Duas Caras (telenovela)

telenovela brasileira produzida e exibida pela Rede Globo

Duas Caras é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 1 de outubro de 2007 a 31 de maio de 2008, em 210 capítulos.[2][3] Substituindo Paraíso Tropical e sendo substituída por A Favorita, foi a 70.ª "novela das oito" a ser transmitida pela emissora.

Duas Caras
Duas Caras (telenovela)
Informação geral
Formato Telenovela
Gênero melodrama
Duração 60 minutos
Criador(es) Aguinaldo Silva
Elenco
País de origem Brasil
Idioma original português
Episódios 210
Produção
Diretor(es) Wolf Maya
Produtor(es) César Lino
Roteirista(s)
Tema de abertura "E Vamos à Luta", Gonzaguinha[1]
Composto por Gonzaguinha
Empresa(s) produtora(s) TV Globo
Exibição
Emissora original TV Globo
Distribuição TV Globo
Formato de exibição 480i (SDTV)
1080i (Globoplay)
Transmissão original 1 de outubro de 2007 – 31 de maio de 2008
Cronologia
Paraíso Tropical
A Favorita

É a primeira novela a ser exibida em alta definição. Teve a autoria de Aguinaldo Silva, com colaboração de Glória Barreto, Maria Elisa Berredo, Nelson Nadotti, Izabel de Oliveira, Filipe Miguez e Sérgio Goldenberg, teve direção de Cláudio Boeckel, Ary Coslov e Gustavo Fernandez, com direção geral de Wolf Maya.[4]

Contou com Dalton Vigh, Marjorie Estiano, Alinne Moraes, Antônio Fagundes, Flávia Alessandra, Susana Vieira, Renata Sorrah, Betty Faria, Lázaro Ramos e Débora Falabella nos papéis principais.[2]

Enredo

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A telenovela conta a história da vingança de Maria Paula contra Marconi Ferraço, que tinha outro rosto e outro nome quando cruzou o destino da jovem herdeira órfã, a roubou e a abandonou. Dez anos depois, ela o reencontra e decide fazer justiça. No entanto, os embates entre o ex casal e a existência de um filho em comum acabam revelando sentimentos inesperados. A trama possuiu duas fases distintas. A primeira introduziu os principais personagens e seus relacionamentos, e era focada majoritariamente nos protagonistas, Maria Paula e Ferraço. Após apenas nove capítulos, essa fase se encerrou e, em 10 de outubro de 2007, ocorre uma passagem de tempo de dez anos, avançando a telenovela e apresentando o restante dos personagens.[5]

Primeira fase

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Quando criança, Juvenaldo mora com o pai Gilvan, e mais de dez irmãos em uma favela de palafitas em Igarassu, Pernambuco. Sem condições de sustentar a família, o homem vende Juvenaldo ao estelionatário e cafetão Hermógenes Rangel.[6] Rebatizado de Adalberto Rangel, o menino abandona a família e segue com seu tutor, seguindo seus passos criminosos. Os anos passam e a história chega ao ano de 1997. Adalberto, já adulto, quer ganhar sua própria fortuna sem depender do seu mestre. Decidido a sumir de circulação, aplica um golpe em Hermógenes e foge com todo o dinheiro dele.

Tempos depois, ele presencia um grave acidente e ao revistar os pertences das vítimas, o casal Waldemar e Gabriela, descobre uma mala com grande quantidade de dólares, apólices e a fotografia de uma jovem. Segue então para Passaredo, uma pequena cidade do interior (ambientada em São Bento do Sul, Santa Catarina) ao encontro da órfã, Maria Paula. O golpista mente para ela ao dizer que Gabriela pediu, antes de morrer, que ele cuidasse da moça. Os amigos da herdeira - sua governanta, Jandira, a filha da governanta e melhor amiga de infância, Luciana, e seu advogado e melhor amigo, Dr. Claudius (que é apaixonado por Maria Paula) - tentam alertá-la, mas o golpista é rápido e, mesmo no dia do velório de seus pais, ela é seduzida pelo vigarista e aceita se casar com ele. Pouco tempo depois, ela descobre que seu marido desapareceu levando toda a sua fortuna, deixando-a na miséria e grávida.[5]

