedê-la de um artigo (determinantes). Determinantes sempre precedem substantivos. Exemplo: "O não é uma palavra dura" (não é advérbio, mas por neste caso possuir função de sujeito torna-se substantivo).
Comuns são aqueles que dão nome a espécie: pessoa, rio, planeta; próprios são aqueles que designam um indivíduo da espécie: João, Amazonas, Marte. [2]
Concretos e abstratos
Concretos são aqueles que designam os seres propriamente ditos, isto é, os nomes de pessoas, de animais, vegetais, lugares e coisas: homem, cão, árvore, Brasil, caneta; abstratos são aqueles que designam ações, estados e qualidades: beleza, colheita, doença, bondade, juventude.[3]
Coletivos
São substantivos comuns que, no singular, designam um conjunto de seres ou coisas da mesma espécie. No substantivo coletivo, trata-se de um único ser uma pluralidade de indivíduos: elenco (conjunto de atores); matilha (conjunto de cães de caça); cardume (conjunto de peixes) etc.[2]
Primitivos e derivados
Primitivos são aqueles de que não derivam de outros vocábulos: ex: casa, folha, árvore.
Os derivados são aqueles que procedem de outras palavras (guerreiro é derivado por vir de guerra, guerra + eiro, ferreiro é derivado por vir de ferro, ferro + 'eiro').[4]
Simples e composto
Simples são aqueles substantivos constituídos de um só radical: casa, casarão; compostos são aqueles formados na união de dois ou mais radicais: boca-de-leão, couve-flor, passatempo. [4
Qualquer outra palavra de diferente classe gramatical que desempenhe uma dessas funções na oração equivaler-se-á forçosamente a um substantivo, adquirindo uma função substantiva.[1]
Os substantivos são classificados quanto às suas flexões e quanto aos seus radicais. No caso do português, o substantivo pode variar em gênero, número e grau. Em outros idiomas (como o latim, o grego e o romeno) os substantivos declinam-se em casos gramaticais.
A mais simples forma de flexão é quanto à desinência de número. Um determinado substantivo se flexiona em número de acordo com o número de seres ou coisas de mesma espécie ao qual se refere. Quando se refere a um único ser ou coisa, está no singular. Quando se refere a mais de um ser ou coisa, está no plural. A flexão de número segue as regras da concordância nominal.
Além da flexão de número, um substantivo pode ser flexionado quanto ao gênero, em feminino e masculino. A flexão de gênero segue as regras da concordância nominal.Exemplo: garota/garoto; diretor/diretora.
Biformes
São os que apresentam duas formas, uma para o masculino, outra para o feminino, com apenas um radical. Exemplo: aluno e aluna; traidor e traidora.
Heterônimos
São os que apresentam duas formas, uma para o masculino, outra para o feminino, com dois radicais diferentes. Exemplo: bode e cabra; homem e mulher; vaca e boi;
Uniformes
São os que apresentam apenas um forma, para ambos os gêneros. Os substantivos uniformes recebem nomes especiais, são eles:
Comum de dois gêneros São os que têm uma só forma para ambos os gêneros, com artigos distintos. Exemplo: o/a fã; o/a gerente; o/a viajante o/a dentista
Sobrecomum São os que têm uma só forma e um só artigo para ambos os gêneros. Exemplo: a criança; o carrasco; o animal.
Epiceno São os que têm uma só forma e um só artigo para ambos os gêneros de certos animais, acrescentando as palavras macho e fêmea, para se distinguir o sexo do animal. Exemplo: a águia; a barata; o pernilongo; o piolho.
Os substantivos podem ser classificados quanto à importância, individualização, especificação do que nomeiam. Assim, são classificados em "comuns" ou "próprios".
Um substantivo que se refira a um ser específico, com nome próprio, de determinada espécie, é um substantivo próprio, condição mostrada pela letra maiúscula. Substantivos que não sejam próprios são classificados como comuns.
Designa um grupo geral de coisas com as mesmas características, geralmente um objeto ou um lugar qualquer sem seus elementos especificados.[1] São grafados em geral com letra minúscula. Exemplo: mulher, cachorro, cidade, loja, livro.
Note que não é qualquer coisa que pode receber o nome de cidade, cachorro, mulher, loja, livro. Para ambos é necessário haver certas características para assim serem chamados.
Designa algo específico dentro de um grupo, sendo grafados sempre com letra maiúscula. Indicam um nome, seja ele de um lugar, ser vivo ou obra. O estudo destes é chamado de Onomástica. Exemplo: Ana, Rex, Lisboa, São Paulo, Salvador, Mateus, Luis, Talita, Natanael.
Os substantivos podem ser classificados quanto à possibilidade de formação de uma imagem. Assim, são classificados em concretos ou abstratos.
Ao contrário do senso comum, substantivos concretos não são somente aqueles que podemos ter um contato, ou que podemos pegar com as mãos. Essa definição falha, por exemplo, em substantivos como fogo. Trata-se, realmente, de palavras que designam coisas reais ou fictícias. Quando o substantivo se refere a algo imaginário, sentimental ou sem existência física, é classificado como abstrato. Substantivos abstratos são quase sempre substantivos derivados de verbos ou adjetivos. Por exemplo, o substantivo abstrato soma deriva do verbo somar, o substantivo abstrato atenção deriva do adjetivo atento. Vale lembrar que muitos substantivos abstratos são facilmente identificáveis pelo seu sufixo e também pela estrutura de formação verbal, nesse último caso, um bom exemplo é a palavra soma que é formada verbalmente da palavra somar excluindo-se o r.
Designa seres e objetos, que existem fisicamente, na imaginação ou na teoria. Exemplo: casa, cadeira, Deus, carro, elevador, saci, bóson, fada, bola, etc;
Designa ideias, conceitos, sensações, estados e qualidades, que em geral não têm uma imagem concebida (em geral, sem existência física). Exemplo: teoria, desejo, justiça, altura, trabalho, saudade, amor, calor, etc.
Há também o caso coletivo. O coletivo é um substantivo que, mesmo no singular, refere-se a um conjunto de seres, como se fossem um único ser. Por exemplo: matilha, o coletivo de cães.
Designa substantivos formados por mais de um radical. Exemplo: pau-brasil, abelha-rainha, girassol, país-membro, afro-americano, samba-canção, pé-de-moleque, aeronaves.
A onomástica (ou onomatologia) é o estudo de substantivos próprios, que são os substantivos que individualizam seres e lugares. A onomástica é dividida em dois casos: a antroponímia e a toponímia.
Diferentemente da transformação de substantivos comuns e antropônimos, os toponímicos sempre são originados da língua da região em que se localiza determinado lugar, povo, ou idioma, e não são originados do latim ou grego, como de costume às demais palavras. Muitos substantivos próprios sofrem adaptações da língua natural ao português, principalmente para facilitar a pronúncia e a escrita. Esses substantivos são classificados como exônimos. Ao mesmo tempo, há substantivos em que não é necessário qualquer transformação, os endônimos. Exemplo:
O artigo é uma classe de palavras que pode ter função em alguns casos muito importante na frase, outras vezes nem tanto (já que é um adjunto adnominal - um termo acessório à oração). O artigo, em morfologia, é um determinante (acompanha substantivos). Dão algumas informações ao substantivo, tais como o gênero, o número e a importância. Por modificarem um substantivo, possuem função adjetiva.
O artigo sempre acompanha o substantivo (podendo este estar tanto antes como depois dos adjuntos adnominais), concordando com ele e indicando a ele o gênero e o número (é facultativo o uso destes quando juntos a substantivos próprios ou preposições - no caso das preposições, quando é algo comum a todas as coisas de determinada espécie). Antes de certos determinantes, não ocorre seu uso:
A raça humana evoluiu com o tempo.
Os cogumelos são os corpos de frutificação de vários fungos.
Uns gostam, outros não.
Na língua portuguesa, há artigos definidos e indefinidos que indicam, respectivamente, se o substantivo se refere a uma coisa específica (o, a, os, as) ou se, por outro lado, se refere a qualquer coisa pouco clara, que pode ser aleatoriamente nomeada (um, uma, uns e umas):
Há uns dias estará curado. (não se sabe a quantidade exata de dias)
Este foi o melhor acontecimento que me ocorreu. (sabe-se que foi um acontecimento único, o melhor)
Varia em número (singular e plural) e em gênero (masculino e feminino) sem exceção, formando a concordância nominal com todos os substantivos, inclusive os do sobrecomum e do epiceno:
Asárvores foram cortadas.
A corrente marítima carrega aágua de uma temperatura a locais de diferentes temperaturas.
Antes de substantivos no predicativo, é utilizado para seu sentido maximizar ou rebaixar:
Adjetivos atuam basicamente como modificadores dos substantivos e dos pronomes, flexionando-se em gênero, número e grau, ocorrendo a concordância nominal. Os advérbios podem maximizar, negar, modificar o sentido dos adjetivos. Sua função gramatical pode ser comparada com a que o advérbio tem em relação aos verbos, adjetivos e outros advérbios. Exemplo:
Estava tudo muito bom para ser verdade.
muito → Advérbio de intensidade
bom → Adjetivo, o resultado final é o adjetivo intensificado
Ele não estava contente.
não → Advérbio de negação
contente → Adjetivo, o resultado final é o adjetivo negado
A cobra é peçonhenta.
cobra → Substantivo
peçonhenta → Adjetivo alterando o substantivo
Ele não estava contente.
Ele → Pronome substantivo
não + contente → Locução adjetiva, o resultado final é contente negado pelo advérbio, modificando o substantivo
A locução adjetiva pode ser apresentada pelas seguintes formas:
Por uma circunstância: com uma preposição de determinada circunstância, o adjetivo pode formar uma locução adjetiva, desde que, o adjetivo tenha um substantivo com mesmo radical, tornando-o núcleo:
Qualquer palavra de diferente classe gramatical que modifique um substantivo equivaler-se-á forçosamente a um adjetivo, adquirindo uma função adjetiva.
Cardinais - Expressam a quantidade exata de seres:
Duzentas pessoas se manifestaram.
Na verdade, ocorreu só após passarem quarenta dias.
Ordinais - Expressam ideia de ordem, de posição em uma determinada série:
Quem chega primeiro, consegue comprar os ingressos.
Estamos no terceiro milênio.
Multiplicativos - Expressam ideia de multiplicação, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
São muito usados no âmbito matemático. Apenas duplo, dobro e triplo são de uso corrente, os demais pertencem à linguagem erudita. Em seu lugar, usa-se o cardinal seguido da palavra vezes: cinco vezes, sete vezes, treze vezes.
Doze é o dobro de seis.
Às vezes, as palavras possuem duplo sentido.
Gastamos o triplo do que costumamos.
Fracionários - Expressam ideia de divisão, de fração, indicando em quantas vezes a quantidade foi dividida:
Embora sejam muito usados na matemática, também se verifica seu uso em linguagem do dia a dia e na área administrativa e financeira. Apresentam as formas próprias meio, metade e terço. Os demais são expressos pelo numeral ordinal correspondente, quando se trata de um só radical (quarto, sexto, oitavo, nono), pelo cardinal correspondente seguido da palavra avos, quando se trata de forma composta (quinze avos, dezesseis avos, vinte e quatro avos, cento e treze avos). Com exceção de meio, os numerais fracionários vêm antecedidos de um cardinal, que designa o número de partes da unidade: dois terços, três quaertos, cinco sextos, sete oitavos, oito nonos, nove décimos.
Metade do que tínhamos, ganhamos por sorte.
O atleta ganhou por um décimo de segundo.
Observações:
Todos os numerais concordam com o nome, exceto os multiplicativos que sempre são masculinos.
Geralmente os multiplicativos vêm precedidos de artigos, os fracionários é opcional o uso.
Existem dois sistemas de numeração, o curto e o longo. Na língua portuguesa, podemos encontrar os dois tipos, o sistemas de numeração longa em Portugal e de numeração curta no Brasil. A diferença é que no sistema de numeração curto há três classes por ordem, e no longo há quatro classes por ordem (exceto na simples e nas dos milhares). Veja:
Numeral
Leitura
Ordem
1 000 000
um milhão
dos milhões
10 000 000
dez milhões
dos milhões
100 000 000
cem milhões
dos milhões
1 000 000 000
um bilhão (Brasil), mil milhões (Portugal)
dos bilhões (Brasil), dos milhões (Portugal)
10 000 000 000
dez bilhões (Brasil), um bilião (Portugal)
dos bilhões (Brasil), dos biliões (Portugal)
É importante notar que na escrita das nomenclaturas das ordens, a partir da terceira, no português do Brasil escreve-se com h, e no português europeu com i (bilhões ≠ biliões).
Cada algarismo representa uma classe (unidade da ordem, dezena da ordem ou centena da ordem). Ordem é cada parte do número que possui nomenclatura especial: simples (sem nomenclatura), milhares, milhões, bilhões, trilhões, quatrilhões, pentilhões, etc
Os numerais cardinais possuem uma forma de escrita, que pode variar em algumas regiões:
Números com uma ordem
1 - Entre a dezena, centena e unidade, sempre haverá a conjunção e (exceto números entre 11 e 19 e divisíveis por 10);
2 - As classes nulas não possuem nomenclatura, ou seja, não há conjunção para introduzi-las (os números divisíveis por 10 - obviamente, todos possuem ao menos uma classe nula - possuem nomenclatura);
Números com mais de uma ordem
3 - As ordens nulas (zero centenas, zero dezenas e zero unidades) não possuem nomenclatura;
4 - A partir da decomposição de ordens do número (cada ordem segue a regra 1 e 2), os colocamos lado a lado, do maior ao menor;
5 - Separamos as ordens uma da outra;
6 - Para números com até duas ordens, colocamos a conjunção e, separando-as. Esta regra não aplica-se a números em que existe centenas na ordem simples, exceto se houver apenas a centena e não houver as dezenas e unidades;
Números com duas ou mais ordens não-nulas
7 - Introduzimos cada ordem por vírgula (cada ordem segue as regras 1 e 2).
8 - A ordem simples e a ordem dos milhares podem seguir as regras 3, 4, 5 e 6. As demais, a regra 7.
Cardinais - Variam em gênero os cardinais um, dois e centenas de duzentos em diante: um / uma, dois / duas, trezentos / trezentas.
Milhão, bilhão, trilhão etc. variam em número: milhões, bilhões, trilhões etc. Os demais são invariáveis
Ordinais - Todos variam em gênero e número: terceiro / terceira / terceiros / terceiras, centésimo / centésima / centésimos / centésimas
Multiplicativos - Invariáveis com função substantiva. Exemplo: Arrecadou-se o triplo dos impostos relativos ao do ano passado e liquidou-se o dobro da dívida do mês passado.
Com função adjetiva, variam em gênero e número. Exemplo: Bebi dois copos triplos de suco e três copos duplos de leite.
Fracionários - Variam em gênero e número: um terço / dois terços, uma terça parte / duas terças partes. Exemplo: Gastei dois terços do salário em remédios e tarefas diárias.
Coletivos - Variam em número: duas dúzias / três dezenas / quatro centenas / cinco séculos / seis milênios / sete hectares / oito novenas / nove resmas / dez quarentenas / onze lustros / doze quinquênios.
Na indicação de papas, reis, imperadores, séculos, capítulos e partes de uma obra, quando se usam algarismos romanos depois do substantivo, usa-se o ordinal até dez e o cardinal de onze em diante.
Exemplos: Dom Pedro I (primeiro) / Dom João VI (sexto) / Felipe II (segundo) / João Paulo II (segundo) / Henrique VIII (oitavo) / Pio X (décimo)
João XXIII (vinte e três) / Bento XVI (dezesseis) / Luís XV (quinze) / Capítulo XIX (dezenove) / Século XXI (vinte e um)
Quando o algarismo romano vem antes do substantivo, a leitura será sempre como ordinal.
Exemplo: III Salão do Automóvel (terceiro) / IV Feira Literária (quarta) / VII Feirão da Casa Própria Caixa (sétimo) / V Encontro de Casais com Cristo (quinto)
Na indicação de artigos, incisos, parágrafos, circulares, avisos, leis, decretos e portarias, ou seja, em linguagem jurídica, usa-se o ordinal até nove e o cardinal de dez em diante, em síntese, textos e documentos oficiais.
Na indicação de páginas, folhas, casas, apartamentos, cabines de navio, poltronas de cinema etc., usam-se os cardinais nas indicações comuns.
Exemplos: Apartamento 301 (trezentos e um), Casa 420 (quatrocentos e vinte), Página 250 (duzentos e cinquenta), Folha 170 (cento e setenta)
Os termos anterior, posterior, derradeiro, extremo, final, último, penúltimo, antepenúltimo, anteroposterior e outros semelhantes não se classificam como numerais, apesar de indicarem posição dos seres: são adjetivos.
Os cardinais catorze, dezesseis, dezessete, dezenove, bilhão e trilhão admitem as formas quatorze, dezasseis, dezassete, dezanove, bilião e trilião.
Os ordinais septuagésimo, trecentésimo, seiscentésimo, septingentésimo e nongentésimo admitem as formas setuagésimo, tricentésimo, sexcentésimo, setingentésimo e noningentésimo.
Porém, não existem as formas octagésimo e cincoenta. O uso de 'hum mil' em preenchimento de cheques é exclusivo para sistema financeiro e prática bancária, apesar de 'hum' ser uma interjeição, o uso de 'hum' evita a transformação do um na palavra cem.
Na linguagem jurídica, o numeral aparece flexionado: a folha trinta e uma, a folha vinte e duas.
Não devemos abusar do emprego dos algarismos romanos. Nomes de logradouros públicos devem trazer algarismos arábicos. Ex.: Rua 15 de Novembro (e não Rua XV de Novembro), Avenida 11 de Agosto (e não Rua XI de Agosto). Observe que ninguém usa: Rua I de Maio, Avenida VII de Setembro, Largo II de Julho, Praça XXXI de Março.
A expressão meia dúzia (também reduzida a meia) substitui o cardinal seis, principalmente em números de telefone.
A forma fracionária duodécimo é de uso normal, na linguagem administrativa, nas áreas em que a distribuição orçamentária se processa por parcelas mensais.
Como em certos jogos, as cartas, pontos ou pedras são designados pelas palavras ás, duque, quadra, quina e terno, a forma ás, equivalente a primeiro, passou a designar os campeões, especialmente dos esportes.
Certos ordinais, frequentemente usados para expressar qualidades, tornaram-se verdadeiros adjetivos: de primeira categoria, de segunda qualidade.
A forma reduzida primo, de primeiro, é usada no substantivo composto obra-prima, para indicar graus de parentesco (primos) e na matemática (números primos).
Usa-se cento na designação dos números entre cem e duzentos, precedido de artigo, com valor de substantivo e na expressão cem por cento.
tredécimo, trezeno, tércio-décimo ou décimo terceiro
treze avos
triodéctuplo
XIV
14
quatorze (catorze)
décimo quarto
catorze avos
quadriodéctuplo
XV
15
quinze
décimo quinto
quinze avos
quintiodéctuplo
XVI
16
dezesseis (dezasseis)
décimo sexto
dezesseis avos
sextiodéctuplo
XVII
17
dezessete (dezassete)
décimo sétimo
dezessete avos
septiodéctuplo
XVIII
18
dezoito
décimo oitavo
dezoito avos
octiodéctuplo
XIX
19
dezenove (dezanove)
décimo nono
dezenove avos
noviodéctuplo
XX
20
vinte
vigésimo
vinte avos
vigintuplo
XXI
21
vinte e um
vigésimo primeiro
vinte e um avos
unvigintuplo
XXX
30
trinta
trigésimo
trinta avos
trintena, trigintuplo
XL
40
quarenta
quadragésimo
quarenta avos
quarentena, quadragintuplo
L
50
cinquenta
quinquagésimo
cinquenta avos
quinquagintuplo
LX
60
sessenta
sexagésimo
sessenta avos
sexagintuplo
LXX
70
setenta
septuagésimo ou setuagésimo
setenta avos
septuagintuplo
LXXX
80
oitenta
octogésimo
oitenta avos
octogintuplo
XC
90
noventa
nonagésimo
noventa avos
nonagintuplo
C
100
cem/cento
centésimo
cêntuplo
centésimo
centena, cento
CC
200
duzentos
ducentésimo
duzentos avos
duocentigintuplo
CCC
300
trezentos
trecentésimo ou tricentésimo
trezentos avos
triocentigintuplo
CD
400
quatrocentos
quadringentésimo
quatrocentos avos
quadricentigintuplo
D
500
quinhentos
quingentésimo
quinhentos avos
resma, quincentigintuplo
DC
600
seiscentos
seiscentésimo ou sexcentésimo
seiscentos avos
DCC
700
setecentos
septingentésimo ou setingentésimo
setecentos avos
DCCC
800
oitocentos
octingentésimo
oitocentos avos
CM
900
novecentos
nongentésimo ou noningentésimo
novecentos avos
M
1 000
mil
milésimo
milésimo
milhar
X
10 000
dez mil
dez milésimos
dez mil avos
C
100 000
cem mil
cem milésimos
cem mil avos
M
1 000 000
um milhão ou milião*
milionésimo
milionésimo
M
1 000 000 000
um bilhão (ou bilião)
bilhonésimo
bilhonésimo
M
1 000 000 000 000
um trilhão (ou trilião)
trilhonésimo (bilionésimo)
trilionésimo (bilionésimo)
Milião não é aceito por todos os gramáticos
Observações: Não confundir a expressão "bilhão" que é usada no Brasil para expressar o número 1 000 000 000, com o termo "bilião", usado em Portugal para significar 1 000 000 000 000. Os termos entre parêntes referem-se à escrita dos números em Portugal.
Pronomes são palavras que exercem função nominal, seja para substituir um substantivo, seja para acompanhá-lo (determinando o seu significado). Quando ocupa o espaço normalmente destinado para substantivos (substituindo-o), o faz indicando a pessoa (se é 1º, 2º ou 3º pessoa), o número (se é singular ou plural) e o gênero (masculino ou feminino) da pessoa do discurso. Quando apenas acompanha o substantivo, o pronome modifica, de alguma forma, a relação da pessoa do discurso com o substantivo que acompanha. Também pode ser usado nos diálogos entre narrador e interlocutor.
A função do pronome pode ser de substantivo ou adjetivo. Quando o pronome substitui um substantivo na frase, denomina-o de pronome substantivo. Quando o pronome acompanha um substantivo, determinando o seu significado, denomina-o de pronome adjetivo.
Pronome substantivo: Ela não entende nada de dinheiro → o pronome pessoal reto da 3° pessoa Ela, nessa frase, poderia ser qualquer pessoa, como por exemplo: Maria não entende nada de dinheiro. Nesse caso, não seria um pronome, mas sim um substantivo próprio (Maria), a exercer a função de núcleo do sujeito.
Pronome adjetivo: Entregue seu destino nas mãos de Deus → o pronome possessivo masculino da 3° pessoa seu acompanha o substantivo destino, determinando-o, pois não é o meu destino, ou o destino de qualquer outra pessoa, é o seu destino. Nesse caso, o pronome se assemelha a um adjetivo, concordando em número e gênero com o substantivo que o acompanha.
Os pronomes podem ser classificados em seis tipos, conforme a seguir (clique nos links para obter mais informações sobre aquele tipo de pronome):
Pessoais: Os pessoais apontam para algum participante da situação da fala: eu, tu, ele, eles, nós, mim, comigo, você, vossa excelência, etc. Os pronomes pessoais podem ser retos, oblíquos ou de tratamento:
Eu amo aquela garota
Entregue-me os teus pertences!
Você irá comigo
Possessivos: Os possessivos indicam a quem pertence algo, geralmente transmitindo a ideia de posse:
Ele é meu melhor amigo.
Estas frutas são de tua cidade?
Nossas riquezas foram multiplicadas.
Demonstrativos: Os pronomes demonstrativos determinam o sujeito no espaço ou no tempo:
Este é um bom livro.
Aquelas mulheres não paravam de rir.
É muito estranho tudo isso.
Relativos: Os pronomes relativos referem-se a termos já expressos anteriormente, relativando seus significados:
Os estudantes que tiraram a farda na cerimônia de formatura estão em sarilhos.
Objetos os quais perdidos serão devolvidos.
O dólar, que é a moeda dos Estados Unidos, é bastante valorizado.
Interrogativos: Os pronomes interrogativos são usados na construção de perguntas, transmitem a ideia de dúvida:
Quem está aí?
Sabe quem assassinou a jovem?
Tu queres o quê?
Indefinidos: Os pronomes indefinidos preenchem um espaço numa frase deixando imprecisa uma pessoa, uma coisa ou um lugar, que representam:
Você precisa de algo?
Ninguém deixará esta sala.
Quaisquer pessoas aqui serão bem recebidas.
Observações: Os pronomes pessoais serão sempre pronomes substantivos, pois sempre se pode substituí-los por um substantivo, ou representá-lo, e vice e versa; os demais pronomes são, normalmente, pronomes adjetivos, mas podem assumir a forma substantiva dependendo do caso, como por exemplo:
Aqueles são os inimigos → Aqueles exerce a função substantiva, podendo até mesmo ser substituído por um substantivo, como por exemplo: Os alemães são os inimigos. Portanto, pronome substantivo;
Aqueles meninos não têm futuro → Aqueles determina o substantivo, pois explica quais são os meninos que não têm futuro, e ainda concorda em número (plural) e gênero (masculino) com o substantivo meninos, como se fosse um adjetivo. Portanto, pronome adjetivo.
Os pronomes pessoais possuem as funções de substituir o nome de um ser e, ao mesmo tempo, situá-lo em relação a pessoa gramatical do discurso; ou seja, indicar quem fala (1.ª pessoa), com quem se fala (2.ª pessoa) ou de quem se fala (3.ª pessoa), tanto no singular quanto no plural.
Subdividem-se os pronomes pessoais em três tipos: pronome reto e pronome oblíquo (que dependem da função sintática que exercem); e pronome de tratamento:
Eles caminharam no deserto por anos → Eles atua como sujeito da oração (os pronomes retos, quando aplicados, serão sempre o sujeito de algum verbo que o acompanha e estarão, muitas vezes, oculto na frase).
Pronome oblíquo: exerce a função de complemento ou de objeto (direto ou indireto).
Entregue-me o que é seu → o pronome oblíquo me é o objeto indireto do verbo entregar (regido por preposição, pois entrega a alguém)
Venha comigo para o sul → o pronome oblíquo comigo atua como complemento do verbo vir, regido pela preposição com
Enterre-o no jardim → no terceiro exemplo, o pronome átono "o" é objeto direto (sem a presença de preposição, pois enterra algo ou alguma coisa);
Pronome de tratamento: são certas palavras e locuções (com formas próprias) aplicadas em casos especiais e considerando a importância do ser a que se quer dirigir a comunicação. São usados tanto como sujeito como objetos verbais.
Vossa Excelência é um exemplo de honestidade.
Os pronomes retos e oblíquos podem assumir as seguintes formas, conforme tabela abaixo:
Os pronomes retos são, por excelência, pronomes substantivos, portanto, servem de substitutos dos substantivos e para representar a pessoa da oração:
Eu sou um ótimo estudante → o pronome eu substitui o nome do ser (ou seja, o substantivo) que é um ótimo estudante, por exemplo: Marcos é um ótimo estudante;
Nós partiremos nesta noite → os seres que partirão esta noite estão, resumidamente, representados pelo pronome nós;
Os pronomes pessoais retos podem mudar de forma (flexionar), dependendo do número (singular ou plural) e da pessoa gramatical (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa) do discurso, conforme abaixo:
Pronomes retos
Singular
Plural
1.ª pessoa
Eu
Nós
2.ª pessoa
Tu
Vós
3.ª pessoa
Ele, Ela, Você
Eles, Elas, Vocês
Observação: É possível contrair as formas ele(s), ela(s) com as preposições de e em, formando as formas: dele(s), dela(s), nele(s) e nela(s). Essas formas costumam ser aplicadas quando exercem a função de predicativo do sujeito, normalmente indicando pertencimento ou localização, como por exemplo: O brinquedo é dele. Entretanto, quando o pronome exerce a função de sujeito de um verbo, a preposição não se une ao pronome: A culpa de ela quebrar o vaso é minha.
Não se deve usar os pronomes retos de maneira indiscriminada; pois, no português, a desinência verbal, normalmente, é suficiente para indicar o número e a pessoa gramatical do sujeito da ação verbal.
Como o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito a que se refere (nesse caso, sob a forma de um pronome reto) é possível, por meio da concordância verbal, deduzir a forma do pronome, mesmo que ele não esteja visível na frase (formando um sujeito oculto ou elíptico). Exemplos:
Sou um ótimo estudante → a forma que o verbo ser se apresenta é suficiente para deduzir que o sujeito da frase é o pronome reto eu, que está oculto;
Partiremos nesta noite → a desinência verbal emos do verbo partir indica que o sujeito da frase é o pronome reto Nós;
Os principais usos do pronome reto são as seguintes:
Quando se deseja dar ênfase ao sujeito, mas sem revelar o seu nome (ou sem determiná-lo); geralmente repetindo-o ou, simplesmente, não o ocultando:
Eu, mesmo doente, sobrevivi, mas ela não resistiu;
Ele entrou silencioso. Ele não sabia onde estava.
Quando se deseja opor duas pessoas, ou quando há contraste entre elas:
Eu vou naquela direção, tu vais para esta;
No fim, eu choro e ela ri;
Ambos estávamos doentes. Eu, sobrevivi. Ela não resistiu.
Quando se deseja representar um substantivo já anteriormente mencionado:
O Presidente é uma pessoa simpática. Ele não se cansa de abraçar o seu povo
Observação 1: Como o pronome ele e ela pode representar qualquer substantivo já mencionado, deve-se evitar ambiguidades quando o pronome se referir a dois sujeitos diferentes, por exemplo:
Cláudia pediu para Maria que ela saísse primeiro → é ambígua a frase, pois não se sabe quem deve sair primeiro, Cláudia ou Maria.
