Exercícios físicos estimulam o sistema imunológico e se tornam ainda mais importantes em tempos de pandemia. Mas a vida ativa esbarra no isolamento social para quem pode ficar em casa, principal recomendação das autoridades de saúde para evitar a proliferação do novo coronavírus. Especialistas afirmam que, para equilibrar atividade e distanciamento, é preciso ter bom senso.
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Um documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre como se manter ativo durante a crise sanitária recomenda passeios a pé ou de bicicleta, mas sem desrespeitar o distanciamento físico para evitar a propagação do vírus. O texto ressalta a importância de lavar as mãos com água e sabão antes de sair, no local externo e assim que chegar em casa, ou utilizar álcool em gel.
O que dizem as autoridades
É preciso seguir as autoridades locais sobre em quais espaços públicos a circulação é permitida. O ministro Luiz Henrique Mandetta recomendou por ora a saída para a prática de exercícios, destacando que o momento atual não é de lockdown — que seria o fechamento total das pessoas em casa, medida adotada em alguns países. O Rio decretou o fechamento de academias de ginástica e que se evitem praias, lagoas, rios e piscinas públicas. Embora não haja proibição para caminhadas, as autoridades afirmam que, neste momento, o ideal é praticar o isolamento. Em São Paulo, o decreto determinou que centros esportivos e clubes da comunidade permaneçam fechados por tempo indeterminado.
O que dizem os especialistas
A OMS recomenda passeios a pé ou de bicicleta, mas sem desrespeitar o distanciamento físico. O texto ressalta a importância de lavar as mãos com água e sabão ou utilizar álcool em gel antes de sair, no local externo e assim que chegar em casa. Porém, a entidade não recomenda a prática de exercícios em caso de febre, tosse e dificuldade em respirar. Especialistas reiteram a importância de uma vida ativa e saudável, mas, em meio a uma pandemia, é necessário bom senso.
Em outros países
Em Paris, desde esta quarta-feira, as pessoas só podem se exercitar ao ar livre antes das 10h ou depois das 19h, horário em que “as ruas estão geralmente mais calmas", segundo a prefeita Anne Hidalgo. Na semana passada, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, revelou seu plano de abrir ruas específicas para a prática de exercícios com o objetivo de evitar a aglomeração de praticantes. Em Londres, alguns parques foram fechados para impedir que as pessoas se reunissem, mas as autoridades locais disseram que não vão interromper exercícios ao ar livre
CORRIDA E CAMINHADA
O ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou, no início da semana, que é permitido por ora sair para caminhar ou correr, mas que muitas pessoas não podem estar juntas. Secretário-executivo da pasta, João Gabbardo disse que uma caminhada de 30 minutos faz bem ao estado físico e emocional.
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ANDAR DE BICICLETA
Segundo o médico do esporte Rafael Trindade, não há problemas em se exercitar ao ar livre em lugar isolado. Ele recomenda evitar parques e ciclovias.
— Eventualmente eu tenho saído de bicicleta no inicio da noite nas ruas menos movimentadas. Tenho usado um tecido no rosto. Assim, também evito colocar a mão no nariz e na boca — conta o especialista da DaVita Serviços Médicos.
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Ele explica que os sintomas da Covid-19 podem demorar até duas semanas para se manifestarem, e uma pessoa que contraiu o vírus pode propaga-lo sem ainda saber que está doente. Por isso, é fundamental seguir as instruções das autoridades de saúde locais sobre as restrições no número de pessoas e evitar o uso de equipamentos públicos nos exercícios ao ar livre.
SURFE, NATAÇÃO E REMO
Com o acesso às praias vetado em estados como Rio de Janeiro e Pernambuco como medida para evitar a aglomeração de pessoas, a prática esportes como stand up paddle e surfe ficou menos acessível e, portanto, não recomendada nestes lugares. A natação ainda é uma boa opção para os especialistas, mas com alguns cuidados.
