Tisha BeAv é o dia do calendário judaico (9 do mês de Av), o qual foi fixado como jejum e dia de luto devido a dois dos mais trágicos eventos da história judaica — a destruição pelos babilónicos do Templo de Salomão, ou Primeiro Templo de Jerusalém, no ano 586 antes da era cristã, e a destruição do Segundo Templo, no ano 70 da era cristã, pelos romanos.

Representação de Pedras do Muro das Lamentações no Monte do Templo (Jerusalém) jogados na rua por soldados romanos no dia Nove de Av, em 70 d.C.

A destruição do Primeiro Templo

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O Primeiro Templo foi construído em Jerusalém no Monte Moriá, pelo Rei Salomão.[1] No ano de 586 antes da era comum o Reino de Judá foi conquistado, e a cidade de Jerusalém sitiada e destruída juntamente com o Primeiro Templo - pelo exército do Império Babilônico no 19.º ano de reinado de Nabucodonosor II.[2] [1]

De acordo com o Livro dos Reis II (25:8), o Templo teria sido ocupado no dia 7 de Av, e segundo o Livro de Jeremias (52:12) o Templo teria sido consumido pelo fogo no dia 10 de Av. O Talmude reforça a tradição judaica de que o Primeiro Templo foi destruído no dia 9 de Av, explicando que os Babilônios ocuparam o Templo, sem destruí-lo, durante os dias 7 e 8 de Av, começaram a destruição do Templo no dia 9 de Av ao entardecer, e a destruição completa se deu no décimo dia do mês de Av. Baseado nisso o sábio talmúdico Rabi Yochanan argumenta que o jejum deveria ser feito no dia 10 de Av, mas os demais sábios discordaram e fixaram o dia 9.[3]

De acordo com o Talmude, o motivo espiritual pelo qual a destruição ocorreu foram os três pecados mais graves de acordo com o judaísmo: idolatria, derramamento de sangue e relações proibidas.

A destruição do Segundo Templo

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Arco do Triunfo de Roma - Detalhe mostrando os espólios de Jerusalém sendo levados para Roma, entre eles a Menorá.

O Segundo Templo teve sua construção iniciada em 535 a.C, e terminada após uma pausa em 516 a.C, [2] pelos judeus que retornaram do exílio babilônico, com o fim do Império Babilônico e começo do Império Persa.

O Rei Ciro deu aos judeus permissão de retornar a Jerusalém e reconstruir do Templo, por meio do Decreto de Ciro, que alguns estudiosos afirmam ter sido refletido no documento arqueológico conhecido como a Declaração de Ciro ou Cilindro de Ciro.[4]

Sua destruição se deu na época da Grande Revolta Judaica contra o Império Romano no ano de 70 da Era cristã, sob o comando do general romano Tito - que manteve um cerco militar na cidade e sitiando-a por quase três anos.[5] Ele conseguiu penetrar na cidade no dia 17 de Tamuz e três semanas depois, no dia 9 de Av, seu exército conseguiu penetrar no Templo, saqueá-lo e destruí-lo. De acordo com o Talmude o motivo espiritual pela destruição foi o ódio gratuito entre os judeus desta época.

Costumes judaicos deste dia

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O jejum começa no por do Sol do dia 8 de Av, e segue até o anoitecer do dia 9 de Av (por volta de 24 hora e meia)

Existem 5 proibições rabínicas (não estão escritas na Torá) relevantes a este dia:

  • comer e beber
  • banhar-se
  • passar cremes
  • calçar sapatos de couro
  • manter contato físico entre marido e mulher

Além destas proibições os judeus costumam não estudar Torá neste dia, não cumprimentar conhecidos e evitar trabalhos que possam desviar a atenção do luto pela destruição.

Costuma-se também sentar-se no chão como enlutados, ler o Livro das Lamentações e poesias de lamentações compostas em várias épocas de desgraças durante o exílio judaico.

Outras calamidades acontecidas em 9 de Av

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De acordo com a Mishná[6], 5 fatos históricos calamitosos ocorreram neste dia:

  • o decreto divino ao povo hebreu pelo qual permaneceu no deserto por 40 anos após a saída do Egito, antes de entrar na Terra de Canaã - devido ao pecado dos espiões.
  • a destruição do Primeiro Templo
  • a destruição do Segundo Templo
  • a destruição da cidade de Beitar durante a revolta de Bar Kochvá
  • o império romano arou todo o Monte do Templo destruindo todo vestígio que poderia ser identificado do Templo

Outras calamidades na História Judaica também tiveram lugar em Tisha BeAv, incluindo o édito do rei Eduardo I, que forçava os judeus a deixar a Inglaterra em 1290, e o Decreto de Alhambra, ou Édito de Expulsão dos Judeus de Espanha, pelos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1492.

Referências

  1. Livro dos Reis I - capítulos 6,7,8
  2. Livro dos Reis II - capítulo 25
  3. Talmude Babilônico - Tratado de Taanit, folha 29a.
  4. Becking, Bob (2006). ""We All Returned as One!": Critical Notes on the Myth of the Mass Return". Judah and the Judeans in the Persian period. Winona Lake, IN: Eisenbrauns.
  5. Flávio Josefo - A Guerra dos Judeus livro IV, capítulos 1 a 4
  6. Tratado de Taanit - capítulo 4