O golpista muda o rosto, o nome e o estilo de vida. Faz uma cirurgia plástica e transforma-se no respeitável empresário da construção civil Marconi Ferraço. Agora milionário, ele volta para o Rio de Janeiro e compra uma construtora quase falida, a GPN, e monta sua equipe de trabalho, associando-se ao engenheiro Gabriel Duarte e ao advogado Paulo Barreto, o Barretão, especialista em encontrar brechas para driblar a lei.[7][8]

Segunda fase

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Dez anos depois, Maria Paula, agora nutricionista de um supermercado em São Paulo, é convidada a trabalhar no Rio de Janeiro na mesma época em que, coincidentemente, vê a seu ex-marido em uma reportagem de televisão e descobre que ele vive ali. Disposta a se vingar, a jovem muda para a cidade na companhia do filho Renato e do noivo Cláudius. Ferraço decide conquistar Maria Sílvia, moça milionária, elegante, de família tradicional, porém insensível, que passou muitos anos estudando na Universidade de Sorbonne, em Paris. Ela se apaixona por ele e aceita se casar meses depois. No dia da festa de noivado de Ferraço e Sílvia, Maria Paula, que havia descoberto que Adalberto Rangel adotou a identidade de Marconi Ferraço, o desmascara na frente de todos. Ela revela que o empresário é pai de seu filho Renato, garoto de dez anos. Com a cumplicidade de Sílvia, Ferraço se aproxima do garoto apenas para evitar que a ex-mulher o denuncie à justiça. Apesar de inicialmente usá-lo contra sua mãe, o vilão acaba desenvolvendo um afeto verdadeiro pelo único filho, já que havia se submetido a uma vasectomia, e Sílvia passe a odiar a criança. Maria Paula, por sua vez, se alia a Juvenal Antena e Branca, mãe de Sílvia, para resistir às armações do ex-marido. Na festa de aniversário de Renato, organizada por Maria Paula na mansão de Ferraço, o ex-casal dá indícios de que nutrem sentimentos um pelo outro. Desesperada, Sílvia tenta destruir a rival e seu filho. No entanto, ao tentar matar Renato afogado, faz mais claramente aparecer o lado humano de Ferraço, que se joga no lago para salvar o menino. A partir de então o empresário reconhece que desenvolveu novos sentimentos pelo filho e à ex-esposa e pede Maria Paula em casamento. Ela aceita casar com ele novamente visando recuperar seus bens e se vingar, mas impõe uma série de condições pouco favoráveis ao ex-marido. Neste meio tempo, Renato recebe um dossiê elaborado por Sílvia, com a prova de que o golpista roubou todos os bens de sua mãe, e o ex-vilão decide investigar suas origens em companhia do garoto, e assumir sua verdadeira identidade. Este era um dos requisitos de um contrato pré-nupcial proposto por Maria Paula para se casar de novo com Ferraço. Após o casamento dos dois, Sílvia tenta matar a rival com um tiro, mas a bala atinge o outrora vilão, que se coloca na frente da esposa para salvá-la. Comovida, Maria Paula, que havia exigido a separação de corpos em seu acordo pré-nupcial, se entrega ao marido, sem, no entanto, desistir que ele acerte contas com a justiça.[5]

Maria Paula convence o marido a confessar seus crimes à polícia, enquanto Sílvia sequestra Renato, mas é encontrada e foge para França. Ferraço fica dois anos preso e, ao ser libertado, descobre que a esposa vendeu todos os seus bens e partiu com o filho para um destino desconhecido. Ele lamenta ter sido abandonado pela amada e um dia recebe um telefonema de Maria Paula perguntando como ele se sentia por ter sido roubado, assim como ela havia também sido roubada por ele. Maria Paula diz que deixou uma passagem no nome de Ferraço, e pede que ele vá ao seu encontro e de seu filho, e os dois terminam juntos.[5]

