Pesquisa: IA é Importante para Empresas, mas Ainda Não é Prioridade nos Conselhos

Pesquisa: IA é Importante para Empresas, mas Ainda Não é Prioridade nos Conselhos

Importância da IA e Falta de Prioridade nos Conselhos

A pesquisa “Governança e Ética de Inteligência Artificial nas Companhias Abertas”, coordenada pela Abrasca e o IBGC, revela que, embora as grandes empresas abertas no Brasil reconheçam a importância estratégica da IA, o tema ainda não é prioridade nas pautas dos conselhos de administração. A adoção de IA ocorre principalmente de forma pontual para resolver desafios específicos, com poucas iniciativas estruturadas e pouca capacitação dos colaboradores em governança e ética.

A pesquisa foi conduzida com entrevistas qualitativas em 20 grandes companhias e questionários enviados para centenas de empresas. Um ponto intrigante é a discrepância entre as respostas qualitativas e quantitativas: nas entrevistas aprofundadas, as empresas mostraram pouca estratégia definida para IA, enquanto nos questionários muitas afirmaram tê-la. Essa diferença sugere uma falta de clareza sobre o que constitui uma verdadeira estratégia de IA.

Fonte: Relatório Pesquisa Abrasca

Recomendações da Pesquisa

Para avançar de forma estruturada e responsável no uso de IA, as principais recomendações incluem:

  1. Desenvolvimento de Estratégia e Capacitação da Liderança: Estruturar uma estratégia de IA que comece pela identificação dos problemas que a tecnologia pode resolver. A liderança deve ser capacitada para entender os potenciais e riscos da IA, permitindo uma supervisão mais efetiva e informada.
  2. Formação de Equipes Multidisciplinares: Organizar equipes que integrem profissionais de TI, negócios, áreas jurídicas e compliance, garantindo que a colaboração no desenvolvimento de IA seja sustentável e ética.
  3. Estabelecimento de Indicadores de Desempenho (KPIs): Criar KPIs que meçam o retorno sobre o investimento em IA, incluindo custos de desenvolvimento, gestão de riscos e consumo de energia.
  4. Avaliação de Impactos Ambientais e Sociais: Identificar e minimizar os impactos ambientais e sociais associados à IA, promovendo sustentabilidade e responsabilidade social.
  5. Programas de Governança e Conformidade Ética: Implementar programas de governança que respeitem os valores éticos da empresa e regulamentações setoriais, promovendo uma adoção responsável da IA.
  6. Parcerias Estratégicas de Longo Prazo: Estabelecer parcerias com fornecedores e especialistas para auxiliar na adaptação e atualização das tecnologias, mantendo a inovação proativa.

Além das recomendações acima, para maximizar os benefícios da inteligência artificial, é fundamental:

  • Garantir a Capacitação de Todos os Colaboradores: Garantir que todos os colaboradores obtenham um entendimento básico da lógica e do funcionamento da tecnologia.
  • Construir um Repositório Centralizado de Conhecimento: Permitir o compartilhamento e a colaboração constantes.
  • Dotar a Companhia de Estruturas e Processos Flexíveis: Permitir adaptação e mudança contínua.
  • Incorporar a IA nos Modelos de Operação e Negócio: Incluir a IA no core business.

Para promover a adoção responsável da inteligência artificial, é crucial diminuir a assimetria de conhecimento entre gestores e equipes de TI, capacitando líderes e colaboradores para lidar com um ambiente de negócios impulsionado por sistemas habilitados por IA.


Fonte: Relatório Pesquisa Abrasca

Papel do Conselho

A inteligência artificial é estratégica para a sustentabilidade do negócio e, portanto, deve compor a pauta de prioridades do conselho. Isso requer adquirir familiaridade com os meandros da tecnologia e criar canais permanentes de atualização, particularmente em relação à concorrência (direta e indireta). É aconselhável estabelecer uma agenda regular com o C-Level sobre o progresso, as barreiras e os desafios do processo de desenvolver e incorporar a IA, assim como incluir especialistas em IA no ecossistema de parceiros estratégicos, convidando-os para apresentações ao conselho com múltiplas abordagens (ética, economia, trabalho, governança, regulamentação, tecnologia, meio ambiente e social).

Conclusão

A adoção de IA pelas empresas brasileiras ainda está em fase inicial, marcada por iniciativas pontuais e desafios de governança. Os conselhos de administração precisam reconhecer a IA não apenas como uma ferramenta técnica, mas como uma peça estratégica essencial para a sustentabilidade e competitividade dos negócios.


Referências:

KAUFMAN, D.; ZAVAGLIA, A. C. 2024. Relatório final da Pesquisa Governança e Ética de IA nas Companhias Abertas. Realizada pela Associação Brasileira das Companhias Abertas – ABRASCA, sob a coordenação dos autores.


Marcos Leandro Pereira

Advogado | Conselheiro | Mentor | Formação e Performance de Conselhos | Sucessão Familiar | Coordenador IBGC-PR | Fundador da •Pereira, Dabul Advogados e da •RCA Governança, Sucessão & Tributos | BRAngels Investor |

1 m

Excelente e muito bem fundamentado o seu artigo, Valdir Viana . Obrigado por compartilhar.

Marilaine Costa

VP e Diretora Executiva de Operações | Negócios I Supply Chain I Especialista em Food Service, Facilities, Hospitalidade e Offshore I Mentora I Top Interpersonal Skills Voice e Risk Management

1 m

Excelentes pontos e reflexões. Como o artigo destaca, a adoção da AI exige visão estratégica e integração gradual, fortalecendo a governança e capacitando os times para um futuro mais ágil e competitivo. Obrigada por compartilhar Valdir Viana.

Geovana Donella

Conselheira de Administração▫️Governança Corporativa | Especialista Empresas Familiares | TEDx Speaker | Palestrante | Docente | Viajante | Autora

1 m

Valdir Viana vc é o melhor nesse assunto! parabéns! Tenho aprendido muito com vc! obrigada

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