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— Se houver acesso à piscina, a natação individual é uma ótima opção por causa do efeito de relaxamento da água, mas é necessário ser feito em piscina aberta, pois o confinamento propicia a proliferação do vírus — explica Rafael Trindade.
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Para quem tiver acesso a um lago ou represa isolados, caiaque e remo também são recomendados, mas o gasto calórico é menor.
TÊNIS
Jogar tênis pode ser uma opção, desde que jogado sozinho, contra a parede, em quadras abertas. Toda disputa entre adversários envolve alguma troca, e a bolinha poderia ser um fator de contaminação cruzada.
TREINO AERÓBICO
No caso de pessoas acostumadas a fazer atividade de alto gasto calórico mas que durante o isolamento não podem sair para praticá-las ao ar livre em segurança, os médicos recomendam explorar o treino funcional em vez do aeróbico.
— Se tiver uma esteira ou um cicloergômetro, fica mais fácil fazer em casa algo mais próximo do que já está acostumado. Se não, procure fazer algum tipo de ginástica funcional, com a devida orientação profissional — disse José Kawazoe, especialista em Cardiologia e Medicina do Exercício e do Esporte.
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Trindade explica que é bom evitar exercícios aeróbicos em casa, porque eles demandam muito do sistema respiratório:
— Se você estiver com o vírus, vai infectar todo o ambiente — afirma ele.
PRECAUÇÕES PARA GRUPOS DE RISCO
Para Kawazoe, é importante que todos procurem se manter fisicamente ativos, principalmente pessoas dos grupo de risco. Exercícios físicos auxiliam no controle de algumas condições crônicas, como diabetes e hipertensão, mas, diante de um cenário de incertezas sobre o vírus, é necessário uma avaliação caso a caso.
— Existem opiniões bem divergentes entre os médicos. Se a pessoa tem condições de caminhar num local seguro e isolado, não tem porque fizer não. Mas na Lagoa às 9h da manhã, por exemplo, é impossível não tem ninguém por perto. Por isso é importante as recomendações das autoridades e ter bom senso — disse.
Além disso, a OMS não recomenda a prática de exercícios em caso de febre, tosse e dificuldade em respirar.
— Exercício é importante para muita gente não só física como mentalmente. O problema é o olhar da saúde pública sobre isso. Se você permite e incentiva que todos saiam de suas casas para caminhar nós não vamos mais ter o cumprimento do distanciamento social. É muito difícil fazer recomendações individuais quando o cenário exige colaboração coletiva — opina o infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Confira na íntegra as recomendações da OMS de como realizar atividades físicas de forma segura durante a pandemia de Covid-19:
- Não se exercite se tiver febre, tosse e dificuldade em respirar. Fique em casa e descanse, procure atendimento médico e ligue com antecedência. Siga as instruções da sua autoridade sanitária local.
- Se você for a um parque ou espaço público aberto para caminhar, correr ou se exercitar, pratique sempre o distanciamento físico e lave as mãos com água e sabão antes de sair, quando chegar aonde está indo e assim que chegar em casa. Se água e sabão não estiverem disponíveis imediatamente, use esfregar as mãos à base de álcool. Siga as instruções da sua autoridade de saúde local em relação a quaisquer restrições ao número de pessoas com você e / ou restrições ao uso de equipamentos públicos para brincadeiras ou exercícios ao ar livre.
- Se você não é regularmente ativo, comece devagar e com atividades de baixa intensidade , como caminhadas e exercícios de baixo impacto. Comece com quantidades mais curtas, como 5 a 10 minutos, e aumente gradualmente até 30 minutos ou mais continuamente durante algumas semanas. É melhor e mais seguro permanecer ativo por períodos curtos com mais freqüência do que tentar permanecer ativo por longos períodos quando você não está acostumado.
- Escolha a atividade certa para reduzir o risco de lesões e aproveitar a atividade. Escolha a intensidade certa de acordo com seu estado de saúde e nível de condicionamento físico. Você deve poder respirar confortavelmente e manter uma conversa enquanto pratica atividades físicas de intensidade leve e moderada.