Elenco

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Intérprete Personagem
Dalton Vigh Marconi Ferraço (Ferraço) / Adalberto Rangel / Juvenaldo Ferreira
Marjorie Estiano Maria Paula Fonseca do Nascimento
Antônio Fagundes Juvenal Ferreira dos Santos (Juvenal Antena)
Alinne Moraes Maria Sílvia Barreto Pessoa de Moraes[2]
Susana Vieira Branca Maria Barreto Pessoa de Moraes
José Wilker Francisco Macieira (Macieira)
Renata Sorrah Célia Mara de Andrade Couto Melgaço
Lázaro Ramos Evilásio Caó dos Santos
Débora Falabella Júlia de Queiroz Barreto
Stênio Garcia Paulo de Queiroz Barreto (Barretão)
Marília Pêra Gioconda de Queiroz Barreto
Flávia Alessandra Alzira Correia Melgaço (Alzirão)
Betty Faria Bárbara Carreira
Marília Gabriela Margarida Maria dos Anjos (Guigui)
Caco Ciocler Cláudius Maciel
Ângelo Antônio Dorgival Correia
Marcos Winter Deputado Narciso Tellerman
Wolf Maya Geraldo Peixeiro
Rodrigo Hilbert Ronildo do Anjos
Flávio Bauraqui Ezequiel Caó dos Santos
Nuno Leal Maia Bernardo da Conceição
Mara Manzan Amara Leitão da Conceição
Thiago Mendonça Bernardo da Conceição Júnior (Bernardinho)
Leona Cavalli Dália Mendes
Otávio Augusto Antônio José Melgaço
Juliana Knust Débora Vieira Melgaço
Paulo Goulart Heriberto Gonçalves
Letícia Spiller Maria Eva Monteiro Duarte
Oscar Magrini Gabriel Duarte
Sheron Menezes Solange Couto Ferreira
Eri Johnson José Caó dos Santos (Zé da Feira)
Júlio Rocha João Batista da Conceição (JB)
Armando Babaioff Benoliel da Conceição
Júlia Almeida Fernanda Carreira (Nanda)
Alexandre Slavieiro Heraldo Carreira (Heraldinho)
Ricardo Blat Pastor Inácio Lisboa
Chica Xavier Setembrina Caó dos Santos (Mãe Bina)
Ivan de Almeida Misael Caó dos Santos
Guida Vianna Elenir
Dudu Azevedo Paulo de Queiroz Barreto Filho (Barretinho)
Cris Vianna Sabrina Dias
Bárbara Borges Clarissa de Andrade Couto Melgaço
Guilherme Gorski Eduardo Monteiro (Duda)
Wilson de Santos Josélio Bezerra Pinto (Jojô)
Josie Antello Amélia dos Santos
Susana Ribeiro Edivânia Lisboa
Juliana Alves Gislaine Caó dos Santos
Débora Nascimento Andréia Bijou
Adriana Alves Condessa Faustine Orlandi Pisani de Marelo Bertol de Finzi-Contini (Morena)
Lugui Palhares Carlos Palhares (Carlão)
Cristina Galvão Lucimar
Jackson Costa Waterloo de Sousa / Sufocador
Débora Olivieri Adelaide
Roberto Lopes Gilmar
Paulinho Serra Ignácio Guevara
Diogo Almeida Rudolf Stenzel
Marcela Barrozo Ramona Monteiro Duarte
Sérgio Vieira Petrus Monteiro Duarte[2]
Thaís de Campos Claudine Bel-Lac
Viviane Victorette Nadir
Adriano Garib Silvano
Gláucio Gomes Mariozinho Pedreira
Teca Pereira Nanã
Dani Ornellas Joseane
Ernesto Xavier Clementino
Paola Crosara Rebeca Lisboa
Gabriel Sequeira Renato Fonseca do Nascimento Ferraço
Luana Dandara Manoela Correia (Manu)
Lucas Barros Dorgival Correia Júnior (Dorginho)

