Releitura do Mercado de Ações Americano para o Brasileiro em 2020
Olá, meu nome é Ivan e venho postando conteúdo sobre finanças e mercado financeiro desde junho no meu instagram @ivan.stamborowski. Decidi dar um próximo passo e postar alguns dos meus estudos mais profundos aqui no Linkedin também, onde ele pode alcançar mais pessoas que tenham esse interesse.
Começo com um estudo inspirado em uma das aulas do Professor Aswath Damodaran, onde ele, na metade de novembro, fez um estudo olhando para o mercado de ações americano e o que havia ocorrido ao longo do ano de 2020. Decidi fazer uma releitura do estudo dele, mas olhando pro Brasil e a partir daí tirei minhas conclusões.
O estudo do Professor Damodaran:
O gráfico abaixo foi tirado da aula do professor, e você pode assisti-la clicando aqui. Resumindo a análise, se baseou em fazer uma divisão em momentos do mercado. No caso, Damodaran descreve 3 momentos: "The Lead In", "Meltdown" e "Recalibration", não explicitando um nome específico para o momento de recuperação que vemos no meio do gráfico.
Bem, realmente é visível a divisão entre os momentos do mercado americano nesse ano caótico para as bolsas de valores. Como escrevo esse artigo no dia 25/11/2020, tomei a liberdade de reproduzir o mesmo gráfico (que deixo abaixo) porém atualizando-o com os dados até o dia de ontem. Vamos nos basear nele para nossas conclusões.
Meu estudo:
Bem, já podemos ver que desde a aula do professor no dia 11/11 até agora, a bolsa americana já conseguiu até atingir novas máximas no S&P, mas de qualquer forma segue na "recalibração". Realmente, fica claro que os estímulos do FED nos Estados Unidos fizeram com que o mercado de ações por lá recuperasse incrivelmente rápido, com novas máximas atingidas pelo Nasdaq já em junho e pelo S&P 500 em agosto, chegando a bater aquele topo que vemos do dia 01/09 na linha divisória.
Ok, mas chega de falar dos gringos, vamos falar um pouco da bolsa brazuca. Se eu queria reproduzir o gráfico do Damodaran de algum modo usando dados brasileiros, eu deveria usar, portanto, dois índices locais, correto? Claro, pra substituir o S&P 500 nada melhor que o bom e velho Ibovespa, mas o que fazer com relação ao Nasdaq? Bem, por que não usar o Índice de Materiais Básicos (IMAT)? Afinal, o que os gringos têm de relevância das empresas de tecnologia a gente tem de empresas diretamente ligadas à commodities. Então foi isso mesmo que eu fiz, e cheguei no gráfico abaixo:
Olha só! Que bela abrasileirada, não é mesmo? Brincadeiras à parte eu fiquei impressionado com o quanto a relação entre o Ibovespa e o IMAT se parece com o S&P 500 e Nasdaq em 2020. Mas vamos às conclusões tiradas.
O primeiro ponto que vou abordar logo de cara é o seguinte: o mercado de ações brasileiro está atrasado com relação ao americano, mesmo levando em conta os índices todos em moedas locais! Por aqui a recuperação do mercado tem sido bem mais lenta, sendo que nosso principal Índice, o Ibovespa, ainda está 7,41% negativo no ano, contra 11,59% positivo do S&P 500. Aqui eu colocaria que os bancos têm uma grande "culpa". Enquanto basicamente 1/4 do índice americano é dominado pelas gigantes de tecnologia (Apple, Alphabet, Microsoft, Facebook e Amazon) que subiram muito no ano, por aqui temos quase 20% de concentração nos bancões (Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander) que tiveram uma queda nas ações durante o período do "Caos" e seguem bem longe de onde estavam no início do ano (Itaú por exemplo está mais de 20% negativo).
Mas nem tudo está tão ruim por aqui! O nosso Nasdaq local vem numa subida quase contínua desde seu fundo em março, e depois de alcançar novas máximas ainda em agosto, o IMAT já acumula ganhos de 26,91% no ano. Claro, não é tanto quanto os mais de 36% no Nasdaq, mas já é mais que o dobro do S&P 500. "Mas aí você tá comparando sem levar em conta o câmbio!". Sim, é verdade, mas a função desse estudo não foi ir tão afundo a ponto de trazer os índices americanos pra real ou os brasileiros para dólar, foi apenas para ilustrar a nossa situação, olhando como brasileiro que mede a carteira em reais, e comparar com a situação de um americano que mede a carteira em dólares. Inclusive, se estiver buscando uma explicação para essa alta do IMAT, eu diria que o real desvalorizado, junto da retomada econômica global ajudou bastante.
Agora fica o questionamento que deixo aqui pra você: o que esperar para os próximos meses depois dessa recente alta em novembro nos índices brasileiros e nas últimas semanas nos americanos? Será que as bolsas já subiram demais? O que fazer com seu dinheiro?
Pra mim a resposta é simples: pense nos seus investimentos como algo para o longo prazo, tenha disciplina e consistência e siga um método claro. Se você está se preocupando muito com o que pode acontecer com a bolsa nos próximos meses, talvez seja válido rever sua exposição à renda variável. Você não precisa ficar 100% de fora, mas também não deve ficar 100% dentro. Siga uma carteira diversificada em classes de ativos e aporte todo mês, isso é o que te trará resultados no longo prazo.
Se você gostou desse texto, me ajude a alcançar mais pessoas compartilhando esse artigo e marcando alguém que irá se interessar pelo tema!
Obrigado,
Ivan Stamborowski
Trainee Supply Chain - Ambev
4 ashow Ivan!
Médica
4 a👏🏻👏🏻👏🏻
Neurocirurgião
4 aAnálise sensacional, mostrando mais uma vez a necessidade de estar diversificado geograficamente, já que os mercados reagem diferente em situações semelhantes! Vamos ver como a bolsa brasileira vai agir daqui pra frente, será só estamos atrasados ou houve realmente nossa bolsa sofreu mais?
Investment Banking Associate at Citi
4 aMuito bacana o artigo, Ivan! Achei bem interessante usar como benchmark de comparação o IMAT. Aproveito aqui para deixar uma sugestão: que tal considerar ln(y/x) - sendo y o valor do índice no instante t e x o valor do índice no instante (t-1) - como métrica para obter os retornos diários? Creio que nesse caso as curvas ficarão mais suavizadas, e você conseguirá calcular retornos médios com muito mais facilidade em qualquer intervalo que desejar. Parabéns novamente! 💪🏼