Observação 2: Quando se quer dar ênfase ao pronome-sujeito, costuma-se usar as palavras mesmo e próprio anterior ou posteriormente ao pronome. Esse mecanismo serve apenas para realçar o sujeito, imprimindo-lhe uma importância diferenciada:
Exerce função de vocativo (apenas nos pronomes tu e vós):
Ó vós, Senhor do Mundo, que és o possuidor do poder divino;
Ó tu, sim, és o filho perdido.
Observação: Pelo fato de os pronomes retos exercerem a função de sujeito, em frases onde há a presença do verbo, deve-se utilizar os pronomes retos. Onde não há a presença do verbo, utiliza-se os pronomes oblíquos. Por exemplo:
Esse dinheiro é para eu gastar → o pronome eu (pronome reto) é o sujeito do verbo gastar, portanto, é errada a construção: "Esse dinheiro é para mim gastar", pois o mim (pronome oblíquo) jamais será sujeito, e sim complemento (lembre-se de que é a função sintática que separa os pronomes retos dos oblíquos);
Esse dinheiro é para mim → nesse caso, o mim exerce a função que é própria dos pronomes oblíquos (de complemento do verbo), portanto, essa construção está correta.
Como regra, deve-se observar se há a presença de verbo acompanhando o pronome (o que exigiria que esse pronome fosse o sujeito desse verbo). Se o pronome em questão precisa ser o sujeito, então este será um pronome reto, se não houver verbo, o pronome assumirá a forma oblíqua.
Na língua falada, é muito comum o uso dos pronomes retos ele e ela na função de objeto, como por exemplo, quando se diz: Vi ele passar, Deixei ela pra trás, enquanto o correto seria o uso das formas oblíquas o, a, os, as (Vi-o passar; Deixei-a para trás)
Os pronomes retos (em especial na linguagem formal), podem ser empregados para imprimir um determinado valor emotivo, dependendo da ocasião e para quem é direcionada a mensagem, segue algumas dessas aplicações:
Plural de modéstia → ocorre quando há o emprego da forma da 1.ª pessoa do plural (nós) ao invés da 1.ª pessoa do singular (eu), com o objetivo de fazer parecer que o mensageiro expressa uma opinião compartilhada por todos os ouvintes, ou representa a opinião coletiva, ao invés de suas próprias opiniões individuais.
Nós apoiamos as decisões do sindicato
Plural de majestade → termo pouco utilizado no Brasil, ocorre quando se aplica do pronome no plural "nós", mesmo referindo-se a um sujeito na 1.ª pessoa do singular, como sinal da grandeza do cargo que ocupa.
Nós, Henrique II, em nome do Reino da Inglaterra, declaro guerra à França.
Fórmula de cortesia → é a forma utilizada em requerimentos, onde referimos-nos a nós mesmos em 3.ª pessoa, como sinal de respeito e humildade para quem encaminhamos a requisição.
João da Silva, funcionário público, residente em Brasília, requer a V. S.ª liberação para ausentar-se do serviço...
Modéstia do pronome eu → pode-se expressar modéstia na posição do pronome sujeito eu quando na presença de sujeito composto. O uso indiscriminado desse pronome, causa a sensação de valorização da própria personalidade, ou da própria posição em relação aos demais; por isso, a aplicação desse recursos requer atenção em dois detalhes:
Pedro, Marcos e eu saímos vitoriosos → quando indica algo agradável, vitória, conquista, ou coisas positivas, deve-se colocar o pronome ao final do sujeito composto, indicando modéstia de participação no evento positivo.
Eu, Pedro e Marcos cometemos muitos erros → quando indica algo desagradável, derrota, perda, ou coisas negativas, deve-se fazer o oposto da situação anterior e se posiciona na frente em sinal de humildade e cortesia, não se esquivando da responsabilidade do evento negativo (até desejando assumir mais responsabilidade que os demais).
Os pronomes oblíquos, no exercício de suas funções sintáticas (que é de ser objeto direto, indireto ou complemento), podem fazê-lo indicando reflexibilidade ou não reflexibilidade da ação verbal sobre o sujeito. Quanto às formas que os oblíquos podem assumir, essas formas dependem da tonicidade que possuem, apresentando-se sob duas formas: átonas e tônicas
Pronomes átonos: são os que possuem tonicidade fraca, por isso apoiam-se na tonicidade de um verbo, unindo-se a ele por intermédio de um hífen. Por exemplo:
Leve-a para casa → a força tônica de leve-a está na sílaba le (le-ve-a), as demais sílabas são átonas, inclusive a última (que representa o pronome a);
Vesti-a para um filme → a sílaba tônica de vesti-a está em ti, sendo átona as demais sílabas (ves-ti-a).
Pronomes tônicos. por apresentar tonicidade forte, não se unem ao verbo por meio do hífen. Os pronomes oblíquos tônicos estão sempre acompanhados por uma preposição. Por exemplo:
Gosto de ti mais que de mim → os pronomes ti e mim possuem suas forças tônicas separadas da tonicidade do verbo que acompanham (gos-to-de-ti), porém precisam da presença da preposição de para terem sentido;
Venha comigo → perceba que em comigo, contigo, conosco e convosco, a preposição com é parte integrante do pronome migo e ainda possui força tônica própria (ve-nha-co-mi-go)
Quando na função de objeto ou complemento, classifica-se os pronomes oblíquos em dois tipos distintos: reflexivos e não reflexivos. Todos os pronomes Oblíquos assumem uma dessas duas posições; porém, o uso do pronome para indicar reflexibilidade é menos ocorrente do que para indicar a não reflexibilidade, por isso nomeia-se apenas estes de pronomes reflexivos devido a função que exercem e não a forma que possuem (apesar de que os reflexivos na 3.ª pessoa possuem formas próprias (se, si e consigo) e formas átonas nas demais pessoas).
Pronomes reflexivos: são os pronomes que, ao mesmo tempo, são o objeto e a representação do sujeito que praticou a ação expressa pelo verbo, ou seja, ocorre quando o pronome representa a pessoa da ação verbal que, reflexivamente, praticou a ação sobre si mesmo (ocupando, simultaneamente, o polo ativo e passivo da ação verbal).
O criminoso entregou-se a tempo → note que a ação verbal entregar (verbo transitivo direto) partiu do substantivo-sujeito criminoso e recaiu sobre o pronome-objeto se.
Defenda-se se for capaz → o verbo ordena que o sujeito tu (oculto na frase) defenda a pessoa que o pronome se representa, ou seja, o próprio sujeito.
Pronomes não reflexivos: são os pronomes que fazem o papel do objeto que recebeu (do sujeito) a ação expressa pelo verbo, ou seja, ocorre quando o pronome representa uma pessoa diferente da pessoa que, ativa ou passivamente, praticou a ação verbal.
Joguei-a na cama → o sujeito oculto eu jogou alguém, representado pelo pronome a, na cama, ou seja, são pessoas completamente diferentes: uma pessoa joga, a outra é jogada; uma pratica a ação verbal no polo ativo, a outra recebe ação verbal no polo passivo.
Os pronomes oblíquos não reflexivos mudam de forma em função da pessoa, do número e do gênero gramatical, bem como em função da acentuação que possuem (átona ou tônica). Os pronomes oblíquos reflexivos são os mesmos que os não reflexivos nas formas átonas da 1.ª e da 2.ª pessoa gramatical, e apresentam três formas próprias quando indicam alguém na 3.ª pessoa gramatical.
Pronomes oblíquos
Não reflexivos
Reflexivos
Átono
Tônico
Singular
Plural
Singular
Plural
Singular
Plural
1.ª pessoa
me
nos
mim, comigo
nós, conosco
me
nos
2.ª pessoa
te
vos
ti, contigo
vós, convosco
te
vos
3.ª pessoa
o, a, lhe
os, as, lhes
ele, ela
eles, elas
se, si, consigo
A identificação da função de um pronome oblíquo requer a percepção de algumas variáveis, tanto nas formas átonas quanto nas formas tônicas, sendo que cada forma possui suas peculiaridades.
Os pronomes átonos normalmente estão ligados a um verbo por meio do hífen, o que limita as funções que esses tipos de pronomes podem exercer, portanto, eles geralmente são o objeto desse verbo. Há oblíquos átonos que exercem função sintática exclusiva (como os pronomes átonos da 3.ª pessoa o, a, os, as, lhe e lhes), mas há oblíquos quem podem exercer tanto a função de objeto direto como a de objeto indireto, tudo vai depender da transitividade do verbo em cada caso (como os pronomes me, te, nos, vos).
Pronomes o, a, os, as: esses pronomes somente podem ter a função de objeto direto.
Convidei-a para sair → objeto direto do verbo convidar na colocação enclítica;
Não a convidei para sair → objeto direto do verbo convidar na colocação proclítica.
Pronomes lhe, lhes: esses pronomes somente podem ter a função de objeto indireto, porém a preposição é anulada.
Obedeça-lhes ou ficará de castigo → objeto indireto do verbo obedecer na colocação enclítica;
Não lhes obedecerei mais → objeto indireto do verbo obedecer na colocação proclítica.
Pronomes me, te, se, nos e vos: esses pronomes podem ter a função de objeto direto ou de objeto indireto e, ao contrário dos pronomes anteriores, não é possível identificar se o verbo transita direta ou indiretamente apenas olhando a forma do pronome, para isso é fundamental o conhecimento da regência do verbo.
Ouviu-me cantar → objeto direto, pois quem ouve, ouve alguém;
Chamou-me com urgência → objeto indireto pois quem chama, chama a alguém;
Observação: Entretanto, há alguns casos em que os oblíquos átonos podem exercer a função de sujeito, contrariando uma das características fundamentais dos oblíquos (que é servirem de objeto ou de complemento). Esses casos são uma exceção à regra geral (pois é erro tomar o oblíquo por sujeito), mas é possível (e lícito) apenas se os oblíquos átonos forem o sujeito de um verbo (que consequentemente estará no infinitivo) que complementa o sentido de outro verbo (o qual o mesmo átono serve de objeto). Isso ocorre com os verbos causativos (deixar, mandar e fazer) e sensitivos (ver, ouvir e sentir).
Deixaram-no ficar mais um pouco
Causativos são os verbos que expressam ação que leva a uma consequência.
Sensitivos são os verbos que indicam a presença de um dos sentidos.
As formas átonas o, a, os, as sofrem variações próprias em função da posição que ocupam e da terminação das formas verbais a que se ligam. Essas mudanças, no entanto, não mudam as características próprias desses oblíquos átonos, que é indicar a 3º pessoa gramatical e ser objeto direto do verbo ao qual estão unidos. Se diz que o pronome é clítico por ser átono e unir-se ao verbo. A posição do pronome em relação ao verbo não é fixa, podendo este aparecer antes do verbo (enclítico), muitas vezes antes depois do verbo (proclítico), e, até mesmo, no meio do verbo (mesoclítico). Portanto, não é de regra a união do pronome ao verbo pelo hífen para percebê-lo como um pronome átono, principalmente no que se refere às suas funções sintáticas, que serão as mesmas independentemente da posição que ocuparem. Ver o estudo completo desse tema no tópico específico sobre Colocação pronominal.
Pronomes antepostos ao verbo (posição proclítica): nessa posição, usa-se as formas normais o, a, os, as.
Não os entendo, o que querem?
Pronomes pospostos ao verbo (posição enclítica): deve-se observar a terminação dos verbos aos quais os pronomes se relacionam:
1. Permanecem na forma normal o, a, os, as se o verbo terminar em vogal ou ditongo oral:
Vejo ele na televisão ou Vejo-o na televisão → o verbo ver nessa conjugação termina em vogal, portanto, o oblíquo átono assume a forma normal (o).
Entregareiele para a polícia ou Entregarei-o para polícia → deve sempre observar a terminação verbal considerando o tempo e o modo do verbo apresentado, pois é possível que em algumas conjugações a terminação verbal não seja uma vogal ou um ditongo oral.
2. Mudam a forma para lo, la, los, las se o verbo termina nas consoantes r, s, z, sumindo a terminação no processo;
Preciso verele ou Preciso vê-lo → o verbo, na forma infinitiva (portanto, com terminação em r), modifica a forma normal do pronome de o para lo.
Entregaremosele para a polícia ou Entregaremo-lo para a polícia → a terminação do verbo em s some e a forma átona muda para lo.
3. Mudam a forma para no, na, nos, nas se o verbo terminar em ditongo nasal (verbos terminados em m, n, ão).
Coroaram ele rei ou Coroaram-no rei
Pronomes no meio do verbo (posição mesoclítica): deve-se assumir as formas lo, la, los, las quando relacionados a um verbo na terceira pessoa do futuro do presente ou futuro do pretérito do indicativo, pois, nessa posição, os pronomes estão pospostos a um verbo que quando retirada a desinência, em r (obedecendo a regra da terminação r, s, z).
Os pronomes tônicos sempre estão acompanhados por preposição, o que, na maioria dos casos, lhes dão a função de objeto indireto ou complemento. Para os pronomes tônicos é preciso que se analise sintaticamente as demais funções da oração pois eles podem ocupar tanto a posição de termo integrante como de termo acessório.
As formas oblíquas tônicas sempre são regidas por preposição, ou seja, elas sempre estarão lá antepostas aos pronomes. Contudo, há casos em que algumas preposições, pelo sentido que exprimem, possuem uma relação especial com o pronome do qual são antecessoras. Essa relação pode ser tanto para modificar a forma do pronome, como para dar a ele valor enfático. As formas pronominais mim, ti, ele, ela, nós, vós, eles, elas, podem ser antecedidas de diversas preposições (como as preposições para, de, a, por, em, entre); mas, em casos especiais, a aplicação tanto do pronome quanto da preposição requer algumas observações:
Preposição a: pode-se aplicar essa preposição caso se deseje enfatizar o objeto que está na forma átona e já mencionado anteriormente. Para isso, utiliza-se um pronome na forma tônica (antecedido da preposição a) a fim de retornar enfaticamente o mesmo objeto.
Dava-lhe a ela uma outra oportunidade → a forma pronominal tônica a ela enfatiza o objeto indireto do verbo dar, (que é o pronome átono lhe).
Presenteei-me a mim mesmo com essas flores → a forma pronominal tônica é retornada por outra forma verbal átona, já expressa anteriormente.
Preposição com:
1. Normalmente essa preposição já está integrada às formas pronominais migo, nosco, vosco, porém, quando em relação com os pronomes ele(s) e ela(s), mantem-se distintos as formas de cada um.
Esteja com ele quando nos encontrarmos;
Com ela ninguém pode.
2. Em casos de exceção, a integração da preposição com nos pronomes comigo, conosco, convosco é desfeita se, após esses pronomes, vierem as palavras reforçativas outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou qualquer numeral.
Eles não poderão conosco (sem reforçativos) → Eles não poderão com nós três (acompanhado de numeral);
Resolveremos conosco esses problemas → Resolveremos com nós mesmos esses problemas
Preposições acidentais afora, fora, exceto, menos, salvo (ou salvante, uso raro), segundo, conforme, tirante (e não tirando, uso informal), durante, consoante, mediante, visto, senão: após essas preposições, utiliza-se as formas eu, tu, ele(s), ela(s) que, nesse caso, são tratados como oblíquos e não como pronomes retos.
Puniram todos, exceto eu, que fui polpado;
Fora tu, ninguém mais pode.
Preposição entre: deve-se utilizar, obrigatoriamente, as formas tônicas após essa preposição.
Entre mim e você, não há mais nada. → portanto, desaconselha-se usar a forma entre eu e você...
Essas brincadeiras são entre eles. → eles também é uma forma oblíqua da 3.ª pessoa.
Preposição até:
1. Usa-se as formas oblíquas mim, ti e si quando a preposição denotar que o pronome é o limite, a chegada ou o destino.
Venha até mim, pois eu sou a luz.
2. Usa-se as formas retas eu, ele, tu quando a preposição denotar que o pronome está incluso naquilo de que se fala, equivalente às palavras mesmo, também, inclusive, já que, nestes casos, o pronome exerce função de sujeito.
Até eu já beijei aquela garota → inclusive eu já beijei aquela garota;
Como pode? Até tu me abandonaste → mesmo tu me abandonaste?.
Os pronomes reflexivos são os que, no papel de objeto direto e ou indireto, representam a mesma pessoa que o sujeito da oração. O entendimento dos pronomes reflexivos está intimamente ligado ao entendimento dos verbos reflexivos. Quando se deseja expressar a reflexibilidade da ação verbal, indicando que o sujeito praticou a ação sobre si mesmo, o verbo fica na voz reflexiva.
Não é exclusivo o uso do pronome para indicar reflexibilidade, há casos em que o pronome indica também reciprocidade, que, apesar de menos ocorrentes, possui sentido diverso. Portanto, subdividi-se os pronome reflexivos quando na função reflexiva e na função recíproca, que diferenciam-se justamente por causa da ambiguidade que podem causar:
Pronomes reflexivos: por expressarem reflexibilidade (no singular ou no plural), pode-se normalmente complementar o sentido dessa oração com as expressões: a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo. São eles: me, mim, tu, ti, nos, vos, se, si, consigo.
Na conjugação pronominal reflexiva, a ação reflete sobre o próprio sujeito.
Enganei-me → significa o mesmo que enganou a mim mesmo.
Iludiu-se → significa o mesmo que iludiu a si mesmo.
Pronomes recíprocos: por expressarem reciprocidade (com os pronomes na 3.ª pessoa, ou quando em sujeito plural), pode-se normalmente complementar o sentido dessa oração com as expressões: um ao outro, uns aos outros, entre si, ou os advérbios reciprocamente, mutuamente.
São eles: nos, vos, se.
Feriram-se → significa o mesmo que feriram entre si, mutuamente, uns aos outros.
Mataram-se → significa o mesmo que mataram-se reciprocamente.
Observação: Frequentemente, na presença do sujeito plural, as funções reflexivas e recíprocas se confundem, havendo risco de ambiguidade, não sendo possível diferenciar um do outro. Nesse caso, recomenda-se complementar essas orações com expressões de reforço. Todo pronome recíproco é um pronome reflexivo, mas nem todo pronome reflexivo é um pronome recíproco.:
João e Maria amaram-se → pode, reflexivamente, significar que João amou a si mesmo, enquanto, paralelamente, Maria também amou a si mesma; ou, reciprocamente, pode significar que João amou a Maria, enquanto, simultaneamente, Maria amou a João, pois eles amaram-se um ao outro.
João e Maria amaram-se a si mesmos no fim do relacionamento → a expressão reforçativa a si mesmo indica reflexibilidade;
João e Maria amaram-se um ao outro na noite de núpcias → a expressão reforçativa um ao outro indica reciprocidade, assim como outras expressões como entre si ou advérbios como reciprocamente ou mutuamente.
A função dos pronomes reflexivos depende da natureza do verbo reflexivo com o qual se relaciona, portanto, perceber qual é a natureza do verbo é fundamental para entender qual a função do pronome. Os reflexivos podem exercer suas funções típicas (objeto ou complemento), ou não possuírem função alguma! Quando o pronome serve de recipiente da ação verbal (portanto, quando acompanham verbos transitivos) exerce a função de reflexibilidade pronunciada; quando o pronome indica reflexibilidade, mas não há transitividade na ação, exerce a função de reflexibilidade atenuada.
Reflexibilidade pronunciada: é a função que os pronomes reflexivos exercem quando são, normalmente, objeto direto da ação verbal (podendo também ser objeto indireto). Chama-se de reflexibilidade pronunciada pelo fato de que o pronome relaciona-se com verbos pronominais acidentas, ou seja, a ação verbal transita para um pronome reflexivo. Quando o pronome é aplicado dessa forma, a sua pronúncia ganha força, por exemplo, quando se diz: "Cortei-me", torna-se muito mais evidente a relação objetiva do pronome com o verbo. O pronome anuncia-se na força da sua pronúncia, indicando que há transitividade da ação verbal.
Atingi-me no peito;
Atirou-se pela janela.
Reflexibilidade atenuada: ocorre nos casos em que o pronome é parte integrante de verbos pronominais essenciais, pois o sentido do verbo não pode ser concebido de outra forma que não seja reflexivo. Nesse caso, os pronomes não possuem função nenhuma, apesar de aparentemente exercerem a função de objeto, não o são, pois não há transitividade. Não há uma pessoa passivamente recebendo a ação verbal, portanto, a pronuncia do pronome é atenuada (suavizada, enfraquecida); quando se diz: "Arrependi-me", o sentido do verbo já revela que a ação verbal ocorreu no próprio sujeito pelo o que o verbo é, e não porque o pronome indicou esse fato.
Espelhou-se em seu pai;
Observação: Pelo fato dos verbos reflexivos sempre necessitarem da presença de um pronome reflexivo para indicar-lhes a reflexibilidade, chama-os de verbos pronominais, pois, como se pode perceber facilmente, a reflexão não seria possível sem a presença do pronome oblíquo apropriado. Os verbos pronominais dividem-se em dois tipos: os pronominais essenciais e os pronominais acidentais.
Verbos pronominais essenciais: são os que possuem o pronome reflexivo como parte integrante do verbo, pois não é possível, para esses verbos, que a ação verbal seja praticada em um objeto que não o próprio sujeito, semelhantes aos verbos intransitivos, porque a ação não transita a um objeto, ela simplesmente acontece no âmago do próprio verbo. Por exemplo:
Indignou-se com os políticos → não é possível alguém "indignar" outra pessoa. Pelo sentido inato do verbo, a ação é desenvolvida exclusivamente no interior do ser do sujeito do verbo, sendo impossível fazer essa mesma ação ocorrer fora desse ser por uma vontade impositiva.
São exemplos de verbos pronominais essenciais: arrepende-se, indigna-se, abster-se, comportar-se.
Verbos pronominais acidentais: são os verbos que representam uma ação capaz de ser dirigida tanto para uma outra pessoa (diferente do ser que a pratica), como para o próprio ser que a pratica. Diferentemente do pronominal essencial, a ação reflexiva dos pronominais acidentais é possível de ocorrer se assim agir o sujeito da ação verbal; por isso os pronominais acidentais são, geralmente, verbos transitivos, pois é possível que a ação transite para um objeto, seja esse objeto uma outra pessoa do sujeito, ou o próprio sujeito.
Atirou-se pela janela → o sujeito foi o agente da ação na sua iniciativa e, ao mesmo tempo, foi o paciente dessa ação nas suas consequências.
Feri-me profundamente → ficaria incompleta a frase do tipo: eu feri profundamente, portanto, verbo exige a presença do objeto para ter sentido, pois a ação precisa, necessariamente, transitar; o que no exemplo (feri-me), foi o próprio sujeito o objeto da ação.
Ao contrário da função reflexiva, em alguns casos o pronome não está indicando que o objeto da ação é o mesmo que o sujeito que a praticou. Pode ocorrer casos onde o sujeito seja composto, ou o pronome indica uma pluralidade de pessoas, e a ação ocorre entre essas pessoas simultaneamente. Esse não é o caso reflexivo porque o objeto e o sujeito não são os mesmos.
Pedro e Caio abraçaram-se na despedida → nesse caso, Pedro abraçou Caio (sujeito = Pedro; objeto = Caio), e ao mesmo tempo, Caio abraçou Pedro (sujeito = Caio; objeto = Pedro), demonstrando que a ação foi recíproca.
Eles se atropelaram na saída → uma primeira pessoa foi agente da ação praticada na segunda pessoa e paciente da ação que essa segunda pessoa praticou, simultaneamente, ocorrendo o mesmo na segunda pessoa.
Pronomes de tratamento são todas as palavras ou expressões que referem-se a alguém da 1ª ou da 2ª pessoa gramatical como se ela estivesse na 3ª pessoa, ou representam alguém que efetivamente está na 3ª pessoa gramatical. Para fins de concordância verbal, deve-se tratar esses elementos sempre como alguém da 3ª pessoa. São considerados pronomes pessoais, pois, seu uso equivale-se aos dos pronomes retos e pronomes oblíquos (função sintática de sujeito e objeto).
Vossa Majestade deseja algo? → o pronome de tratamento leva o verbo para a 3ª pessoa do singular (Ele deseja), apesar de referi-se a alguém que efetivamente está na 2ª pessoa do singular (a qual a forma verbal é: Tu desejas)
Você faria um favor para mim? → utiliza-se a forma verbal da 3ª pessoa (faria) ao invés da 2° pessoa (farias), apesar de efetivamente se referir a alguém da 2ª pessoa.
Observação: É importante enfatizar as circunstâncias em que se aplicam os pronomes de tratamento, pois, retomando o conceito inicial, os pronomes referem-se a alguém como se ela estivesse na 3° pessoa, ou representam alguém que já está na 3ª pessoa:
Quando se diz: Você fez isso? Nessa pergunta, há presença de dois personagens, alguém da 1° pessoa fazendo uma pergunta para alguém da 2ª pessoa, mas para referir-se a esse alguém da 2° pessoa, não se usa o pronome apropriado para esse fim (tu), usa-se uma palavra representativa (você, vossa excelência), tratando-a como um ser hipoteticamente situado na 3ª pessoa singular ou plural.
Quando se diz: A gente fez isso. O pronome a gente refere-se, de fato, a presença de duas ou mais pessoas, sendo uma delas alguém quem fala (1ª pessoa gramatical); esse termo equivale ao pronome reto nós, mas, para efeito de concordância, o verbo não concorda com sentido real do pronome (se não a frase seria Nós fizemos isso), concorda imaginariamente com o pronome da 3ª pessoa (Ele fez isso, nessa frase, a forma verbal não se alterou).
Quando se diz: Sua Alteza está em seus aposentos. Nessa forma, estamos nos referindo a alguém que não é quem fala, nem quem escuta, mas sim uma 3ª pessoa que não participa do diálogo, entretanto, por força do cargo ou da posição que ocupa, essa referência precisa ser feita de maneira cerimoniosa, por meio de um fórmula de cortesia específica para essa pessoa de elevada importância. Essa forma do pronome de tratamento é utilizada para referi-se a alguém que já se encontrava na posição de 3ª pessoa gramatical.
Os pronomes de tratamento possuem formas próprias quando representam a pessoa gramatical e a importância pessoal (por força do cargo ou da posição) que esse ser possui. A representação da pessoa gramatical é limitada, pois há formas específicas para cada caso, mas para representar uma pessoa de importância diferenciada, há uma lista de fórmulas de tratamento que convém saber para sua correta aplicação. Quando os pronomes de tratamento referem-se a alguém pela sua importância, também é possível abreviá-lo de forma própria, portanto, há tantas abreviações quanto há pronomes.
Pronomes de Tratamento
Forma
Representação da Pessoa Gramatical
A gente
1ª pessoa gramatical do plural (nós)
Você(s)
2ª pessoa do singular (tu) ou plural (vós)
Senhor(es) e Senhora(s)
2ª pessoa do singular (tu) ou plural (vós)
Vossa + (fórmula de tratamento)
2ª pessoa do singular (tu) ou plural (vós)
Sua + (fórmula de tratamento)
3ª pessoa do singular (Ele/Ela) ou plural (Eles/Elas)
Uso do a gente: Esse pronome equivale a nós, não possui abreviação, e sua forma correta é o a e o gente separados, pois sua aplicação junta significa quem executa, é encarregada, ou age para algum fim:
A gente precisa partir → exerce função de pronome de tratamento; diferente de O agente de polícia, que é um substantivo com sentido diverso.
Uso do você(s): Aplica-se quando se quer expressar intimidade, como, por exemplo, entre amigos, colegas de trabalho, irmãos e semelhantes; evidenciando uma relação de igualdade, proximidade ou intimidade. Em algumas regiões do Brasil, usa-se o pronome Tu com função semelhante ao tratamento você, entretanto, apesar do uso do pronome na pessoa gramatical correta, o verbo que o acompanha concorda com o sujeito como se ele estivesse na 3° pessoa. Com isso, o pronome tu equivale a um pronome de tratamento e não a um pronome reto:
Tu entregou o relatório? → o tu com função de pronome de tratamento, pois se fosse um pronome reto, a forma verbal deveria ser conjugada na 2° pessoa, e ficaria: "Tu entregaste o relatório?"
Uso de senhor(a): Aplica-se quando se quer expressar respeito ou cortesia (abrevia-se sr. ou sra.), seu uso se dá nos casos opostos aos dos tratamentos você e tu; evidenciando distanciamento entre um ser superior para um ser inferior, ou seja, em uma relação desigual, ou simplesmente o uso às pessoas solteiras.
Fórmulas de tratamento são palavras que representam um cargo ou uma posição diferenciada; portanto, não é, por si só, um pronome de tratamento. Para a fórmula de tratamento adquirir esse status, é preciso que ela seja antecedida dos pronomes vossa ou sua, formando, assim, uma locução. As formas nominais Alteza, Santidade, Majestade e etc são apenas fórmulas de tratamento designadas aos cargos de Príncipe, Papa e Rei; mas quando se diz as expressões Vossa Alteza, Vossa Santidade, Vossa Majestade, a fórmula de tratamento passa a ser um verdadeiro Pronome de Tratamento, pois está se referindo a um ser físico que ocupa este cargo.
Uso do pronome Vossa: Quando esse pronome antecede a fórmula de tratamento, formando uma locução pronominal, a pessoa com quem se refere se encontra na 2ª pessoa gramatical, ou seja, o interlocutor emite a mensagem diretamente para a pessoa ocupante do cargo ou da posição que a fórmula de tratamento se refere (apesar de fazer parecer que a pessoa se encontra na 3ª pessoa).
Vossa Excelência é uma pessoa digna → o pronome vossa indica que a pessoa a quem se refere o pronome de tratamento está na 2ª pessoa gramatical.
Uso do pronome Sua: Quando esse pronome antecede a fórmula de tratamento, a pessoa a quem se refere se encontra na 3º pessoa gramatical, ou seja, a pessoa não participa da conversa.
Sua Excelência é uma pessoa digna → o pronome sua indica que alguém da 1ª pessoa se dirige para alguém na 2ª pessoa, para referi-se a outra 3ª pessoa gramatical e, por força do cargo/posição que está possui, essa referência exige o uso da fórmula de tratamento após o possessivo sua.