Participações especiais

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Intérprete Personagem
Herson Capri João Pedro Pessoa de Moraes (Joca)
Tarcísio Meira Hermógenes Rangel
Vanessa Giácomo Luciana Alves Negroponte
Eriberto Leão Ítalo Negroponte
Laura Cardoso Alice de Sousa Antena Ferraço
Fulvio Stefanini Waldemar Fonseca do Nascimento
Bia Seidl Gabriela Fonseca do Nascimento
Totia Meirelles Jandira Alves
Pedro Lucas Lopes Petrus (1ª fase)[2]
Juliana Freire Ramona (1ª fase)[2]
Vera Fischer Dolores Maciel
Werner Schunemann Humberto Silveira
Juan Alba Delgado Silva
Lady Francisco Odete
Carlos Vereza Helmut Erdann
Rogéria Astolfo
Carolina Kasting Luiza Fonseca
Monique Lafond Celinha
Maurício Gonçalves Afonso Henriques
Elizabeth Gasper Beatriz
Bruno Padilha Heitor
Paulo César Pereio Lobato
Antônio Firmino Apolo
Ruth de Souza Tia Nena
Selma Egrei Beth Gomes
Sérgio Viotti Manoel de Andrade Couto
Fafy Siqueira Amora Leitão
Ida Gomes Dona Frida
Ana Karolina Lannes Sofia Alves Negroponte
Matheus Costa Leone Alves Negroponte
Sylvia Massari Graça Lagoa
Gottsha Eunice Bezerra Pinto (Diva)
Alexandre Liuzzi Dagmar
Guilherme Duarte Zidane
Lica Oliveira Fátima
Michael Joelsas Fernandinho
Anna Cotrim Telma
Babu Santana Montanha
Carlos Machado Dr. Siqueira
Lionel Fischer Dr. Arnaldo
Wendell Bendelack João Fuleiro
Eduardo Lara Frango Veloz
Isabela Lobato Heloísa
Bia Mussi Janete
Raphael Martinez Elvis
Leandro Ribeiro Osvaldo
Rafaela Victor Míriam Lisboa
Gilberto Miranda Divaldo
Marilice Consenza Socorro
Luciana Pacheco Denise
Raphael Rodrigues Brucely
Prazeres Barbosa Shirley
Adriano Dória Marcha Lenta
Laura Proença Salete Costa (Vesga)
Raquel Villar Victória
Jorge Coutinho Celestino
Isio Ghelman Mr. Scott
Tathiane Manzan Ruth
Edmo Luis Gavião Sereno
Zé Luiz Perez Zé da Preguiça
Blota Filho Dr. Prachedes
Everaldo Pontes Gilvan Ferreira
Ilva Niño Risoleta
André Luiz Frambach Juvenaldo Ferreira (jovem)
Carolina Holanda Bárbara (jovem)
Bernardo Mesquita Adalberto (jovem)
Natasha Stransky Bijouzinha[9]
Javier Gomez Dr. Hidalgo
Júlia Stockler Estudante

Produção

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Em 2007, houve uma disputa pelo horário que substituiria Paraíso Tropical entre Aguinaldo Silva e Benedito Ruy Barbosa – que escrevia uma trama intitulada Amor Pantaneiro.[10] Aguinaldo acabou vencendo devido o temor da emissora de Benedito produzir outra "novela das oito" rural rejeitada pelo público como sua última, Esperança, em 2002, preferindo deixar o autor apenas produzindo remakes na faixa das 18h deixando Benedito sair novamente do horário nobre.[10] Originalmente o autor intitulou a trama de É a Educação, Estúpido!, porém o nome foi considerado confuso pela direção e adaptado para Duas Caras para conseguir avaliar totalmente o público.[10] No dia 23 de novembro, a Globo informou, por meio de nota oficial, que o autor Aguinaldo Silva se manteria afastado dos roteiros da trama, para "resolver problemas pessoais"[11] - o que posteriormente atribuiu-se à hipertensão.[12] Sua saída gerou controvérsia entre os atores e a imprensa especializada, incitando rumores de que ele havia sido demitido.[13] Contudo, na mesma semana o autor retornou à produção, pois havia sido impedido de viajar a Portugal, por não ter renovado o passaporte.[14]

Mudanças no enredo

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Em 2006, enquanto desenvolvia o primeiro esboço da novela, Aguinaldo revelou para o jornal O Globo que ela seria centrada em uma universidade na disputa pela reitoria entre a viúva do dono, a qual seria interpretada por Susana Vieira, e na amante dele, interpretada originalmente por Marília Gabriela, que havia tido uma filha bastarda fora do casamento.[15] Entretanto, meses depois, o autor declarou em entrevista à Folha de S.Paulo que havia mudado a trama central e deslocado o núcleo da universidade, sendo que o fator principal da história seria sobre um censor dos tempos da ditadura militar, a qual ele queria que fosse interpretado por Eduardo Moscovis, que dava o golpe em uma jovem inocente para tomar sua fortuna, recorrendo à plasticas para mudar sua aparência e identidade.[16] Segundo o autor, a história do personagem foi parcialmente baseada na figura do ex-deputado José Dirceu, que ao fugir da ditadura militar para Cuba, passou por cirurgias plásticas para mudar suas feições para que pudesse retornar ao Brasil sob uma outra identidade[16]

