[Informe Publicitário]
Um dos principais traços do mercado financeiro é a sua adaptabilidade, isto é, a capacidade de se adaptar a diferentes situações e necessidades. E é essa característica que ajuda a explicar a dinâmica de fusões e aquisições registrada nos últimos meses.
A queda no volume de transações verificada desde 2022 é explicada pela combinação de alguns fatores. Entre eles, a menor atividade dos fundos de private equities, que enfrentam dificuldades de fund raising, e uma maior seletividade de seus comitês de investimento quando o assunto é Brasil. Além disso, o mercado vive um hiato de quase 3 anos sem IPOs (ofertas públicas de ações), das quais usualmente os M&As são a principal destinação dos recursos.
Segundo o Head de M&A do Bradesco BBI, Danilo Borges, a falta de melhores condições do mercado de capitais e os juros persistentemente altos tanto no Brasil quanto no exterior têm levado as companhias de vários setores a perseguirem combinações de negócios. “São transações predominante “em ações” que criam sinergias e maximizam as alternativas de liquidez dos acionistas no futuro. Quase metade dos 10 maiores M&As do ano foram neste formato, sempre envolvendo companhias listadas,” explica.
Na outra ponta, Danilo destaca o setor de Real Estate. O Bradesco BBI, que lidera o ranking brasileiro de fusões e aquisições da Bloomberg em 2024, tem assessorado nos últimos meses diversas transações “em caixa” envolvendo ativos imobiliários, como a venda de controle do Shopping RioSul em junho. “A explicação para essas transações remonta ao ano passado e início deste ano, quando o mercado contemplava em seu cenário-base uma queda mais contundente da taxa de juros. Este momento acelerou a atividade dos fundos imobiliários que são grandes compradores de ativos, principalmente shopping centers e galpões logísticos”, afirma.
Por fim, Danilo destaca a maior complexidade na originação e execução das transações. “As propostas e as operações em si têm sido mais táticas, com uma abordagem extremamente personalizada. Não existe aquela “corrida ao pote de ouro” de alguns anos atrás quando o capital era mais farto e barato, e o mercado parecia replicar os deals”.
Foi o uso de uma estratégia focada que permitiu ao Bradesco BBI atuar como assessor financeiro exclusivo do Grupo Equatorial na aquisição de 15% de participação na Sabesp por R$ 6,9 bilhões, em uma das operações mais relevantes do ano.
Perspectivas
Em agosto, durante o Simpósio de Jackson Hole, o presidente do Banco Central dos Estados Unidos (Fed), Jerome Powell, sinalizou ao mercado que deve iniciar os cortes nos juros já na próxima reunião. A expectativa é que o começo do afrouxamento monetário redirecione o fluxo de capital estrangeiro para países emergentes, como o Brasil, impulsionando o mercado de ações.
A volta do investidor estrangeiro deve destravar a bolsa de valores, incluindo a volta dos IPOs. Este cenário também deve devolver o protagonismo aos private equities, tanto em novas aquisições quanto na venda de empresas do portifólio, fortalecendo a atividade de M&A no ano que vem.