Fórmulas de Tratamento
Fórmula
Abreviação
Refere-se ao Cargo/Posição
Excelência
V. Ex.ª
Presidente e Vice-Presidente da República; Ministros de Estado; Comandantes das Forças Armadas; Oficiais Militares; Presidentes e Membros das Assembléias Legislativas Estados e das Câmaras Legislativas Municipais; Governadores e Vice-Governadores dos estados e do Distrito Federal; Prefeitos Municipais; Juizes; Procuradores; Desembargadores.
Senhoria
V. S.ª
Funcionários graduados; Organizações comerciais e industriais; Particulares em geral; Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais.
Eminência
V. Em.ª
Cardeais
Excelência Reverendíssima
V. Ex.ª. Rev.ma
Arcebispos e Bispos
Santidade
V. S.
Papa, Dalai Lama
Reverendo
Rev.do
Sacerdotes; Clérigos; Religiosos
Magnificência
V. Mag.ª
Reitores de Universidades e outras instituições de ensino superior
Utiliza-se uma invocação apropriada para cada fórmula de tratamento na sobrescrição de envelope ou no chamamento, quando na redação da comunicação oficial de órgãos públicos, ou na comunicação comercial. Não se deve confundir pronome com invocação, pois este tem uso específico, enquanto os pronomes (de tratamento ou não) são utilizados no corpo do texto. Por exemplo, ao se escrever uma carta para o presidente da república, deve-se começar com:
"Ao Exmo. Sr. Presidente da República" → invocação
Com orgulho escreve a Vossa Excelência confiante que serei ouvido..." → pronome de tratamento
Segue lista das formas das invocações mais usadas:
Fórmula
Invocação
Aplicação
Excelência
Excelentíssimo(a) Senhor(a)
Exmo(a). Sr.(a) Presidente...
Reverendo
Reverendíssimo
Revmo.... Sacerdote...
Alteza
Sua Alteza
A Sua Alteza Rei...
Senhoria
Ilustríssimo(a) Senhor(a)
Ilmo. Sr.(a)João...
Majestade
Sua Majestade
A Sua Majestade...
Santidade
Sua Santidade
A Sua Santidade...
Observe que em algumas fórmulas, há abreviações próprias para representá-las e, em outras fórmulas, não é possível a abreviação para fins de invocação; em qualquer, caso é necessário o conhecimento da aplicação das fórmulas. Há duas formas de se construir a invocação, dependendo da fórmula a ser usada, seguindo o esquema:
A primeira forma é o uso do esquema: (fórmula abreviada) + Sr(a) + (nome do cargo[se houver]) + (nome da pessoa) → a aplicação desse esquema é possível quando no uso das fórmulas excelência e senhoria, por exemplo, ao se encaminhar uma carta para um senador (cujo a fórmula apropriada é excelência):
Exmo. Sr. Senador Cristovam Buarque
Espero de Vossa Excelência mais dedicação para melhorar a educação do Brasil...
A segunda forma é o uso do esquema: A Sua + (fórmula do cargo)+ (nome do cargo) + (nome da pessoa) → aplica-se esse esquema quando no uso das fórmulas alteza, majestade e santidade, pois, nesse casos, não há abreviação para a invocação, e sua aplicação se dá na mesma forma que a fórmula:
A Sua Majestade Rainha Elizabeth
Observação: As abreviaturas podem ser aplicadas simultaneamente caso o cargo exija mais de uma fórmula de tratamento (ou uma fórmula de tratamento composta), como é dos bispos e arcebispos, cuja fórmula é " Excelência Reverendíssima":
Exmo. e Revmo. Bispo João
Em todos os casos, na invocação, o uso da vírgula é obrigatório, pois se trata de vocativo.
Os pronomes possessivos são palavras que trazem, principalmente, a ideia de posse ou de pertencimento, indicando a quem cabe ou a quem pertence alguma coisa. Os possessivos são, na maioria das vezes, pronomes adjetivos, mas podem assumir eventualmente a função substantiva:
Ele é meu amigo → nessa frase, o possessivo meu está determinando a relação da coisa com a pessoa gramatical, no caso, indica a quem pertence o amigo.
Não chame os seus amigos. Chame os meus → no 1° caso se observa o uso do possessivo na função adjetiva (pois está determinando um substantivo e concordando com ele em gênero e número, semelhante a um adjetivo). No 2° caso, o possessivo é um pronome substantivo (pois está substituindo um substantivo, não o acompanhando).
Vale observar que, muitas vezes estes substantivos não transmitem que é dono de algo, mas simplesmente algo muito próximo ao sujeito:
Esta é a minha cidade. → de fato, ninguém é dono de uma cidade, mas trata-se de um lugar em que é muito próximo ao sujeito.
Os pronomes possessivos podem variar em função do número e da pessoa gramaticaldo ser possuidor da coisa, e em função do número e do gênero do substantivo pertencente. Nessa relação, um único possessivo, pode, por si só, indicar se o objeto pertence a quem fala (1° pessoa), se pertence a pessoa com quem se fala (2° pessoa) ou se pertence a pessoa de quem se fala (3° pessoa) e mais ainda, se é uma ou mais pessoas possuidoras da coisa, se é uma ou várias coisas que essa pessoa (ou pessoas) possui e se essa coisa é do gênero masculino ou feminino; ou seja, é possível deduzir todas essas informações simplesmente observando a forma que o possessivo se apresenta. Para tanto, o possessivo apresenta várias formas, conforme abaixo:
Número
Pessoa
Equivalente Pessoal
Objeto possuído do gênero masculino
Objeto possuído do gênero feminino
Um Objeto
Vários Objetos
Um Objeto
Vários Objetos
Singular
1ª
Eu
meu
meus
minha
minhas
2ª
Tu
teu
teus
tua
tuas
3ª
Ele (Ela)
seu
seus
sua
suas
Plural
1ª
Nós
nosso
nossos
nossa
nossas
2ª
Vós
vosso
vossos
vossa
vossas
3ª
Eles (Elas)
seu
seus
sua
suas
Para indicar que algo esta em posse da terceira pessoa, pode usar-se a preposição de posse (de) mais o pronome reto (ou seja, de + ele, de + eles, de + ela, de + elas) que resulta numa contração (dele, deles, dela, delas). Caso o sujeito não seja um pronome reto, mas sim um substantivo, utiliza-se a preposição de posse (de) mais o nome do sujeito (ou seja, de Pablo, de Cássia, de Lucio).
Os pronomes demonstrativos indicam a posição do ser no espaço (em relação às pessoas do discurso) ou no tempo são chamados de dêiticos. Os pronomes demonstrativos dêiticos são variáveis. Os pronomes demonstrativos podem ser usados no texto e no discurso, com a função de retomar um nome já dito.
Tendo a concordância nominal, já que o pronome demonstrativo flexiona-se em gênero e número, trata-se de um pronome adjetivo. As pessoas são classificadas de acordo com a posição do ser no tempo ou espaço:
Utiliza-se a primeira pessoa quando o ser do qual se fala está perto no tempo ou espaço de quem fala;
Utiliza-se a segunda pessoa quando o ser do qual se fala está próxima de quem ouve ou num passado próximo;
Utiliza-se a terceira pessoa quando o ser do qual se fala está distante de quem fala e de quem ouve ou está no passado distante.
Em um texto, podem ser usados para retomar um nome já citado para evitar repetição, seguindo as seguintes regras:
Quando o nome não foi citado, usa-se a primeira pessoa;
Quando o nome já foi citado, usa-se a segunda pessoa;
Quando o nome foi citado, havendo uma grande distância no texto, pode-se usar tanto a segunda quando a terceira pessoa.
Pode haver palavras que ganham papel de pronome demonstrativo, igualmente variáveis, porém, não seguem as regras das três pessoas do discurso:
Masculino
Feminino
Singular
mesmo, o, próprio, semelhante, tal
a, mesma, própria, semelhante, tal
Plural
mesmos, os, próprios, semelhantes, tais
as, mesmas, próprias, semelhantes, tais
a, as, o, os
Acompanham o pronome relativo que ou qual (veja na próxima página) ou a conjunção integrante que:
É tudo mentira o que ele lhe falou.
As que tiveram sorte, não se molharam com a chuva.
mesma, mesmas, mesmo, mesmos
Retomam um nome já dito anteriormente (possuem sentindo de idêntico e flexões, em pessoa):
Estes mesmos sintomas eu senti novamente.
Era ela mesma que falou conosco ao telefone.
própria, próprias, próprio, próprios
Dá ênfase (possuem sentindo de idêntico e flexões, em pessoa):
A própria natureza se encarregou de tudo.
Nós próprios montaremos a barraca.
tal, tais
Dão sentido completo, retomando um nome anterior (possuem sentido de este e flexões, esse e flexões, aquele e flexões):
Tal foi o dinheiro gasto.
Tais pais, tais filhos.
semelhante, semelhantes
Possuem o mesmo sentido de tal e tais, porém incompleto, não possuindo sentido de parecido, similar, análogo:
Como podemos observar, o pronome este possui os mesmos valores morfossintáticos que isto, mas não semântico. Observe como seria estranho transformar isto em adjunto adnominal do núcleo do sujeito da primeira frase, jogo. Isto jogo é divertido., é um tanto estranho.
Os pronomes invariáveis, diferente dos variáveis, indefinem a classe do termo retomado, diferenciando-os semanticamente
Sendo os pronomes relativos pronomes que retomam o nome anterior, observamos que a qual está retomando a cidade, possuindo todas as caracteristicas de concordância nominal. Observe que a frase não teria sentido caso fosse retirado eu nasci ou se fosse retirado aquela é a cidade. Já se retirarmos o pronome relativo a qual, com algumas alterações podemos fazê-la:
Àquela cidade eu nasci.
Veja mais exemplos:
Estas foram as pessoas as quais eu convidei. → Estas pessoas eu convidei.
Este será o rio o qual navegarei. → Este rio navegarei.
Note que em tais frases há a presença do verbo, antes e depois do pronome relativo, logo, estes pronomes sempre formaram a oração subordinada adjetiva:
Aquela é a cidade a qual eu nasci
Oração subordinada: a qual eu nasci Oração principal: aquela é a cidade
Chamamos de antecedente o termo que o pronome relativo retoma, relaciona, o termo dependente, o qual é fixo, não podendo ter outra colocação na frase. Este termo será o sujeito da oração principal. O sujeito da oração subordinada chama-se consequente, o termo relacionado pelo pronome relativo. A parte da oração principal que não é o antecedente (o predicado da oração principal) pode mudar de posição na frase (estes em negrito, sublinhado o antecedente):
1. Antes ou depois do antecedente quando a frase iniciar com pronome adjetivo:
Aquela é a cidade a qual eu nasci
Será este o rio o qual navegarei
2. Antes do pronome adjetivo quando o predicado da oração principal é colocado depois da oração subordinada:
A cidade a qual eu nasci é aquela
O rio o qual navegarei será este
3. Após o pronome relativo quando não há verbo principal no núcleo da oração (haverá adjetivo que pode ser substituido com o verbo de ligação por um verbo ou locução) necessitando de complemento:
A cidade a qual sou nascido chama-se Cuiabá - necessita de complemento (chama-se Cuiabá)
O rio o qual será navegável nasce na Serra do Mar - necessita de complemento (nasce na Serra do Mar)
4. O complemento pode seguir as regras dos itens 1 e 2:
Junto aos pronomes qual e quais haverá um pronome demonstrativo que concordará com o antecedente (os pronomes demonstrativos podem estar contraidos com preposição, nestes casos, o pronome é equivalente a cujo e flexões):
As pessoas as quais eu convidei foram estas.
Os meteoros os quais não se desintegram, agridem o planeta.
Não se põe artigo junto aos pronomes cujo, cujos, cuja e cujas, eles simplesmente concordam não com o antecedente, mas com o consequente. São equivalentes a ao/do qual, aos/dos quais, à/da qual, às/das quais:
As pessoas cujas eu falei não compareceram. = As pessoas às/das quais eu falei não compareceram.
Quanto, quantos, quanta e quantas somente são utilizados quando o antecedente é o pronome indefinido tudo, tanto, tantos, tanta, tantas, todos ou todas, formando as locuções pronominais tudo quanto, tanto quanto, tanta quanta, tantos quantos, tantas quantas, todos quantos e todas quantas. São usados com valor quantitativo, indicando quantidade. Podem aparecer sem antecedente, uso muito comum em documentos jurídicos.
Os pronomes invariáveis possuem este nome por não obedecerem nenhuma das regras de concordância nominal. Eles são:
que → Refere-se a pessoas ou coisas. Equivalente a artigo + qual/quais. Junto à preposição, equivale a cujo e flexões e de/a + pronome demonstrativo + qual/quais.
quem → É colocado junto à preposição, se referindo a pessoas ou coisas personificadas.
onde → Indica um lugar fixo (real ou virtual), usado com verbos estáticos. A forma aonde é usada com verbos que indicam movimento em direção a algum lugar.
como → É pronome relativo quando há as palavras modo, maneira, forma ou jeito.
quando → É pronome relativo quando seu antecedente indica tempo.
Foram estas as pessoas que compraram o bilhete premiado.
Foram estas as pessoas que compraram o bilhete premiado?
Na página anterior, aprendemos os pronomes relativos. Os pronomes interrogativos são os mesmos que os relativos, como no exemplo acima, porém só são classificados como tais em perguntas.
Observações:
O pronome relativo onde por expressar lugar, nas perguntas é classificado como advérbio.
O pronome relativo cujo e flexões, por ter definição indireta, já que se caracteriza pela preposição + pronome demonstrativo + qual, não possui valores interrogativos, pois a preposição não é necessária para a formação das perguntas, mas sim de afirmações. É sempre um pronome relativo.
Qual? - Relativa algo entre vários da mesma classe.
Quais? - Relativa diversos entre vários da mesma classe.
Quanto? - Relativa a quantidade de algo de gênero masculino.
Quanta? - Relativa a quantidade de algo de gênero feminino.
Quantos? - Relativa uma quantidade maior de algo de gênero masculino.
Quantas? - Relativa uma quantidade maior de algo de gênero feminino.
Observações: O acento circunflexo somente é utilizado em quê antes do ponto interrogativo. Quê nem sempre será pronome interrogativo, pode também ser uma interjeição ou um substantivo.
Estes pronomes dependendo do contexto podem ter função substantiva ou adjetiva:
Quantos anos tu tens?
Qual presente você quererá?
Nestes exemplos o pronome modifica, interrogativamente, anos, presente; tendo o papel adjetivo. Os pronomes variáveis geralmente possuem este papel.
Quando voltaremos?
Quem teve esta ideia?
Já nestes exemplos, o pronome não refere-se a nada, tendo referência a algo indefinido. Geralmente os pronome invariáveis possuem este papel, o papel substantivo.
Os pronomes indefinidos não se referem a nada de específico. Apesar de isso caracterizá-los, eles podem variar quanto ao gênero e ao número; O pronome outro pode, excepcionalmente, contrair-se. (veja: Contrações)
Observações:Por indefinirem seres, não são usados artigos antes dos seres que o pronome indefinido relaciona. O artigo indefinido pode substituir estes pronomes. Segundo muitos dicionários, as palavras fulano, sicrano e beltrano são substantivos, e não pronomes indefinidos. A palavra bastante (e seu plural bastantes) pode ser advérbio de intensidade, adjetivo, substantivo ou pronome indefinido.
Os pronomes substantivos são os que indefinem a quantidade de seres (são sempre substantivos: algo, alguém, nada, ninguém, outrem, quem, tudo, fulano, sicrano, beltrano). Os pronomes adjetivos indefinem a quantidade de seres já expressos (são sempre adjetivos: cada, certa, certas, certo, certos). Os demais podem ser adjetivos ou substantivos, dependendo do contexto.
Verbos são palavras que expressam uma ação, um estado ou mudança de estado. Além disso, alguns verbos (chamados de relacionais) só formam um relação sintática na oração. A correta compreensão do papel do verbo obedece uma premissa lógica fundamental.
Toda ação ou estado tem uma causa e um causador e produz um efeito.
O verbo é o elemento que determina o acontecimento fundamental no qual todas as outras palavras de todas as outras classes gramaticais se relacionam. Por exemplo:
Marcos escreveu uma carta → ocorre nessa frase uma ação, pois as palavras Marcos, uma e carta, não formam uma estrutura com sentido próprio sem a presença do verbo escrever. Portanto, seguindo a sequência lógica: 1º Marcos é a causa de tudo; 2º escreveu é a ação, o elemento que liga a causa ao efeito; 3º a carta é o efeito, aquilo que resultou da ação promovida pela causa.
Percebe-se a importância do verbo no processo de comunicação, seja ela falada ou escrita. Devido a essa importância, o verbo é, sem dúvida, a parte da gramática mais importante de ser estudada.
Para a sintaxe, o verbo é o elemento que determina a divisão das orações, sendo assim, onde houver um verbo haverá uma oração, pois alguma coisa estará, de fato, acontecendo. Na oração, o que acontece é uma relação de causa e efeito, sendo o verbo o intermediador dessa relação.
Maria está doente → Qual é a causa? Qual é o efeito? Qual é a relação? Há uma relação de estado em que o sujeito Maria é o causador, não de uma ação, enquanto doente é o efeito. Seja como uma ação ou como um efeito, mantem-se a relação lógica em que Maria e doente nada tem em comum se não houver o verbo, definindo essa relação.
O pássaro voou → Nesta frase, ainda há a relação de causa e efeito, apesar de o verbo não exigir complemento. Nesse caso, o efeito se desenvolveu no próprio verbo, a ação, por si só, é o efeito, resultando em uma frase de sentido completo. Esse entendimento (do efeito se desenvolver por completo na ação ou não) é a base para o estudo da transitividade verbal, assunto fundamental para a sintaxe.
O verbo é a classe de palavras mais rica em flexões; assim sendo, o verbo reveste diferentes formas para indicar a pessoa do discurso, o número, o tempo, o modo e a voz. Também serve para formar outros tempos e ligar termos, veremos adiante.
Os verbos regulares no infinitivo podem ter até três desinências (-ar, -er e -ir). Chamam-se os verbos terminados em -ar, da primeira conjugação; em -er, da segunda conjugação; e, em -ir, da terceira conjugação. Em cada conjugação, o verbo flexiona-se diferentemente. Verbos que não seguem estas conjugações, são chamados de irregulares (ou anômalos), os que seguem, regulares (veja: verbos irregulares, terminação ar, er, ir e or). O verbo além de flexionar-se em número e pessoa, também flexiona-se em tempo e modo (seguindo as conjugações). Os modos são três: indicativo, subjuntivo (ou conjuntivo) e imperativo.
O modo indicativo apresenta seis tempos verbais, sendo um deles representando o presente do enunciado, três o passado do enunciado, que dividem-se em perfeitos (completos) e em imperfeito (incompleto), e dois representando o futuro, um o futuro do enunciado e outro o futuro do passado do enunciado. Este último (denominado futuro do pretérito) apresenta características especiais, muitas vezes semelhantes ao modo subjuntivo.
Eis as flexões deste modo, em tempos (verbo levar - 1ª conjugação):
Presente (eu levo, tu levas, ele leva, nós levamos, vós levais, eles levam)
Pretérito imperfeito (eu levava, tu levavas, ele levava, nós levávamos, vós leváveis, eles levavam)
Pretérito perfeito (eu levei, tu levaste, ele levou, nós levamos, vós levastes, eles levaram)
Pretérito mais-que-perfeito (Eu levara, tu levaras, ele levara, nós leváramos, vós leváreis, eles levaram)
Futuro do presente (eu levarei, tu levarás, ele levará, nós levaremos, vós levareis, eles levarão)
Futuro do pretérito (ou Condicional - eu levaria, tu levarias, ele levaria, nós levaríamos, vós levaríeis, eles levariam)
O modo subjuntivo ou conjuntivo exprime dúvida, desejo. Apresenta três tempos bem distintos um dos outros. O passado deste tempo é o mais utilizado, junto à conjunção Se. O presente e o futuro não são tão utilizados na linguagem informal, utiliza-se Que e Quando, respectivamente.
Os tempos do modo subjuntivo são (verbo levar - 1ª conjugação):
Pretérito imperfeito (Se eu levasse, se tu levasses, se ele levasse, se nós levássemos, se vós levásseis, se eles levassem)
Presente (Que eu leve, que tu leves, que ele leve, que nós levemos, que vós leveis, que eles levem)
Futuro (Quando eu levar, quando tu levares, quando ele levar, quando nós levarmos, quando vós levardes, quando eles levarem)
O modo Imperativo é dividido em dois, nas formas afirmativas e nas negativas. Nenhum verbo pode ser flexionado na primeira pessoa do singular (eu) no afirmativo e no negativo, outros verbos possuem em apenas algumas pessoas e números (é o caso do verbo Adequar) e outros nem possuem (é o caso do verbo Caber)
Negativo (não leves tu, não leve você, não levemos nós, não leveis vós, não levem vocês)
Observações: Há verbos irregulares que não são flexionados em certos tempos. Chamam-se defectivos. Outros, possuem mais de uma forma de flexão no mesmo tempo do mesmo modo. Chamam-se abundantes.
Junto a essas formas nominais, surge outro tipo de verbo, o verbo auxiliar temporal (VA). Ele forma os tempos compostos, junto ao particípio e ao gerúndio:
Tinha decidido que iria sair. - VA ter + decidir no particípio
Havia mostrado a eles como foi que me programei. - VA haver + mostrar no particípio
Veja que nesses casos ocorrem as locuções verbais, não mudando a oração da frase. Os verbos auxiliares ainda podem ser modais e aspectivos, nestes últimos, a forma nominal é o infinitivo.
Alguns verbos necessitam de complemento. Estes verbos chamam-se de transitivos. Subdividem-se em diretos (VTD), indiretos (VTI) e em circunstanciais. Seus complementos chamam-se objetos, que podem ser diretos (OD) ou indiretos (OI). Podem existir verbos que necessitam de mais de um complemento (VTDI), ou seja, possuem um objeto direto e outro indireto. Os verbos que não necessitam de complemento são chamados de Intransitivos (VI). A diferença entre o OI e o OD é que o OI é introduzido por preposição. Exemplo:
Quero que vá buscá-lo no trabalho. - OD
Gosto de peixes. - OI
Trouxe o presente /para você. - OD/OI
Quando a ação do verbo recai sobre a mesma pessoa que provoca a ação, o complemento tornar-se um pronome reflexivo, ocorrendo a conjugação reflexiva. Estes verbos chamam-se verbos reflexivos.
O predicado é a parte da frase que não pertence ao sujeito (apenas algumas partes da frase não são consideradas nem sujeito nem predicado, como exemplo o vocativo). O predicado divide-se em três tipos:
Predicado verbal
Predicado nominal (ou predicativo do sujeito)
Predicado verbo nominal
No predicado verbal o verbo é o núcleo do predicado, ele estabelece total relação à frase. Apesar de o nome predicado nominal parecer que não possui alguma relação ao verbo, possui. Acontece que o predicado nominal (ou predicativo do sujeito) é ligado ao sujeito por um verbo especial chamado de verbo de ligação (VL). Exemplo:
Ele ficou aborrecido.
É perigoso entrar aí.
Você irá permanecer calado?
No predicado verbo-nominal, o verbo transitivo ou o verbo reflexivo chama-se transobjetivo e forma o predicativo do objeto.
Período é uma sentença constituída por orações. Na oração existe uma estrutura sintática completa, ou quase completa.
O período é baseado quase por completo na estrutura que o verbo faz na oração. A relação entre o verbo e a oração é tão grande que para existir uma oração é necessário ao menos o verbo, explícito (notável) ou não (oculto).
Muitas vezes o período composto não passa de uma maneira alternativa de se empregar termos relacionados ou não ao verbo (geralmente com orações substantivas), como o OI, OD, predicativo, etc. A vantagem de ter mais de uma oração é a seguinte, quando há apenas uma, haverá concordância verbal, ou seja a ação do verbo obrigatoriamente ocorrerá no tempo que o verbo descrever e terá um sujeito, já no período composto, um verbo não precisa seguir a concordância verbal de outro verbo, fazendo com que a ação possa recair em outro tempo verbal e que o verbo subordinado tenha um sujeito diferente.
Concordância é o que verbos, artigos, substantivos, pronomes, adjetivos e numerais alteram na frase quando flexionados ou alterados, sendo que devem obedecer regras de gênero, número, pessoa e modo/grau.
Segundo a concordância verbal, todo verbo flexionado em certo número (plural ou singular) deve concordar com nomes neste mesmo número. Verbo/Verbo (concordância do verbo com outro verbo) possuem regras especiais. Exemplo:
Todos nós faríamos/ o mesmo - aqui há dois tipos de concordância, a esquerda a verbal e a direita nominal.
Eles tiveram/ muita sorte - o mesmo ocorre aqui.
Lucas e Rafael foram jantar. - aqui apenas ocorre a concordância verbal.
Todos nós, Eles e Lucas e Rafael apresentam o mesmo tipo de número, o plural. Obrigatoriamente, fazer, ter e ir deverão ficar no plural. As pessoas do discurso também modificam o verbo, Todos nós faz com que fazer vá para a 1ª pessoa, Eles e Lucas e Rafael fazem com que ter e ir tornem-se verbos flexionados na 3ª pessoa.
O presente indica um fato que ocorre no momento do enunciado, não necessariamente no momento cronológico. (Um exemplo de verbo flexionado no presente não indicando momento cronológico: Dom Pedro recebeu uma carta, logo ele diz: Independência ou Morte! ). Para não ter outro verbo flexionado no pretérito ou no futuro pode se utilizar o presente. Isso só ocorrerá quando houver um verbo flexionado no momento cronológico (que é o período em que o enunciado está ocorrendo).
O passado, ou mais conhecido como Pretérito, que significa um ato que ocorreu um tempo antes do presente, ou seja, que passou, existem para o pretérito (passado) alguns tipos de classificações: Pretérito Perfeito, Pretérito Simples, composto; mais-que-perfeito e Pretérito Imperfeito.
O pretérito imperfeito indica uma ação que iniciou no passado e que ainda não terminou. O pretérito imperfeito pode também indicar algo rotineiro que ocorreu no passado (podendo ser descrito como sempre + pretérito perfeito. Ex.: Ele falava com ela desesperadamente = Ele sempre falou com ela desesperadamente).
O pretérito mais-que-perfeito indica uma ação passada que começou no passado distante e terminou no passado. Geralmente na oração existe um outro verbo que esta flexionado no passado, para saber de qual pretérito (perfeito ou imperfeito) que é o passado, senão, não há necessidade do uso (já que não haveria um passado do passado).
O futuro do pretérito (nome atual do antigo condicional) indica ações futuras em relação ao passado (mas que também podem conter uma condição para a ação ser feita). É acompanhado com um verbo flexionado no passado. (Ex.: Ontem eu tinha dito que amanhã falaria com você). Também serve para indicar ações hipotéticas ou irreais. (Ex.: Eu não teria tanta certeza de que ele não falaria isso!).
No pretérito imperfeito do subjuntivo utiliza-se a conjunçãose (se eu falasse, se tu falasses, se ele falasse, se nós falássemos, se vós falásseis, se eles falassem).
No presente do subjuntivo se utiliza a conjunção que (que eu fale, que tu fales, que ele fale, que nós falemos, que vós faleis, que eles falem). Este é o tempo usado na formação do imperativo (com exceção da segunda pessoa do plural e do singular do imperativo positivo, que derivam do indicativo).
No futuro do subjuntivo se utiliza a conjunção quando(quando eu falar, quando tu falares, quando ele falar, quando nós falarmos, quando vós falares, quando eles falarem) e também se (se nós falarmos). Este é idêntico ao infinitivo pessoal para verbos regulares.
O imperativo afirmativo se forma da seguinte maneira:
A segunda pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós) derivam das pessoas correspondentes do presente do indicativo, suprimindo-se o s do final;
As demais pessoas (ele, nós, eles) derivam do presente do subjuntivo (que ele..., que nós..., que eles...), não sofrendo alterações;
Não existe flexão da primeira pessoa do singular (eu);
No verbo ser, excepcionalmente, a 2ª pessoa flexiona-se em sê no singular e em sede no plural.
Os verbos dizer, fazer e trazer admitem duas formas na 2ª pessoa do singular, devido ao desuso das formas oficiais na variante brasileira do português: dize / diz, traze / traz, faze / faz.
O imperativo negativo não possui formas especiais. Suas pessoas são idênticas às correspondentes do presente do subjuntivo, porém, não existe flexão a primeira pessoa do singular (eu). Veja a conjugação do imperativo negativo do verbo falar:
Não é possível a flexão da primeira pessoa do singular por motivo de bom senso.
Diferente do indicativo e do subjuntivo, em que os pronomes aparecem antes do verbo, no imperativo normalmente eles aparecem depois do verbo.
Diferente do indicativo e do subjuntivo, em que a terceira pessoa é representada pelos pronomes ele, ela, eles e elas, no imperativo é representada pelos pronomes você e vocês ou qualquer outro pronome de tratamento.
No imperativo não se usa o QUE do subjuntivo.
Os pronomes pessoais retos podem ser usados tanto antes quanto depois de verbo no modo imperativo.
O imperativo negativo é caracterizado pela presença de advérbio de negação antes do verbo.
O sujeito pode ser considerado o termo de maior ênfase na oração, por ter um local exclusivo, o início, e pelo fato de o predicado referir-se inteiramente a ele. A construção deste processo é importantíssimo, pois remete a visão do eu-lírico sobre a declaração, isto é, a visão da história. Veja:
Aquelas pessoas venceram a doença.
A doença foi vencida por aquelas pessoas.
No primeiro caso, o processo sintático (a ação realizada no decorrer do corpus e a visão textual) é dada ao sujeito - aquelas pessoas; é transmitida a ideia de que se não houvesse aquelas pessoas não haveria aquela doença. No segundo caso, a visão textual recai sobre o sujeito a doença e é transmitida a ideia de que se não houvesse aquela doença, aquelas pessoas não teriam a menor importância ao contexto.