Aguinaldo revelou, em sinopse de fevereiro de 2007, que ao ser confrontado com a mulher que enganou e um filho cuja existência desconhecia, seu anti-herói, Ferraço, pensaria na possibilidade de se redimir. Acerca de sua heroína, ele indicou que seria inflexível em fazê-lo pagar por seus crimes e ser digno de tê-la de volta e ao filho. Ele indicou em entrevista ter se inspirado em Dostoievski para construir seu protagonista em busca de redenção. Em 2013, em entrevista ao Canal Viva, o autor disse que também pensou em fazer da história de Evilásio a principal, porém temia uma possível rejeição do público, colocando-o como co-protagonista.[17][18]

Escolha do elenco

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"Posso garantir, e é bom a TV Globo levar isso em conta, que sem Moscovis e Zé Mayer perderei boa parte da vontade de escrever essa novela."

Aguinaldo Silva sobre não conseguir os atores que desejava para os papeis principais.[19]

Susana Vieira, Renata Sorrah, Marília Gabriela e Bárbara Borges foram os primeiros nomes reservados para a novela ainda no final de 2006.[19] Originalmente Carolina Dieckmann foi convidada para interpretar Maria Paula, porém a atriz teve que recusar por estar grávida.[20] Mariana Ximenes foi a opção seguinte do autor, que revelou que desejava trabalhar com ela desde Porto dos Milagres, mas a atriz recusou por já ter aceito o convite para a novela seguinte, A Favorita, sendo que o papel ficou para Marjorie Estiano, que havia chamado atenção do autor por sua personagem em Páginas da Vida.[21]

Aguinaldo revelou que escreveu o personagem Ferraço pensando em Eduardo Moscovis para interpretá-lo, no entanto ele recusou por não desejar mais fazer novelas, apenas seriados e cinema – o ator só voltaria para uma em A Regra do Jogo, em 2015, dez anos após sua última trama – e Dalton Vigh ficou com o papel após diversos testes com atores na faixa dos 40 anos.[22] José Mayer teve que abrir mão do papel de Juvenal Antena por estar protagonizando o musical Um Boêmio no Céu na época.[23] O papel que acabou ficando com Antônio Fagundes.[24] O nome de Mussunzinho apareceu na abertura durante toda a apresentação da novela, mas ele não chegou a aparecer na trama.[25]

Em abril de 2008 a atriz Mara Manzan afastou-se das gravações para tratar de um câncer no pulmão, e o autor Aguinaldo precisou reescrever diversas cenas da personagem Amara. Manzan iria ganhar uma nova personagem na trama, a vidente Madame Amora, gêmea de Amara, personagem essa que acabou sendo interpretada por Fafy Siqueira.[26]

O ator Luís Melo chegou a ser escalado para uma participação especial no último capítulo como um novo professor da Universidade que se interessaria pela personagem Célia Mara; devido a compromissos com o teatro, o ator foi substituído por Augusto Madeira, que interpretou um médico.[27]

