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Por , Em El País

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GERADO EM: 24/12/2024 - 14:03

"Saúde Mental nas Festas de Fim de Ano: Dicas de Especialistas para Lidar com Emoções"

Durante as festas de fim de ano, sentimentos de tristeza e solidão podem surgir, afetando a saúde mental. Especialistas recomendam validar emoções, estabelecer limites em eventos sociais, mudar rituais familiares, dar espaço às crianças e não se cobrar por novos propósitos. Apoio familiar e autocuidado são essenciais para atravessar esse período de forma saudável.

O Natal tem luzes nas ruas, enfeites nas casas, música, presentes e celebrações. Um tempo que, geralmente, desperta ilusão e alegria. Poucos dias depois, vem o Ano Novo, marcado por propósitos e metas. Semanas em que as emoções estão à flor da pele. Mas o que acontece com aqueles que atravessam essa época de festas com luto, tristeza ou solidão?

Laura Cordero, psicóloga clínica, explica que há uma grande expectativa durante as festas de sentir alegria, estar bem e seguir em frente, mas muitas vezes se força as pessoas que não se sentem bem a ficarem com o astral lá em cima.

Durante este período, a ausência de entes queridos, doenças, solidão ou estresse financeiro podem intensificar emoções como tristeza, estresse ou ansiedade, acrescenta Cordero. Além disso, o aumento de compromissos e socialização pode trazer muita pressão.

— De certa forma, essas datas são mais fortes psicologicamente — destaca Ana Adán, psicóloga.

Por isso, vários especialistas compartilham aqui alguns conselhos para atravessar as festas de maneira mais saudável emocionalmente.

1. Nem tudo precisa ser alegria

Validar emoções como tristeza, raiva, solidão é um dos pontos mais importantes.

— Ficar contente por obrigação gera ainda mais mal-estar — indica Juan Antequera, psicólogo clínico e membro da Sociedade Espanhola de Psicologia Clínica.

Ele explica que é fundamental entender que as emoções não são perigosas, não são mortais, e que é preciso se conectar com elas para passarem com o tempo.

— Quando uma pessoa está triste e se nega a sentir essa emoção, gera-se um conflito interno que gera muito mais estresse — esclarece Adán.

Por isso, embora as mensagens externas do Natal exijam alegria, é preciso reconhecer o que cada um está passando e aceitá-lo; e as outras pessoas também devem fazer o mesmo. Essa validação anda de mãos dadas com a expressão das emoções. É preciso comunicá-las para atravessá-las de maneira mais saudável.

Em um estudo da IKEA, realizado pela Sigma Dos, 49,3% dos entrevistados mencionaram experimentar estresse em algum momento durante as festas e 24,6% experimentavam problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.

2. Decidir não ir ao jantar

Se uma pessoa não se sente bem emocionalmente, ela deve estabelecer limites para os eventos de Natal ou Ano Novo, afirma Cordero.

— Não é necessário participar de todas as atividades sociais, é preciso priorizar o que faz a pessoa se sentir bem — diz.

Assim, as decisões podem ser grandes ou pequenas, desde não ir a um jantar até participar por um curto período.

— É preciso dar espaço ao descanso e aos pequenos prazeres, não tanto marcados pela obrigação, mas pelo que agrada a cada um — afirma a psicóloga Andrea Álvarez.

3. Mudança de rituais

Vera Santos, psicóloga especialista em luto, perdas, trauma e apego, aposta em uma mudança de costumes e em uma reunião familiar onde todos expressem suas emoções. Por exemplo, se a família sofreu uma perda ou uma doença, “deve-se dizer que o Natal será difícil e planejar como encarar isso.” Ela acrescenta:

— É preciso romper os muros do silêncio e não fazer o jantar típico, mas algo diferente.

Por outro lado, a falta de companhia – por estar longe da família ou amigos – pode aumentar a sensação de tristeza ou solidão nesta época festiva, afirma Cordero. Por isso, ela recomenda mudar as celebrações e realizar atividades que se alinhem ao estado emocional do momento. Alguns conselhos são: cercar-se de pessoas com quem se sinta confortável, mover o corpo, fazer atividades como caminhar, ler ou meditar.

— Procurar atividades calmantes, quando as festas são um turbilhão — destaca.

No mesmo estudo da IKEA, 36,3% dos entrevistados se sentiam mais sozinhos durante o Natal, especialmente pela memória de entes queridos falecidos.

4. A família deve ouvir

Álvarez explica que, se as famílias não sabem e, portanto, não respeitam o momento pelo qual a pessoa está passando, as festas podem causar mais mal do que bem.

— Pode ser que não mostrem flexibilidade ou emitam juízos, ou comentários inoportunos — diz.

Por isso, os especialistas indicam que o apoio familiar é essencial nesse processo e o resumem em: ouvir, não julgar e acompanhar sem pressionar.

— Dizer: estou aqui para o que precisar, como posso ajudar? E, quando a pessoa quiser e puder, pedirá ajuda — afirma Cordero.

5. Dar espaço às crianças

As crianças não são alheias ao sofrimento e essas épocas também podem ser difíceis para elas. Os conselhos para os adultos também se aplicam aos menores, com a diferença de que as crianças devem estar apoiadas por seus pais ou familiares próximos.

— Elas estão justamente aprendendo a lidar com as emoções e aprendem com os adultos — diz Antequera.

É importante que as crianças expressem suas emoções e não se sintam julgadas:

— Não se deve julgar, nem dizer para não pensarem essas coisas, nem frases como "por que você se sente assim se tem tudo" — acrescenta Antequera.

Os adultos devem criar espaços seguros para que as crianças se comuniquem, seja verbalmente, com jogos ou desenhos.

6. Celebrar após uma catástrofe

Jesús Linares, diretor do mestrado em intervenção psicológica em crises, catástrofes e emergências da Universidade Europeia de Madrid, e que atualmente trabalha com os afetados pelas enchentes de 2024 na Espanha, explica que para aqueles afetados por desastres de grande magnitude, esse tempo pode ser marcado por outro tipo de emoções, como luto, estresse ou incerteza. Linares concorda que aceitar essas emoções é um passo fundamental:

— Faz com que se sintam compreendidos e não julgados. Ignorar a dor, dizer que é Natal e é preciso sorrir, pode fazer com que se isolem mais emocionalmente.

Linares aconselha aqueles que ainda não estão preparados para celebrar a se permitirem não participar das atividades e priorizar o autocuidado. E, caso decidam participar, estabelecer regras para evitar temas sensíveis.

7. Adeus aos propósitos de Ano Novo

— A recapitulação do que foi feito durante o ano ou os novos objetivos para o próximo podem estar carregados de ansiedade, se as expectativas forem muito altas — afirma Adán.

Por isso, ela considera que não é necessário fazer isso, mesmo com a pressão social.

— Não é necessário elaborá-los no final do ano, o bem-estar mental não deve ser avaliado pelo que se fez ou não, mas avaliar diariamente o que faz bem — explica.

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