Esta alteração enfática é dada às vozes verbais, que fazem com que um simples complemento verbal transforme-se no sujeito:
Aquelas pessoas venceram a doença. → voz ativa
A doença foi vencida por aquelas pessoas. → voz passiva
Como você pode notar, ambas as frases estão no mesmo tempo verbal, o pretérito perfeito. Porém, no primeiro exemplo, a frase está relacionada à ação que aquelas pessoas exercem sobre a doença, no segundo, ocorre o contrário. Numa, a ação do verbo ocorre em relação ao tempo enunciado (voz ativa) e noutra, ocorre o tempo enunciado em relação à ação do verbo (voz passiva), isto é, que já passou. Fazendo análise nas orações, temos:
Termo 1
Termo 2
Termo 3
Voz ativa
Aquelas pessoas
venceram
a doença
Voz passiva
A doença
foi vencida
por aquelas pessoas
Veja que os termos são os mesmos, mas a ordem deles, da voz ativa para a passiva, alterou-se (as mesmas cores mostram os mesmos termos). Em sintaxe, cada um destes termos tem a seguinte nomenclatura, uma para voz ativa e outra para a voz passiva:
Termo 1
Termo 2
Termo 3
Voz ativa
Sujeito ativo
Verbo ativo
Objeto direto
Voz passiva
Sujeito passivo
Verbo passivo
Agente passivo
Concluímos que:
O sujeito da voz ativa (ou sujeito ativo) é o agente da voz passiva (ou agente passivo - neste caso, Aquelas pessoas);
O objeto direto na voz ativa é o sujeito paciente da voz passiva (ou sujeito passivo - neste caso, A doença).
O verbo de uma oração está na voz passiva quando a ação é sofrida pelo sujeito, que não é o mesmo que pratica a ação verbal. O agente da passiva é aquele que pratica o ato. A palavra passivo possui a mesma raiz latina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o significado de sofrimento (Paixão de Cristo). Daí vem o significado de voz passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva, temos dois elementos que nem sempre aparecem: sujeito paciente e agente da passiva.
Exemplo:
Alicefoi maltratada pelo diretor da escola.
Os problemasseriam resolvidos pelos funcionários da empresa na reunião.
Alice e Os problemas são sujeitos pacientes porque recebem a ação praticada pelo agente da ação verbal, diretor da escola e funcionários da empresa, respectivamente. O agente da passiva também pode ser indeterminado, como no seguinte exemplo:
Meu carro foi roubado ontem na minha rua. - Meu carro foi roubado por quem?
Como não se sabe quem roubou o carro, o agente da passiva é indeterminado.
A língua culta só aceita a voz passiva com um verbo que tenha objeto direto, ou seja, verbo transitivo direto, salvo raras exceções, com os verbos obedecer e desobedecer: A lei deve ser obedecida por todos. Por força do hábito, os verbos obedecer e desobedecer aceitam a passiva, porque antigamente eram transitivos diretos.
O emprego era visado pelo funcionário.
A missa deve ser assistida por nós em silêncio.
Tais frases estão em linguagem coloquial, porque os verbos obedecer e assistir precisam de um complemento, o sujeito obedece a alguém e assistem a algo. Portanto, o correto seria a frase na voz ativa ou a substituição por um verbo transitivo direto na voz passiva:
O funcionário visava ao emprego. / O emprego era desejado pelo funcionário.
Devemos assistir à missa em silêncio. / A missa deve ser vista por nós em silêncio.
Observações: O agente da passiva sempre é introduzido pela preposiçãopor, contraída ou não. Eventualmente, usa-se a preposição de.
É formada pelo uso dos verbo auxiliar ser e o particípio de certos verbos ativos, como: ser visto (sou visto, és visto, é visto...); estar abatido (estou abatido, estava abatido....). Alguns gramáticos consideram que a passiva analítica pode ser formada a partir de quaisquer verbos auxiliares temporais.
Exemplo:
Alice era conduzida pelo namorado. - Voz passiva analítica
O namorado conduzia Alice. - Voz ativa
É importante observar que o tempo verbal da voz ativa deverá ser seguido pelo verbo auxiliar da voz passiva. No exemplo acima, o verbo auxiliar (ser) está no mesmo tempo que o verbo principal da voz ativa (conduzir), o pretérito imperfeito. Exemplo:
O caçador matou a raposa. - Verbo principal no pretérito perfeito
A raposa foi morta pelo caçador. - Verbo auxiliar no pretérito perfeito.
Aos verbos que não são ativos nem passivos nem reflexivos, são chamados neutros. Esses não admitem voz ativa nem passiva nem reflexiva, pois o sujeito não pode ser visto como agente nem paciente nem agente-paciente.
Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é paciente. Excepcionalmente, o pronome apassivador assume formas de 1ª e 2ª pessoa.
Voz passiva é uma forma verbal, enquanto passividade é ideia. Em 'Ele levou um tiro' há voz ativa, embora o sujeito tenha sofrido a ação.
Observações: Na língua portuguesa há muitas estruturas similares à voz passiva. Deve-se ter em mente que esta ocorre somente com um verbo. Casos como o predicativo do sujeito (ser + adjetivo) não são considerados como tais.
É formada mediante o uso do pronome apassivador se (ou partícula apassivadora). Neste caso, o sujeito agente desaparece, porque não interessa ao narrador mencioná-lo, sendo o sujeito indeterminado.
Exemplo:
Vendem-se joias.
No exemplo acima, joias não pratica a ação de vender, mas sim, sofre essa ação. Portanto, joias não é o agente da ação verbal, mas o sujeito paciente. O verbo é passivo, sendo essa passividade indicada pelo pronome se. Essa mesma oração pode ser expressa por outras vozes:
Joias são vendidas. (passiva analítica)
Vendem as joias. (ativa)
O sujeito continua a ser jóias, que, por estar no plural, levará o verbo também para o plural.
A voz ativo-passiva recebe este nome pelo fato de o sujeito da oração receber a ação (ou seja, voz passiva), mas ao mesmo tempo, este não ser o sujeito real, estando o verbo em sua forma simples (e não em locução). Nestes casos o sujeito é indeterminado e a frase pode ser passada para a voz ativa e às vozes passivas:
Pedra preciosa vende a preço justo. - voz ativo-passiva
Pedra preciosa é vendida a preço justo. - voz passiva analítica
Vende-se pedra preciosa a preço justo. - voz passiva sintética
Vendem pedra preciosa a preço justo. - voz ativa
É notável que seu uso não é constante na língua e que muitas vezes é considerada coloquial.
Verbo auxiliar é todo verbo que forma locução verbal com outro verbo (denominado verbo principal) e que formam apenas uma oração. Veja:
Estou dizendo o que vi.
Podemos encontrar duas orações, uma principal (Estou dizendo) e uma subordinada (o que vi), porém, três verbos (estar, dizer e ver). Quando ocorrem com verbos ativos ou relacionais (verbos que não são auxiliares), o número de verbos é igual ao número de orações, mas neste caso temos apenas dois verbos que não são auxiliares, logo, duas orações.
Os verbos auxiliares são dividos em três grupos distintos:
Temporais (VAT);
Modais (VAM);
Aspectivos (VAA).
É importante saber que todos os verbos que veremos são considerados auxiliares porque estes formam um locução com outro verbo chamado de verbo principal.
Verbos auxiliares temporais servem para indicar algo de modo alternativo.
Os verbos auxiliares temporais podem ser identificados na locução verbal ou junto a verbos no infinitivo impessoal (flexão do verbo quando terminado em -ar, -er, -ir, -or), particípio (flexão do verbo quando terminado em -ido(s), -ida(s), -ado(s), -ada(s)) ou gerúndio (flexão do verbo quando terminado em -ndo). De acordo com o verbo auxiliar e a forma nominal que o acompanha (infinitivo, particípio ou gerúndio), classificamos os tempos e as locuções (veja na próxima página). A seguir, os verbos auxiliares temporais:
O verbo estar também pode ser de ligação e auxiliar.
Na voz passiva, colocado antes do verbo ser no gerúndio, indica ações pouco duradouras, momentâneas:
A casa esteve sendo construída com tijolos por eles.
A comida estará sendo esquentada por ela.
A nossa pele estava sendo queimada pelo sol.
A laranja está sendo descascada pelo garoto.
Indica progressividade com o gerúndio ou com a preposição a com verbo no infinitivo (o agente da passiva torna-se sujeito paciente) - formando os tempos perifrásticos:
Possuem os mesmos valores e concordâncias que o verbo ser estabelece na voz passiva (o pretérito perfeito e o mais-que-perfeito não são admitidos, já que estes verbos quando auxiliares já indicam a perfeição):
A casa tinha sido construída com tijolos por eles.
A comida terá sido esquentada por ela.
A nossa pele tinha sido queimada pelo sol.
A laranja tem sido descascada pelo garoto.
Também são considerados auxiliares se o verbo principal não for ser (formando os tempos compostos):
Os verbos modais, diferente dos temporais, atribuem certa característica ao verbo principal. Nestes casos, o verbo principal flexiona-se no infinitivo impessoal. Eles podem ser:
Deônticos - São verbos que exprimem obrigação (dever, necessitar, obrigar, precisar, ter de, etc):
Para passarmos de ano, precisamos estudar.
Epistêmicos - São verbos que exprimem possiblidades. Quando estes verbos se flexionam no futuro do pretérito (condicional), a ênfase à modalidade epistêmica é ainda maior (dever, poder, etc):
Podemos estudar hoje.
Observações:
Pelo fato de estes verbos atribuirem característica ao verbo principal, suas funções são idênticas às dos advérbios de modo (possivelmente, provavelmente, etc);
Se o verbo principal for substituido por complemento verbal, o verbo não trata-se mais de auxiliar, mas sim de transitivo. Exemplo:
Para passarmos de ano, precisamos de estudo. (verbo transitivo)
São semelhantes aos verbos modais, dão característica ao verbo principal, que estará no infinitivo impessoal. A característica que esses atribuem são de estado da ação em relação ao tempo do enunciado, podendo ser:
de iniciação (colocar-se a, começar a, pôr-se a, etc):
Muitas pessoas puseram-se a sair de casa para viajar.
de continuação (andar, continuar a, ficar a, ir, permanecer a, seguir, vir a, etc):
Muitas pessoas permaneceram a sair de casa à noite.
de finalização (acabar, deixar de, terminar de, etc):
Muitas pessoas deixaram de sair de casa pela violência.
Observações: A preposição a + verbo no infinitivo impessoal pode ser substituida por verbo no gerúndio.
Alguns gramáticos consideram certos verbos como semi-auxiliares, outros, utilizam a classificação que é apresentada neste livro. Veja semântica verbal para ver a nossa classificação.
Os verbos podem se apresentar em várias formas: na forma de composição, locução verbal (que constitui a conjugação perifrástica) e as formas simples. Essas formas são formadas a partir dos verbos auxiliares, de acordo com a forma nominal expressa pelo verbo principal. Chamamos de forma nominal, o gerúndio, o particípio e o infinitivo.
Apesar do verbo estar estar flexionado, o verbo encaminhar permaneceu na mesma forma (ocorrendo um tipo especial de concordância verbal).
Mesmo estas locuções estarem relacionadas à pessoas e números diferentes, o verbo encaminhar flexionou-se em outra forma.
Isto ocorre porque encaminhando nunca flexionar-se-á. É necessário indicar um tempo verbal com o verbo auxiliar estar, já estudado. Trata-se de um verbo no gerúndio, uma forma nominal do verbo.
Como vimos na página anterior, o verbo estar pode se apresentar na voz passiva, mas o verbo auxiliar ser deve estar no gerúndio (a mesma flexão usada nas tabelas anteriores), a morfossintaxe da voz passiva permanece a mesma (+ particípio). Veja:
Usando a voz passiva
Usando o Presente
Forma Perifrástica
Forma Simples
Estou sendo Encaminhado
Sou Encaminhado
Estás sendo Encaminhado
És Encaminhado
Está sendo Encaminhado
É Encaminhado
Estamos sendo Encaminhados
Somos Encaminhados
Estais sendo Encaminhados
Sois Encaminhados
Estão sendo Encaminhados
São Encaminhados
Usando o Pretérito Imperfeito
Forma Perifrástica
Forma Simples
Estava sendo Encaminhado
Era Encaminhado
Estavas sendo Encaminhado
Eras Encaminhado
Estava sendo Encaminhado
Era Encaminhado
Estávamos sendo Encaminhados
Éramos Encaminhados
Estáveis sendo Encaminhados
Éreis Encaminhados
Estavam sendo Encaminhados
Erão Encaminhados
Analisando estas tabelas, podemos concluir que:
O que acontecia com gerúndio nos casos anteriores, ocorrem agora nestes
O verbo principal, encaminhar, desta vez flexionou-se
Isto ocorre porque sendo está tendo o mesmo papel de encaminhando, e do mesmo jeito, é inflexível. Já encaminhado(s) segue regras comuns de concordância verbal, mas do mesmo jeito que o gerúndio, não flexiona-se no tempo, tendo relação de dependência ao verbo auxiliar. Esta forma nominal chama-se particípio.
Uma maneira fácil de diferenciar o particípio do gerúndio é simples: Assim como na palavra Gerúndio existe um n, os verbos flexionados no gerúndio também vão ter um n, nos verbos regulares do particípio, basta retirar o n e se obtem o particípio masculino do singular (só não ocorre na segunda conjugação). Veja na tabela ao lado:
A Flexão dos verbos regulares para formar o gerúndio é a seguinte:
Acrescenta-se -ando ao radical;
A Flexão dos verbos regulares para formar o particípio é a seguinte:
Na primeira e terceira conjugação, coloca-se -ad após o radical, e em seguida a desinência nominal;
Na segunda conjugação, coloca-se -id após o radical, e em seguida a desinência nominal.
A desinência (flexão) do particípio é, para o feminino: a (singular), as (plural); e masculino: o (singular), os (plural). Exemplo:
O particípio é usado para designar uma ação sofrida e completa ou uma ação realizada por outro ser em relação ao sujeito, ou seja, no passado do tempo enunciado (no passado do passado, no passado do presente ou no passado do futuro). Já o gerúndio serve para designar uma ação incompleta feita pelo sujeito, ou seja, que teve o inicio no presente do tempo enunciado (no passado, no presente ou no futuro) e ainda não teve um fim.
Como pode ser visto na tabela acima, os tempos compostos são formados por ter/haver + particípio. Veja:
Usando o Presente
Forma Composta
Forma Simples
Tenho/Hei encaminhado
Encaminho
Tens/Hás Encaminhado
Encaminhas
Tem/Há Encaminhado
Encaminha
Temos/Hemos Encaminhado
Encaminhamos
Tendes/Heis Encaminhado
Encaminhais
Têm/Hão Encaminhando
Encaminham
Usando o Pretérito Imperfeito
Forma Composta
Forma Simples
Tinha/Havia Encaminhado
Encaminhava
Tinhas/Havias Encaminhado
Encaminhavas
Tinha/Havia Encaminhado
Encaminhava
Tínhamos/Havíamos Encaminhado
Encaminhávamos
Tínheis/Havíeis Encaminhado
Encaminháveis
Tinham/Haviam Encaminhado
Encaminhavam
Usando o Afirmativo
Forma Composta
Forma Simples
-
-
Tem/Há Encaminhado
Encaminha
Tenha/Haja Encaminhado
Encaminhe
Tenhamos/Hajamos Encaminhado
Encaminhemos
Tende/Havei Encaminhado
Encaminhai
Tenham/Hajam Encaminhado
Encaminhem
Observações: Ao contrário da conjugação perifrástica, os tempos compostos não admitem o pretérito perfeito e mais-que-perfeito do indicativo, pois os tempos compostos no pretérito imperfeito do indicativo já indicam tal perfeição.
Podemos utilizar as regras da conjugação perifrástica junto às do tempo composto. Ocorre quando se coloca ter/haver + estado(s) + gerúndio. Ocorre porque o verbo principal do tempo composto torna-se estar que por consequência do verbo auxiliar, fica no particípio (estado(s)), mas, pelas regras da conjugação perifrástica, o verbo principal da locução verbal flexiona-se no gerúndio:
O verbo ir também pode ter papel de auxiliar (geralmente informalmente). Ele possui as mesmas características do verbo estar quando auxiliar. Junto à preposção a, o verbo estar tem relação perifrástica com o verbo principal no infinitivo. O mesmo ocorre com o verbo ir. Chamamos o tempo formado com verbo ir com verbo principal no infinitivo de futuro breve, assim como estar + a.
Observações: Muitas vezes o verbo ir pode ter sentido de andar, mover, movimentar, somente nestes casos o tempo composto pode fazê-lo com o gerúndio (exceto se o verbo estar introduz o principal, que por consequência haverá a preposição a e verbo no infinito):
Os tempos compostos e os verbos que utilizam o infinitivo possuem valores especiais (lembrando que os tempos compostos - ter e haver - são formados pelo particípio e a conjugação perifrástica - estar e ir - pelo gerúndio):
Passado com estar e ir = passado progressivo, semanticamente
Estive lendo as notícias recentes.
Fui lendo as notícias recentes.
Passado com ter e haver = passado mais-que-perfeito, semanticamente
Tinha lido as notícias recentes.
Havia lido as notícias recentes.
Presente com estar e ir = presente progressivo, semanticamente
Estou lendo as notícias recentes.
Vou lendo as notícias recentes.
Presente com ter e haver = passado próximo, semanticamente
Tenho lido as notícias recentes.
Hei lido as notícias recentes.
Futuro com estar e ir = futuro (que será) progressivo, semanticamente
Estarei lendo as notícias recentes.
Irei lendo as notícias recentes.
Futuro com ter e haver = futuro (que será) mais-que-perfeito, semanticamente
O modo composto sempre será o verbo auxiliar + particípio/gerúndio. Se o verbo auxiliar estiver no pretérito perfeito, o modo simples também estará no pretérito perfeito (você pode conferir nas tabelas já apresentadas). Exemplificando:
Fomos
andando
=
Andamos
↓
↓
↓
Verbo Auxiliar, 1ª p. do plural do pret. perf. do ind.
Gerúndio
1ª p. do plural do pret. perf. do ind.
Estiveras
posto
=
Puseras
↓
↓
↓
Verbo Auxiliar, 2ª p. do sing. do pret. mais-que-perf. do ind.
Particípio
2ª p. do sing. do pret. mais-que-perf. do ind.
(Quando) Forem
dançando
=
Dançarem
↓
↓
↓
Verbo Auxiliar, 3ª p. do plural do fut. do subj.
Gerúndio
3ª p. do plural do fut. do subj.
Havia
pulado
=
Pulava
↓
↓
↓
Verbo Auxiliar, 3ª p. do sing. do pret. imperf.
Particípio
3ª p. do sing. do pret. imperf.
Vá
vendendo
=
Venda
↓
↓
↓
Verbo Auxiliar, 3ª p. do sing. do afirm. do ind.
Gerúndio
3ª p. do sing. do afirm. do ind.
Tereis
ficado
=
Ficareis
↓
↓
↓
Verbo Auxiliar, 2ª p. do plural do fut. do pres. do ind.
Existem casos em que o particípio possui função de substantivo ou de adjetivo. Estes substantivos e adjetivos são denomínados derivados de verbos. Os substantivos irão aparecer no feminino, os adjetivos concordarão com o nome. Exemplos:
Cruzei
por
primeiro
a
chegada
↓
↓
↓
↓
↓
Verbo
Preposição
Numeral
Artigo
Substantivo derivado de Chegar
Dormia
sobre
a
calada
da
noite
↓
↓
↓
↓
↓
↓
Verbo
Preposição
Artigo
Substantivo derivado de Calar
Preposição
Substantivo
Ela
é
uma
garota
iluminada
↓
↓
↓
↓
↓
Pronome
Verbo
Artigo
substantivo
Adjetivo derivado de Iluminar
Existem derivados que se modificaram com o tempo, ocorrendo variados processos de formação, e assim a língua vai se transformando.
No Período Composto, oração subordinada é toda oração que depende sintaticamente da outra. Orações coordenadas são as que exercem mínima relação sintática.
Em certas orações subordinadas (e em uma coordenada), podemos anular a conjunção e acrescentar o particípio, o gerúndio ou o infinitivo, dependendo da função que a oração subordinada exerce à oração principal, tendo como significação desta oração o mesmo da oração desenvolvida, podemos classificá-las de acordo com o verbo nominal:
Particípio
Adjetivo
Advérbio (circunstâncias:)
Causa
Condição
Concessão
Tempo
Gerúndio
Adjetivo
Advérbio (circunstâncias:)
Causa
Condição
Concessão
Tempo
Adição
Observações: O significado destes verbos é o mesmo que exercem na oração absoluta, ou seja, pelo fato de estarem na oração reduzida, não perdem suas características já mencionadas.
O infinitivo é a parte "natural" do verbo. Ele é dividido em dois, em infinitivo pessoal e infinitivo impessoal. O infinitivo pessoal, como o próprio nome diz, remete a uma pessoa, enquanto o impessoal, não remete a ninguém.
Ao observarmos os verbos, notamos que eles são transitivos, sendo os seus objetos, o pronome se. Como já vimos, os pronomes sempre estão relacionados a outros termos, nestes casos, o sujeito. Ou seja, o sujeito pratica e sofre a ação ao mesmo tempo. Veja que a ação do verbo é refletida no sujeito. Chamamos isto de conjugação reflexiva. Ela é feita pelo uso de um verbo reflexivo + pronome reflexivo que é correspondente à pessoa e número gramatical do sujeito.
Podemos ter um verbo em diferentes formas para indicar a mesma frase, veja:
João e Paulo feriram-se a si próprios. (verbo com função reflexiva)
João e Paulo foram feridos. (verbo com função passiva)
João feriu a Paulo e Paulo feriu a João. (verbo com função recíproca)
Quando na conjugação reflexiva o sujeito é composto, o verbo tem função recíproca, visto que um núcleo do sujeito estabelece ação do verbo sobre o outro núcleo e este sobre o primeiro.
Nos verbos reflexivos, sempre aparecerá um pronome reflexivo, da mesma pessoa que o sujeito, sem o qual o verbo não poderá indicar reflexibilidade. Por essa razão, os verbos reflexivos chamam-se também pronominais, dividindo-se em dois grupos: pronominais essenciais e pronominais acidentais.
Pronominais essenciais - são aqueles que vêm sempre acompanhados de pronome reflexivo, já que sempre o sujeito pratica e sofre a ação. O pronome oblíquo que os acompanha nunca terá uma função sintática. Quanto a fonação possuem reflexibilidade atenuada, pelo fato do pronome não destacar-se (já que é constante o seu uso com tais verbos): arrepender-se, queixar-se, indignar-se, abster-se, etc.
Ele queixa-se sempre.
Eu queixo-me sempre.
Tu queixas-te sempre.
Pronominais acidentais - são os verbos transitivos diretos que, para indicar reflexibilidade da ação, vêm acompanhados do pronome reflexivo. Quanto a fonação possuem reflexibilidade pronunciada, pelo fato do pronome destacar-se (já que não são obrigatórios).
O bandido escondeu o dinheiro. (verbo transitivo)
O bandido escondeu-se. (verbo reflexivo - escondeu a si próprio)
Observações: Os verbos reflexos são indiretos, pelo fato de o objeto direto ser o próprio pronome. Nunca serão reflexos os intransitivos, já que indicam uma simples ação.
Há verbos com os quais é facultativo o uso do pronome, a maioria trata-se de palavras homônimas, mas há casos em que é independente da semântica, como o verbo lembrar (-se).
Os verbos de ligação (copulativos ou designativos) são verbos que não possuem valor grande semântico na frase, apenas sintático, sendo classificados como verbos relacionais.
Observações: Verbos de ligação são diferentes de verbos auxiliares! Os auxiliares formam os tempos compostos, diferente dos de ligação!
Cada verbo de ligação representa certo período de tempo, representando características que podem ser duradouras ou momentâneas:
Ser: É o verbo de ligação que apresenta caracterítica mais duradoura, pode ser usado para estabelecer caracteríticas permanentes, desde a criação do ser ou objeto, ou características que estão presentes há alguns meses, dependendo do contexto. Pode também dar uma característica comum a todos seres ou objetos daquela espécie.
Ele é português.
Desde então elas são alegres.
Um dia eu serei famoso.
Era uma vez uma princesa...
Que tudo apartir daqui seja bom.
Estar: É o verbo de ligação que apresenta características momentâneas (às vezes estas características podem ter o significado de tender a ser duradouras, a partir do tempo do enunciado, nesses casos o verbo estar pode ser substituído por ser).
Desde então elas estão alegres.
Um dia eu estarei famoso.
Pensei se isso estará bom.
Amanhã estarei em casa.
Estamos no mês de maio.
Permanecer: É o verbo de ligação que apresenta características que surgiram no passado (próximo ou não) e que duram até o tempo do enunciado, tem sentido de continuar.
Elas permaneceram calmas durante o ensaio.
Ele permanece famoso.
Amanhã permanecerei em casa.
Tudo permaneceu tranquilo.
Pensei se isso permanecerá bom a partir de então.
Ficar: É o verbo de ligação que apresenta características que derrepente surgiram. É o que possui característica mais momentânea de todos.
Fiquei bravo quando descobri tudo.
Amanhã ficarei em casa.
Ficarei famoso um dia.
Ficamos com muito frio naquele inverno.
Depois do julgamento ele ficará preso.
Tornar-se, Transformar-se ou Virar: Iguais ao verbo ficar, porém a característica é duradoura.
O Predicado é a parte da frase em que declara-se ações do sujeito. O Predicado nominal (ou predicativo) esclarece modificações e qualidades que ocorreram naquele período com o sujeito ou em um longo período. Uma frase com predicado nominal é formada por Sujeito + Verbo de Ligação + Adjetivo:
Advérbio é a classe gramatical das palavras que modifica um verbo, um adjetivo, um outro advérbio, ou uma oração inteira.
Na linguagem publicitária e jornalística atual, os advérbios se relacionam a substantivos.
Isso é simplesmente futebol.
Isso é orgulhosamente Brasil.
Primordialmente, os advérbios visam modificar, de alguma forma, a circunstância no qual ocorre a ação expressa pelo verbo; porém, na evolução da língua, essa função de "modificar a circunstância" se estendeu aos adjetivos, ao advérbio e aos substantivos. Essa ampliação do uso do advérbio chega a atingir até mesmo os pronomes na linguagem informal, pois na norma culta, tais usos configuram-se graves erros (Ex.: - Quem fez isso? - Euzinha! = Eu mesma). Exemplos:
Chegaram tarde para o Jantar; Queremos agora → Observe que o verbo define a ação, mas o advérbio modifica as circunstâncias em que essa ação ocorre. O uso do advérbio aprimora a mensagem, pois torna mais precisa a ocorrência dos fatos.
Era a moça mais bonita da festa → Nesse caso o advérbio altera a circunstância em que é expressa a qualidade da moça; lhe dá uma intensidade diferenciada, pois, entre todas as moças belas da festa, aquela em especial apresentava essa qualidade de maneira mais elevada.
Partiram ontem apressadamente → observe que é dada duas circunstância para o fato expresso na ação (partir): 1° - que foi ontem (o tempo da partida) e 2° - sendo ontem, foi apressadamente (o modo como partiram); observe que o advérbio restringiu ainda mais a circunstância da ação utilizando o termo apressadamente para modificar o próprio advérbio ontem.
Não há sinais morfológicos definidores de advérbios. O único consenso nesse respeito é que eles são invariáveis. Isto é, advérbios não flexionam em gênero e número. Os autores que defendem a existência de flexões de grau, afirmam que alguns advérbios passam por esse processo. Contudo, os estudos mais modernos indicam que não existe flexão de grau, mas derivação de grau.
Os advérbios são analisados sob três aspectos: função, forma e circunstância.
A respeito da função do advérbio, pode ser tanto a de modificar um verbo, como também um adjetivo ou um outro advérbio. Quando modificando um verbo ele será considerado, sintaticamente, um adjunto adverbial. Se modificar um adjetivo ou outro advérbio, ele será classificado como adjunto adnominal, por fazer parte de um sintagma nominal e não exercer papel de núcleo deste. De acordo com a mudança do sentido ou da sintaxe do verbo, o advérbio também será modificado. Ele aplica circunstâncias ao verbo, e não necessariamente elas são obrigatórias para que a informação tenha sentido.
Os advérbios, por serem invariáveis, possuem formas bem restritas. Na verdade, podem assumir apenas 2 (duas) formas: ou é uma palavra sendo ela o próprio advérbio; ou são duas palavras, formando uma locução adverbial.
Os advérbio propriamente ditos (que se identificam como tal por uma só palavra: ontem, hoje, junto, perto, apenas, não, sim etc.) são basicamente os que compõem as listas das classificações de lugar, tempo, negação, dúvida, intensidade, afirmação e modo. Contudo existe uma lista imensa das locução adverbiais, pois na linguagem popular inventa-se novas palavras ou modifica-se o uso normal das antigas quase diariamente, para expressar circunstâncias especiais. As locuções adverbiais também assumem uma posição na classificação dos advérbios propriamente dito, dependendo da ideia (ou do significado) que encerram.
Eu só cumpri minhas obrigações → Advérbio de exclusão, significando que somente cumpriu
Tudo aconteceu às claras → A locução explica a circunstância em que os fatos aconteceram, indicando que foi de maneira transparente, à vista de todos, sendo necessário ter conhecimento do "sentido" da locução.
Quando várias palavras exercem uma função, são chamadas de locução. Se a função da locução for a de advérbio, este grupo de palavras é chamado de locução adverbial. Normalmente, é um grupo de duas palavras, sendo a primeira uma preposição e a segunda um substantivo: de noite, em casa, por perto, ao contrário, de bom grado, à direita, etc.