Cenografia

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Um dos pontos de maior destaque da produção é o fato de abordar a favelização brasileira. Um dos cenários da telenovela é a fictícia favela da Portelinha, liderada pelo personagem Juvenal Antena (Antônio Fagundes). A Portelinha destaca-se por não apresentar infiltração de traficantes, sendo constituída meramente por trabalhadores. Inicialmente, ela se chamaria Mangueirinha, e seria situada em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. A cidade cenográfica montada para a telenovela foi inspirada na favela de Rio das Pedras. Para a sua construção, a equipe da TV Globo realizou dezenas de visitas à comunidade, reconstituindo diversos trechos da comunidade de forma fiel, mas com alterações que possibilitassem à equipe de filmagem realizar as cenas, além da inclusão de novos lugares, como a escola de samba e o terreiro da personagem Setembrina. Quando um plano geral da Portelinha era exibido, entretanto, o que estava sendo exibido verdadeiramente era a favela de Rio das Pedras, alterada digitalmente para que fosse inserida, num espaço de sete quarteirões, a cidade cenográfica. A cidade cenográfica ocupava uma área de 6000 metros quadrados e possuía oito ruas, nas quais foram construídas 120 casas, uma igreja, a escola de samba da comunidade e 30 lojas,[28] que serviam de cenário para a gravação da maior parte das cenas da produção. O ator Lázaro Ramos definiu a fictícia Portelinha como a visão do autor, Aguinaldo Silva, da favelização brasileira,[29] pois "trata-se de uma junção de várias favelas e apresenta diversos personagens típicos desse ambiente".[29]

Para o autor, Juvenal Antena, não era um miliciano, mas sim uma espécie de líder comunitário, inspirado em Hugo Chávez.[30]

A escolha do nome, uma homenagem à escola de samba Portela,[31] rendeu posteriomente ao diretor, Wolf Maya, e ao elenco um "troféu Águia de Ouro", criado especialmente pelo carnavalesco Cahê Rodrigues para "retribuir" a homenagem[31] Além da Portelinha, a novela tem como base a cidade do Rio de Janeiro. Na primeira fase, foram gravadas cenas em Recife (onde o personagem de Ferraço foi criado), em São Bento do Sul, Santa Catarina (onde foi ambientada a fictícia cidade de Passaredo); e Canela, no Rio Grande do Sul. No início da segunda fase, várias cenas foram gravadas em Paris, na França, e na cidade de São Paulo. Em alguns dos últimos capítulos, foram gravadas cenas em Igarassu, no litoral de Pernambuco.[5]

Exibição

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Alta definição

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Duas Caras é a primeira novela da TV Globo gravada integralmente em alta definição, o que na época fazia pouca diferença para os telespectadores, pois ainda não havia a transmissão com sinal digital. Na produção, algumas mudanças passaram a ser implementadas pela Globo, como o uso de maquiagem mais uniforme e densa para evitar a percepção de falhas, além de cenários com melhor acabamento.[32][33]

Vinheta de abertura

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Fazendo uso de papel reciclado, latas de refrigerante, retalhos e pedaços de fios, o artista plástico Sérgio Cezar desenvolveu, a pedido de Hans Donner, cerca de 1.500 maquetes que chegaram a ocupar aproximadamente 64m² do estúdio no qual foi gravada a abertura da novela. Intercalada com imagens em preto-e-branco da própria fabricação da mini-favela, a abertura dura cerca de 70 segundos, e mostra o crescimento da comunidade ao redor de dois luxuosos edifícios criados através de computação gráfica, que formam o logo da novela.[28]

Classificação etária

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Quando da estreia, a trama foi classificada pelo Ministério da Justiça como imprópria para menores de 12 anos, classificação que se prolongou durante os primeiros dois meses e meio. Porém, devido às cenas excessivamente sensuais protagonizadas pela atriz Flávia Alessandra - intérprete de Alzira, pretensa enfermeira que trabalhava como "dançarina" num prostíbulo, a Uisqueria Cincinnati - e ao uso excessivo de palavrões, o órgão abriu um processo para reclassificá-la como imprópria para menores de 14 anos e inadequada para antes das 21 horas,[34] e de fato, a partir do dia 24 de dezembro, a trama foi reclassificada como tal. Como forma de evitar a reclassificação, o autor Aguinaldo Silva chegou a insinuar que a explosão da boate estaria ligada a essa suposta "censura".[35] Ainda que a TV Globo tenha recorrido do caso, alegando que a telenovela havia sofrido mudanças que a tornariam adequada para menores de 12 anos,[35] a mesma acabou por permanecer nesta classificação.[35][36] Porém isso não impediria sua exibição da novela no Vale a Pena Ver de Novo, Pois em setembro de 2016 a vinculação horária a classificação indicativa foi derrubada. Em Portugal, a SIC classificou a novela como para maiores de 12 anos e recomenda-se o aconselhamento parental para idades inferiores.[37]

