Clara Rosa Guimarães, jornalista de Cadernos de Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
A urbanização de áreas é um movimento crescente em todo o globo, mas, na América Latina, esse fenômeno é ainda mais exacerbado. Considerada a região mais urbanizada do mundo, a América Latina registra 80% de residentes em áreas urbanas. Investigando esta questão, pesquisadores do Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mapearam e sistematizaram métodos de mensuração da desordem na vizinhança em estudos realizados em cidades latino-americanas.
Este levantamento deu origem à Revisão Desordem física e social da vizinhança em cidades da América Latina: revisão de escopo, publicada no periódico Cadernos de Saúde Pública. A revisão de escopo identificou, em bases de dados como MEDLINE, LILACS, Scopus, Web of Science e Biblioteca Cochrane, 22 artigos publicados entre 2012 e 2022 que avaliaram a desordem física e social em cidades latino-americanas.
Buscando responder o questionamento “Quais são os conceitos e métodos utilizados para mensurar a desordem na vizinhança em cidades da América Latina?”, Amanda Silva Magalhães, Amanda Cristina de Souza Andrade, Bruno de Souza Moreira, Adalberto Aparecido dos Santos Lopes e Waleska Teixeira Caiaffa apontam que a maioria dos artigos que tratam da temática são produzidos no Brasil.
O texto apresenta também vias públicas, imóveis e equipamentos públicos como os temas mais frequentes para mensurar a desordem física. Por outro lado, questões relacionadas à segurança e problemas na vizinhança são as mais recorrentes quando se trata de desordem social. Embora a presença de lixo tenha sido associada como desordem social em alguns estudos, ela é frequentemente categorizada como desordem física, uma vez que é característica do ambiente físico.
Os resultados da Revisão mostram que o método mais comumente utilizado para avaliar a desordem na vizinhança na América Latina é a percepção do ambiente urbano. Por fim, os autores ressaltam a necessidade de padronizar as variáveis utilizadas para mensurar a desordem, considerando peculiaridades físicas e sociais separadamente.
QUESTÕES METODOLÓGICAS | RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS | MELHORIAS PREVISTAS | |
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1 | Revisão sistemática de literatura | Uso de ferramentas automatizadas, como a mineração de texto | Extração automática de conceitos e palavras-chave; revisões concluídas mais rapidamente; minimizar o impacto do viés de publicação; reduzir as chances de perda de pesquisas relevantes; avaliar a qualidade dos estudos; produzir revisões mais oportunas e confiáveis |
2 | Conceito de desordem | Padronizar o conceito de desordem da vizinhança, levando-se em consideração as características físicas e sociais observadas e percebidas que podem sinalizar um rompimento da ordem e do controle social | Comparar os resultados entre os estudos; sintetizar as evidências; maior compreensão |
3 | Variáveis de desordem física | Padronizar as variáveis que compõem o construto de desordem social da vizinhança, considerando que desordem física se relaciona às características do contexto: variáveis referentes à água, ar, solo e ruído, estético, imóveis e equipamentos públicos e vias públicas | Comparar os resultados entre os estudos; sintetizar as evidências; maior compreensão |
4 | Variáveis de desordem social | Padronizar as variáveis que compõem o construto de desordem social da vizinhança, considerando que desordem social se relaciona a aspectos de interação entre as pessoas e o contexto: variáveis referentes a problemas na vizinhança e segurança | Comparar os resultados entre os estudos; sintetizar as evidências; maior compreensão |
5 | Novos métodos para medir a desordem | Uso de auditorias virtuais, como por meio de Google Street View | Alternativa eficiente às auditorias in loco; avaliar a desordem física; segura para auditores; menor tempo; menos recursos financeiros; mais locais de estudos (áreas grandes ou distantes); imagens históricas para estudos longitudinais; modelos de visão computacional |
Fonte: MAGALHÃES, A.S., et al.
Quadro 5. Resumo das recomendações para pesquisas futuras.
Para ler os artigos, acesse
MAGALHÃES, A.S., et al. Desordem física e social da vizinhança em cidades da América Latina: revisão de escopo. Cad. de Saúde Pública [online]. 2023, vol. 39, no. 9, e00038423 [viewed 13 November 2023]. https://doi.org/10.1590/0102-311XPT038423. Available from: https://www.scielo.br/j/csp/a/sFBJSyBtYHFP4GHzPBKf5LM/
Links externos
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