Costuma-se classificar o advérbio pela circunstância que indica, isto é, pela modificação do significado inerente a um verbo, adjetivo e outro advérbio. É importante que se diga que isto já não faz parte do campo de estudo da morfologia, mas da semântica. Se esse estudo é feito, tradicionalmente, na área morfológica, isso se deve evidentemente a uma confusão da nomenclatura gramatical tradicional.
O advérbio pode assim ser classificados quanto as circunstâncias que encerram:
Assim, bem, mal, acinte (de propósito, deliberadamente), adrede (de caso pensado, de propósito, para esse fim), debalde (inutilmente), como, depressa, de repente, devagar, melhor, pior, bondosamente, generosamente e outros terminados em -mente.
Às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, em geral, em silêncio, sem medo, ao vivo.
Às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia, etc.
São palavras e locuções, das quais, na gramática tradicional, são classificadas como advérbios, mas, conforme a nomenclatura gramatical brasileira, não possuem uma classe morfológica. Em alguns casos, estas palavras podem ter uma classificação. São elas, e suas circunstâncias:
Adição: ademais, ainda, além disso, e ainda por cima, além de tudo, quando acaba;
Afastamento: embora;
Afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente;
Aproximação: aproximadamente, cerca de, por volta de, quase, lá por, uns, bem, mais ou menos;
Adversidade: ainda, mesmo, mesmo assim;
Afirmação: é fato, sim, com certeza, evidentemente, de fato, é certo, é verdade, mesmo, positivamente, sem dúvida, indubitavelmente, pois não, perfeitamente
Coincidência: logo, bem, justamente, por cúmulo;
Conclusão: em fim, em suma, em síntese, em resumo;
Continuação: bem, ora, ademais;
Designação: eis, vede, aqui está;
Distribuição: a princípio, em seguida, finalmente, depois, primeiro, segundo;
O grau superlativo absoluto expressa uma grandeza, nesses casos algo será comparado com todos os seres ou objetos daquela espécie. Classificam-se:
Superlativo absoluto sintético: O adjetivo, substantivo ou advérbio flexionam-se por meio dos sufixos -issimamente (para advérbios), -íssimo(s), -íssima(s), -inho(s) ou -inha(s) (estes outros para substantivos e adjetivo), que os dão papel intensificador.
Ela é bonitíssima.
Ele chegou cedíssimo.
Tu agistes generosissimamente.
Superlativo absoluto analítico: O advérbio flexiona-se por meio de um advérbio de intensidade (veja a lista acima).
Certos advérbios podem se apresentar no diminutivo ou repetidos, mas ambos com valor de superlativo.
Cheguei cedinho. = muito cedo
Saí agorinha. = agora
Minha irmã mora perto, perto. = muito perto
O cinema fica longe, longe. = muito longe
Quando se coordenam dois ou mais advérbios terminados em -mente, pode-se usar o sufixo apenas no último advérbio ou em todos, para enfatizar.
O cliente falou calma e respeitosamente.
O cliente falou calmamente e respeitosamente.
Antes de particípios usam-se as formas analíticas 'mais bem' e 'mais mal', em vez das formas sintéticas 'melhor' e 'pior'
Este projeto está mais mal elaborado que aquele.
Aquela casa está mais bem construída que esta.
'Tampouco' equivale a 'nem', 'também não'. É usado após uma oração declarativa.
Ele não veio, tampouco avisou.
Observações:
No predicado nominal no grau comparativo, basta ser colocado o artigo (determinante) após o verbo de ligação para formar o superlativo absoluto.
O uso de que todos no superlativo absoluto analítico implica com o comparativo, isto é, acaba tornando-se o grau comparativo.
O uso de advérbio intensificador + superlativo absoluto sintético forma o superlativo absoluto analítico, isto é, o superlativo absoluto sintético pode estar dentro do superlativo absoluto analítico.
O uso de advérbio intensificador + superlativo absoluto + que... forma o grau comparativo, isto é, o superlativo absoluto sintético pode estar dentro do comparativo.
Alguns advérbios podem estar na forma de contração. Eles são formados pela junção da preposição a e da preposição de. Contração de advérbio na norma culta restringe-se ao advérbio onde. Veja:
Onde você nasceu?
Donde você é?
Aonde você foi?
A contração donde, é formada por aglutinação pelo advérbio onde e a preposição de, admitindo na norma padrão a forma expressa de onde. Já a contração aonde, é formada a partir do advérbio onde e a preposição a, não admitindo a forma expressa, formada por justaposição.
Preposição é uma palavra invariável que liga dois elementos duma oração, subordinando-os entre si próprios (substantivo a substantivo, verbo a substantivo, substantivo a verbo, adjetivo a substantivo, advérbio a substantivo etc.), podendo também exercer papel conjuntivo a subordinar um tipo especial de oração, a oração reduzida.
A maioria das preposições nada significam, a e de são as que menos procedem-no:
Eu preciso de ti.
Eu só tenho a ti.
Algumas preposições apresentam um significado por sua singularidade de uso: até, em, para e por (nalguns casos a preposição para está indefinida). Outras parecem ter um significado, o que deve-se às circunstâncias que elas estabelecem, como as preposições com, perante, segundo e sem. Após, contra, desde, sob e sobre são as únicas que podem apresentar algum significado, relativamente ao contexto que situam-nas. É considerável tomar nota de que preposições constituídas de mais letras tendem mais a ter significado, juntas às que possuem certa relação adverbial, porque elas indicam circunstâncias tais como ponto e companhia (com, sem, sob e sobre). As preposições de pouco uso (a exemplo de ante, trás) são frequentemente classificadas como arcaicas; o mesmo sucede à preposição per.
Como pôde-se observar, cada preposição é usada segundo a circunstância frasal, o que significa que inseri-las em qualquer frase e em qualquer lugar desta possivelmente induz a erros; pois raro o lugar em que usa-se uma preposição é facultativo, e, muitas vezes, deslocando a preposição, acaba-se por mudar o sentido da frase.
Contrações compreendem o que palavras sofrem para facilitar sua pronúncia.
As contrações são formadas por aglutinação. Um tipo especial de contração, a combinação, é formada por justaposição. As palavras que podem sofrer contração, são:
Preposições essenciais
Artigos definidos
Artigos indefinidos
Pronomes indefinidos
Pronomes pessoais
Pronomes demonstrativos
Conjunções
Advérbios
As contrações podem ser obrigatórias ou facultativas:
São as formadas por preposição + artigo definido (exceção a preposição de, que pode ser obrigatória ou expressa, dependendo do caso) e por preposição + pronomes demonstrativo:
Pelos (por + os);
Neste (em + este);
À (a + a).
À e flexões é um tipo especial de contração, denominado crase (fusão de vogais idênticas).
É incorreto contrair a preposição de com o artigo que inicia o sujeito de um verbo, bem como com o pronome ele(s), ela(s), quando estes funcionarem como sujeito de uma oração. A preposição com deve ser obrigatoriamente contraída com pronomes pessoais oblíquos, exceto na terceira pessoa (comigo, contigo, conosco e convosco). Conosco e convosco são exceções, sendo proibidos quando anteriores a um numeral cardinal (exemplo: com nós cinco).
Não se usa o artigo nas locuções adverbiais a meu ver e semelhantes, não ocorrendo a contração.
Deixa-se as palavras da contração expressas (apenas o substantivo se a preposição for de ou por), separando-as com o apóstrofo, o artigo ou o pronome relacionados ao termo de destaque em letra maiúscula. Isto ocorre quando queremos dar ênfase ou quando o nome de uma obra começa com um artigo e a frase exige preposição. Exemplo:
A preposição per era utilizada antigamente na língua portuguesa. Talvez o caso mais conhecido do uso desta preposição se tem na expressão latina per capita, em português, por cabeça. Analisando esta expressão podemos concluir que a preposição latina (que também já fora portuguesa) tem as mesmas funções sintáticas que a preposição portuguesa por. Logo, se pode concluir que, por grande semelhança eufônica e escrita destas preposições, podemos considerar que ambas formam as contrações pelo, pela, pelos, pelas junto a artigos definidos (nas contrações o e pode ser breve e pode haver declinação na pronúncia da última vogal, dependendo da região).
Dão a ideia de adição, acréscimo. São utilizadas em orações coordenadas aditivas.
e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda, não só... mas também, não só... como também, não só... bem como, não só... mas ainda,que(=e), mas (=e), outrossim, tampouco, também,não só ...senão também, bem assim, além disso. ademais , demais,etc.
Demonstram adversidade, oposição. São utilizadas em orações coordenadas adversativas.
mas, porém, todavia, contudo, antes (no sentido de pelo contrário), não obstante, entretanto, no entanto, entanto, sem embargo, ao passo que , quando(=mas), que(=mas), nada obstante, senão(=mas), entrementes, e(=mas), de outra forma, em todo caso, aliás(=de outro modo),...
Todos a consideram amiga, você, entretanto, não.
Tudo estava perfeito para nossa viagem, no entanto o Marquinhos se atrasou e perdemos o voo.
Ele sobreviveu ao terrível acidente, mas inspira muitos cuidados.
Expressam conclusão. São utilizadas em orações coordenadas conclusivas.
logo, portanto, pois (quando vem após o verbo), por conseguinte (em consequência de algo), por isso, então, por consequência, consequentemente, conseguintemente, dessarte, destarte,isso posto, pelo que, daí, de modo que, de maneira que , de forma que , em vista disso,donde , por onde,agora, etc.
Fizemos o trabalho rapidamente, logo, tivemos mais tempo para nos divertirmos.
Ela estudou com muita garra, portanto passou facilmente na prova.
Estavam desperdiçando eletricidade, por isso a conta de luz ficou alta.
Já as conjunções subordinativas ligam duas orações de forma que cada oração, individualmente, não fariam sentido. Dentre as orações uma é a subordinante e a outra é a subordinada (adverbial ou substantiva).
Justificam uma ação. São utilizadas em orações subordinadas adverbiais causais.
porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que, pois, porquanto,dado que,posto que, visto como, vez que, de vez que, de modo que,pois que, por isso que, na medida em que , sendo que,quando(=porque), como quer que, como que, eis que, se, etc...
Estava no hospital já que sofrera um acidente.
Levaremos tempo até chegar lá uma vez que o carro teve problemas.
Recebemos a mais no salário porque fizemos horas extras.
Mostram insistência. São utilizadas em orações subordinadas adverbiais concessivas.
embora, conquanto, posto que, por muito que, se bem que, ainda que, mesmo que, apesar de que, dado que, suposto que, ainda quando, quando mesmo, a despeito de, posto, suposto, conquanto que, malgrado, em que pese, sem embargo de que, não embargante que (arcaica), se bem, bem que, mas que, sobre que (arcaica), quando (embora), e (=embora), que (embora), pese embora, muito embora, em que, inclusive se, por mais que, por menos que, por pouco que, em que pese em que, não obstante que, não obstante, com que (em desuso), empero (arcaico), pero que (arcaico), se, etc...
Mesmo que jogasse um balde de água fria nele, ele não acordaria.
Denotam condição. São utilizadas em orações subordinadas adverbiais condicionais.
se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (= senão), a menos que, uma vez que, a menos que, a não ser que, dado que, com a condição de que, quando, como(arcaico), que, na medida em que, no caso que, com tal que , caso que.que,etc...
Contarei a teus pais, salvo se você me prometer uma coisa.
Indicam tempo. São utilizadas em orações subordinadas adverbiais temporais.
quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, mal (= logo que), até que, depois que, sem que, cada vez que, que, primeiro que, eis que, eis senão que, eis senão quando, como, assim, tão logo, tão depressa, apenas, antes que, toda vez que, nem bem, uma vez que, entretanto que, no entretanto que, tanto que, logo como, se, etc...
Antes que anoiteça já terei ido à minha casa.
Enquanto houver paz, todos serão felizes.
Todos os atletas correram assim que a largada foi dada.
A análise sintática encarrega-se de examinar, classificar e reconhecer as estruturas da sintaxe, isto é, os períodos, as orações e os termos das orações.
A análise sintática segue uma sequência lógica: a frase é composta de períodos, o período é decomposto em orações, as orações em sintagmas, onde podemos definir os termos e estes são analisados. Você pode fazer exercícios sobre sintaxe, depois confira as respostas.
Cada estrutura do corpus possui uma classificação diferente - a sentença.
Uma frase é todo trecho que possui sentido. Oração é uma frase, ou parte de uma frase que possui estrutura sintática completa ou quase completa. Em uma frase podem existir uma ou mais orações. Existem vários tipos de orações, são classificadas de acordo com sua função sintática na frase. Se uma oração depende da outra chamamos uma de principal e a outra de subordinada. Se uma não depender da outra, chamamos de coordenada. O período é classificado de acordo com a quantidade de orações que há na frase. Se houver apenas uma oração, o período é simples, se houver mais, ele é composto. Chamamos de núcleo a palavra que exerce maior função em um termo. Caso houver relação de subordinação de termos com o núcleo, haverá o sintagma.
Sintagma é o conjunto de palavras subordinadas aos núcleos das orações. Como toda oração é formada pelo sujeito + predicado, o estudo do sintagma é uma análise do sentido e da função das palavras que acompanham justamente o núcleo desse sujeito e o núcleo desse predicado. Há dois tipos de conjuntos de sintagmas: 1° o conjunto de palavras que compõe o sujeito e 2° o conjunto de palavras que compõe o predicado. Essa relação de subordinação se dá nos vocábulos que determinam ou modificam o sentido dos núcleos do sujeito e do predicado. Por exemplo:
Uma polícia honestadespertaria a confiança da população
O sintagma nominal é composto pelo grupo de palavras que compõe o sujeito, ou seja, "Uma polícia honesta", o que corresponde ao sujeito da oração, sendo que o substantivo "polícia" é o núcleo do sintagma nominal;
O sintagma verbal é composto pelo grupo de palavras que formam o predicado, ou seja, "despertaria a confiança da população", o que corresponde ao predicado da oração, sendo o núcleo do sintagma verbal o próprio verbo "despertaria".
Nesse primeiro exemplo, faz-se necessário deixar clara a seguinte conclusão: SEMPRE o núcleo do sintagma nominal será um vocábulo com função nominal (substantivos, pronomes substantivos, numerais); entretanto, o núcleo do sintagma verbal será apenas o verbo, nenhuma outra palavra de outra classe pode assumir essa posição. Ainda no mesmo exemplo, faz-se outra observação:
Uma polícia honesta despertaria a confiança da população
Ao redor do núcleo do sintagma nominal há a presença do artigo ("Uma") e do adjetivo ("honesta"). Esses termos alteram o sentido do núcleo determinando ou modificando esse sentido. No 1° caso o artigo determina o sujeito, expressa o grau de precisão do núcleo, com o sentido de polícia no geral; no 2° caso o adjetivo modifica uma qualidade desse núcleo, evidência um atributo do núcleo.
Modificar significa moderar, restringir, alterar ou dar forma nova.
Determinar significa demarcar termos ou limites; fixar, indicar com precisão, diferençar, ocasionar, distinguir.
Os sintagmas quando mudados de posição, tomam a colocação irregular, sendo admitida na norma padrão. O estudo dos sintagmas é de fundamental importância para a compreensão das relações sintáticas entre as orações.
É formado pelo verbo, seguido ou não do sintagma preposicional (objeto indireto), do sintagma nominal (objeto direto), do sintagma adverbial (adjunto adverbial) ou do sintagma adjetivo (predicativo):
A oração é a sentença em que a sintaxe é completa ou quase completa.
Na oração, as palavras relacionam-se como partes de um conjunto harmônico: são seus termos (ou unidades sintáticas); cada um desses termos desempenha uma função sintática.
O núcleo da oração é o verbo ou a locução verbal (podendo estar expressos ou ocultos). O número de verbos e locuções verbais da frase, representa o número de orações, ou seja, se uma frase possui um verbo, tem uma oração, se tem dois verbos, tem duas orações, se tem três verbos, tem três orações, e assim por diante. Um conjunto de orações semelhantes denomina-se período. Abaixo, veja a quantidade de orações de cada frase, de acordo com a quantidade de verbos e locuções verbais:
Subiu de novo o preço da gasolina. - frase com um verbo (uma oração)
O hospital exigia que houvesse silêncio. - frase com dois verbos (duas orações)
Nós notamos que ele havia desaparecido. - frase com um verbo e uma locução verbal (duas orações)
Antes de morar no exterior, terá de aprender outro idioma. - frase com três verbos (três orações)
Note que todos pareciam confusos e estavam perplexos depois de ocorridos os acontecimentos. - frase com quatro verbos (quatro orações)
Termos integrantes - são aqueles termos que completam o sentido da oração;
Termos acessórios - são aqueles termos que dão informações extras à oração.
Observações: Logo, por não haver termos essenciais em certas sentenças, elas não denominam-se orações - são frases nominais - tais como:
Alô?
Que rapaz inteligente!
Perceba que, em um período composto, aquele que possui mais de uma oração, cada oração possui seus termos essenciais, integrantes e acessórios. Exemplo:
As orações são classificadas de acordo com a função delas na frase, bem como os períodos:
Período simples: a oração possui estrutura sintática completa e é chamada de absoluta por ser uma oração independente;
Período composto por coordenação: as orações deste período podem possuir estrutura sintática completa ou quase completa e servem para sequênciar os fatos atráves de uma função;
Período composto por subordinação: as orações deste período possuem uma estrutura sintática quase completa, e quando juntas, se completam;
Período misto: é formado tanto por coordenação quanto subordinação.
As orações que exprimem coordenação são as orações coordenadas. Elas formam o período composto por coordenação e podem formar o período misto. São conectadas às demais orações por conjunções coordenativas, expressas ou não.
Em um período composto por subordinação, há essencialmente duas orações: uma principal e outra subordinada. A oração subordinada completa o sentido da principal.
Em algumas orações subordinadas, o núcleo destas orações (o verbo, como já vimos antes) é transmutado a partir de outra palavra (substantivo, adjetivo ou advérbio) que obrigatoriamente é o núcleo de outro termo. Ou seja, se transforma o núcleo de um termo qualquer (do qual partirá a função desta oração) em núcleo de oração. Este método será utilizado por nós para explicarmos estas orações.
Além disso, também existem as orações reduzidas. Elas são formadas quando o verbo é transformado em uma locução.
No período simples, uma frase é constituída por uma só oração (um só verbo ou locução verbal, expresso ou não). Exemplos (em negrito estão os verbos):
Minha vida é boa.
A discussão alongava-se bastante.
Disse-nos a verdade.
Realmente isto não era necessário.
Observações:
A oração do período simples é chamada absoluta;
Os tempos compostos (locuções verbais) são considerados como um verbo - por possuírem uma sintaxe, e não duas -, ou seja, orações com mais de um verbo em certos casos podem ter período simples:
Classifica-se como frase toda sentença capaz de nos transmitir idéias, sentimentos, pensamentos, desejos. A estrutura de uma frase escrita varia, desde uma simples palavra isolada a um complexo período.
É frase toda sentença com sentido.
Exemplos de frases:
Obrigado.
Ajude-me, por favor.
O caçador aproximou-se e disparou no lobo, salvando Chapeuzinho Vermelho.
Roraima será um grande império no futuro.
Eles estão se aproximando, fujam!
O sopro de vento empurrou lentamente a velha porta entre-aberta.
Exemplos: Estude, meu filho; Não abras a porta; Cale-se e vá trabalhar!
Exclamativas: admiração, susto, demonstra ênfase.
Exemplo: Uma criança a falar palavrões!; Elas voltaram muito tarde!
Optativas: desejo.
Exemplo: Deus te ouça!
Imprecativas: imprecação.
Exemplo: Não encontres amor nas mulheres! — Gonçalves Dias.
Frases ainda podem ser afirmativas [por exemplo, Gostei da escola] ou negativas [por exemplo, Não gostei da escola].
Observações:
As frases, quando proferidas, possuem pausas especiais e entonação (ora ascendente ora descendente), que são indicadas pelos sinais de pontuação (na escrita). Compare:
Orações possuem dois termos essenciais (ou termos fundamentais): sujeito e predicado. Eles possuem este nome porque sem eles a sentença não poderia ser denominada oração, são então, essenciais para existir a oração.
O sujeito, numa oração, é o ser que pratica a ação ou corresponde a determinado estado. É um dos dois termos essenciais da oração. Veja a análise sintática das frases:
Núcleo é a palavra mais significativa e importante do sujeito; é o centro do termo, ao redor do qual podem existir outras palavras. Essas palavras, as que estão ao redor do sujeito, são os termos acessórios, que podem ser adjuntos adnominais ou apostos.
Simples: quando o sujeito da oração possui somente um núcleo
O ventilador pifou.
Composto: quando o sujeito possui mais de um núcleo
Pink Floyd e Super-tramp são ótimos conjuntos musicais.
Maria e João riam.
Assim, quando é possível identificar que existe um sujeito e é possível identificar quem é esse sujeito, este se classifica como sujeito determinado.
Observações: É comum que confunda-se um sujeito simples no plural com um sujeito composto. O fato de o núcleo estar no plural não o faz ser "mais que um". Exemplos:
Carros poluem a atmosfera.
No exemplo acima, carro não deve ser interpretado como mais de um núcleo (mais de um carro, carro e carro), ele é apenas uma palavra principal (ou expressão), portanto um só núcleo.
Expresso (ou determinado): aquele que está óbvio, claro, identificável presente na oração
O macaco faz poses para as fotos.
Oculto (elíptico ou desinencial): quando o sujeito não foi deixado explícito (está implícito), mas pode ser deduzido a partir do contexto (observa-se o verbo), por isso, também chamado de sujeito determinado implícito na desinência verbal.
Viajaste anteontem. → o verbo viajaste está conjugado na 2ª pessoa do singular (tu), este é o sujeito oculto.
Sou inteligente. → o sujeito da oração está pode ser deduzido a partir do verbo sou (o sujeito é eu).
Indeterminado: quando o agente da ação verbal não é indicado.
Roubaram um banco. [Não sabe-se quem o roubou]
Almoça-se bem no porão.
Observações: Sujeito indeterminado e oculto são classificações distintas; não devem ser confundidas.
Portanto, quando através do contexto da oração é possível identificar que existe um sujeito, porém não se pode identificar quem é esse sujeito, nem quantos são, o sujeito chama-se indeterminado.
Existem três formas de indicar-se a indeterminação do sujeito:
Quando o verbo é utilizado na 3ª pessoa do plural (eles), não havendo indicação a nenhum agente que tenha sido citado em orações anteriores (nestes casos, o sujeito pode ser indeterminado e oculto ao mesmo tempo):
Eles cometeram um crime. → analisando a oração não sabe-se quem praticou a ação (não se sabe quem são eles);
Com verbo ativo na 3ª pessoa do singular (verbo transitivo indireto, intransitivo, de ligação e transitivo direto com objeto direto preposicionado, junto ao índice de indeterminação do sujeito se, quando puder ser substituida pelo pronome eles:
Em Roraima vive-se com saúde. → eles vivem com saúde;
O sujeito ainda pode ser classificado de acordo a voz verbal:
Sujeito agente: aquele que pratica a ação verbal (voz ativa).
O carpinteiro serra a madeira.
Sujeito paciente: aquele que sofre a ação verbal (voz passiva).
A madeira é serrada pelo carpinteiro.
Sujeito agente e paciente: aquele que pratica e ao mesmo tempo sofre a ação verbal (voz reflexiva).
O menino se machucou com a faca.
Observações:
Quando o predicado é nominal, não existe voz verbal já que o predicado nominal não indica uma ação, mas sim um estado ou uma qualidade; assim, o sujeito de um predicado nominal não pode ser classificado como agente, paciente ou agente-paciente.
Embora seja mais comum que o sujeito venha antes do predicado, em algumas orações ele acaba por vir após o verbo.
Orações sem sujeito, sujeito inexistente ou sujeito zero
Existem palavras com uma estrutura que contam somente com o predicado, sem sujeito. Nestes casos, os verbos chamam-se impessoais e são flexionados na 3ª pessoa do singular.
Nas orações sem sujeito, o verbo impessoal substitui o sujeito, fazendo com que a frase tenha sentido completo apenas com o predicado. São verbos impessoais:
fazer, passar, estar e ser, numa referência ao tempo:
Era a hora do jantar.
Fazia calor de matar.
fenômenos meteorológicos, quando usados em sentido literal: chover, gear, amanhecer, ventar, etc:
Nevou forte.
Amanheceu tarde.
Observações: Quando usados de forma figurada, passam a ter sujeito:
(Ele) Trovejava de raiva.
Amanheci. Enchi-me de luz.
haver quando empregado nos sentidos de existir, realizar-se, acontecer, decorrer:
Como já vimos, predicado é a parte (termo) que contém declarações acerca do sujeito; aquilo que se declara sobre ele. O núcleo do predicado é sempre um verbo. Divide-se em dois tipos:
Predicado nominal: quando a declaração é uma característica;
O núcleo do predicado nominal é um verbo de ligação, que liga um nome a um adjetivo, substantivo, pronome ou numeral (predicativo) ou a outro nome (metáfora). Exemplo:
O núcleo do predicado verbal é um verbo ou locução verbal transitivo ou intransitivo. No predicado verbal vemos que o verbo exprime ação. Pode apresentar-se sobre cinco estruturas, divididas conforme a regência verbal:
Verbo intransitivo:
O predicado verbal possui sentido completo, não precisando de complemento para formá-lo:
As crianças cresceram.
O bebê nasceu.
Verbo transitivo direto:
Aqueles predicados verbais que não têm sentido completo, precisando de um complemento, chamamos verbo transitivo direto, e esse complemento é chamado objeto direto:
A criança chamou a mãe. (A criança chamou, chamou quem?) — o objeto direto — que no caso é a mãe.
Nós tivemos azar. (Nós tivemos, tivemos o quê?) — o objeto direto — que no caso é azar.
Verbo transitivo indireto:
É pequena a diferença entre verbo transitivo direto e o indireto. Ambos pedem complemento, mas o segundo pede que este complemento venha acompanhado de preposição (o que se chama objeto indireto).
As crianças brincam de esconde-esconde. (As crianças brincam, brincam de quê?) — o objeto indireto — que no caso é de esconde-esconde.
Nós precisamos de sorte. (Nós precisamos, precisamos de quê?) — o objeto indireto — que no caso é de sorte.
Verbo transitivo direto e indireto:
Esse tipo pede dois complementos, o objeto direto e o indireto:
A vendedora anunciou o brinquedo à criança. (objeto direto: o brinquedo; objeto indireto: à criança)
Ela entregou uma lembrança para mim. (objeto direto: uma lembrança; objeto indireto: para mim)
São dois núcleos significativos, sendo um deles um nome e o outro um verbo. Pode haver quatro organizações (a barra separa o sujeito do predicado):
Verbo intransitivo + predicativo do sujeito
O homem / rolou [v. intrans.] morto [predicat. suj.]. [= O homem rolou e estava morto.]
Verbo transitivo direto + predicativo do sujeito
A criança / entrou [v. trans. direto] no quarto feliz [predicat. suj.]. [= A criança entrou no quarto e estava feliz.]
Verbo transitivo indireto + predicativo do sujeito
Ela / presenciou à cena impressionada [= Ela presenciou à cena e estava impressionada.]
Verbo transitivo direto + predicativo do objeto
Eu acho [v. trans. direto] Patrícia inteligente [predicat. objeto]. Nesse caso inteligente será predicativo do objeto, uma vez que está a referir-se ao objeto (Patrícia).
Observações: O verbo é indispensável para os predicados. Ocasionalmente ele aparecerá oculto.
Eu fui à loja e tu [foste] ao supermercado.
Ele comprou uma bolsa e [comprou] uma mala.
Observações: Quando o verbo é de ligação ou intransitivo, o predicativo é sempre do sujeito.
Quando o verbo é transitivo, pode haver predicativo do sujeito ou do objeto.
Se não houver predicativo, o predicado é sempre verbal.
Se houver predicativo do sujeito, o predicado pode ser nominal ou verbo-nominal.
Se houver predicativo do objeto, o predicado é sempre verbo-nominal.
A garota magra come tudo que gosta. → predicado verbal
A garota é magra. → predicado nominal
Quando a função da oração é indicar uma ação feita pelo sujeito, utiliza-se o predicado verbal. Nesses casos, o sujeito pode ou não vir com adjuntos adnominais. Já quando o objetivo da oração é indicar o estado, característica ou forma do sujeito, usa-se o predicado nominal. O predicativo do sujeito é o núcleo do predicado nominal.
O predicativo do objeto é uma espécie de "complemento nominal do objeto". Nesse caso é um termo que refere-se ao objeto de um verbo transitivo. Fazem parte do predicativo do objeto um substantivo ou adjetivo. Só haverá predicativo do objeto com verbo transitivo direto ou reflexo (a exceção é o verbo chamar, que admite predicativo do objeto indireto). Estes verbos chamam-se transobjetivos. Exemplos:
Sujeito
Verbo e objeto
Predicativo do objeto
Beatriz
acha-se
gorda.
Os condenados
tinham as mãos
presas.
A população
elegeu-o
governador.
Observações:
O predicativo pode vir antes do objeto;
O predicativo do objeto pode vir com preposição;
O predicativo do objeto forma o predicado verbo-nominal.
Recebem o nome de termos integrantes das orações aqueles termos que completam a significação transitiva dos verbos e nomes. Eles completam o sentido da oração, sendo, pois, essenciais para o entendimento da sentença. Eis:
Complemento verbal - Existem verbos que necessitam de complemento, são chamados de transitivos. Sem este complemento o sentido do verbo não estaria completo. Há uma fígura línguistica chamada Pleonasmo que são erros e vícios cometidos quanto ao complemento verbal:
Gostaria de que pintassem de branco.
Ele fez o impossível.
Sentiu vergonha demasiadamente.
Complemento nominal - Assim como os verbos, nomes podem ser transitivos e necessitar de complementos:
O complemento verbal é o termo da oração que completa o sentido de um verbo. Há verbos que não necessitam de complemento, eles são chamados de intransitivos (verbos que não possuem complemento e nem sujeito são chamados de impessoais). Agora iremos estudar não o verbo, mas sim o complemento verbal. Observe as frases:
Eu queria comerum bolo de chocolate com morango.