Audiência

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Duas Caras obteve o menor índice de audiência de uma novela das 20h em seu capítulo de estreia, até então: média de 40 pontos, com picos de 51,[38][39] suplantando o recorde negativo da antecessora, Paraíso Tropical, que em sua estreia marcou 41 pontos. Os dois capítulos seguintes de Duas Caras alcançaram números ainda menores (média de 35,5 no segundo,[40] e 33,7 no terceiro).[40][41]

Na quinta-feira, 29 de maio de 2008, bateu o seu recorde de audiência. De acordo com a assessoria de imprensa da Globo, a média consolidada do Ibope, foi de 52 pontos de média e 70% de share.[42][43]

A novela teve média geral de 41,1 pontos, índice superior a todas as novelas seguintes. Foi a última novela no horário a ficar acima dos 40 pontos no Ibope, assim como a última da TV Globo e da televisão brasileira.[44][45][46][47][48]

Último capítulo

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Duas Caras teve seu último capítulo exibido em um sábado, 31 de maio de 2008, e não foi reapresentada como outras novelas anteriores. Historicamente, aos sábados a audiência sofre uma grande queda em relação aos outros dias da semana e isso fez com que a novela tivesse até então a pior audiência de um último capítulo de uma novela da Globo no horário das 20h (47 pontos).[49]

Outras mídias

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Em 30 de agosto de 2021, Duas Caras foi disponibilizada na plataforma digital de streaming Globoplay.[50]

Exibição internacional

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Lista de países onde Duas Caras foi licenciada

Repercussão

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A novela foi um êxito na América Latina, com exibições simultâneas em diversos países, e apontada pelos críticos estrangeiros como uma trama densa, intensa, que se afastava dos clichês típicos dos melodramas e que mostrava uma preocupação quase acadêmica com as diferenças sociais comuns ao espaço latino do continente.[51][52] No Brasil, teve um público mais velho e mais rico que a novela anterior do autor, Senhora do Destino, com 32% dos telespectadores com idade acima dos 50 anos, um porcentual jovem – na faixa de 12 a 17 anos – de 8%, com 35% dos espectadores nas classes A e B, 50% da classe C e 15% das D e E.[53] Considerada revolucionária por se afastar dos moldes tradicionais de vilões versus mocinhos, Duas Caras inovou ao fazer o público torcer pelo vilão (de Dalton Vigh) ao lado da mocinha (de Marjorie Estiano), ao mostrar personagens centrais com personalidades complexas, como Juvenal Antena (Antônio Fagundes) e Ferraço, e criar vários casais inter-raciais, como Júlia (Débora Falabella) e Evilásio (Lázaro Ramos), que não se prestavam necessariamente a criar polêmicas.[54]

A redenção crível de Ferraço e a originalidade do final feliz entre a heroína e o vilão foram pontos destacados por especialistas em teledramaturgia em relação à trama.[53] Os números indicaram que o público comprou a redenção do personagem: 91% de cerca de 125.212 votos consideraram que Ferraço poderia se regenerar.[55] A reaproximação de Maria Paula e Ferraço foi um dos principais fatores responsáveis pelo aumento dos números de audiência[56][57][58] Excepcionalmente criticada no início da novela, a atriz Marjorie Estiano, intérprete da protagonista, acabou caindo no gosto do público à medida que assumiu sua posição de justiceira na trama, e sua personagem foi apontada como uma das mocinhas alfa da teledramaturgia brasileira por sua determinação e capacidade de desestabilizar os homens.[59][60][61][62]

Segundo enquete da Coluna de Patrícia Kogut, de 29 de maio de 2008, Gioconda (Marília Pêra) era a personagem mais popular da trama com 49% da preferência do público votante, o que foi confirmado também nas premiações de melhor atriz conquistadas pela novela.[63][64][65] A atriz Alinne Moraes foi elogiada e sua vilã Sílvia foi muito popular entre os telespectadores.[66] Os telespectadores pressionaram por um final feliz entre a heroína e seu antagonista, obrigando o autor Aguinaldo Silva a ceder a seus apelos.[67][68] O romance entre a mocinha e o vilão impactou o público a ponto de mais de um milhão e setecentos votos decidirem no site da novela pelo destino amoroso da heroína Maria Paula e seus três pretendentes, com 53% preferindo a que terminasse ao lado do redimido Ferraço.[69] Em enquete do site de Patrícia Kogut, encerrada em 31 de maio de 2008, 43,03% votaram que Ferraço e Maria Paula deveriam terminar juntos e felizes, 37% que deveriam terminar juntos depois dela se vingar do marido e apenas 19,9% dos internautas votaram que deveriam terminar a novela separados.[70]

