Bitcoin próximo a US$ 100 mil: ainda vale a pena investir?

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O Bitcoin foi concebido em resposta à crise financeira global de 2008, com o objetivo de desafiar o sistema monetário tradicional e criar um paradigma independente de governos e instituições financeiras. Caracterizado pela descentralização, oferta limitada, código aberto, imutabilidade e acessibilidade universal, o criptoativo opera como uma rede global sem controle centralizado. O intuito é que, diferente do dinheiro fiduciário, ele não esteja sujeito à inflação descontrolada.  

Inicialmente, o Bitcoin era associado a usos ilícitos, sendo alvo de críticas quanto à sua funcionalidade e segurança. Contudo, sua adoção vem crescendo exponencialmente, superando a taxa de adoção da internet nos anos 1990.  

O ano de 2024 marcou um novo capítulo na trajetória do Bitcoin, consolidando seu papel no cenário financeiro global. Em janeiro, foram lançados os primeiros ETFs de Bitcoin spot, com adoção recorde. O ETF da BlackRock, por exemplo, alcançou US$ 10 bilhões em 37 dias, superando o recorde histórico do ETF de ouro, que demorou mais de dois anos para atingir o mesmo marco em 2004.  

Outro evento marcante foi o halving do Bitcoin em abril, dando início ao quinto ciclo do ativo. Em novembro, a eleição de Donald Trump reforçou discussões sobre uma potencial criação de uma reserva nacional estratégica de Bitcoin nos EUA, sugerindo que o governo poderia adquirir até 5% da oferta total da criptomoeda. Essa transição, de um ativo amplamente utilizado por indivíduos para um interesse crescente de instituições e, agora, de estados, vem sustentando um novo rali de preços do ativo. 

O futuro da adoção do Bitcoin será provavelmente influenciado por fatores como preocupações com a estabilidade monetária global, riscos geopolíticos, sustentabilidade fiscal dos EUA e estabilidade política. Atualmente, é um ativo que se comporta de forma semelhante a outros investimentos de risco, tendendo a cair quando a Bolsa está em queda, diferentemente do que se esperaria de um ativo que funciona como reserva de valor.

Por isso, o Bitcoin é um ativo altamente volátil que ainda precisa resistir ao teste do tempo. Incluir cripto no portfólio passa por entender esse comportamento. 

Antes de investir, é fundamental compreender seu perfil de risco e alinhar sua estratégia de acordo com seus objetivos. Para aqueles que buscam exposição ao preço do Bitcoin sem as complexidades de custódia, os ETFs são uma excelente opção, oferecendo a segurança da Bolsa americana para exposição ao preço das criptos. 

O Bitcoin, hoje cotado acima dos US$ 97 mil, representa mais do que um ativo financeiro — é um sistema financeiro alternativo que continua a desafiar paradigmas, com potencial para redefinir o mercado global.

Por Tooru Ikehara

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