O urânio ficavabrilhando intensamente.
Eu perguntei por você na semana passada.
Ela já esteve com aquele jogador de futebol.
Os vocábulos em destaques são os verbos e a parte sublinhada o complemento. Tais verbos não teriam total sentido se este não houvesse, por este fato, o complemento verbal é um termo integrante da oração. O complemento verbal pode ser:
Pronomes oblíquos: a, as, o, os, me, ti, se, nos, vos
Exemplo: Vos convidas?
Pronome substantivo
Exemplo: Vi alguém no parque.
Observações: Só fazem parte do objeto direto e indireto palavras referentes a seres animados ou inanimados (fazem-se as perguntas ao verbo: O que? e Quem?), as palavras referentes ao tempo ou lugar são chamadas de termos acessórios que normalmente são advérbios/locuções adverbiais.
O complemento de verbos transitivos diretos — objeto diretos — pode vir acompanhado de preposição (normalmente a e eventualmente outra preposição). Ocorre nos seguintes casos, especialmente:
Objeto direto é um pronome pessoal tônico — preposição obrigatória
Assim és tolerante a nós e a ele.
Em expressões de reciprocidade, dando euforia e entendimento à frase — preposição obrigatória
Os homens matam-se uns aos outros.
Objeto é o pronome relativo quem — preposição obrigatória
Tu tinhas uma vaca a quem amavas.
Para evitar que o objeto seja entendido como sujeito — preposição obrigatória
Preferes mar ao rio.
Em construções enfáticas: cumprir com o dever, pegar da pena, arrancar da escada etc., e com a ideia de parte, porção.
Arrancam das espadas de aço fino... — Luís Vaz de Camões.
Bebi de seu vinho.
Em nomes referentes a pessoas e com o nome próprio Deus
Jéssica ama a João.
A Igreja orienta que todos amem a Deus.
Quando antecipamos o objeto para deixá-lo em destaque
A ele guardam rancor!
Com determinados pronomes indefinidos (geralmente com referência a pessoas)
A quantos a SIDA/AIDS mata anualmente.
Quando o objeto é o numeral ambo(a)s'
O traficante disparou a ambos.
Observações:
Nos pontos onde vê-se "preposição obrigatória", como facilmente deduz-se, é de rigor a utilização de uma preposição. Nos demais casos a mesma é facultativa.
Também obviamente, só há objeto direto preposicionado com verbo transitivo direto.
A substituição de objetos diretos preposicionados para um pronome oblíquo átono só ocorre — quando possível — sob as fomas o(s) e a(s); jamais com lhe(s), pois este pronome só substitui objetos indiretos.
São objetos diretos pleonásticos viciosos colocados com verbo intransitivo. Vale lembrar que nem todo pleonasmo vicioso é objeto direto cognato, mas todo objeto direto cognato é pleonasmo vicioso. Na linguagem literária, sempre há um adjetivo ou locução adjetiva, caso contrário se incorre em uma redundância. Veja:
Viver a vida. → o verbo viver é intransitivo e seu objeto direto cognato está totalmente relacionado a viver;
Objeto indireto é o termo que tem o propósito de complementar um verbo transitivo indireto.
Caracteriza-se pela precedência de preposição quando essencial para o entendimento, seja expressa ou não, podendo ainda estar contraída, formando o sintagma preposicional dentro do sintagma verbal. São os pronomes oblíquos tônicos que referem-se às pessoas do discurso nestes. Assim como o objeto direto, o objeto indireto pode ser pleonástico. Exemplos:
Todos precisam de afeto.
Refiro-me a ela.
Observações: Só fazem parte do objeto direto e indireto palavras referentes a seres animados ou inanimados (fazem-se as perguntas ao verbo: O quê? e Quem?), as palavras referentes ao tempo ou lugar são chamadas de termos acessórios, que normalmente são advérbios/locuções adverbiais.
Pleonasmo é quando ocorre a redundância de termos, ou seja, ele está duplo na frase, porém apresentado de formas diferentes. Também é considerado pleonasmo quando o verbo está totalmente relacionado ao complemento verbal:
Termos redundantes:
À minha casa lá irei.
Observe na frase acima que o verbo irei está apresentando dois complementos verbais, à minha casa e lá. lá e à minha casa indicam o mesmo lugar que irei. Ou seja, não é necessário apresentar esses dois complementos.
Verbo relacionado:
Agora subirei para cima.
O pôr-do-sol entardece.
Moro em uma moradia.
Caminharei por um caminho.
A dor é dolorosa.
Como você obviamente sabe, sempre se sobe para cima, sempre o pôr-do-sol irá entardecer, por mais precária que seja onde moramos sempre será uma moradia, sempre por onde caminhamos consideramos caminho e para algo ser doloroso sempre sentiremos dor. Esse tipo de pleonasmo é chamado de pleonasmo vicioso, ou seja, achamos que é uma necessidade complementar o verbo com algo óbvio. Veja agora o que não é pleonasmo:
A lâmpada iluminou. (mas sim, a luz iluminou)
O fogo queimou. (mas sim, a queimadura havia queimado)
A água molhou. (mas sim, a água é molhada)
Pois você sabe que não é sempre que a lâmpada iluminará, que o fogo queimará e que a água molhará. Quando o pleonasmo vicioso ocorre com um verbo intransitivo, o termo referente chama-se objeto direto cognato.
Em certas orações pode ocorrer o fato de um nome não ter significação completa, necessitando assim de um termo que complete o seu sentido. Em outras palavras, o nome possui sentido incompleto. Este termo que completa o sentido deste nome é chamado complemento nominal.
Complemento nominal é o termo da oração que completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo, advérbio, locução ou oração) de caráter transitivo (que precisa de complemento).
Os nomes que necessitam de complemento são chamados de Transitivos. Eles podem ser substituídos por verbos transitivos (VT's), logo o complemento nominal passa a ser o complemento verbal:
O aumentodos preços chocou a todos - aumento → Nome; dos preços → CN
é igual a
Aumentaros preços chocou a todos - Aumentar → VTD; os preços → OD
Na voz passiva, o sujeito sofre a ação verbal. Esta mesma oração geralmente possui um termo que exerce a ação verbal. Esse termo se classifica como agente da passiva.
Agente da passiva é o termo na oração que exerce a ação verbal na voz passiva, só aparece na voz passiva analítica.
Dependendo da circunstância que o verbo pode ter sobre o agente da passiva, a preposição pode ser alternada, um exemplo claro é a circunstância de constituição, admite-se, as três preposições constitucionais (com, de e por):
O corpo humano é formado com/de/por diversos órgãos.
Os termos acessórios da oração possuem uma função secundária na mesma, podendo ser de indicar substantivos, exprimir algo ou caracterizar alguém. São eles:
O Adjunto adnominal se define como um termo sintático de valor de adjetivo na classe gramatical. É um termo que caracteriza o nome sem intermediação de um verbo, uma expressão que acompanha um ou mais nomes ou pronomes conferindo-lhe um atributo.
Podem ser adjunto adnominais os adjetivos, a locução adjetiva, os pronomes adjetivos (possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e o relativo cujo) os numerais adjetivos e os artigos (função adjetiva). Eles podem ser colocados antes os depois do nome ou pronome (exceto o artigo, só pode ser colocado antes do substantivo e não pode ser colocado com pronomes), nestes casos sendo um hipérbato. Exemplo:
Aquela moça alta comprou um carro novo.
Aquela alta moça comprou um novo carro.
Aquela é um pronome adjetivo, por caracterizar a moça (não é um moça qualquer, é aquela moça), e por tanto, é um adjunto adnominal, assim como alta. O mesmo ocorre com as palavras um (artigo) e novo (adjetivo), referentes a carro.
Os pronomes pessoais retos e oblíquos têm valor de substantivo e exercem funções de sujeito ou complemento verbal, portanto não podem ser adjuntos adnominais. Os demais pronomes relativos exercem as funções do substantivo, não são adjuntos.
Determinante é um tipo de adjunto adnominal. O determinante acompanha um substantivo, o qual é chamado de nome. Observe:
As cozinheiras já possuem vários anos de experiência.
Como já estudamos, os artigos são palavras que acompanham o substantivo, são os determinantes mais comuns. Veja que existem outras palavras com a mesma função sintática que o artigo:
Aquelas cozinheiras já possuem vários anos de experiência.
Muitas cozinheiras já possuem vários anos de experiência.
Duas cozinheiras já possuem vários anos de experiência.
As cozinheiras já possuem vários anos de experiência.
Nestas frases temos dois nomes: cozinheiras e anos. A flexão destes determinantes tem conformidade aos nomes, chamamos de concordância nominal.
Os determinantes que sempre acompanham o substantivo são:
O Adjunto adverbial (ad = próximo, isto é, próximo ao verbo) é um termo que modifica um verbo, um adjetivo um advérbio ou um substantivo, indicando a circunstância em que se desenvolve o processo verbal (dando ideia de tempo, lugar, modo, causa, finalidade, etc.). Não sendo obrigatório seu uso na oração, é um termo acessório, já que a oração teria o mesmo sentido sem este. É representado por um advérbio, locução adverbial, oração subordinada adverbial ou uma circunstância de um verbo circunstancial. O advérbio é a palavra mais significativa do adjunto adverbial (núcleo). As locução adverbiais sempre são iniciadas por preposição, contraídas ou expressas. Pode aparecer com qualquer tipo de verbo, inclusive o de ligação. Exemplos:
Sendo todo advérbio um adjunto adverbial, a classificação é a mesma. Algumas classificações listadas abaixo só possuem tal valor na forma de locução, não admitindo apenas o advérbio (então, na classificação abaixo estarão além das dos advérbios, algumas excepcionais às locuções). As preposições também seguem uma norma circunstâncial própria das preposições. Abaixo de cada classificação, você pode conferir alguns exemplos:
Afirmação
Certamente ele voltará.
Com certeza fará sol amanhã.
Assunto
Falavam de futebol.
O aquecimento global foi o assunto da reportagem.
Causa
Ela tremia de medo.
Morreram por asfixia.
Companhia
Passeava com os irmãos.
Limpava tudo sem vontade.
Comparação
Seus livros são tão bons quanto os de Assis Brasil.
Aqui faz mais calor que no Reino Unido.
Concessão
Foi à praia apesar do mau tempo.
Ainda que você tente de tudo, nada vai me fazer mudar de ideia.
Condição
Sem estudo, não passarás.
Apresse-se senão atrasar-se-á.
Conformidade
Agimos conforme a lei.
O Haiti foi devastado por mais abalos sísmicos, de acordo com o jornal.
Consequência
Estavam tão entusiasmados com a festa que nem perceberam escurecer.
Aposto (a = próximo; posto próximo) é o termo acessório da oração que se anexa a um substantivo ou pronome substantivo para esclarecer, desenvolver, resumir ou especificar a ideia expressa. Basicamente, em cada caso em que é utilizado, assemelha-se a uma expressão sinônima (termo apositivo). Classifica-se em:
Explica ou esclarece o substantivo ao qual se refere. Vem sempre isolado na frase. Pode ser isolado por vírgulas, travessões, dois-pontos ou parênteses. Exemplos:
Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira, morreu enforcado.
A pele dele, muito clara, foi queimada pelo sol.
Nosso dia, demasiadamente cansativo, foi bem aproveitado.
O vocativo é um termo acessório da oração que tem valor exclamativo, servindo para interpelar alguém ou alguma coisa. O vocativo não pertence nem ao sujeito, nem ao predicado, é sempre separado com vírgulas. Podem pertencer ao vocativo, substantivos, adjuntos adnominais (artigos, adjetivos e pronomes adjetivos) e pronomes retos da segunda pessoa. Pela colocação do vocativo, na frase ele pode ser posto:
No final ou início da frase (pode estar posterior ou anterior ao adjunto adverbial)
Período composto é aquele período que possui mais de uma oração. No período composto, as orações podem se estruturar de duas maneiras diferentes o que vem ocasionar em dois tipos de período composto: o período composto por coordenação e o período composto por subordinação.
Apresenta as orações sintaticamente independentes entre si, ou seja, uma oração não exerce função sintática em relação à outra. Exemplos (em negrito as conjunções, sublinhado os verbos):
Ditoefeito.
Todos riram, mas eu não achei engraçado.
Nasci, cresci, casei, tive filhos.
Vejaque tudo saiu errado.
Saiu de casa, porémvoltou tarde.
As orações do período podem ser separadas e continuam com sentido.
Exemplo: Saiu de casa. / Voltou tarde.
As orações estão com sentido completo.
Apresenta orações sintaticamente dependentes entre si, ou seja, uma oração exerce função sintática em relação à outra. Há ainda na língua portuguesa período misto ou período composto por coordenação e subordinação, que é um período que possui tanto oração coordenada como subordinada. Exemplos (em negrito as conjunções, sublinhado os verbos):
Falei todos os dias que hoje iriamos viajar.
Vi tudo queé de ruim.
Seria melhor se tu não tivesses mentido.
Não teria idocaso você não tivesse cantadoedançado.
As orações principais ou subordinantes são as que sofrem alterações quando dispostas a outras orações chamadas subordinadas. Possuem uma estrutura sintática quase completa, e por isso necessitam de outro termo para completá-las. São do período composto, pois o termo subordinado possui um verbo (oração). Elas podem ser subordinantes de uma oração adjetiva, adverbial, substantiva ou reduzida. Exemplos de períodos:
A língua portuguesa é muito mais complicada que a inglesa.
Oração principal/subordinante: A língua portuguesa é muito mais complicada
Oração subordinada: que a inglesa → oração subordinada adverbial comparativa
As mortes que a doença causou provocou desespero em todos.
Oração principal/subordinante (na forma regular): Provocou desespero em todos as mortes
Oração subordinada: que a doença causou → oração subordinada adjetiva restritiva
Todos odiavam-no porque ele já roubara.
Oração principal/subordinante: Todos odiavam-no
Oração subordinada: porque ele já roubara → oração subordinada adverbial causal
No período composto por subordinação, há oração principal (subordinante) e oração(ões) subordinada(s). A oração principal é um termo que depende de sentença que possui verbo, sendo sua estrutura sintática quase completa, necessitando da complementação, que pode ser de substantivo, adjetivo ou advérbio. Pelo fato de o termo complementar ter verbo, será uma oração, e justamente pelo fato de complementar, são dependentes, são subordinados.
Quando ocorre a transformação do período (característica comum das orações subordinadas substantivas e adjetivas), ocorre a transmutação do núcleo do termo, de substantivo, adjetivo ou advérbio, para verbo. Veja (o termo/sentença está sublinhado e o núcleo em negrito):
Período simples: Eu percebi o nosso erro. (termo= objeto direto; núcleo= substantivo)
Período composto: Eu percebi o que erramos. (sentença= oração objetiva direta; núcleo= verbo)
Ocorreu a transformação de período simples para composto, e a transmutação de núcleo do termo, de substantivo (erro) para verbo (erramos). Sendo o termo no período simples o objeto direto (o nosso erro), no período composto será uma oração objetiva direta (o que erramos), e por seu núcleo transmutado ser um substantivo, é substantiva objetiva direta. Este foi um caso clássico de oração. Estas orações recebem a classificação morfossintática de infixas, justamente por apresentarem mais de uma forma. Mas há exceções: nem todas as orações são infixas.
As orações fixas ocorrem quando não há nem palavra primitiva e derivada (radical) do núcleo do termo que seja verbo. O substantivo erro possui o radical err, e o verbo errar. Ao tratarmos de advérbio, é difícil de encontrar o radical com verbo. Exemplo:
Certamente este será um grande desafio.
Não há verbo com o mesmo radical do advérbio certamente, logo, é impossível haver a transformação de períodos, pois não teríamos a transmutação do núcleo do termo.
O advérbio à tarde possui o verbo entardecer, nesse caso ocorre a transformação: Ele chegará à tarde. / Ele chegará ao entardecer.
As orações subordinadas podem possuir várias funções, bem diferentes das orações coordenadas. Podem restringir e específicar qualidades, explicar, ter função de advérbio e denotar causa e fatos futuros, procedentes, além de poder ter função de termo acessório (mas não ser um termo acessório), termo integrante (mas não ser um termo integrante) e termo essencial (mas não ser um termo essencial):
As orações que são subordinadas exercem relação sintática à principal - Função qualificativa
Não durmi, até que chegou a noite e adormeci - Função adverbial
São todas sindéticas porque possuem sindeto, que é a conjunção - Função causal e qualificativa
Fizeram tudo que nem perceberamque a chuva cessara - Denota consequência e termo integrante
Observações: Tanto as orações fixas quanto as infixas possuem função.
As orações subordinadas infixas são classificadas de acordo com o termo e o núcleo deste termo transmutados. Já as orações fixas são classificas de acordo com sua função. É fácil de identificá-las, pois cada uma acontece em casos diferentes, com conjunções diferentes e diferentes estruras sintáticas. Nas páginas de cada tipo de oração, você encontrará estas informações.
A oração subordinada é aquela que exerce função sintática em relação à outra. Se a função sintática que a oração subordinada exerce for própria de substantivo, então a oração se classifica como oração subordinada substantiva. Se a função sintática que a oração subordinada exerce for própria de adjetivo, então a oração se classifica como oração subordinada adjetiva. Se a função sintática que a oração subordinada exerce for própria de advérbio, então a oração se classifica como oração subordinada adverbial.
É descoberta a função das orações no momento em que a oração absoluta (período simples) é transformada em subordinada ou reduzida (período composto). A mudança que ocorre no núcleo das orações do período composto em relação ao vocábulo transmutado, determina se a oração é substantiva, adjetiva ou adverbial. Sabido disto, conclui-se que se não há palavra para se transmutar (nestes casos, o núcleo), não pode ocorrer a transformação oracional. Exemplo, o verbo haver possui sua raiz apenas no verbo, no verbo haver, logo, não se tem transformação oracional (a mesma sentença pode apenas ser subordinada). Já o verbo receber apresenta em diferentes classificações de palavras a sua raiz, em substantivo (recibo) e em adjetivo (recebido), então, pode-se ocorrer a transformação de períodos. Tradicionalmente, quando não há transformação das orações elas são chamadas de fixas, e quando se pode transformá-las, elas são infixas. Elas se dividem em dois tipos, desenvolvidas e reduzidas:
Orações desenvolvidas
Orações subordinadas adjetivas: são as orações em que o adjetivo foi trasmutado em verbo, logo, estas orações possuem função sintática de adjetivo.
Orações subordinadas adverbiais: são as orações que exprimem uma circunstância de advérbio, tendo função sintática de advérbio.
Orações subordinadas substantivas: são orações em que o substantivo foi transmutado para verbo, logo, estas orações possuem função sintática de substantivo Orações reduzidas
Orações subordinadas reduzidas: são orações subordinadas iguais às desenvolvidas, com mesmas funções e formações, porém, o verbo encontra-se em uma de suas formas nominais e são assindéticas (não possuem conjunção).
As orações subordinadas adjetivas são as que exercem função de adjetivo sobre a oração principal. São as orações que modificam a outra. Essas orações são sempre indroduzidas por pronomes relativos [que, quem, qual (is), cujo (a), cujos (as), quanto (a), quantos (as) e onde], seguidos por pronome demonstrativo nos casos em que o sujeito da frase já foi citado anteriormente. É muito comum vermos frases com esse tipo de oração na colocação irregular. São adjetivas pois quando está em forma de oração absoluta transformam-se em adjetivo, sendo a maioria orações infixas:
Entre aqueles, apenas os que possuem educação deveriam ter privilégios. (período composto - oração subordinada)
Entre aqueles, apenas os educados deveriam ter privilégios. (período simples - oração absoluta)
Elas também podem ser precedidas de preposição se a regência determinar: Este é o pintor de cuja obra gosto. / Este é o autor contra cuja obra luto.
Veja que o adjetivo da oração absoluta pode ser trocado pela oração adjetiva. Elas são classificadas:
As orações subordinadas adjetivas explicativas entre as subordinadas adjetivas são as menos comuns de serem encontradas. É fácil identificá-las, elas sempre estarão isoladas por pontuação (vírgula, travessão ou parênteses), elas apresentam uma informação adicional sobre seu antecedente, generalizam, universalizam. São formadas pelo aposto explicativo:
A bela mulher, a que foi a praia com Rodrigo, está agora nos Estados Unidos.
Oração principal: A bela mulher, — está agora nos Estados Unidos
Oração subordinada: a que foi a praia com Rodrigo,
Os três rapazes, cujos nomes são Felipe, Gabriel e Eduardo, ficaram em casa nas férias.
Oração Principal Os três rapazes, — ficaram em casa nas férias
Oração subordinada: cujos nomes são Felipe, Gabriel e Eduardo,
A capital da Bahia, que já foi também a capital do Brasil, chama-se Salvador.
Oração principal: A capital da Bahia, — chama-se Salvador
Oração subordinada: que já foi também a capital do Brasil,
Aquela garota, a qual chama-se Larissa, mora em Lisboa.
Oração principal: Aquela garota, — mora em Lisboa.
Em frases com período composto por oração subordinada adjetiva explicativa, o sujeito da oração principal (chamado de antecedente) permanece no início da frase, enquanto o predicado no final, entre estes está a oração subordinada:
A bela mulher, a que foi a praia com Rodrigo, está agora nos Estados Unidos.
Antecedente: A bela mulher,
Oração subordinada: a que foi a praia com Rodrigo,
Predicado da oração principal: está agora nos Estados Unidos
As orações subordinadas adjetivas restritivas entre as subordinadas adjetivas são as mais comuns de serem encontradas. Elas não estarão isoladas por pontuação. Elas possuem a função de restringir, particularizar e delimitar o sentido do seu antecedente. Ex.: Apenas ao grupo de pessoas honestas, e não a todas as pessoas. Apenas aos alunos que possuem respeito, e não a todos alunos. Apenas aos educados daquele grupo, e não ao grupo. Isso significa que essas orações agem como superlativas relativas, entre todos de um grupo (Antecedente) apenas os com tal qualidade (Oração subordinada) merecem algo (Predicado da oração principal).
Das pessoas de todo mundo, as que são honestas merecem descansar em paz.
Oração principal: Das pessoas de todo mundo — merecem descansar em paz
Oração subordinada: que são honestas
Todos os alunos das escolas, os que são respeitosos deveriam tirar nota máxima.
Oração principal: Todos os alunos das escolas — deveriam tirar nota máxima
Oração subordinada: que são respeitosos
Entre aqueles, apenas os que possuem educação deveriam ter privilégios.
Oração principal: Entre aqueles, — deveriam ter privilégios
Oração subordinada: apenas os que possuem educação
Pelo fato de estas orações possuirem papel adjetivo, e que no predicado nominal, o predicado que exerce função de adjunto adnominal existir o verbo de ligação, nestas orações em certos casos há tal verbo:
1. Antes ou depois do antecedente quando a frase iniciar com pronome adjetivo:
Aquela é a cidade a qual eu nasci.
É aquela a cidade a qual eu nasci.
2. Antes do pronome adjetivo quando o predicado da oração principal é colocado depois da oração subordinada:
A cidade a qual eu nasci é aquela.
3. Após o pronome relativo quando não há verbo principal no núcleo da oração (haverá adjetivo que pode ser substituido com o verbo de ligação por um verbo ou locução) necessitando de complemento:
A cidade a qual sou nascido chama-se Cuiabá - necessita de complemento (chama-se Cuiabá) - sou nascido = nasci
4. O complemento pode seguir as regras dos itens 1 e 2:
As orações subordinadas adverbiais são as orações que exercem função de advérbio em relação à oração principal. É muito comum haver verbos e outros termos elípticos nestes e em outros tipos de oração. São orações do período composto sindéticas (possuem conjunção). São ligadas à oração principal através da conjunção subordinativa, com exceção das integrantes.
Por estas orações atribuírem uma circunstância à oração principal, são adverbiais. É raro encontrar períodos que podem ser transformados em compostos por orações adverbiais, porque são poucos verbos que possuem o mesmo radical que o advérbio (orações fixas). Por exemplo, não há verbo relacionado ao advérbio ontem, logo, não se tem oração subordinada com este advérbio. Já o advérbio de manhã, possui o verbo amanhecer, logo, é clara a transformação:
Faço tudo de manhã. - Período simples
Faço tudo quando amanhecer. - Período composto
O oposto também ocorre, em certas orações é impossível haver advérbio ou locução adverbial que tenha o mesmo significado que a oração subordinada. Por estes fatos, a oração subordinada adverbial é a menos característica, mas a mais significativa. De acordo com a circunstância estabelecida, elas são divididas:
Indicam a circunstância da causa. Ex.: a causa de faltar ao trabalho, a causa do choro, a causa da visita. Conjunções causais: porque, porquanto, como, já que, uma vez que, visto que, por isso que, pois, etc.
Não fui trabalhar, já que peguei gripe.
Oração Principal: Não fui trabalhar
Oração Sub. Adv. Causal: já que peguei gripe
A menina chorava porque havia caído da bicicleta.
Oração Principal: A menina chorava
Oração Sub. Adv. Causal: porque havia caído da bicicleta
Ele foi visitar a prima visto que ela estava com hipertensão.
Oração Principal: Ele foi visitar a prima
Oração Sub. Adv. Causal: visto que ela estava com hipertensão
Compara com a oração principal (veja: grau). Conjunções comparativas: como, bem como, assim como, mais./menos... (do) que, tão/tanto... quanto/como, tal qual, etc. São as mesmas estruturas do grau comparativo dos adjetivos e dos advérbios.
Os olhos dela eram tão lindos quanto era o céu.
Oração Principal: Os olhos dela eram tão lindos
Oração Sub. Adv. Comparativa: quanto era o céu
Ele fazia as coisas mais lentamente que o andar de uma tartaruga.
Oração Principal: Ele fazia as coisas mais lentamente
Oração Sub. Adv. Comparativa: que o andar de uma tartaruga
A multidão gritava mais alto que o som feito pelas caixas de som.
Oração Principal: A multidão gritava mais alto
Oração Sub. Adv. Comparativa: que o som feito pelas caixas de som
É comum a omissão do verbo nessas orações.
Em 'Ela fala como se fosse especialista no assunto', há apenas duas orações, chama-se comparativa 'hipotética'. Antigamente se fazia o desdobramento, e teríamos uma oração a mais: Ela fala como falaria se fosse especialista no assunto.
Indicam uma ideia ou um fato insistente. O verbo destas orações estará no subjuntivo (no pretérito imperfeito, presente ou futuro), mas por tanto utilizado o modo indicativo nestas orações, também é admitido (assim como no português arcaico). Conjunções concessivas: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, mesmo quando, apesar de que, se bem que, nem que, posto que, por mais/menos que, malgrado, não obstante, inobstante, em que pese, etc.
Ele não se mexia por mais que eu tentasse mexê-lo.
Oração Principal: Ele não se mexia
Oração Sub. Adv. Concessiva: por mais que eu tentasse mexê-lo
Ainda que você tente de tudo, nada vai me fazer mudar de ideia.
Oração Principal: nada vai me fazer mudar de ideia
Oração Sub. Adv. Concessiva: Ainda que você tente de tudo
Nem quando eu me atirar de um desfiladeiro ele fará algo assim.
Oração Principal: ele fará algo assim
Oração Sub. Adv. Concessiva: Nem quando eu me atirar de um desfiladeiro
Indicam a condição, que aquilo só ocorreria se algo estivesse de tal modo. Conjunções condicionais: se, caso, desde que, contanto que, a menos que, a não ser que, sem que, exceto se, salvo se, uma vez que, etc.
Não farão nada, exceto se me prometerem uma coisa.
Oração Principal: Não farão nada
Oração Sub. Adv. Condicional: exceto se me prometerem uma coisa
Não serão expulsos caso cumpram as nossas regras.
Oração Principal: Não serão expulsos
Oração Sub. Adv. Condicional: caso cumpram as nossas regras
Encomendarei comida a não ser que você não esteja com fome.
Oração Principal: Encomendarei comida
Oração Sub. Adv. Condicional: a não ser que você não esteja com fome
Indicam a consequência do fato, o que ocorreu após o fato. Conjunções consecutivas: que (precedido de tal, tão, tanto, tamanho), de maneira que, de modo que, de forma que, de sorte que, tanto que, etc
Ela assustava os outros de modo que todos acabavam se apavorando.
Oração Principal: Ela assustava os outros
Oração Sub. Adv. Consecutiva: de modo que todos acabavam se apavorando
Estavam tão entusiasmados com a festa que nem perceberam escurecer.
Oração Principal: Estavam tão entusiasmados com a festa
Oração Sub. Adv. Consecutiva: que nem perceberam escurecer
Falavam tão baixo de forma que todos precisavam se aproximar para ouvir.
Oração Principal: Falavam tão baixo
Oração Sub. Adv. Consecutiva: de forma que todos precisavam se aproximar para ouvir
Indicam proporcionalidade. Não confunda estas com as comparativas, a proporção indica que se tal fato ocorresse com tal intensidade, outro fato ocorreria com a mesma intensidade. São separadas das orações principais com vírgula. Conjunções proporcionais: à medida que, assim que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos, tanto mais, tanto menos, enquanto, etc. É importante lembrar que essas conjunções iniciam as orações subordinadas adverbiais proporcionais.
Quanto mais chuva cair, mais enchente haverá.
Oração Principal: mais enchente haverá
Oração Sub. Adv. Proporcional: Quanto mais chuva cair
À medida que aumentar mais a renda per capita, diminuirá assim também o número de pessoas com fome.
Oração Principal: diminuirá assim também o número de pessoas com fome
Oração Sub. Adv. Proporcional: À medida que aumentar a renda per capita
Quanto mais o tempo passava, com mais remorsos do acidente ele ficava.