A cena da reconciliação da dupla no hospital era uma das mais vistas na internet até 2009 e foi responsável pelo capítulo de maior audiência da novela.[71][72][73][74] A repercussão do casal ajudou a manter Same Mistake, música tema do par, como líder do Top 10 da Globo FM por várias semanas.[75][76] Juvenal Antena (Antônio Fagundes) foi mencionado por José Alfredo (Alexandre Nero) na novela Império, do mesmo autor de Duas Caras. Na mesma novela, a vilã de Marjorie Estiano reviveu história semelhante a de sua mocinha em Duas Caras, mas em situação inversa: dessa vez ela foi a baleada ao salvar o protagonista e viveu entre delírios uma sonhada noite de amor na cama de um hospital.[77][78][79]

Música

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Dentre as peculiaridades da trilha sonora da telenovela, encontra-se "Recomeçar", canção gospel interpretada pela cantora Aline Barros, a convite do próprio autor da telenovela.[80] Aline foi a primeira cantora gospel a ter uma canção na trilha de uma novela da TV Globo.[81]

Contrariando a trilha sonora nacional, a trilha internacional chegou a ocupar a primeira posição dos CDs mais vendidos do país, puxada pelo sucesso da canção Same Mistake, do cantor inglês James Blunt, que embalava o romance dos protagonistas, e So Much For You da cantora americana Ashley Tisdale.

Duas Caras foi a terceira novela a divulgar em CD sua trilha sonora em formato instrumental, fato que só havia acontecido anteriormente em Belíssima, de Sílvio de Abreu, e em Esperança, de Benedito Ruy Barbosa.

A produção musical da trama ficou a cargo de Victor Pozas, ex-produtor musical do seriado Malhação, que também trabalhou com a carreira musical da protagonista Marjorie Estiano.

A canção "No One", da cantora Alicia Keys, apesar de fazer parte da trilha internacional, abrindo o disco, não foi executada na novela.

Prêmios

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A trama de Aguinaldo Silva foi indicada a receber vários prêmios. Dentre eles, ela ganhou:

Prêmio Contigo! (2007):[82]

Prêmio Tudo de Bom - jornal O Dia (2008):[83][84][85]

Troféu Super Cap de Ouro (2008):[86]

Meus Prêmios Nick (2008):[87]

Prêmio Jovem Brasileiro (2008):[88]

Prêmio Arte Qualidade Brasil (2008):[89][90][91]

Prêmio Extra de TV (2008):[92][93]

Indicações

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Melhores do Ano (2008):

Capricho Awards (2008):

Prêmio PMA (2008):[94]

Prêmio Quem (2008):[95]

Prêmio Contigo! (2008):

Prêmio Extra (2008):

Prêmio Arte Qualidade Brasil (2008):

Troféu Imprensa (2008 e 2009):

Referências

  1. Nunes, Henrique (10 de dezembro de 2008). «Brincadeira de roda». Diário do Nordeste. Consultado em 1 de julho de 2010 
  2. a b c d e f «Duas Caras». Teledramaturgia. Consultado em 1 de setembro de 2017. Arquivado do original em 1 de setembro de 2017 
  3. Redação Folha Online (13 de fevereiro de 2008). «Fim da novela "Duas Caras" é adiado novamente». Folha Online. Consultado em 1 de julho de 2010 
  4. Rito, Regina (31 de maio de 2008). «Wolf Maia fala sobre o fim de 'Duas Caras'». O Dia Online. Consultado em 1 de julho de 2010 
  5. a b c d e Duas Caras
  6. Redação Folha Online (1 de outubro de 2007). «Globo começa a exibir "Duas Caras" nesta segunda-feira». Folha Online. Consultado em 1 de julho de 2010 
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Ligações externas

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Predefinição:Telenovelas das oito/nove da TV Globo