Uma proposta ambiciosa.
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Uma proposta ambiciosa.

Somos diferentes. Muito diferentes. 

Brasileiros, Argentinos, Bolivianos, Cubanos,etc. Os processos que levaram ao desenvolvimento da América Latina foram díspares e os acidentes geográficos impuseram limites. As línguas tão próximas na gramática mas tão distantes no coloquial tiveram seu peso nas ilhas sociais formadas.

E é isso, paradoxalmente, que nos une. Séculos de exploração dos Colonizadores e a exploração econômica pelas grandes potências do século XX em diante, criaram dificuldades comuns à América Latina: econômicas, de infraestrutura, na educação,segurança e saúde. Chega dessa visão preconceituosa de que nossas dificuldades são oriundas de incapacidades e os acertos das grande potências decorrentes de virtudes.

Somos o que somos e orgulhemo-nos disso!

Nosso pecado é não nos reconhecermos como um. Celebrando as diferenças é que criaremos uma identidade única, de fato. Lembrem-se e reflitam sobre a máxima do Império Romano: Dividir para conquistar!- A quem interessa isso?

Montado o tabuleiro, vos pergunto: Por que não podemos nos integrar de verdade, enquanto Nações, nas áreas  que realmente são necessárias, como saúde e educação? Juntos somo fortes.

No quesito saúde,o primeiro passo seria a equalização dos currículos das graduações na área de saúde. Certamente deve-se respeitar as particularidades de cada Nação dando ênfase nas doenças com maior prevalência e incidência, inserindo a academia na comunidade, tendo disciplinas específicas mas um currículo-base com disciplinas com a mesma carga horária e conteúdo programático é factível. O básico do Português e do Espanhol é imprescindível nas graduações. Basta querer, basta gestão.

Durante um período da minha carreira, fui coordenador adjunto de um curso de Medicina e realizei várias análises curriculares de alunos que desejavam ou transferência ou aproveitamento de matérias que já haviam cursado em outro país. É incrível a diversidade de carga horária e conteúdo programático. 

Ouso dizer que o Médico Latino, forjado nas dificuldades do dia-a-dia é imbatível. Os que tem amor pela profissão desenvolvem capacidades de diagnóstico insuperáveis. Criam um compliance invejável com pacientes que muitas vezes nem tem o que comer, mas deslocam-se para o consulta com o doutor.

Equalizada a formação, um registro profissional único na América Latina, permitiria a prática da Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, Fonoaudiologia,etc em toda a América Latina. As tão esquecidas regiões fronteiriças poderiam enfim ser agraciadas com recursos humanos tão valiosos.

Os economistas de plantão diriam que todos se concentrariam nas regiões com melhor remuneração. Fato. Daí a necessidade,  da criação de um piso para a área de saúde. Recursos financeiros? Existem aos borbotões, basta haver gestão. Subsidia-se em um primeiro momento, e é incorporado pelos gestores locais, quando a prática é sedimentada. 

Embora polêmico não posso me furtar em falar do programa "Mais Médicos", devido as opiniões rasas que tenho ouvido. Foi um programa feito com fins políticos. O MEC exige dos cursos de Medicina no Brasil uma série de requisitos para que o mesmo funcione. Esses requisitos não fazem necessariamente parte da realidade de cursos de Medicina de outros países. Se esses requisitos são bons ou ruins para a formação do Médico é outra conversa, mas o fato é que não se pode cobrar de uns e liberar para outros. Algum partidário fanático diria que eles fazem um curso antes de clinicarem para entenderem a "realidade Brasileira". Fala sério! Um curso de 03 semanas para entender o Brasil?! Com 22 anos de Medicina eu ainda não entendo! Caso clássico de esquizofrenia na gestão.

.Poderia ainda se argumentar que eles não vem na condição de médicos, mas como de "alunos em especialização" que não recebem direitos trabalhista e sim uma bolsa científica, daí contarem com a supervisão de um médico local. Infelizmente isso ocorre de uma forma muito aquém do que a  supervisão de um "aluno" necessitaria, isso quando realmente ocorre. Tive a oportunidade de conversar com vários profissionais que vieram neste programa e posso dizer que muitos são excelentes médicos que acabaram prejudicados pelo fato do programa ser essencialmente político e não de saúde. As populações carentes que foram beneficiadas por este programa, e muitas foram, seriam imensamente mais beneficiadas se estes profissionais viessem de fato como médicos com todas as prerrogativas, direitos e deveres inerentes.

Alô gestores da máquina pública! Vamos parar de pensar em perpetuação do poder e pensar um pouquinho no povo!

Basta querer. Basta gestão.

 

 

Saúde e Paz!

 

Texto: André Luis Alves DeLemos

 

 

 

Grande Dr Andre Luis Alves De Lemos parabéns pela abordagem técnica e crítica de um assunto tão caro para todos nós. A gestão da saúde. Parabéns

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