Oração Principal: com mais remorsos do acidente ele ficava
Oração Sub. Adv. Proporcional: Quanto mais o tempo passava
Indicam o período do tempo em que ocorre a oração principal. Conjunções temporais: quando, enquanto, logo que, assim que, sempre que, antes que, depois que, mal, até que, desde que, etc...
Isto me ocorre sempre quando estou com raiva.
Oração Principal: Isto me ocorre
Oração Sub. Adv. Temporal: sempre quando estou com raiva
Desde que ele faleceu ela vive tristemente.
Oração Principal: ela vive tristemente
Oração Sub. Adv. Temporal: Desde que ele faleceu
Eu ouvia cochichos na hora em que eu falava.
Oração Principal: Eu ouvia cochichos
Oração Sub. Adv. Temporal: na hora em que eu falava.
As orações subordinadas substantivas são classificadas de acordo com a função sintática que elas exercem. , os verbos, são postos a partir de um núcleo de um termo de função substantiva, que são os seguintes: sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito, aposto.
São sindéticas (possuem conjunção) e introduzidas pelas conjunções integrantes que e se. Quase sempre são orações infixas.
É aquela que exerce a função de sujeito em relação ao verbo da oração principal. Vem introduzida pela conjunção subordinativa integrante que ou se. Possui função de sujeito, por possuir na oração principal apenas o predicado, ou ainda por não se saber ao certo quem é o sujeito se tomarmos em base apenas a oração principal (sujeito indeterminado).
É aquela que exerce a função de objeto direto em relação ao verbo da oração principal. Nesse caso, o verbo da oração principal é transitivo direto, porém, também pode ser um verbo transitivo direto e indireto. Vem introduzida pelas conjunções subordinativas integrantes que - se. É objetiva direta porque no período simples possui função de objeto direto. Veja:
Período composto: Nós queremos que ele participe da nossa equipe.
Período simples: Nós queremos o participante na nossa equipe.
Nota-se que os termos que ele participe da nossa equipe é idêntico quanto ao significado do objeto direto do verbo querer, o participante da nossa equipe (quem quer, quer algo). Sendo o núcleo do objeto direto um substantivo, participante, a oração é substantiva, e por ser objeto direto, substantiva objetiva direta.
É aquela que exerce a função de objeto indireto em relação ao verbo da oração principal. Nesse caso, o verbo da oração principal é transitivo indireto e a conjunção subordinativa vem precedida de preposição, expressa ou não. Vem introduzida pelas conjunções subordinativas integrantes que — se. É objetiva indireta porque no período simples possui função de objeto indireto. Veja:
Período composto: Eu me esqueci que ele buscaria.
Período simples: Eu me esqueci de que busca.
Nota-se a igualdade sintática dos termos em destaques, são idênticos, ambos exercem a função de objeto indireto, no período composto, sobre a oração principal, e no período simples, sobre o verbo esquecer (quem se esquece, se esquece de algo). Sendo o núcleo do objeto indireto o substantivo busca, a oração é substantiva objetiva indireta.
É aquela que exerce a função de complemento nominal. Nesse caso a oração completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) da oração principal, e a conjunção subordinativa vem precedida de preposição, expressa ou não. Quando completa o sentido de um substantivo, este será sempre um substantivo abstrato. Vem introduzida pelas conjunções subordinativas integrantes que — se. É completiva nominal porque no período simples possui função de complemento nominal. Veja:
Período composto: Há esperanças de que comemoremos nesta semana.
Período simples: Há esperanças de comemoração nesta semana.
Veja que os termos destacados possuem o mesmo sentido e ambos estão relacionados ao nome esperanças. Sendo o núcleo do complemento nominal o substantivo comemoração, a oração subordinada é substantiva e é completiva nominal porque exerce esta função.
É aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal. Nesse caso, o verbo que antecede a conjunção subordinativa é um verbo de ligação. O sujeito da oração principal nunca é concreto, sempre abstrato, visto que a função destas orações é especificar a realidade de algo imaginário. Vêm introduzidas pelas conjunções subordinativas integrantes que — se. É predicativa porque no período simples possui função de predicativo do sujeito. Veja:
Período composto: Minha teoria foi que tudo formou-se há bilhões de anos.
Período simples: Minha teoria foi a formação de tudo há bilhões de anos.
Os termos destacados são essenciais para o entendimento da frase, pois a morfossíntexe desses períodos exige uma especificação que é atribuída no predicativo do sujeito. Sendo o núcleo do predicativo do sujeito o substantivo formação, a oração é substantiva, e por apresentar-se em oração o predicativo, a oração é substantiva predicativa.
É aquela que exerce a função de aposto em relação a um termo da oração principal. Quando o aposto representar enumeração, a oração é separada por dois-pontos ou travessão, eventualmente pode ser separada por vírgula. Quando representar resumo da oração principal, haverá o pronome substantivo tudo. Vem introduzida pela conjunção subordinativa integrante que — se, podendo vir expressa ou não. É apositiva porque no período simples possui função de aposto. Veja:
Período composto: Nos disseram isto em poucas palavras: que suporiam os fatos.
Período simples: Nos disseram isto em poucas palavras: haveria suposições dos fatos.
A oração é subordinada apositiva porque no período simples, exerce função de aposto especificativo sobre o termo isto. No período composto, a função de aposto é atribuída à oração principal. É considerada substantiva porque seu núcleo, suposições, é substantivo.
1ª oração: Nos disseram isto em poucas palavras → oração principal.
2ª oração: que suporiam os fatos. → oração subordinada substantiva apositiva.
Nos casos de aposto enumerativo, temos, por exemplo, este caso:
Faço tudo que me pedes.
1ª oração: Faço tudo → oração principal.
2ª oração: que me pedes. → oração subordinada substantiva apositiva.
E com aposto resumitivo:
A decisão do ministério é a seguinte: que todos se unam contra o mosquito transmissor da dengue.
1ª oração: A decisão do ministério é a seguinte → oração principal.
2ª oração: que todos se unam contra o mosquito transmissor da dengue. → oração subordinativa substantiva apositiva.
Apesar de a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) não registrar, existem orações subordinadas substantivas com função de agente da passiva: O quadro foi elogiado por quantos o viram.
As orações coordenadas são orações sintaticamente independentes entre si, mas semanticamente dependentes, ou seja, geralmente têm alguma relação de significado no contexto em que se encontram. Elas são ligadas pelas conjunções coordenativas ou através de sinais de pontuação, como a vírgula:
Não queria sair, nem ficar em casa; e, muito menos, ir ao parque com minha sobrinha
O período anterior possui três orações: Não queria sair/ nem ficar em casa/ e muito menos ir ao parque com minha sobrinha. Veja que é clara a relação de independência, pois as orações possuem sentido completo:
Não queria sair.
Não queria ficar em casa.
Não queria ir ao parque com a minha sobrinha.
Veja que as orações não dependem uma da outra, apenas dependem do núcleo da oração, o verbo queria. Classificamo-as, então, como coordenadas. Estas orações dividem-se em dois tipos: sindéticas e assindéticas.
As orações aditivas expressam ideia de acréscimo ou adição à oração anterior. Nunca são usadas as vírgulas antes destas quando o sujeito da oração anterior e o da oração coordenada é o mesmo, nos demais casos é opcional seu uso. Conjunções coordenativas aditivas: e, nem, bem como, mas também, como também, bem como, mas ainda (depois de não só).
As orações adversativas expressam ideia de oposição ou contraste à oração anterior. Antes da conjunção adversativa sempre haverá vírgula. Conjunções coordenativas adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, senão (no sentido de mas sim), não obstante, antes (no sentido de pelo contrário).
Ele preparou-se bem, mas não passou no teste.
Oração coordenada adversativa: mas não passou no teste
Chegamos adiantados, todavia não os convidados.
Oração coordenada adversativa: todavia não os convidados
As orações alternativas expressam ideia de escolha ou alternativa com referência à oração anterior. Entre uma oração alternativa e outra, é obrigatório o uso da vírgula, nos demais casos é opcional usá-la. Conjunções coordenativas alternativas: ou (repetida ou não), ora, quer, já, seja (repetidas).
As orações conclusivas expressam ideia de conclusão de algo enunciado na oração anterior. São sempre colocadas após a vírgula. Conjunções coordenativas conclusivas: portanto, logo, por isso, por consequência, por conseguinte, então, pois (após o verbo da oração coordenada e entre elementos articuladores - vírgula e ponto e vírgula).
Ele fez um ótimo trabalho, portanto merece a nota máxima.
Oração coordenada conclusiva: portanto merece a nota máxima
As orações explicativas expressam ideia de explicação, conselho ou justificativa em relação à oração anterior. O verbo geralmente estará no imperativo, e sempre haverá vírgula para introduzi-las. Conjunções coordenativas explicativas: que, porque, porquanto, pois (antes do verbo).
Não corra, já que você pode tropeçar.
Oração coordenada explicativa: já que você pode tropeçar
Dê o melhor de si, que você conseguirá vencer seus desafios.
Oração coordenada explicativa: que você conseguirá vencer seus desafios
As orações assindéticas são orações coordenadas, ou seja, não possuem relação sintática com as demais orações. Estas, ao contrário das sindéticas, não são ligadas por conjunções (sindetos). Estas estão apenas justapostas, separadas por vírgulas. São formadas por um fenômeno chamado de assíndeto. Sua principal função é enumerar, sejam fatos, pessoas, ou qualquer outra coisa, e desta forma, não ocorre repetição dos termos. É comum encontrá-las dentro de outras orações. Exemplos de períodos:
Todos estavam com fome. Não comiam há horas. (Todos estavam com fome porque não comiam há horas.)
Oração 1 - Todos estavam com fome. (coordenada assindética);
Oração 2 - Não comiam há horas. (coordenada assindética).
Nos séculos XV, XVI, XVII e XVIII, a história viveu a Idade Moderna.
Oração - Nos séculos XV, XVI, XVII e XVIII, a história viveu a Idade Moderna. (absoluta);
Oração interna 1 - XVI, (coordenada assindética);
Oração interna 2 - XVII (coordenada assindética).
"Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade.
(...)"
- Luís Vaz de Camões
No soneto de Camões, as três primeiras estrofes classificam-se como uma oração absoluta. Entre o segundo e o décimo primeiro verso, cada verso representa uma oração coordenada assindética interna.
Não existe classificação, embora possamos perceber diferentes relações: chegue mais cedo, precisamos conversar (explicação); vim, vi, venci (adição); eles saíram, eu fiquei (adversidade).
Ao contrário das demais orações subordinadas, as desenvolvidas, as reduzidas não são ligadas através de conectivo, basicamente o nome já diz tudo, são orações ao pé da letra, "reduzidas". Normalmente, podem ser transformadas em sua forma desenvolvida.
As orações adverbiais consecutivas e finais só podem ser reduzidas na forma infinitiva. As comparativas, conformativas e proporcionais são sempre desenvolvidas.
O quadro abaixo mostra a transformação de orações, e em negrito o termo sintático transmutado e entre parênteses a classificação do termo:
Oração absoluta
Oração desenvolvida
Oração reduzida
A minha vontade é a dança a todos. (predicativo)
A minha vontade é que todos dançem. (oração des. predicativa)
A minha vontade é todos dançarem. (oração red. predicativa)
Ele acordou na manhã. (adjunto adv. de tempo)
Ele acordou quando amanheceu. (oração des. temporal)
Ele acordou ao amanhecer. (oração red. temporal)
Apostei os números pedidos. (adjunto adnominal)
Apostei os números que pediste. (oração des. adjetiva)
Apostei os números pedidos. (oração red. adjetiva)
Observações:
Algumas orações adjetivas reduzidas de particípio são idênticas às absolutas, fato que ocorre pelo adjetivo muitas vezes ser derivado do particípio, ou seja, são iguais.
A semântica preposicinal algumas vezes torna impossível manter a mesma preposição da locução conjuntiva, visto que na maioria das preposições é inaceitável a junção com o advérbio não (apenas as preposições com/sem possuem antônimo). Um exemplo é a locução a não ser que.
Algumas orações reduzidas, especialmente as adverbiais, permitem mais de uma interpretação: Terminada a reunião, todos se retiraram. (temporal / causal)
A oração reduzida é classificada de acordo com a sua função e o verbo nominal:
Nas orações reduzidas adverbiais, muitas vezes a conjunção é substituida por preposição, devido à circunstância indicada da preposição à oração. Algumas, não possuem se quer valor semântico, como a preposição a, na locução de maneira que → de maneira a.
Oração Subordinada Adverbial Reduzida do Infinitivo
Causal
Não fui trabalhar por pegar gripe . (Não fui trabalhar já que peguei gripe.)
O anel é caríssimo por ser feito de ouro. (O anel é caríssimo porque é feito de ouro.)
Concessiva
Ele não se mexia por mais eu tentar mexê-lo. (Ele não se mexia por mais que eu tentasse mexê-lo.)
Apesar de ele ter descoberto a surpresa, a festa o agradou. (Apesar de que ele descobriu a surpresa, a festa o agradou.)
Condicional
Não serão expulsos ao cumprirem as nossas regras. (Não serão expulsos caso cumpram as nossas regras.)
Não sentiremos tanta sede ao chover ainda neste mês. (Não sentiremos tanta sede caso chova ainda neste mês.)
Consecutiva
Falavam baixo de forma a todos precisarem se aproximar para ouvir. (Falavam baixo de forma que todos precisavam se aproximar para ouvir.)
Estavam tão entusiasmados com a festa a ponto de nem perceberem escurecer. (Estavam tão entusiasmados com a festa que nem perceberam escurecer.)
Final
Gostaria de voltar no tempo para consertar meus erros. (Gostaria de voltar no tempo para ter que consertar meus erros.)
Faria tudo para eu voltar a ser feliz. (Faria tudo para que eu voltasse a ser feliz)
Temporal
Só farão isso ao me prometerem uma coisa. (Só farão isso quando me prometerem uma coisa.)
Rimos depois de descobrirmos a verdade. (Rimos depois que descobrimos a verdade.)
Sendo feito de ouro, o anel é caro. (O anel é caríssimo porque é feito de ouro.)
Com a cidade crescendo a tal ponto, a poluíção aumentará. (Já que a cidade cresce a tal ponto, a poluíção aumentará.)
Concessiva
Mesmo você tentando de tudo, nada vai me fazer mudar de ideia. (Mesmo que você tente de tudo, nada vai me fazer mudar de ideia.)
Mesmo tendo um curso superior, ele continuará desempregado. (Mesmo que ele tenha um curso superior, ele continuará desemprgado.)
Condicional
Cumprindo as nossas regras, não serão expulsos. (Não serão expulsos caso cumpram as nossas regras.)
Chovendo ainda neste mês, não sentiremos tanta sede. (Não sentiremos tanta sede caso chova ainda neste mês.)
Temporal
Só farão isso me prometendo uma coisa. (Só farão isso quando me prometerem uma coisa.)
Olhando as fotografias, lembro-me de minha infância. (Quando olho as fotografias, lembro-me de minha infância.)
Oração Subordinada Adverbial Reduzida do Particípio
Causal
Pegada a gripe, não fui trabalhar. (Não fui trabalhar já que peguei gripe.)
Com todas as tarefas acabadas, agora poderei descansar. (Como todas as tarefas estão acabadas, agora poderei descansar.)
Concessiva
Mesmo com os presentes já entregues, ninguém havia se cumprimentado. (Mesmo que os presentes já estivessem sido entregues, ninguém haviia se cumprimentado.)
Condicional
Cumpridas as nossas regras, não serão expulsos. (Não serão expulsos caso cumpram as nossas regras.)
Temporal
Dada a largada, a corrida inicia-se. (Após ser dada a largada, a corrida inicia-se.)
Rimos depois de descoberta a verdade. (Rimos depois que descobrimos a verdade.)
Peguei a mochila indo para a escola. (Peguei a mochila e fui para a escola.)
Falarei contigo tomando a decisão. (Falarei contigo e tomarei a decisão.)
Observação:
Não existe oração coordenada sindética aditiva reduzida de infinitivo e particípio e adversativa, alternativa, conclusiva e explicativa reduzida de infinitivo, gerúndio ou particípio.
As orações correlacionadas são orações coordenadas que possuem uma relação sintática maior que as demais coordenadas, ou orações subordinadas que possuem relação sintática menor que as demais subordinadas. Possuem então, uma relação sintática média em relação a uma oração principal, a outra oração subordinada ou a outra oração coordenada. Esta classificação é criticada pelos gramáticos mais conservadores, e muitas vezes não são admitidas como tais, por isso não entraremos em muitos detalhes sobre estas.
A Concordância é o modo em que se organiza uma frase conforme os demais termos. A concordância é muito complexa, já que no português uma unica palavra pode modificar a frase inteira. Iremos estudar a concordância separadamente, em nominal e verbal sendo que a nominal também concorda com a verbal (verbo-nominal). Observe alguns exemplos:
Nós não estivemos querendo mais sair de casa.
Observe que o Sujeito, Nós concorda com o verbo estar em número (ambos na 1ª pessoa do plural). Como você já viu e provavelmente observou, existe nessa frase um verbo no gerúndio, ocorrendo a forma composta, logo estivemos querendo concorda com quisemos. Nesse exemplo ocorre a concordância verbal e a verbo-nominal. Agora observe:
Os garotos eram felizes.
Observe que no Sujeito Os garotos o artigo concorda com o substantivo em número e gênero. O adjetivo felizes concorda com o sujeito em número, já que este adjetivo não se flexiona em gênero. O verbo eram também concorda com o Sujeito em número. Neste caso ocorre a concordância nominal e a verbo-nominal.
A concordância verbal é como um verbo se comporta com as demais palavras quando alteramos ou construímos uma frase. O verbo pode concordar com a maioria das palavras, mas como sempre existem as exceções.
Número - Por definição, o plural deve ser utilizado quando se tem duas ou mais coisas, então, para qualquer outra quantidade, utiliza-se o singular, inclusive se esta for aproximada:
Ninguém veio à festa.
Sua fortuna acumulou-se em 1,5 milhão de reais.
Um ou outro é desejado.
Grandeza - As expressões que representam uma grandeza devem estar no singular:
A maior parte teve dificuldades em decifrar o enigma.
A maioria das pessoas concordou com a decisão do juiz.
Quase todo mundo permaneceu calado durante a reunião.
Parte do todo - Quando o sujeito é uma expressão que indica parte de um todo, o verbo pode ir para o singular caso se queira destacar a noção de um todo, ou para o plural, caso se queira realçar a ação de cada elemento:
A maior parte das pessoas teve dificuldades em decifrar o enigma.
A maior parte das pessoas tiveram dificuldades em decifrar o enigma.
50% da população aprova as medidas do prefeito.
50% da população aprovam as medidas do prefeito.
Substantivo coletivo - Apesar de um substantivo coletivo representar vários seres com certa caracteristica, quando este estiver no singular, o verbo também deverá estar. Com substantivo no plural, verbo no plural:
Um grupo passou dançando. - há apenas um grupo, assim, ocorre o singular;
Um grupo de foliões passou dançando. - a locução adjetiva não altera o número do núcleo do sujeito, portanto, nada muda;
Vários grupos passaram dançando. - o adjetivo altera o núcleo do sujeito, desta forma, o verbo deve concordar;
Vários grupos de foliões passaram dançando. - com sujeito no plural, verbo no plural.
Comparação - Quando fazemos comparação de um com os demais com certas expressões, o verbo vai para o plural:
Esse aluno é um dos quevenceram o concurso.
Ela é uma das que foram.
Um dos meninos fala francês.
Locução substantiva própria - Quando o sujeito é constituído de nomes de lugar ou títulos de obras que se apresentam no plural, o verbo fica no singular, já que é apenas um lugar ou uma obra. Se os nomes vierem acompanhados de um artigo no plural, o verbo vai para o plural, exceto se o artigo integrar a locução.
Santosé uma bela cidade. - pela ausência de artigo, o verbo está no singular;
Os E.U.A.dominam muitos países. - pela presença de artigo, o verbo está no plural;
Os Sertõesfoi escrito por Euclides da Cunha. - o artigo integra a locução, então, o verbo é flexionado no plural.
Predicado nominal - O verbo de ligação deve concordar com o predicativo do sujeito, a não ser que sujeito e predicativo sejam pronomes:
Aquela cachoeira eram mil maravilhas.
Se eu fosse tu, acabaria logo com isso.
Verbo impessoal - Os verbos impessoais têm flexão unipessoal - sempre estão na terceira pessoa do singular:
Faz dias que ninguém compareceu.
Há pessoas que fazem o bem.
Sujeito composto por pronomes - Se o sujeito é formado por mais de um pronome, o verbo vai para o plural. O verbo deve ser flexionado na primeira pessoa se os pronomes eu ou nós estarem presentes. Caso não haja um pronome na primeira pessoa, mas um da segunda pessoa, o verbo é flexionado na segunda pessoa, senão na terceira.
Nós e elas viajaremos. - Como há pronome da primeira pessoa, o verbo deve estar na primeira pessoa;
Tu e ele voltareis aqui? - Já que há pronome da segunda pessoa, e não há da primeira, o verbo deve estar na segunda pessoa.
Eles e elas nunca mais se verão. - Posto que há pronome da terceira pessoa, e não há da primeira nem da segunda, o verbo deve estar na terceira pessoa.
Os debates analisaram a proposta de um co-facilitador e por fim decidiram rejeitá-la pelo facto de o facilitador ter sido designado pela Assembleia da União Africana e estar a exercer as funções que lhe fora atribuída.
As seguintes recomendações foram propostas:
Envolver as organizações da sociedade civil de base nas reuniões de alto nível;
Definir modalidades práticas para o desarmamento simultâneo dos grupos armados na RDC, no Ruanda e no Burundi;
Criar estruturas de apoio psicológico para as pessoas atingidas pelo trauma da guerra;
Criar um fundo de paz e segurança para as mulheres vítimas dos efeitos da guerra.
Métodos para reforçar a participação das mulheres nos processos de paz.
A concordância nominal é a forma em que os artigos, adjetivos e todas as outras palavras concordam com o substantivo. Os termos concordam com o substantivo em gênero e número, diferente da concordância verbal que é em pessoa e número. Os termos que integram e modificam o substantivo podem ser chamados, na maioria das vezes, de adjuntos adnominais e por modificarem em gênero e número, possuem papel adjetivo.
Como já foi visto antes, os artigos concordam com o substantivo em número e gênero. Veja alguns exemplos:
O garoto - Ambos masculino do singular
A garota - Ambos feminino do singular
Os garotos - Ambos masculino do plural
As garotas - Ambos feminino do plural
Um garoto - Ambos masculino do singular
Uma garota - Ambos feminino do singular
Uns garotos - Ambos masculino do plural
Umas garotas - Ambos feminino do plural
Como você viu, em geral, os substantivos possuem o mesmo final que os artigos, exceção do artigo um, já que um significa qualquer. Isso ocorrerá na maioria dos casos, apenas não ocorrera quando o substantivo for de dois gêneros ou dois números:
A dentista
O dentista
As dentistas
Os dentistas
Nesses casos o artigo determina o gênero ou número.
Veja que o adjetivo concorda com o substantivo do mesmo modo em que o artigo concorda, em gênero e número. Mas como no primeiro caso, também existem exceções, é quando o adjetivo é de dois gêneros ou número:
A gentil garota
O gentil garoto
As gentis garotas
Os gentis garotos
Nesses casos o artigo e o substantivo determina o gênero ou número.
No caso de existirem vocábulos de gêneros diferentes, quando certo adjetivo concorda com ambos, tal adjetivo deverá estar no gênero masculino e no plural:
Eu tinha um carro e uma casa lindos.
Eu tinha uma casa e um carro lindos.
Quando o adjetivo que concorda com ambos vocábulos está ante de tais vocábulos, o mesmo ocorre, porém, é obrigatório que o vocábulo masculino esteja antes do feminino:
Eu tinha lindos carro e casa.
Se o adjetivo referir-se a apenas um vocábulo, tal vocábulo deverá estar o mais próximo possível do adjetivo e concordar com tal em número:
Eu tinha um carro e uma casa linda.
Eu tinha um carro e uma linda casa.
Com ao menos um vocábulo no plural
Com um vocábulo no plural e gêneros diferentes, o adjetivo vai ao plural e ao masculino. Para se evitar ambiguidade, deixa-se depois do vocábulo feminino:
Eu tinha carros e casa lindos.
Se o vocábulo masculino estiver no singular e o feminino no plural, o adjetivo estará no masculino e no plural. Nestes casos, é impossível haver ambiguidade:
Eu tinha lindos carro e casas.
Eu tinha casas e carro lindos.
Com todos vocábulos no plural e gêneros diferentes, o adjetivo deve estar o mais próximo possível do vocábulo masculino. O adjetivo flexionar-se-á no plural masculino. Nestes casos, é impossível não haver ambiguidade:
Eu tinha lindos carros e casas.
Eu tinha casas e carros lindos.
Com dois vocábulos no feminino e no plural, o adjetivo estará no feminino e no plural. É impossível não haver ambiguidade nestes casos:
Eu tinha lindas casas e árvores.
Eu tinha casas e árvores lindas.
Se existir um vocábulo feminino no plural e outro no singular, o adjetivo deverá ser flexionado no plural feminino. Para evitar ambiguidade, o adjetivo deve ser posto depois do vocábulo no singular:
Eu tinha árvores e casa lindas.
Se o adjetivo concordar com apenas um vocábulo, o adjetivo deverá ser posto o mais próximo possível de tal vocábulo. Existem diversos casos de ambiguidade, e para evitá-la, o adjetivo deve ser posto entre os vocábulos, separando-os com conjunção aditiva:
Eu tinha carros lindos e casas.
Eu tinha casas lindas e carros.
Observações: Em casos muito restritos o adjetivo já faz parte de tal vocábulo, por isso, automaticamente, o adjetivo concorda com um vocábulo, senão, trataria-se de pleonasmo. Veja:
A previsão foi de existirem geadas e ventanias frias. → O adjetivo frias não poderia concordar com geadas porque não existe geada quente.
Plural é a flexão em número de uma palavra — ela pode ser nominal (a de nomes) ou verbal (a de verbos) - as demais palavras não se flexionam. A variação de uma palavra ao singular consiste em unificá-la, tornar o significado da palavra um único elemento, enquanto o plural, para mais de um elemento.
A regra do plural em muitas palavras na língua portuguesa consiste apenas em acrescentar o sufixo -s. Os nomes e palavras dos adjuntos adnominais e verbais que recebem o -s são:
terminados em vogal: laranja(s), vela(s), barco(s), gato(s), etc.
terminados em ditongo oral: pai(s), heroi(s), trofeu(s), etc.
terminados em n, ãe ou ã: hífen(s), mãe(s), lã(s), etc.
algumas palavras terminadas em ão: mão(s), cidadão(s), etc.
algumas palavras terminadas em l (nesses casos retira-se a letra l): fuzil (fuzis), barril (barris), etc.
Plural -es
Esta regra é bem comum, mas nem tanto quando a do plural -s. Essa desinência é aplicada em:
terminados em r ou z: lar(es), mar(es), paz(es), etc.
algumas palavras terminadas em ão (nesse caso retira-se a letra o e acrescenta-se s): cão (cães), pão (pães), etc.
algumas palavras terminadas em l: mal(es)
Plural -is
Aplica-se o sufixo -is em:
algumas palavras terminadas em al, el, ol ou ul (nesse caso, retira-se a letra l e acrescenta-se is): plural (plurais), tal (tais), pastel (pastéis), atol (atóis), azul (azuis), etc.
algumas palavras terminadas em il (nesses casos, retira-se o sufixo il, acrescentando-se o sufixo is após a letra de ligação e): réptil (répteis), etc.
Plural -ns
Existem poucas palavras que seguem essas regras:
palavras terminadas em m: um -o artigo (uns), algum (alguns), atum (atuns), afim (afins), som (sons), tom (tons), fim (fins), álbum (álbuns), tótem (totens ou tótemes), etc.
Plural -ões
em algumas palavras terminadas em ão, retira-se o sufixo ão e acrescenta-se ões: feijão (feijões), limão (limões), acordeão (acordeões), etc.
Plural -'s
São em substantivos que representam:
letras: S's, A's, L's, O's, etc.
em numerais cardinais: 7's, 0's, 4's, etc.
em siglas e abreviaturas, estrangeiras ou não: HD's, GPS's, CD's, TV's, etc.
pronomes retos da 1ª e 2ª pessoa: eu (nós), tu (vós);
pronome qualquer (quaisquer).
Existem também, palavras que possuem os dois números, não tendo alteração na palavra. É o caso de:
terminadas em x: box, tórax, etc.
terminadas em ps: triceps, biceps etc.
Além de existirem palavras que não mudam quando passam de um número ao outro, há palavras que possuem mais de um plural. É o caso de anão (anões/anãos).
se na composição existir um substantivo e um adjetivo, ocorre a concordância: cachorros-quentes, assembléias legislativas, amarelos claros, etc
se a composição for uma locução substantiva, o núcleo vai ao plural: noites de núpcias, pores-do-sol, trens-bala, arcos-íris, jardins de infância, etc.
Lembre-se! Palavras simples com hífen de prefixação possuem as regras de palavras simples (anglo-saxões, micro-ondas, etc).
São verbos que seguem as regras conjugais (formas dos modos indicativo, subjuntivo e imperativo). Assim como existem nomes anômalos, existem verbos anômalos.
Regência é o campo da língua portuguesa que estuda as relações de dependência entre dois termos, analisando se um serve de complemento para o outro, e assim fazer o emprego correto de certos termos. Conforme a categoria gramatical da palavra regente, podemos considerar dois tipos de regência: regência nominal - se for um substantivo, adjetivo ou advérbio e regência verbal - se for um verbo.
Um exemplo da importância do estudo de regência é no caso da palavra assistir que possui dois significados, de forma que reconhecer qual dos sentidos está expresso numa oração depende da análise do contexto. Exemplo:
Assistir ao jogo - Nesse caso assistir tem o sentido de ver, observar algo, no caso o jogo.
