Velho. O verdadeiro conceito old school!
Esse post poderá gerar alguns questionamentos (mas vou me arriscar e trazer algumas reflexões). O meu desejo é que esse artigo nos faça refletir e nos provoque a ponto de mudarmos determinadas percepções, comportamentos e atitudes.
Ao meu ver, é papel de todos, inclusive de nós profissionais de recursos humanos, falar sobre esse assunto e agir antecipadamente em relação a essa realidade. E, o assunto é: população idosa versus mercado de trabalho.
De acordo com o Estatuto do Idoso, considera-se idosa a pessoa que atinge os 65 anos, entretanto, não são raras as situações em que certos direitos são garantidos a partir dos 60 anos. Não existe consenso, porém, considerarei (aqui) pessoa idosa toda pessoa a partir dos 60 anos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até 2055, o número de pessoas com mais de 60 anos (idosos) será superior ao de brasileiros com até 29 anos (Revista Exame, 2015).
Em 2019, a expectativa de vida dos brasileiros é de 74,9 anos, mas de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a expectativa de vida do brasileiro subirá para 81,2 anos até 2050. Além disso, os idosos representam hoje 13,5% da população brasileira total. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera um país "envelhecido" quando 14% da sua população total possui mais de 65 anos. O Brasil levará pouco mais de duas décadas para ser considerado um país velho (2032).
Segundo o IBGE, em 2018, a população total do Brasil foi estimada em 207,8 milhões de pessoas, sendo que as pessoas com mais de 65 anos representam 10,5% desse total, o que corresponde a quase 22 milhões de pessoas.
Nesse sentido, embora a população de crianças (quase 39 milhões) permaneça superior ao de idosos e também a taxa de desemprego entre os jovens seja maior do que entre os idosos, o envelhecimento da população reforça a necessidade/importância de pensarmos e criarmos ações voltadas para essa população.
Diante desse cenário, gostaria de propor algumas reflexões para todos os profissionais, especialmente, nós profissionais de recursos humanos!
-- Quais ações concretas temos feito no sentido de absorver/manter no mercado de trabalho essa grande população de idosos?
-- Será que podemos fazer algo mais?
-- Se existem gaps que contribuem para o aumento da dificuldade de absorver/manter essa população no mercado de trabalho. Quais são esses gaps?
-- É possível fazermos algo do ponto de vista de desenvolvimento e preparação das pessoas com mais de 60 anos para que se mantenham aptas e interessantes para o mercado de trabalho?
Não tenho respostas finais para nenhuma dessas perguntas que acabei de fazer, mas como tenho pensado muito sobre esse assunto, tenho construído algumas hipóteses. Vou compartilhar uma delas aqui:
-- Entendo que um importante gap das pessoas acima de 60 anos esteja relacionado a adaptação tecnológica. Não significa que não saibam usar as ferramentas e lidar com as novas tecnologias e às constantes mudanças, mas como muitas coisas novas surgem, o tempo todo e muito rapidamente, a adaptação acaba sendo mais difícil.
Para finalizar, tenho percebido que muitas pessoas com 60 anos ou mais não desejam mais aposentar e parar de trabalhar. Em função do aumento da qualidade de vida, as pessoas com esse perfil, de uma maneira geral, desejam continuar ativas e se sentir úteis. E, embora existam algumas ações e projetos no sentido de absorver/manter os idosos no mercado de trabalho, percebo também a manutenção de certa resistência nesse sentido.
Em função de algumas vivências pessoais, diariamente tenho me perguntado: O quê faz com que em um dia uma pessoa seja considerada referência em função dos seus vários anos de experiências e vivências, e, no dia seguinte, seja considerada uma pessoa velha demais para o mercado de trabalho?
Ao meu ver, é fundamental pensarmos a diversidade em todos os seus aspectos. Hoje, em um país ainda jovem podemos nos comportar dessa forma, mas quanto mais velho o país se torna, mais teremos que lidar com essa realidade, que não deve ser mutuamente excludente: idosos versus mercado de trabalho.
Consultor Técnico
5 aEste artigo está repleto de verdades. Poderia inclusive apor um comentario que julgo ser pertinente. Então.... Fiz uma viagem pela American Airlines, numa determinada oportunidade, e observei que todos os comissários de bordo, poderiam ser considerados "idosos". Certamente tinham mais de 60 anos e cumpriram perfeitamente seus "afazeres" durante todo o vôo. O meu questinamento é: será que no Brasil, este seria mais um "preconceito", de que a partir dos 60, tudo se torna mais complicado para encontrar uma boa oportunidade de recolocaçao no mercado?
Professora Universitária | Pesquisadora | Agile Master | Palestrante | Coordenadora de Projeto | Coordenadora de Experiência do Usuário | Diversidade, Equidade & Inclusão
5 aExcelente texto e nos convida a refletir sobre pontos importantes!! Muito obrigada!
HR Business Partner at CI&T
5 aRafael Pimenta eu concordo com todas as suas colocações! Como trazer as pessoas com esse perfil para dentro das organizações e aproveitar tudo o que eles trazem como bagagem? Obrigada pelas contribuições!
Franqueado e Orientador Educacional- Kumon Brasil
5 aEu amei a reflexão. Inclusive, um ponto a mais para ser colocado é que muitas vezes, a tecnologia, além de mudar constantemente não é acessível e inclusiva. Quantos apps são portáveis para que um idoso com visão reduzida possa utilizar. Quantas tecnologias tem acessibilidade para quem tem restrições motoras? Não é mesmo? Isso inclusive, impacta, e muito que estas pessoas estejam no mercado em que a tecnologia é onipresente. Nós como pessoas do RH precisamos trazer essas pessoas para dentro das organizações, afinal, vivemos falando que diversidade gera inovação e produtividade. Olha a quantidade de vida que já passou pela vida dessas pessoas,a quantidade de vivência e experiências que podem ser agregadas. O retorno é certeiro. Mas precisamos de uma estrutura segura, tanto psicologicamente quanto estruturalmente falando. Brilhou nas colocações Tamarinha. S2