Diretor de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do INEA - Instituto Estadual do Ambiente
Quando o tormento acalma a alma, a força da natureza supera as fraquezas, e o propósito é reafirmado, é especial em Ilha Grande. Ela que se eleva como um dos principais símbolos da Mata Atlântica, um santuário de biodiversidade, um testemunho vivo de transformações históricas e ambientais ao longo dos séculos. Sua paisagem é marcada por uma vasta riqueza: florestas, manguezais, restingas, além de uma fauna e flora diversificada que inclui espécies ameaçadas de extinção. O mar ao redor é um espetáculo à parte, com suas águas abrigando recifes de corais, golfinhos, baleias, tartarugas marinhas e uma incrível variedade de peixes, tornando um dos ecossistemas mais ricos da costa brasileira. Durante o período colonial, foi palco de exploração de recursos naturais, incluindo a extração de pau-brasil e a criação de fazendas de café que utilizaram mão de obra escravizada. No século XX, se tornou conhecida pelo presídio de segurança máxima onde criminosos perigosos e presos políticos foram mantidos até seu fechamento em 1994. Hoje, as ruínas do presídio, envoltas pela vegetação, são um símbolo do renascimento da ilha como um local de paz e conservação. Cuidar deste lugar, onde a história e a natureza se entrelaçam de forma tão intrínseca, é uma missão que me guia profundamente. Preservar esse santuário, um dos últimos redutos da Mata Atlântica, é uma das tarefas mais nobres que se pode imaginar. A Ilha Grande, com suas trilhas ecológicas, cachoeiras escondidas e enseadas de águas cristalinas, oferece não apenas refúgio à vida selvagem, mas também um espaço de conexão entre o ser humano e a natureza em seu estado mais puro. E, de fato, não estou sozinho nessa jornada. Somos poucos, os mesmos, mas firmes em nosso propósito. Ela já resistiu à exploração e à devastação, e agora é nossa responsabilidade assegurar que continue a ser uma das pérolas mais valiosas do Mundo. A ilha não merece menos que isso.