A enfermeira está assistindo o paciente - Já nessa situação, assistir possui um novo significado, ajudar, socorrer.
Alguns verbos cuja regência pode variar dependendo do contexto:
Aspirar. Pode significar: sugar o ar ou desejar, almejar.
A regência verbal é a forma sintática que analisa a relação entre o verbo e o complemento verbal. O verbo é chamado de regente (ou subordinante) e o complemento é chamado de regido (ou subordinado), pois um depende do outro sintáticamente.
Os verbos que dependem de alguém ou alguma coisa para ocorrerem, que necessitam de uma condição para existirem, são transitivos:
Eu penseiem uma viagem. → a ação pensar exercida pelo sujeito eu depende de uma coisa: uma viagem;
O mundo precisade ti. → a ação precisar exercida pelo sujeito o mundo depende de alguém: tu;
Eles queremo aumento dos salários. → a ação querer exercida pelo sujeito eles depende do aumento dos salários.
Podem ser transitivos diretos, quando o termo regido é direto (objeto direto), ou transitivos indiretos, quando o termo régido é indireto (objeto indireto).
Observações:
O complemento pode ser descoberto fazendo-se as perguntas o quê? ou a quem? ao verbo;
Alguns verbos que não necessitam de complemento são transitivos, somente quando o complemento é existente (veja objeto direto cognato);
O complemento pode aparecer antes do verbo;
Se o verbo exigir complemento, mas não em um determinado caso, ele é classificado conforme ele se apresenta naquela frase;
Na língua portuguesa, alguns verbos transitivos podem apresentar tanto o objeto direto quanto o indireto (verbos transitivos diretos e indiretos).
É muito comum existirem mudanças semânticas em um verbo ao se alterar sua transitividade, o que pode provocar constantes deslizes semânticos. Veja alguns exemplos, na tabela abaixo:
Verbos
Trans.
Significação
Exemplo
aspirar
vtd
respirar
Aspiramos oxigênio a cada minuto.
vti
desejar
Aqueles funcionários aspiram à chefia.
assistir
vtd
ajudar
O médico jamais deixou de assistir o enfermo.
vti
ver
Assistamos às apresentações em silêncio.
querer
vtd
desejar
Queremos muito a despoluição do rio.
vti
amar
À minha pátria quero muito.
visar
vtd
mirar
No jogo de dardos, deve-se visar o centro de um alvo.
vti
ter em vista
Visava a sua obra nunca ser esquecida.
Existem outros exemplos: o verbo assistir pode ter os sentidos de morar (VI) e pertencer (VTI), o verbo visar pode ter o sentido de dar visto (VTI), chamar pode ter os sentidos de convocar (VTD), invocar (VTI) e apelidar (VTD ou VTI), implicar pode ter os sentidos de acarretar (VTD), ter implicância (VTI) e envolver-se (VTDI), proceder pode ter os sentidos de realizar (VTI), ter fundamento, originar-se e agir (VI), reparar pode ter os sentidos de consertar (VTD), indenizar (VTD) e observar (VTI), precisar pode ter os sentidos de indicar com precisão (VTD), necessitar (VTI) e ser necessitado (VI), agradar pode ter os sentidos de fazer carinho (VTD) e satisfazer (VTI)
Alguns apresentam diferenças entre o uso popular e o uso culto:
preferir - é sempre VTDI, não aceita a locução conjuntiva do que nem advérbios de intensidade como mais, muito mais e mil vezes
ir e chegar - são VTI, regendo a preposição a, e não em, que só se usa na indicação de tempo
obedecer - é VTI, regendo a preposição a, o antônimo desobedecer segue a mesma regência, são muito usados como VTD
namorar - é VTD, não aceita a preposição com
simpatizar - é VTI, regendo a preposição com, mas não é pronominal, o antônimo antipatizar segue a mesma regência
custar - no sentido de ser custoso, difícil, é VTI, regendo a preposição a, só se usa na terceira pessoa; no sentido de ter valor, preço é VI
ser - não aceita a preposição em, por isso a novela é Éramos Seis
Alguns não mudam de sentido, mas podem ser transitivos diretos ou indiretos:
esquecer e lembrar - sem pronome são VTD, e com pronome são VTI, regendo a preposição de
pagar e perdoar - quando se referem a coisa são VTD, quando se referem a pessoa ou instituição são VTI, regendo a preposição a, podem ter os dois objetos
informar - pede dois complementos: quando o objeto direto refere-se a coisa, a pessoa será objeto indireto regido pela preposição a e quando o objeto direto refere-se a pessoa , a coisa será objeto indireto regido da preposição de ou sobre, os verbos avisar, notificar, certificar, cientificar e prevenir seguem a mesma regência
Valência é uma classificação que verbos recebem dependendo de sua regência verbal, ou ainda, uma circunstância que é atribuida como estado inicial/estado final e origem/destino ao verbo. É importante lembrar que diferente da transitividade verbal, a valência trata de quantas possibilidades se pode fazer, e não quantos termos se tem. O verbo é classificado quanto à valência:
Valência zero - são os verbos que não possuem sujeito nem complemento;
Valência um - são verbos que não possuem sujeito (intransitivos) ou que não possuem complemento;
Valência dois - são verbos com sujeito e com um complemento (transitivos);
Considera-se valência qualquer termo que depende do verbo (qualquer termo regido). Em certos verbos, os adjuntos adverbiais são necessários, e por isso, não são considerados acessórios. Estes verbos chamam-se transitivos diretos circunstanciais. Veja:
Aviões transportam milhares de pessoas de um lugar ao outro todos os dias.
Aqui podemos identificar as valências aviões (sujeito), milhares de pessoas (objeto direto) e os adjuntos adverbiais de um lugar e ao outro, logo, o verbo transportar é de valência quatro. Note que sem as circunstâncias o sentido do verbo estaria incompleto, pois é um verbo que representa deslocamento, necessitando de um lugar.
Os verbos de valência três podem ser chamados de bitransitivos e os verbos de valência quatro de tritransitivos. Os verbos transitivos diretos e indiretos estão na valência três.
Colocação pronominal é o emprego do pronome oblíquo átono em relação ao verbo. Todos os pronomes (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, os, as, lhes) ocupam três posições em relação ao verbo. Estas colocações denominam-se:
Ênclise é o emprego do pronome oblíquo depois do verbo. Segundo o Acordo Ortográfico de 1990, o pronome nestes casos sempre vem com hífen. Pode ocorrer:
Mesóclise (ou tmese) é o emprego do pronome oblíquo átono no meio do verbo. Para formar a mesóclise, separa-se o infinitivo do verbo de sua desinência e encaixa-se o pronome, semelhante a uma operação cirúrgica. A mesóclise só ocorre com verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito do modo Indicativo, desde que não haja a palavra que exija a próclise. As modificações do pronome oblíquo na terceira pessoa é idêntica às que ocorrem na ênclise (isto é, transformação de a em la/na, as em las/nas, o em lo/no e os em los/nos). Só se usa em situações específicas, como na linguagem formal e na modalidade literária. Exemplo:
Perguntar (perguntarão, perguntariam)
Perguntar-lhe-ão sobre a festa.
Perguntar-lhe-iam sobre a festa.
Vender (venderemos, venderíamos)
Vender-te-emos aos Senhores de Engenho.
Vender-te-íamos aos Senhores de Engenho.
Sentir (sentirá, sentiria)
Sentir-se-á a pessoa mais feliz do mundo.
Sentir-se-ia a pessoa mais feliz do mundo.
Para vários falantes da língua portuguesa (principalmente para os do Brasil), a mesóclise é só um fenômeno estritamente formal, culto, cerimonioso e literário. não ocorrendo na fala espontânea em contexto informal de nenhum falante nativo, a não ser que seja intencional. Geralmente substituída pela próclise ou por uma locução verbal formada pelo verbo auxiliarir:
Vamos vender-te aos Senhores de Engenho.
Vai sentir-se a pessoa mais feliz do mundo.
Por conferir um tom cerimonioso ao discurso, deve ser evitada em textos argumentativos.
As Figuras Linguísticas são espécies de "casos" (alguns destes mais precisamente considerados tropos e outros vícios) que ocorrem na língua. Elas podem ser:
Estes casos, apesar de influenciaram na sintaxe, podem ser divididos em Figuras sintáticas e Figuras semânticas:
Figuras sintáticas - Influenciam no modo em que os termos estão posicionados e das tais irregularidades e erros, além de modificar termos de modo que a frase possa ser ainda considerada correta gramaticamente. Exemplo: Zeugma, Hipérbato e Pleonasmo.
Figuras semânticas - Influenciam na ênfase e numa forma alternada de significação, mas não na colocação, também no pensamento e não nas regras. Exemplo: Sínquise, Catacrese e Pleonasmo.
Figuras de palavras - É quando na frase ocorre relação entre palavras, substituindo-as ou comparando-as. Exemplo: Sinestesia, Perífrase, Anáfora, Sínquise, Metonímia.
Figuras de pensamento - É quando na frase há características não lógicas, expressando opinião ou forma de escrita - o jeito de pensar e escrever. Podem ser sintáticas ou semânticas, dependendo da figura. Exemplo: Eufemismo e Hipérbole.
São Figuras Sintáticas, algumas consideradas incorretas na língua padrão. Outras são permitidas, a fim de provocar um jogo de palavras, outras foram sendo admitidas na língua padrão com o tempo. Exemplo: Solecismo, Cacofonia, Ambiguidade e Rima.
São recursos de ênfase, utilizados para seduzir o leitor, explicar uma palavra, finalizar/iniciar uma conversa, informar, expressar sentimentos, perguntar. Exemplo: Função Referencial e Função Fática.
As Figuras Linguísticas são dividas de acordo com sua relação ao resto da frase. As figuras que iremos estudar são:
Pleonásticos - Trata-se da redundância de termos - Pleonasmo;
Silepsicos - Trata-se da designação de algo por outra coisa, sendo esta uma designação sobre a outra - Silepse;
Metafóricos - Trata-se da substituição de uma característica normal por outra que tem característica semelhante, sensações, estados e opiniões surreais - Metáfora, Catacrese, Sinestesia, Símile;
Repetitivos - Trata-se da repetição de termos que podem ser anulados através dos casos elipticos, estes casos ajudam na construção de uma música ou poema - Anáfora, Anadiplose, Aliteração, Assonância, Diácope, Epístrofe, Epizêuxiz (ou Epizeuxe), Hiato, Paranomásia, Rima;
Figuras Sindéticas - Trata-se das figuras relacionadas às conjunções - Assíndeto, Polissíndeto;
Metonímicos - Trata-se da designação de algo por outra coisa, sendo esta com certa relação sobre a outra - Metonímia, Sinédoque, Metalepse;
Elipticos - Trata-se da anulação de termos - Elipse, Zeugma;
Errôneos - Trata-se dos erros sintáticos - Anacoluto, Solecismo;
Colocação Irregular - Trata-se da formação sintática irregular numa frase - Hipérbato, Prolepse, Sínquise.
A Silepse é a Figura Linguística em que palavras são substituidas por outras sendo que estas possuem uma certa designação sobre a outra. Estas palavras podem sofrer alteração numérica, de gênero ou de pessoa sobre a outra, alterando a concordância. A Silepse também é conhecida como Concordância Irregular. Observe as frases:
Vossa Senhoria é bastante generoso.
Esta frase trata de uma Silepse de gênero, o adjetivo não esta concordando regularmente com o Pronome.
Um grande número de garotas não queriam sair.
Esta frase trata de uma Silepse de número, o verbo não esta concordando regularmente com o sujeito.
Todo mundo aqui de casa possuimos respeito.
Esta frase trata de uma Silepse de pessoa, o núcleo do sujeito não esta concordando regularmente com a pessoa do verbo.
Sim! Que o estudo é como a aurora que nos entra pela casa.
Ela era um avestruz.
Veja que ocorre a metáfora, o estudo é aurora que nos entra pela casa. Também podem ocorrer metáforas surreais como no segundo exemplo. Quando há presença da conjunção como, a metáfora denomina-se comparação.
A catacrese é um tipo de metáfora, geralmente surreal, que exprime um sentimento pessoal e estranho se dito a outras pessoas. Observe esse poema de Álvares de Azevedo:
...
"Como em noite do caos, os elementos incandescentes lutam. Negra — a terra, o céu — rubro, o mar — vozeia — E as florestas escutam..."
...
Para muitos os elementos incandescentes lutam não faz o menor sentido, trata-se da opinião do autor sobre tal coisa, por isso causa estranheza.
Os casos repetitivos, são os que um conjunto de palavras, uma palavra, uma letra ou simplesmente uma parte da palavra se repetem, continuadamente ou não.
Anáfora
É a repetição de uma ou mais palavras no inicio de frases ou orações:
Levaremos um tempo para crescer, levaremos um tempo para amadurecer, levaremos um tempo para entender, levaremos um tempo para envelhecer, levaremos um tempo para morrer.
Amar é sonhar, amar é viver, amar é curtir.
Anadiplose
É quando uma palavra ou conjunto de palavras do final de uma frase ou oração repetem-se no inicio da seguinte frase ou oração e assim sucessivamente:
Amar é sonhar, sonhar é viver, viver é curtir, curtir é amar.
Aliteração
É a repetição de fonemas, especificamente fonemas que formam consoantes. Os trava-línguas são formados por vários destes.
Amar é sonhar, sonhar é viver, viver é curtir, curtir é amar.
Assonância
É a repetição de fonemas, especificamente fonemas que formam vogais.
A áspera lavadeira trabalhava na calma lavanderia.
Diácope
É a repetição de uma palavra ou de um conjunto de palavras, porém, uma das repetições possui uma característica que serve para definir algo, dando ênfase.
O Alfaiate, o mal educado alfaiate nem me cumprimentou.
Epístrofe
É a repetição de uma palavra ou palavras no final de uma oração ou frase.
Cada um terá uma escolha, cada um fará a escolha, cada um escolhe a sua escolha.
Epizêuxiz
É a repetição de uma palavra, sendo esta repetida continuadamente.
A lavadeira trabalhava, trabalhava, trabalhava e trabalhava.
Hiato
É o encontro vocálico em palavras diferentes (diferente do hiato comum).
O Peixe nadava na água.
Paranomásia
É a repetição de palavras diferentes, porém, parônimas. Os trava-línguas também utilizam esse recurso linguístico.
O Alfaiate não me cumprimentou, só mediu o meu comprimento.
Rima
Rima é a repetição fonética ou simplesmente escrita de palavras:
Levaremos um tempo para crescer, levaremos um tempo para amadurecer, levaremos um tempo para entender, levaremos um tempo para envelhecer, levaremos um tempo para morrer.
Trata-se da designação de algo por outra coisa, sendo esta com certa relação sobre a outra
Sinédoque
Emprego de uma palavra por outra, baseando-se nas suas relações de dependência (parte pelo todo, autor pela obra, efeito pela causa, etc. Obs: a reciprocidade também é valida).
Senhora, partem tão tristes meus olhos por vós, meu bem.[1]
No exemplo acima, a parte(olhos) representa o todo (a pessoa que parte).
A Elipse é a Figura Linguística que anula certa palavra da frase, ocorre quando um termo não é realmente necessário. Existe um caso especial de Elipse chamado de Zeugma, que é bastante comum. Pode também ser considerada um termo não expresso.
A Elípse do Sujeito ocorre quando já existe um verbo flexionado na 1ª, 2ª ou 3ª pessoa do plural ou singular :
Estava feliz em ir viajar.
Não queremos jantar agora!
Farei de tudo para você não adoecer.
No primeiro e terceiro exemplo podemos concluir que o Sujeito é Eu, pela analise dos verbos Estava e Farei. No segundo exemplo podemos concluir que o Sujeito é Nós, pela analise do verbo Queremos.
Observações: Não confunda a elipse com a classificação do sujeito, quando o verbo esta na 3ª pessoa e não há sujeito segundo a classificação o sujeito será indeterminado.
A elipse também pode ocorrer com palavras de várias classificações como verbos, advérbios e conjunções (nas conjunções a elipse é chamada de Sindética):
Ontem, nebulosidade, hoje, sol e amanhã, chuva.
Ontem tinha nebulosidade, hoje tem sol e amanhã terá chuva.
"... Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada ..."
Como podemos observar, o sujeito nada mais é do que Terra adorada. Observe que não ocorre nenhum tipo de elipse, pois não podemos colocar o termo Terra adorada em nenhum dos versos, a não ser que colocassemos outros termos. Exemplo:
... A Terra adorada é gigante pela própria natureza, A Terra adorada és bela, a Terra adorada és forte, impávido colosso, E o tseu futuro, Terra adorada, espelha essa grandeza. ...
Teríamos que anexar vírgulas, artigos, verbos de ligação, alterar a flexão verbal e ainda alterar o gênero do adjetivo, pois na versão original ocorre a Silepse, ou seja, isso não se trata de elipse.
Anacoluto é a colocação de termos que fazem a frase ficar de forma errônea, sendo estes desnecessários - não confunda com pleonasmo. As vezes, na colocação irregular, pode aparecer na forma de um hipérbato formando uma sínquise. Também pode ocorrer da frase não possuir um sentido. Ainda pode ocorrer uma forma de pleonasmo cujo um termo se associa ao complemento verbal e outro ao sujeito, mas lembre-se, anacoluto não é pleonasmo! Veja:
Frase simples:
Amo as garotas!
Anacoluto:
As garotas, amo-as!
Hipérbato:
As garotas amo!
Pleonasmo:
Amo-as garotas!
Como você já sabe, não é necessário o pronome as depois de amo, o objeto direto antecede o verbo, as garotas, ou seja, ou se usa o pronome as ou as garotas.
Aqui iremos estudar a colocação irregular, ou seja, a ordem das palavras é diferente a ordem tradicional. É comum separar os trechos regulares dos irregulares com uma partícula articuladora (ponto, vírgula e ponto e vírgula).
Colocação Regular e Irregular Gramatical - Hipérbato
A Colocação Regular, a tradicional como você já sabe, é quando uma frase é composta por Sujeito, seus adjuntos adnominais, verbos, complementos verbais, adjuntos adverbiais. Além disso como você já sabe a frase pode ter uma conjunção ou ter uma estrutura sintática diferente. Acontece que quando uma frase apresenta uma certa estrutura sintática (contendo pelo menos sujeito e verbo) ela pode ter termos (sintagmas) colocados de forma irregular. Chamamos isso de Hipérbato. Observe as frases:
Colocação na forma Regular
Um exemplo de Hipérbato
Eu estava sonolento em um dia.
Sonolento em um dia eu estava.
Ele e ela não queriam estudar.
Não queriam estudar ele e ela.
Quem sabe teremos que fazer tudo na próxima semana?
Tudo, quem sabe, teremos que fazer na próxima semana?
Seria algo ultrajante ir vestido assim.
Ultrajante algo seria ir assim vestido.
Lembre-se, tais frases ditas a cima poderiam ter várias formas de Hipérbato, apenas uma forma foi listada. Veja vários hipérbatos nesta frase:
Colocação Regular:
Quem diria que algo de pouca grandeza, forma e estilo estaria na moda?
Quem diria estar na moda algo de pouca grandeza, forma e estilo?
Hipérbatos:
Algo de pouca grandeza, quem diria, de forma e estilo na moda estaria?
Na moda, quem diria, algo de pouca grandeza, forma e estilo estaria?
Estaria na moda quem diria, algo de pouca grandeza, forma e estilo?
Pouca grandeza, forma e estilo, algo na moda estaria, quem diria?
Entre outros
Não importa se hipérbato não faça sentido quando usado, importa se ele faz sentido sintáticamente. Os hipérbatos que não fazem sentido sintáticamente são chamados de Anacoluto
O Hipérbato é muito bom para produzir rimas, já que há um enorme número de palavras que podem ser colocados no final de uma estrofe.
O Uso de variadas Figuras Linguísticas na Colocação Irregular - Sínquise
A Prolépse é a colocação irregular sintática, mas, diferente do hipérbato, esta colocação é relacionada a morfossintaxe, cronologicamente. Alguns livros e filmes apresentam a prolépse, ou seja, do futuro os personagens vivem o passado e depois novamente o futuro, ou vice versa, fazendo com que uma pequena parte do climax seja revelado, deixando quem vê ou lê com curiosidade. É o deslocamente cronológico, deslocamento de pensamento. A colocação regular apresenta fatos que começam no passado ou no presente e vão em direção ao futuro.
As palavras homógrafas são aquelas que têm igual grafia (alguns consideram que os acentos não têm valor, por exemplo: avó e avo são palavras homógrafas), mas a pronúncia e o significado diferentes.
Exemplo: dúvida vs duvida. Estas palavras escrevem-se da mesma maneira, porém têm acentuação, pronúncia e significados distintos:
Quando a classe gramatical do vocábulo altera-se de um palavra homônima a outra, elas chamam-se homônimas perfeitas (geralmente verbos e substantivos):
Os parônimos são palavras de sentido diferente e forma semelhante, que provocam, com alguma frequência, confusão. Essas palavras apresentam grafia e pronúncia parecida, mas com significados diferentes.
Os parônimos pode ser também palavras homófonas, ou seja, a pronúncia de palavras parônimas pode ser a mesma.
Exemplos:
cumprimento (saudação), comprimento (extensão)
O alfaiate não me cumprimentou, não disse nem "oi".
O alfaiate mediu o meu comprimento.
tráfego (trânsito), tráfico (comércio ilícito)
O tráfego de carros está intenso em São Paulo.
O tráfico de drogas está intenso na Colômbia.
soar (emitir som), suar (transpirar)
O sino soou fortemente.
Estou suando desde a edução física.
sortir (misturar, abastecer), surtir (produzir, ter como consequência)
Em tempos de crise, é necessário sortir a despensa de alimentos.
São palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.
Leia essas frases:
A bruxa foi passear.
A feiticeira foi passear.
As palavras bruxa e feiticeira são sinônimas (sinónimas), isto é tem o mesmo significado. Assim, denominamos sinônimos as palavras que têm o mesmo sentido.
No entanto, os sinônimos (sinónimos) podem ser classificados em perfeitos e imperfeitos:
Observações: O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia.
A relação de uma palavra com seu conjunto possui uma relação de hiponímia. Diferente da sinonímia, a hiperonímia consiste em temas que possuem seus subtemas. Exemplo:
Laranjas, limões, limas e tangerinas possuem acidez.
As palavras laranjas, limões, limas e tangerinas possuem uma relação em comum: a acidez, logo, estas frutas possuem uma relação de hiponímia, pois pertencem ao conjunto frutas ácidas. Por sua vez, frutas ácidas possui uma relação de hiperonímia com as coisas desse conjunto (laranjas, limões, limas e tangerinas), e ao mesmo tempo uma relação de hiponímia com o conjunto frutas, já que dentro do conjunto frutas existem os subconjuntos frutas ácidas, frutas básicas, etc.
Além de os verbos serem classificados de acordo com sua sintaxe e sua morfologia, eles também são classificados pela sua semântica. Veja estas frases:
Eu fiquei melhor naquele dia.
Eu fiquei em casa no domingo.
Como podemos observar, o verbo fiquei na primeira frase, liga o sujeito ao predicativo, sendo um verbo de ligação, representando um estado. Na segunda frase, o verbo fiquei representa uma ação. Esta diferença semântica, como vemos, faz toda diferença na frase, por isso, a semântica pode ser considerada tão importante quanto a sintaxe na organização de uma frase. De acordo com sua semântica, os verbos são classificados:
São verbos que possuem um significado concreto, representando algo que existe ou imaginário, ações, efeitos. Eles são:
Causais
Descritivos
Efetivos
Factivos
Incoativos
Meteorológicos
Operativos
Transmutativos
Abaixo, a descrição de cada um deles:
Causais: são verbos que possuem uma relação de metonímia em causa e efeito.
Os verbos causais são: causar, derivar, fazer, motivar, ocasionar, originar, provir, provocar, resultar, etc.
Cada hora perdida no trânsito provoca mais perda de dinheiro.
As tempestades causaram enormes estragos.
Descritivos: são verbos que descrevem ações de seres vivos. São muito numerosos.
Os verbos descritivos são: andar, crescer, dormir, falar, morder, morrer, nadar, olhar, respirar, sonhar, voar, etc.
Ele nunca falou comigo.
Dormi como um anjo.
Os verbos descritivos que ocorrem em um certo espaço, são chamados de descritivos-relacionais (só se voa no ar, só se nada na água, só se anda na terra, etc).
Efetivos:
Factivos: verbos que ligam um agente a um produto.
Os verbos factivos são: criar, construir, fabricar, fazer, gerar, inventar, originar, preparar, produzir, etc.
A população gera muito lixo.
O artista fez um lindo quadro.
Incoativos: são verbos que representam uma mudança de estado, coisas que eram de um jeito e tranformaram-se. Também são muito numerosos.
Os verbos incoativos são: adoecer, aumentar, esquentar, legalizar, melhorar, piorar, salgar, tornar-se, virar, etc.
Melissa melhorou de vida.
Quanto mais ele falava, mais a situação piorava.
Meteorológicos: são verbos que representam efeitos climáticos.
Os verbos meteorológicos são: amanhecer, chover, ensolarar, entardecer, esfriar, nevar, nublar, trovejar, etc.
Choverá o dia inteiro.
Antes de nevar, os ursos já hibernaram.
Operativos:
Transmutativos: são verbos tritransitivos (que exercem as circunstâncias de origem e de destino ou estado inicial e estado final).
Eles podem ser:
transformativos: são os verbos em que algo deixa de ser de um jeito e transforma-se em outra coisa. Exemplo: mudar, passar, transformar-se, variar, virar, etc.
Os cientistas mudaram o ramo das pesquisas de viral para bacteriológico.
translocativos: a mudança ocorre no espaço em que algo está. Exemplo: chegar, entrar, enviar, ir, levar, mudar-se, trazer, etc.
Aquelas pessoas mudaram-se da atual casa para uma nova.
transpossessivos: nestes verbos a posse é o que varia. Exemplo: dar, devolver, ganhar, mandar, trocar, etc.
O homem deu o dinheiro da loteria para um instituto filantrópico.
São verbos que representam o estado, sensações, relações e quaisquer outros verbos que não se encaixam em nenhuma classificação dos verbos ativos. Eles são:
Afetivos
Comparativos
Comunicativos
Condicionais
Delimitativos
Designativos
Equativos
Existenciais
Locativos
Partitivos
Possessivos
Abaixo, a descrição de cada um deles:
Afetivos: estes verbos, afetam algo de alguma maneira, seja uma emoção, estado, juízo, etc.
Eles são:
cognitivos: indicam entendimento. Exemplo: entender, explicar, saber, etc.
Eu entendi a lição.
Os peixes sabem nadar.
emotivos: indicam emoção. Exemplo: confundir, entristecer, magoar, etc.
O paciente entristeceu-se por estar donte.
sensoriais: indicam sinestesia. Exemplo: cheirar, sentir, ver, etc.
Ninguém viu o gol contra.
Muitos ouviram aquelas mentiras.
volitivos: indicam desejo. Exemplo: desejar, querer, etc.
Você pretende viajar?
O professor nos desejou muita sorte na prova.
Comparativos: são verbos que comparam algo, igualando-o a outra coisa.
Os verbos comparativos são: comparar, equivaler, igualar, parecer, etc.
Isto não me parece familiar.
Sua alegria equivalia-se ao tamanho do universo.
Comunicativos: como o próprio nome diz, representa a comunicação.
Muitas vezes a locução numérica não é interpretada como esta, mas como simples numeral.
Os artigos (determinantes) nunca estão na forma de locução por eles mesmos já determinarem o nome (podem determinar junto ao advérbio, mas um é independente do outro). Por isso, não existe uma locução articular.
A locução verbal pode também ser chamada de conjugação perifrástica.
As siglas e abreviaturas são maneiras de encurtar uma palavra ou varias palavras uma vez que estas são repetidas inúmeras vezes em textos, documentos, etc.
Observações: Segundo o novo acordo ortográfico essa conjugação é regular, se encaixando na 1ª. A única diferença entre esta e a 1ª conjugação é o acento gráfico sobre a letra u, que nas normas do novo acordo ficaria sem o acento.
Existe apenas uma conjugação verbal com a terminação OR. Todos os verbos nessa categoria são derivados de PÔR e eles são pouquíssimos. Entre ele podemos citar PÔR, REPOR, SUPOR e COMPOR (antigamente -poer, anomalia da segunda conjugação):
A abrangência que as duas grandes áreas de estudo da língua e seus usos, a gramática e a literatura, é grande. Tradicionalmente as funções linguísticas são classificadas como gramática, por serem nada mais que a função de um texto, o seu uso no dia, e a singularidade de cada tipo textual ali representado.
Neste wikilivro a função da linguagem será classificada como literatura, por expressar o papel do corpus, e seu modo de transformar a informação.
A itenção do emissor da linguagem em levar a informação pode ser:
Função referencial/informativa/denotativa/cognitiva: o centro do texto é a mensagem, o escritor tem como prioridade transmitir o assunto ao leitor, por isso esses textos são objetivos e claros com a informação. Exemplo, um artigo científico, um texto jornalístico;
Função poética/estética: a prioridade é a estilística, o visual;
Função emotiva/expressiva: destacar o eu-lírico é a intenção que tem o emissor;
Função conativa/apelativa: nestes casos, a preocupação do emissor é o leitor. A principal característica destes textos é o uso do modo imperativo, que é usado na maioria dos textos desta função, pois chama a atenção do leitor. Pronomes que remetem ao receptor também são bastante comuns, como seu(s) e sua(s);
Função fática/de contato: a prioridade do emissor é o canal, a transmissão da mensagem, o início de uma comunicação;
Função metalinguística/metalinguagem: sua função é informar sobre a própria comunicação, como uma explicação sobre a língua portuguesa, um verbete de dicionário, etc.
A pragmática é o ramo da linguística que estuda as relações dos signos com os seus utilizadores ou interpretes em contextos reais.Consiste na análise das relações existentes entre as formas linguísticas e os participantes no processo comunicativo num contexto de interação.