Saúde
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Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 20/12/2024 - 23:05

Controvérsias sobre zonas azuis: hábitos saudáveis em questão.

Pesquisa contesta dados das "blue zones" onde a longevidade é maior. Debate surge sobre a precisão dos registros demográficos, mas há concordância sobre benefícios de hábitos saudáveis como dieta equilibrada e vida comunitária para o envelhecimento saudável. A validade dos princípios das zonas azuis é reconhecida, apesar das controvérsias.

Você provavelmente já ouviu falar das “blue zones”, ou zonas azuis: regiões espalhadas pelo planeta onde as pessoas vivem mais do que a média mundial.

Fazem parte da lista, em que mais pessoas chegariam aos 100 anos do que no resto do mundo, Loma Linda (Califórnia, EUA), Okinawa (Japão), Nicoya (Costa Rica), Ikaria (Grécia) e Sardenha (Itália). Mas, agora, essa pesquisa está sendo colocada em cheque.

De acordo com o clínico-geral, endocrinologista e autor do e-book “Segredos para chegar aos 100 anos saudável e feliz”, Fabiano Serfaty, o conceito das blue zones foi introduzido em 2004 e popularizado pelo jornalista Dan Buettner.

Os locais foram associados a hábitos de vida simples e saudáveis como alimentação nutritiva, atividade física, vida comunitária e propósito. Desde então, tornaram-se uma marca global, com livros, séries, parcerias comerciais e programas para certificar cidades.

No entanto, o pesquisador da University College London Saul Justin Newman tem contestado todo o trabalho. Ele diz que a maioria dos dados sobre idades extremamente avançadas “são inúteis”. A pesquisa de Newman, atualmente sob revisão de outros cientistas, analisou dados sobre centenários e supercentenários. Ao contrário do que se poderia esperar e das famosas blue zones, ele descobriu que os supercentenários tendem a vir de áreas com problemas de saúde, elevados níveis de pobreza e registros deficientes de dados.

— O verdadeiro segredo para a longevidade extrema parece ser mudar-se para onde as certidões de nascimento são raras, ensinar seus filhos a fraudar aposentadorias e começar a mentir — afirmou Newman à agência de notícias AFP, ironizando a qualidade dos dados que servem como base para determinar essas regiões.

Um exemplo é Sogen Kato, considerada a pessoa mais velha do Japão até que seus restos foram descobertos em 2010. Havia morrido em 1978. Sua família foi acusada de manter sua aposentadoria por três décadas. O governo decidiu abrir uma investigação que revelou que 82% dos centenários do Japão, cerca de 230 mil pessoas, estavam desaparecidos ou mortos.

O pesquisador também descobriu dados de 2012 que sugeriam que 72% dos centenários da Grécia estavam mortos ou eram imaginários. “Eles só estavam vivos no dia em que a aposentadoria era recebida.”

O próprio Dan Buettner, que é jornalista da National Geographic, admitiu ao jornal The New York Times em outubro passado que só incluiu Loma Linda, na Califórnia, porque seu editor lhe disse: “você tem que encontrar a zona azul dos Estados Unidos”.

Vários pesquisadores renomados escreveram uma nota de repúdio no início deste ano, chamando o trabalho de Newman de “ética e academicamente irresponsável”. Acusaram Newman de se referir a regiões mais amplas do Japão e da Sardenha, quando na verdade as zonas azuis são áreas menores.

Os demógrafos também enfatizaram que “confirmaram meticulosamente” as idades dos supercentenários nas zonas azuis, verificando registros históricos e censos que datam do século XIX. Newman disse que esse argumento ilustrava seu ponto de vista.

— Se você começar com uma certidão de nascimento incorreta, ela será copiada para tudo e você obterá registros perfeitamente consistentes, mas perfeitamente errados — defendeu.

O debate, na verdade, parece longe de acabar:

— Estudos apontam problemas de registro que poderiam inflar o número de centenários em algumas regiões. Especialistas como Saul Newman sugerem que fraudes e erros históricos podem explicar parte dos dados, enquanto outros acadêmicos defendem a validade de regiões como Sardenha e Okinawa, que utilizam múltiplas fontes para confirmar a idade dos moradores — explica Serfaty.

Benefícios reais

Embora a validade das zonas azuis esteja sob escrutínio de cientistas e do público, ao longo dos anos muitas descobertas foram feitas sobre como vivem as pessoas nesses locais e são esses achados que seguem válidos, independentemente do conceito.

Para o médico, os princípios das blue zones (dieta equilibrada, comunidade e propósito) continuam amplamente reconhecidos como benéficos para a saúde.

— Embora existam debates sobre a precisão dos dados de longevidade nessas regiões, os hábitos de vida observados nas zonas azuis estão alinhados com as evidências médicas que sustentam o envelhecimento saudável — diz Serfaty.

Os benefícios têm sido comprovados em diversos estudos científicos.

— Práticas como a adoção de uma alimentação balanceada, o engajamento em atividades físicas regulares, o fortalecimento de laços sociais e o cultivo de um propósito de vida têm sido amplamente reconhecidas pela ciência como fatores essenciais para a promoção da saúde e da qualidade de vida. Assim, independentemente de eventuais imprecisões nos registros demográficos, os princípios defendidos oferecem uma base sólida e acessível para quem busca envelhecer com mais saúde e vitalidade.

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