O poder transformador da Inteligência Artificial

O poder transformador da Inteligência Artificial

Há mais de sete décadas, o cientista britânico Alan Turing iniciou sua exploração das possibilidades matemáticas da inteligência artificial. Nas décadas subsequentes, visões futuristas, que antes eram reservadas a um grupo seleto de cientistas e entusiastas de ficção científica, começaram a se disseminar rapidamente na comunidade científica. Isso levou a avanços significativos nas décadas de 80 e 90 do século passado. Desde o lançamento do primeiro carro autônomo pela Universidade Carnegie Mellon em 1986 até a icônica derrota de Garry Kasparov, um dos maiores mestres do xadrez já vistos, para o computador Deep Blue da IBM em 1997.  

Fonte: The History of Artificial Intelligence - Harvard University, 2017

Desde então, o número de projetos e casos de uso bem-sucedidos cresceu exponencialmente. Assim como previsto pela Lei de Moore, que em 1965 afirmava que o poder de processamento dos computadores dobraria a cada 18 meses, a capacidade computacional em constante crescimento permitiu o processamento de volumes cada vez maiores de dados, dando início à era do Big Data.


Hoje, a inteligência artificial (IA) faz parte integrante do nosso cotidiano, sendo amplamente aplicada em diversos setores, como finanças, entretenimento e marketing. Confira um exemplo interessante, de como a Coca Cola adotou a IA para captar novos clientes neste artigo publicado recentemente. Mas apesar dos avanços significativos nos últimos anos, como a transição do "Machine Learning" para o "Generative AI" utilizado em ferramentas como o ChatGPT, ainda estamos nos estágios iniciais dessa evolução tecnológica.


O estudo "Gartner Hype Cycle Emerging Technologies” de 2022, que analisa 25 tecnologias emergentes para apoiar líderes de inovação tecnológica, prevê que a inteligência artificial está entre as tecnologias que terão o maior impacto nos negócios e na sociedade nos próximos dois a dez anos. Além disso, essa tecnologia desempenhará um papel crucial na capacitação dos líderes de TI para conduzir a transformação digital de suas organizações.

Fonte: Gartner Hype Cycle - Gartner, 2022

Ao longo de uma década, estive à frente dos negócios na América Latina de uma das fintechs de tecnologia de pagamentos mais inovadoras do mundo. A empresa e a equipe que me rodeou influenciaram profundamente a maneira como percebo novas tecnologias, sua viabilidade, oportunidades e também desafios. Poucas tendências tecnológicas me empolgam tanto quanto a rápida disseminação da inteligência artificial, devido à sua ampla aplicação, às oportunidades que oferece a diversos setores econômicos e ao seu poder de transformação positiva na sociedade em que vivemos.

Em minha área de atuação, vejo a IA como uma poderosa ferramenta na prevenção de fraudes, contribuindo para a proteção do patrimônio de consumidores e comércios ao redor do mundo. Além disso, a IA tem o potencial de impulsionar a inclusão financeira, eliminando barreiras na adoção de métodos de pagamento eletrônico, reduzindo riscos e inseguranças dos consumidores e tornando o processamento de transações mais eficiente, o que, por sua vez, reduz efetivamente os custos.

Em 2018, a revista The Economist apresentou uma matéria que abordava a capacidade da inteligência artificial em catalisar o progresso social. O autor, Mustafa Suleyman, co-fundador da DeepMind, uma empresa de tecnologia especializada em inteligência artificial adquirida pelo Google, enfatizou a importância da ciência e da tecnologia na ampliação das fronteiras das realizações humanas, bem como na resolução de desafios que antes pareciam insolúveis. Ele ilustrou isso com exemplos notáveis, destacando como a inteligência artificial estava sendo empregada para otimizar a eficiência energética e aprimorar diagnósticos médicos em todo o mundo.

No entanto, o autor também fez questão de alertar para os obstáculos e riscos associados ao avanço da inteligência artificial. Estes incluem a escassez de talentos tecnológicos interessados em abordar problemas de relevância social, questões éticas emergentes que demandam uma governança adequada, bem como a insuficiência de investimentos em infraestrutura em 2018.

À medida que se passaram cinco anos desde a publicação desse artigo, o mundo experimentou mudanças profundas. Estas não se limitam apenas a eventos negativos, como a invasão da Ucrânia em 2022 e seu impacto na economia global. Houve também avanços tecnológicos surpreendentes no campo da inteligência artificial. A maturidade crescente da IA e o aumento notável de casos de sucesso ampliam consideravelmente a probabilidade de que essa tecnologia seja utilizada para o benefício da sociedade em escala global.

É inegável que existem riscos na proliferação da inteligência artificial. No entanto, considero-me otimista e acredito em três premissas básicas que a maioria de nós humanos compartilha: somos capazes de aprender com nossos erros, adaptar-nos rapidamente a novas situações e empregar o bom senso em nossas tomadas de decisão. Com base nessas premissas, estou mais do que disposto a apostar no poder construtivo e transformador da inteligência artificial.

Mariângela Lopes

@Clip l Ecommerce l GTM | Business Growth |Payments & Financial Industry

1 a

Excelente artigo! Sou entusiasta tb em relação ao IA, acredito que bem utilizado nos ajudará muito na sociedade como um todo.

Jihane Halabi

Legal structuring of digital business models | fintech | venture capital | ex-MELI

1 a

Muito bom, Jean! 👏🏼👏🏼

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